Mundo Bici Mundo Bici – Por George Panara
As trilhas do Grande Hotel Araxá deram espaço para a abertura da temporada 2025 da Copa do Mundo de MTB, e nas disputas do XCC Christopher Blevins e Evie Richards deixaram sua marca conquistando a vitória
Sabendo poupar energias para atacar no momento decisivo, a britânica Evie Richards deu seu golpe derradeiro na curta mas dura subida do circuito de 1,39 km tomando a dianteira e mantendo-se firme, deixando para trás a campeã do circuito de XCC e também do XCO no ano passado, a suíça, Alessandra Keller, sua compatriota Nicole Keoller e a neozelandesa Samara Maxwell, única a resistir à aceleração de Richards e que conseguiu manter-se em sua roda.
Com várias ciclistas, do grupo das favoritas defendendo novas equipes – no caso Jolanda Neff, Jenny Rissveds e Loana Lecomte era de ser esperar um movimento inicial de ataque e um posicionamento de buscar a ponta do pelotão, a essas três juntaram-se a campeã mundial Richards e as suíças Keller e Sina Frei.
As seis ciclistas consolidaram o grupo que tomou a dianteira em busca da vitória, mas na quarta volta quando o ritmo das ponteiras caiu, apareceu a neozelandesa Samara Maxwell vindo de trás e ganhando posições.
Na quinta volta, Maxwell atacou na subida, uma aceleração que rompeu o grupo limitando-o a três ciclistas, onde além da neozelandesa estavam Keller e Richards – com a britânica mais uma vez mostrando sua força mas sem ficar de ‘cara ao vento’; um pouco mais atrás a suíça Koller tentava acompanhar, mas faltava força para seguir na roda desse trio.
Na última volta, a ação derradeira de Richards veio na subida com um ataque que a colocou na ponta, e a lançou a ciclista que corre com a camisa arco-íris para a vitória com uma bicicleta de vantagem sobre Maxwell e sobre a campeã do circuito em 2024, Alessandra Keller.
“ Estou super feliz, esta não era uma corrida-alvo para mim ”, disse Richards, tendo também admitido que não se sentia muito confiante neste fim de semana.
“ Eu não estava muito confiante quando entrei, mas gosto de vencer, então estava realmente focada. É isso que eu amo fazer, então eu apenas dou tudo de mim e vejo onde chego. Estou apenas tentando ser um pouco mais inteligente taticamente, a primeira corrida do ano é mais como superar todas as outros e correr minha própria corrida. Eu não poderia ter atacado se não tivesse as pernas, então foi apenas sobre meus sentimentos, realmente “, destacou a primeira vencedora da Elite da temporada.
Mais uma vez dobradinha da Specialized
Na disputa masculina, um roteiro muito parecido ao do ano passado na prova de XCC em Araxá mas com um resultado diferente. No ano passado Victor Koretzky venceu, com seu companheiro Christopher Blevins em segundo, um ano depois posições invertidas com o estadunidense cruzando com os braços ao alto à frente do francês e seu companheiro de equipe, e conquistando sua primeira vitória no XCC desde 2022.
Blevins forçou o ritmo desde os primeiros movimentos, pedalando ao lado do dinamarquês Simon Andreassen que fazia sua estreia pela Orbea Fox Factory Team. Com o britânico Charlie Aldridge e o suíço Mathias Flückiger no grupo da frente, a diferença de alguns metros e um grupo de 30 ciclistas perseguindo até penúltima volta. Porém, um erro de Koretzky, mudou tudo em um momento decisivo da prova.
O campeão mundial de XCC foi obrigado a colocar o pé no chão e Blevins aproveitou para atacar – puxando Azzaro, Andreassen e Jordan Sarrou com Kortezky despencando para a 7ª posição na abertura da última volta. Embora ele tenha se recuperado retomjar por pouco tempo a liderança, Blevins atacou novamente na subida abrindo espaço, enquanto Koretzky recuperava terreno na seção de rochas.
Os dois companheiros de equipe corriam lado a lado, batendo guidões nas curvas finais, Blevins alargou uma curva e conseguiu sair com mais força que Koretzky já sem energias para uma arrancada na reta final, enquanto de perto outro francês, Azzaro chegava em 3º.
“Victor é um campeão, adoro tê-lo como companheiro de equipe. É uma das melhores sensações do mundo quando você está indo para a última volta e está prestes a batalhar com um companheiro de equipe com quem você vive isso”, disse Blevins.
“Eu estava me sentindo muito bem nos saltos, então eu queria pegar a liderança ali e tentar superar, o que é uma coisa difícil de fazer com Victor atrás de você. A Copa do Mundo de Short Track é uma luta por posição o tempo todo, me esforcei para ser o mais lutador e não abrir mão de posições. Desta vez, passei mais tempo no vento do que costumo fazer, mas isso valeu a pena para mim”, completou.
O esforço valeu a Koretzky, além do segundo lugar, largar na primeira fila na prova de XCO no domingo. “A duas voltas do fim, cometi um erro na subida. Esse foi o momento em que Chris [ Blevins ] decidiu atacar, então perdi alguns segundos e posições. Consegui diminuir a diferença na última volta, mas no final eu estava completamente vazio. Eu não queria cometer nenhum erro nas últimas curvas, então apenas mantivemos a posição. É uma vitória para a equipe Specialized Factory Racing e isso é o mais importante”, explicou, o francês.
