A Grã Bretanha mais uma vez vai receber a Grand Départ do Tour de France, como novidade, o Tour de France Femmes também será disputado do outro lado do Canal da Mancha. A ASO fechou acordo para etapas em Edimburdo, Inglaterra e no País de Gales com a certeza de levar multidões à beira da estrada

O Reino Unido, mais precisamente Edimburgo, a capital da Escócia, sediará a Grand Départ – a largada da mais importante volta ciclística – Tour de France, outras etapas acontecerão na Inglaterra e no País de Gales. Além da prova feminina o Tour de France Femmes também terá sua largada por lá
Não será a primeira vez que o Tour desembarcará na Grã Bretanha; a versão masculina da corrida de ciclismo mais famosa do mundo já foi realizada parcialmente na Grã-Bretanha quatro vezes, em 1974 com um bate e volta de avião para disputar a 2ª etapa em Plymouth; em 1994 com o pelotão na 3ª etapa cruzando o Canal da Mancha pelo Eurotúnel e depois disputando mais duas etapas (Dover>Brighton e Portsmouth>Portsmouth). Londres sediou a etapa de abertura em 2007 com o prólogo e uma etapa (Londres>Canterbury) e Leeds recebeu o TdF em 2014 (Leeds>Harrogate; York>Sheffield e Cambridge>Londres). Porém, a prova feminina do Tour, em sua nova versão pelas mãos da ASO, começou em 2022 e este será apenas seu segundo Grand Depart além das fronteiras francesas após Roterdã sediar três etapas no ano passado.
Christian Prudhomme, diretor geral do Tour de France, disse: “O Tour de France e o Reino Unido compartilham uma história rica, e estou muito feliz em trazer o Grand Départ para o país em 2027. A Grã-Bretanha sempre recebeu o Tour com entusiasmo e orgulho, e esta colaboração entre a Inglaterra, Escócia e País de Gales promete tornar o evento ainda mais especial”, vale destacar que as cidades não são escolhidas ao acaso, sediar uma largada ou chegada de uma etapa tem seu preço, e a festa da Grand Depart em Yorkshire 2014 custou cerca de 27 milhões de Libras, ultrapassando enormemente o orçamento e exigindo fundos adicionais do governo central, porém o retorno financeiro com turistas, comércio e impostos recebidos superou os 128 milhões de Libras. Naquele ano nas três etapas foi estimado um público de 4,8 milhões de pessoas acompanhando a prova nas estradas e ruas.

Os organizadores não definiram o percurso, mas ainda há bastante tempo para um planejamento de rotas e de percursos alternativos como é feito de praxe, comenta-se que será apresentado até o final deste ano.
Sobre a largada do TdF no Reino Unido, John Dutton, diretor executivo da British Cycling, acrescentou: “O retorno do Tour de France Grand Depart à Grã-Bretanha é um momento emocionante para o ciclismo no Reino Unido. Receber as corridas masculina e feminina juntas será a primeira vez, e acreditamos que tem o potencial de inspirar mais pessoas a descobrir a alegria e os benefícios do ciclismo. Não se trata apenas da corrida – trata-se de criar um momento nacional que incentive estilos de vida mais saudáveis, apoie o cicloturismo e una as comunidades”.
Na edição disputada em 2014 o pelotão saiu de Leeds a Harrogate no primeiro dia, a segunda etapa de York a Sheffield e a terceira etapa de Cambridge a Londres antes da transferência para a França. O Tour frequentemente cruza para países vizinhos durante a corrida e frequentemente começa no exterior, em 2023 começou em Bilbao, no País Basco, na Espanha; em 2024 em Florença e no próximo ano a festa de abertura será em Barcelona com a contrarrelógio por equipes (CRE), seguida por duas etapas – uma entre Tarragona e Barcelona e a terceira em Granollers.

Após o sucesso obtido em 2014 e aqui pode se somar o bom resultado do Mundial de Harrogate’2019, o Reino Unido fez repetidas propostas aos organizadores da corrida ASO para sediar novamente, com uma proposta anunciada em 2021 visando um início em 2026 abrangendo Inglaterra, Escócia e País de Gales. Essa proposta foi posteriormente arquivada, enquanto uma proposta irlandesa para sediar em 2026 ou 2027 também fracassou no ano passado.
A Scotland Cycling também entrou na disputa após sediar com sucesso o super Campeonato Mundial de Glasgow’2023, com 13 disciplinas disputadas simultaneamente pela primeira vez envolvendo as cidades de Glasgow, Edimburgo e Stirling.
O certo é que o ciclismo britânico na estrada não é mais o mesmo, em 2014 a passagem do pelotão do Tour pelo Reino Unido capitalizou uma onda de entusiasmo local, inspirada pelas vitórias de Bradley Wiggins e Chris Froome e o rolo compressor da equipe britânica Team Sky.
Os tempos são outros, e apesar do sucesso do Mundial de Glasgow e um grande número de praticantes algumas das principais corridas do Reino Unido – como o Tour of Yorkshire (fortemente impactado pela pandemia e por questionamento dos custos por autoridades) e a RideLondon, legado dos Jogos Olímpicos de Londres’2012- desapareceram devido aos custos crescentes.
A Sky – com novo patrocinador foi renomeada como Ineos Grenadiers após 2019 – perdeu orçamento e vem lutando para tentar acompanhar o ritmo de equipes patrocinadas pelo estado, como a UAE Team Emirates-XRG e o gigante holandês Visma-Lease a Bike, competitivamente vem definhando e seu domínio no Tour de France acabou.

Talvez o Tour traga novamente vitalidade e uma injeção de capitais para a equipe, afinal correr e vencer em casa é sempre um incentivo a mais e uma forma de buscar mais recursos junto a patrocinadores locais.
História não falta – foram três os britânicos que saíram de Paris com a camisa amarela – Bradley Wiggins em 2012; Chris Froome com seu tetra (2013/2015/2016/2017) e Geraint Thomas em 2018.
Além dos vencedores da Classificação geral, britânicos tiveram também seis ciclistas que se vestiram de amarelo: Tom Simpson por 1 dia, em 1962; Chris Boardman por 6 dias – 1994 (3 dias), 1997 (1 dia), 1998 (2 dias); Sean Kelly, em 1994 por 1 dia; David Millar 3 dias em 2003 ; Mark Cavendish vestiou o Maillot Jaune no Tour de France em 2016 por 1 dia, mas é recordista das vitórias no Tour de France (35) e Adam Yates em 8 ocasiões – 4 dias em 2020 e 4 dias em 2023.