COPA AMÉRICA 4X 2018 – O DOWNHILL ESTÁ NO DNA DE GIOVANNINI

 

De forma surpreendente e com muita habilidade e técnica, o piloto Gabriel Giovannini, filho de uma das lendas do mountain bike brasileiro dos anos 1990 – o mineiro Miguel Giovannini –  venceu a décima edição da Copa América de Down Hill. A campeã brasileira da modalidade,  Bruna Ulrich confirma sua recuperação da lesão no tornozelo supera suas adversárias e leva o prêmio feminino

Gabriel Giovannini chega à frente do tcheco Tomas Slavik – Foto: George Panara/MundoBici©

A Copa América de Downhill 4X (four cross) abre extraoficialmente o calendário brasileiro de mountain bike. A prova promocional criada para entrar no programa Esporte Espetacular, da rede Globo chegou a sua décima edição, sempre disputada na pista montada dentro do Ski Mountain Park, em São Roque.  A competição  tem um formato fechado, a participação dos melhores pilotos do país e de mountain biker’s  estrangeiros se dá exclusivamente por convite.

Ao todo entraram na disputa cerca de 120 competidores, sendo 90 no masculino e 30 no feminino.  Entre eles estavam os  estrangeiros convidados Tomas Slavik, da República Tcheca,  tetracampeão mundial de 4X; o equatoriano Mario Jarrin, campeão pan-americano de 4X e vencedor do Desafio das Escadas de Santos; o chileno Ian Rojas e o argentino Cesar Ema Schneider.   Entre os brasileiros  alguns nomes de destaque como  Lucas de Borba, Lucas Bertol, Alcides de Souza Cruz Filho o atual campeão pan-americano júnior Maicon Pradella; Abraão Godoi; Wallace Miranda; não poderia faltar o histórico Markolf Berchtold, além dos irmãos Lucas e Gabriel Giovannini e também Renato Rezende, piloto de BMX e integrante da seleção nacional que representou o Brasil nas Olimpíadas do Rio.

Renato Rezende pedala à frente de Samuel Pereira de Oliveira – Foto: George Panara/MundoBici©

Para a edição 2018 a pista passou por mudanças: a distância ficou mais curta, com aproximadamente 600 metros , algumas das 8  curvas tiveram a sua inclinação acentuada e com isso garantiram uma maior velocidade final, e como desafio 13 obstáculos, incluindo um rock garden.

O rápido traçado foi bastante elogiado pelos competidores, inclusive por Pep Roca Piñol membro da Federació Catalana de Ciclisme e organizador da Lleida Down Town (uma badalada prova de downhill urbano) e que mais uma vez esta no Brasil para promover o intercâmbio desportivo com os pilotos que participarão da Descida das Escadas de Santos  e que  achou a pista de São Roque de elevado nível técnico: “É uma pista top, está pronta para receber um Mundial, uma Copa do Mundo de Four Cross, é impressionante”.

Gabriel Giovannini o Rei da Montanha do Downhill 4X em São Roque- Foto: George Panara/MundoBici©

No sábado aconteceram as tomadas de tempo, aonde se destacaram o tcheco Tomas Slavick que registrou 47s997 e o piloto de BMX, Renato Rezende que se adaptou muito bem ao traçado e com 48s88 fez a melhor marca entre os brasileiro.  No feminino as mais rápidas foram a tri-campeã Julia Santos e Mariana dos Santos Lopes.

No feminino todo o favoritismo estava sobre a tricampeã (2014/15/16) Julia Santos, a mais veloz em todas as baterias, porém na semifinal quando estava liderando sozinha à frente das suas adversárias sofreu uma queda no meio da pista, ela teria tempo de voltar à competição e facilmente terminar na segunda posição, porém o guidão da sua bicicleta se deslocou tirando da competidora qualquer possibilidade de conduzir com segurança a sua bicicleta. Julia certamente duelaria com a catarinense, e atual campeã brasileira de Down Hill, Bruna Ulrich.

Bruna Ulrich após o título brasileiro de 2017 confirma seu bom retorno às competições após uma grande lesão – Foto: George Panara/MundoBici©

A final feminina foi disputada por Mariana dos Santos Lopes, Patrícia Loureiro, Bruna Ulrich  e Julia Freire Cruz. A catarinense Bruna assumiu a ponta logo após a largada. Dominou a prova com tranquilidade para completar o percurso em 57s103 – e colocando uma vantagem superior a 8 segundos sobre a paulista Patrícia Loureiro.

Bruna comemorou muito a vitória, pois apesar de ter conquistado o título brasileiro em 2017, ela ainda está no processo de recuperação de uma lesão no tornozelo que a afastou das pistas por quase dois anos.  A catarinense comemorou a vitória e declarou:  “Deu tudo certo neste ano. Achei que não voltaria para o esporte. Mas o importante é que consegui superar meus medos. Sempre ficamos tensos, mas do jeito que foi muito bom. Estou realmente feliz por tudo hoje e foi fruto de muito treino”.