Apenas 2 brasileiros entraram na disputa do XCC – Ulan Galinski terminou na 28ª colocação e Alex Malacarne em 33º
SUB23 DECIDIDAS NA ÚLTIMA VOLTA
Com os atuais vencedores do XCC Sub-23, Riley Amos e Kira Böhm, correndo na Elite, era difícil fazer algum prognostico de quem sairia vitorioso nas primeiras corridas do fim de semana, duas disputas acirradas.
A canadense Isabella Holmgren foi uma das principais competidoras no Feminino Sub-23, ao lado da compatriota Ella MacPhee, depois de terem terminado em quinto e nono na temporada passada. Demorou até o último quarto da corrida para o grupo se dividir: a dupla canadense escapando sendo perseguido pela italiana Valentina Corvi, a austríaca Katharina Sadnik e a britânica Ella MacLean-Howell. A sul-africana Tyler Jacobs chegou a acompanhar o grupo, mas não aguentou o ritmo e ficou para trás.
Holmgren não queria se manter no grupo. Na volta final, ela acelerou para abrir uma lacuna de quatro segundos, enquanto Sadnik superou MacLean-Howell para ficar com o segundo lugar.
A vencedora do XCC Sub-23 em Araxá está em uma temporada combinando competições de mountain bike e estrada, mas disse que sua busca por resultados começou muito bem.
“É minha primeira corrida da temporada, então eu estava realmente nervosa. Obviamente, não sabia como estava meu preparo físico e tudo mais. Eu só tentei entrar, ver como a corrida se desenrolava e fazer minha estratégia porque você não sabe como as outras estão indo. E, sim, apenas corri forte”, disse Holmgren.
O Brasil teve 4 representantes na corrida: Giuliana Morgen em 14ª; Luiza Cocuzzi em 18ª; Gabriela Ferolla em 24ª e Carolina Ferreira em 29ª.
A corrida masculina Sub-23 foi ainda mais acirrada, com um grupo de 15 ciclistas na liderança lutando até a final. Os noruegueses Sondre Rokke e Martin Farstadvoll estavam entre os que impuseram um ritmo forte ao grupo sob o calor de Araxá.
Farstadvoll saiu da disputa na última volta quando o alemão Paul Schehl , conseguiu entrar na disputa e atacando, mas não teve força suficiente para sobreviver ao ataque feroz de Rokke na subida.
Na temporada passada, em Araxá, o norueguês terminou quase dois minutos atrás de Riley Amos, mas provou ser o homem a ser batido na abertura da temporada de 2025. Rokke manteve-se na liderança até o final, enquanto o norte-americano Brayden Johnson e o dinamarquês Heby Gustav chegaram logo atrás.
Rokke chamou a vitória de “inesperada”, mas espera que possa servir de trampolim para uma grande temporada neste último ano de Sub-23.
“Foi super difícil desde o início, depois a difícil batalha pela posição na subida a cada volta. Eu me senti muito bem na descida e tive um pouco de sorte na última subida. Apenas forcei bastante, tentei passar alguns metros à frente e segurei até a linha de chegada”, contou Rokke.
Entre os brasileiros, Eiki Leôncio cruzou a linha de chegada em 22°, Gustavo Roma foi o 29° e Rafael Beghelli ficou em 35°.
Copa do Mundo MTB XCC – Araxá
Elite Feminina – 40 competidoras de 19 países
Circuito curto 1.39 km x 7 voltas = 9.37 km
1- Evie Richards 
– Trek Factory Racing -21m25s –vel. média 27.253 km/h
2- Samara Maxwell 
– Decathlon Ford Racing Team +1s
3- Alessandra Keller 
– Thömus Maxon +5s
26- Karen Olímpio 
– Soul Extreme Racing Team +1m22
34- Raiza Goulão +2m10s
35- Isabella Lacerda +2m21s
Elite Masculina – – 40 competidores de 18 países
Circuito curto 1.39 km x 8 voltas = 11.12 km
1- Christopher Blevins 
– Specialized Factory Racing – 21m40s – vel. média 30.778 km/h
2- Victor Koretzky 
– Specialized Factory Racing +1s
3- Mathis Azzaro – Origine Racing Division +2s
28- Ulan Galinski – Caloi-Henrique Avancini Racing +27s
33- Alex Malacarne – Specialized Racing BR +43s
Sub23 Feminina – 33 competidoras de 18 países
Circuito curto 1.39 km x 6 voltas = 8.34 km
1- Isabella Holmgren 
– 18m59s – vel. média 26.357 km/h
2- Katharina Sadnik 
– KTM Factory MTB Team +4s
3- Ella MacLean-Howell – Cube Factory Racing +4s
14- Giuliana Morgen +58s
18- Luiza Cocuzzi +1m06s
24- Gabriela Ferolla +1m23s
29-Carolina Ferreira +2m32s
Sub23 Masculina – 40 competidores de 20 países
Circuito curto 1.39 km x 7 voltas = 9.73 km
1- Sondre Rokke 
– 19m19s – vel. média 30.210 km/h
2- Johnson Brayden +1s
3- Heby Pedersen 
– Willier-Vittoria Factory Team +2s
22- Eiki Leoncio – Caloi-Henrique Avancini Racing +33s
29- Gustavo Roma +49s
