MANIFESTO PEDE ESPAÇOS PARA O CICLISMO DE ESTRADA EM SÃO PAULO

Com base em pesquisa inédita, manifesto pede mais espaços públicos para a prática do ciclismo de estrada em São Paulo. Ciclovia do Rio Pinheiros, Romeiros Estrada Velha e USP são os locais mais utilizados, documento pede reabertura do Autródromo de Interlagos para treinos e criação de APCC’s

49,58% dos praticantes pedalam em grupo – foto: George Panara

Uma pesquisa inédita, respondida por mais de 3 mil ciclistas de estrada da Grande São Paulo, revelou dados preocupantes. Mais de 60% das pessoas entrevistadas aponta a ausência de locais apropriados para realizar treinos como o principal problema enfrentado para pratica da modalidade. Com esta informação em mãos, um grupo formado por entidades e empresas com interesses comuns se uniu para lançar um manifesto pedindo pela ampliação urgente de espaços públicos para a prática do ciclismo de estrada em São Paulo.

O ciclismo na Grande São Paulo tem se tornado alternativa para como esporte e lazer, um bom exemplo e o crescimento de usuários na Ciclovia do Rio Pinheiros, por onde treinam e circulam mais de 80 mil usuários por mês, segundo a Farah Service concessionária responsável pelo espaço.

A realidade de muitos ciclistas da região da Grande São Paulo, porém, é a de conviver com a insegurança – além da falta de lugares adequados para treinamento, outros dois problemas mais citados na pesquisa são a falta de segurança pública (com 56,2%) e o desrespeito de motoristas (55,8%). E há ainda 19,7% dos respondentes que acham que o problema é dividir espaço com outros ciclistas, talvez porque treinem apenas na ciclovia do Rio Pinheiros, a pesquisa não dava espaço para justificar essa resposta, mas para esses a melhor solução seja o rolo de treinamento.

O ciclismo de estrada, ao contrário de esportes como a natação, tênis e futebol não conta com espaços físicos ou exclusivos para a sua prática, e é notório que em todo o mundo ciclistas compartilham as vias com automóveis, ônibus, caminhões e motocicletas. Porém é preciso dar alternativas seguras a quem busca a pratica esportiva com bicicleta na Grande São Paulo.

 “Políticas públicas devem ser amparadas em dados, dessa forma esta pesquisa comprova mais uma vez que as demandas dos ciclistas que treinam a modalidade, além de legítimas, são importantes para o incentivo ao esporte, com reflexos positivos na saúde e na mobilidade”, aponta a jornalista, ativista e agora vereadora paulistana Renata Falzoni que também foi uma das idealizadoras da pesquisa e do manifesto.

Número de praticantes cresceu na pandemia – 8% dos praticantes tem menos de 1 ano na atividade – foto: Swift Bikes/Pedro Cury

Soluções propostas para o ciclismo de estrada 

O documento apresenta duas sugestões que podem auxiliar a resolver parte deste problema:

– a abertura de equipamentos públicos ociosos, como o Autódromo de Interlagos, em horários específicos para a prática da modalidade, como já aconteceu no passado quando era possível utilizar este espaço .

– a criação de APCCs (Áreas de Proteção ao Ciclismo de Competição) como as da cidade do Rio de Janeiro ou Salvador/BA. Onde a autoridade municipal  define uma rua ou avenida que ficará livre de carros por um determinado período do dia, bloqueando um trecho completo da via ou segregando faixas de rolamento – para dar segurança ao ciclista e alertando os motoristas que o espaço está sendo utilizado para a pratica do esporte. No Rio de Janeiro horário de funcionamento dessa Área de Proteção é  de segunda a sexta-feira entre 4h e 5h30 6h às 8h nos finais de semana.
“APCCs são de importância fundamental para desenvolvimento e segurança do ciclismo em todos os seus aspectos. Se implementadas da forma necessária, com espaços segregados, organização, iluminação, sinalização, fechamento do trânsito e orientação sobre horários, criam um ambiente seguro para o treinamento esportivo ao mesmo tempo em que dão início a uma revolução em todo o cenário do ciclismo”, comenta Rychard Hryniewicz Junior, presidente da Federação Paulista de Triathlon

 Pesquisa inédita com ciclistas de estrada

A pesquisa serviu para apontar os locais preferidos para treinos: Ciclovia do rio Pinheiros 57,71% Estrada dos Romeiros (SP-312) 53% Estrada Velha- Riacho Grande 42% USP 34% – e aqui é importante destacar que os números seriam outros, se a Reitoria da USP, em 2019,  não tivesse restringido e limitado os dias e horários da pratica do ciclismo nesse espaço a USP que por décadas foi local de treinos dos paulistanos Rolo – treinamento em casa 32% Pico do Jaraguá – 27,90% Rodovia dos Bandeirantes – 26,07%

A pesquisa também aponta que o ciclismo de estrada é um esporte de veteranos. Ciclistas com mais de 40 anos de idade representam mais de 60% de toda a amostragem e a média de idade entre as pessoas que responderam a pesquisa é de 42 anos. A faixa entre os 40 e 44 anos representa o maior volume com 23% dos respondentes.

O trabalho revela um dado que se não estava quantificado, era perceptível nos locais de treinamento com baixa participação de mulheres. A divisão de gênero desta pesquisa se deu entre 81,7% de autodeclarados homens e 17,85% de autodeclaradas mulheres.

Os paulistanos foram os ciclistas que mais responderam a pesquisa com 75,5% de ciclistas residentes na cidade de São Paulo . Ainda que a população da capital do Estado represente 57% da população da Grande São Paulo, uma das limitações desta pesquisa foi a baixa participação de respostas de outros municípios da região. Na região do ABC – as cidades de São Bernardo e Santo André somaram quase 9% das respostas. Por regiões da capital, a Zona Sul está à frente com 33,62 %, seguida pela Zona Oeste, 22,34 %; Zona Leste com 8,26 e a Zona Norte com pouco mais de 5%, número muito parecido aos dos respondentes do Centro.

foto: George Panara

Número de praticantes cresceu

Apesar do baixo volume de competições e do inexistente incentivo oficial para trazer novos praticantes, o ciclismo vem ganhando novos praticantes e com um pouco de observação é possível notar isso em estradas, ruas e avenidas. Pouco mais de 8% das pessoas começaram a praticar o esporte durante a pandemia, ou seja em um período de 6 meses a1 ano. O grupo que pratica ciclismo no máximo há 5 anos é o maior, com 37,92% e quem treina de 5 a 10 anos  representam 24,34% das pessoas que responderam a pesquisa.

Para treinar, o sábado tem a preferência de 78,60 % das pessoas que responderam, o domingo entra na agenda de treinos de 67,74%. Durante a semana as terças e quintas-feiras tem um empate técnico de 68% dos respondentes. E em um claro sinal de que se a sexta-feira não é um bom dia para o trânsito em geral, é ainda pior para os ciclistas, e por isso apenas 24% das pessoas que responderam a pesquisa pedalam nesse dia.

Ciclista no Brasil é uma pessoa que tem que acordar cedo: 64% treinam entre 6 e 7h da manhã, e 62,6% treinam entre as 7 e as 8h. Os treinos noturnos com pico entre as 20 e 22 horas, são preferência de apenas 18,38% das pessoas.

Antes só… do que em grupo

58,54%  dos praticantes treinam sozinhos, 49,58% treinam em grupo e outros 34,33% com o apoio de uma assessoria profissional  e apenas 3,69% treinam com uma equipe de clube esportivo.

Mas entrando nos detalhes, o trabalho revela que  62,3% dos homens treinam  sozinhos, entre as mulheres este índice é de 40%, uma diferença de 22 pontos percentuais.

As mulheres tem preferência por pedalar com os grupos da assessorias esportivas, somando 47,30% , os homens que pedalam com uma assessoria esportiva representam 31,59% das respostas, uma diferença de 15 pontos percentuais a menos.

O melhor jeito de ir treinar é pedalando para 60,77 % dos ciclistas, mas 36,5% utilizam o automóvel, a pesquisa não aponta o motivo disso e se há relação com o local específico ou a distância para o local treinamento. Apenas 0,6% fazem uso do transporte público para chegar ao local de treino, sendo o metrô e o trem as opções mais utilizadas.

Aqui o manifesto proposto pela Aliança Bike, Federação Paulista de Ciclismo, Federação Paulista de Triathlon, Bike É Legal e Bike Zona Sul.

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