A tricampeã Julia dos Santos caiu na semifinal Foto: George Panara/MundoBici©

Nas semifinais os  mais rápidos, só confirmaram seu  favoritismo e com o domínio da pista e a velocidade que apresentaram   Slavik e Renato Rezende passaram com tranquilidade para a final .  Outro piloto do BMX, Kaique Milani, que também passou para a final vinha se recuperando de uma queda sofrida nos treinos de sábado. Quem ao longo das três baterias também mostrou muita consistência foi Gabriel Giovannini.

A final foi uma das mais emocionantes já vistas na Copa América com muita disputa até a linha de chegada e que por muito pouco não foi preciso ver o resultado no photo finish.  Giovannini fez uma largada perfeita pelo lado direito da pista, enquanto Slavik procurou fechar  Kaique Milani e Rezende que estavam à sua esquerda. A intenção clara era impedir uma boa largada dos dois pilotos de BMX, porém a tática do piloto checo deixou livre a Giovannini que pôde tomar a dianteira da competição já nos primeiros metros do circuito, comandou a prova até a descida final aonde ainda forçou os pedais para aumentar o ritmo vencendo a prova no sprint e deixando para trás o favorito.

O campeão mundial de 4X, Slavik, lidera a bateria à frente de Lucas Bertol – Foto: George Panara/MundoBici©

Após cruzar a linha Gabriel foi abraçado por seu pai, uma das lendas do mountain bike brasileiro dos anos 1990 – Miguel Giovannini – o único piloto a conquistar o título brasileiro no cross country e no downhill nas categorias elite e máster.  O mountain bike é uma questão de família para os Giovannini e a técnica vem no DNA dos irmãos Gabriel e Lucas que em 2015 terminou na 4ª posição.

Gabriel começou nos pedais com pouco mais de 2 anos de idade e já com 12 anos se arriscava pelas trilhas junto do pai, aonde já dava sinais de maior ousadia e arrojo para ultrapassar alguns obstáculos nas descidas de montanha em Juiz de Fora.  No ano passado Gabriel  havia terminado em 3º e desta vez não deu oportunidade de reação a seus adversários. Para esta competição Gabriel iniciou sua preparação em meados de 2017 e abriu mão das festas de fim de ano para chegar em plena forma para a disputa e conquistar o título de Rei da Montanha.

Muito emocionado, cercado por familiares e amigos, Gabriel declarou: “Os caras eram mais fortes que eu na largada. Eles se embolaram e dei uma escapada. No final vi ele perto, mas sabia que neste dia o título seria meu. Treinei muito em dezembro para poder vir aqui  e vencer. Estou muito feliz pela conquista, ainda mais com tanta gente boa, o que valoriza meu título”.

Disputas emocionantes e um visual fora do comum no Ski Mountain Park – Foto: George Panara/MundoBici©

 Tomas Slavik elogiou o evento e ainda comentou a boa atuação do brasileiro: “Estou muito feliz por ter vindo aqui. Gostei demais de tudo e o campeão está de parabéns, pois soube aproveitar a chance e segurou a vitória até a linha de chegada”, porém não deixou de demonstrar seu descontentamento pelo erro cometido na largada e em conversa já com o cerimonial de premiação encerrado chegou a dizer que a largada dele foi muito abaixo da expectativa.   Das dez edições realizadas, apenas em 2005 e 2015  os estrangeiros levaram a melhor na pista de São Roque.

Os catarinenses Lucas Oeschler e Muriel Lohn disputam a 5ª bateria classificatória – Foto: George Panara/MundoBici©

 

COPA AMÉRICA DE DOWNHILL 4X 2018

Ski Mountain Park – São Roque

Feminino

1- Bruna Ulrich – 57m103

2- Patricia Loureiro   +8s206

3- Mariana dos Santos Lopes  + 11s828

4- Julia Freire Cruz +12s420

 

Masculino

1- Gabriel Giovannini – 47s829

2- Tomas Slavik – Rep. Checa  + 0.068s

3- Renato Rezende +0.725s

4- Kaiqui Milani – 4s044

 

Veja Também

4ISLANDS EPIC: ETAPA RAINHA É DOS LÍDERES

Pelo terceiro dia consecutivo, Hans Becking e Wout Alleman, assim como Monica Calderon e Tessa Kortekaas, provaram ser os mais rápidos entre as duplas da Elite masculina e feminina da UCI. A vitória da Buff Megamo na etapa foi por uma margem estreita, mas com a KTM Spada Powered by Brenta Brakes 2 cedendo 4m20s, a vantagem dos líderes de amarelo na classificação geral aumentou. A Cannondale ISB Sport ganhou apenas 13 segundos sobre suas rivais mais próximas, mas seu acúmulo diário de segundos está começando a criar uma vantagem saudável sobre Bianca Haw e Vera Looser. Embora problemas mecânicos, um erro de pilotagem ou mesmo uma queda de rendimento por questões de saúde, ainda possam desempenhar um papel crucial na determinação dos campeões

Um Comentário

  1. Parabéns Panara pela cobertura no evento, texto e fotos muito bacanas. Gostaria de saber se posso compartilhar na minha página?
    Forte abraço e até a próxima!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *