XCO: PAULINE E PIDCOCK RETORNAM À COPA DO MUNDO COM VITÓRIA

O retorno da francesa Pauline Ferrand-Prévot à Copa do Mundo, foi melhor do que poderia se imaginar, no sábado ficou com o 2º lugar no XCC, na prova principal, no XCO foi ainda melhor vencendo escapada com uma vantagem superior a 1 minuto sobre a líder da classificação geral Haley Batten. Entre os homens, o campeão olímpico Thomas Pidcock, também voltando ao circuito, deu sua demonstração de força e após um duelo com Nino Schurter, começa sua temporada pessoal, como terminou: com vitória. Os melhores brasileiros no dia foram Ulan Galinski em 31º e Raiza Goulão em 49º, mas ainda longe de sua melhor forma  

Ferrand-Prévot, retorna à Copa do Mundo mirando nas Olímpiadas – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

As provas da terceira etapa da Copa do Mundo Cross-country Olympic XCO, em Nové Mĕsto Na Moravĕ , tiveram o mesmo pódio feminino da prova de XCC , porém em ordem diferente. A campeã mundial Pauline Ferrand-Prévot venceu a etapa com mais de um minuto de vantagem; com Haley Batten em segundo, e Alessandra Keller em terceiro.

No masculino, em seu retorno ao torneio, após ter iniciado a temporada nas estradas, Tom Pidcock foi dominante, e garantiu com sua companheira a dobradinha para a a Ineos-Grenadiers. Após um início de prova dificil , Pidcock chegou ao grupo da frente no meio da corrida, disputou a ponta com Nino Schurter antes de partir para a vitória de 30 segundos de vantagem. 

PAULINE VOLTA COM TODA FORÇA À COPA DO MUNDO

A prova de XCO começou com as ausências Jenny Rissveds, que após a queda no short track de sábado foi obrigada a abandonar e com Sina Frei, Evie Richards e Zoe Cuthbert também fora das disputas.

Tendo garantido um bom posicionamento no grid de largada, com o segundo lugar no XCC, a francesa Ferrand-Prévot não conseguiu fazer um bom início de prova, dando espaço para Jolanda Neff e a campeã europeia Puck Pieterse tomassem a dianteira, para liderar o pelotão na entrada da floresta.

À medida que o percurso se estreitava, pouco antes de se tornar uma pista única, Ferrand-Prévot entrou na roda de Pieterse sendo acompanhada por Batten. Em um trecho mais técnico, com muitas raízes, a francesa escolheu o melhor traçado para tomar a dianteira e ganhar alguma vantagem na subida técnica.  Pauline ganhou ainda mais distancia, quando Batten e  Pieterse tentaram encurtar a distância e alcança-la na longa descida.

 Pauline ataca e deixa Puck Pieterse para trás – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Batten soube fazer uma boa passagem pelo jardim de pedras para encurtar o terreno até Ferrand-Prévot e voltar à roda da francesa.  Pouco depois chegaram Pieterse e Martina Berta formando brevemente um quarteto de líderes. Atrás deles, o pelotão estava totalmente esticado.

De volta ao seu melhor estilo, Pauline impunha seu ritmo pessoal à prova, e chegou às subidas comandando o grupo, Pieterse sofria para se manter. No trecho batizado de ‘WHOOP Super Climb’, Ferrand-Prévot esticou ainda mais o grupo, antes de colocar mais pressão sobre seus rivais na descida, com Pieterse perdendo contanto. Já na metade da volta, Ferrand-Prévot tinha uma boa vantagem sobre as adversárias e começava a imprimir a sua autoridade na corrida.

Pieterse lutava para se manter próxima da francesa e na segunda volta chegou a encurtar a distância para a lider, enquanto Batten era mais prudente, fazendo uma corrida mais paciente e comedida, mantendo-se na terceria posição a vinte segundos. A suíça Keller trabalhou duro nas subidas para se manter na disputa pelo pódio travando um duelo com Laura Stigger.

 Alessandra Keller, venceu o XCC e terminou em 3ª no XCO – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

No trecho intermediário do circuito, onde era exigida maior potência das ciclistas com subidas quase ao estilo de estrada, encaixaram melhor com o estilo de  Ferrand-Prévot e foi onde ela conseguiu aumentar sua vantagem.

As partes técnicas do percurso favoreciam a jovialidade de  Pieterse, mas não o suficiente para evitar que ela perdesse terreno para a líder. Após a volta de largada e duas voltas no circuito completo, a diferença era de 17 segundos, com um grupo de três ciclistas – Keller, Batten e Laura Stigger   – rodando a mais de 20 segundos da holandesa e a mais de 40 da ponteira.

Menos de uma volta depois, Ferrand-Prévot aumento ainda mais sua vantagem quando Pieterse começou a pagar pelo seu esforço inicial, mas recusou-se a desistir da perseguição. Na volta seguinte, a quarta, Pieterse era aosrivda pelo grupo de Batten. Com isso mais uma se juntava para trabalhar e tentar recuperar a diferença para a líder; mas com Ferrand-Prévot fora de vista e se não houvesse um acordo o grupo corria o risco de perder ainda mais tempo devido à disputa de posições.

Raiza ainda não encontrou o melhor da sua forma física e não conseguiu dar o seu melhor nesta temporada da Copa do Mundo – foto: Kike Abelleira

Pieterse tentando recuperar energias ficou na parte de trás do grupo e Batten também parecia estar com dificuldades, mas a estadunidense se recuperou bem na fase final da corrida. Na quinta volta e com Ferrand-Prévot a mais de um minuto do fim, Stigger, Batten e Keller lutavam pelo pódio. Pieterse fez bem em se juntar a eleas. Batten foi em busca do segundo lugar atacando na subida mais longa, rapidamente alcançando uma vantagem de 20 segundos sobre as companheiras de perseguição  e com isso encurtando a diferença para  Ferrand-Prévot para um minuto.

Com uma boa margem, a francesa fez a última volta com calma, enquanto Batten não trabalhava para encurtar a distância, mas apenas para se manter em segundo lugar e não ceder terreno para quem vinha atrás. Keller mostrou que ainda tinha muita energia e foi em busca do terceiro lugar ao atacar as subidas mais duras e deixar para trás a Stigger e Pieterse.

Entre as brasileiras na disputa Raiza Goulão terminou a prova na 49ª colocação, a 1 volta da líder, ainda longe do seu melhor desempenho na atual temporada da Copa do Mundo. Em suas mídias sociais comentou:  ”Neste fim de semana, tive boas sensações em cima da bike. Mas o corpo se desconectou da boa performance e passou a não corresponder bem aos estímulos”. Karen Olímpio, enfrentou problemas mecânicos que a colocaram no fundo do pelotão, terminando em 72ª a 3 voltas da líder.

Terceira vitória de Pauline em Nové Mesto –  foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Para Ferrand-Prévot foi a sua terceira vitória na carreira em Nové Mĕsto Na Moravĕ e é um forte sinal de que está afiadíssima para tentar a medalha de ouro Jogos Olímpicos de Paris 2024, último título que falta em sua vitoriosa carreira e assim fechar seu ciclo desportivo.

Ao final da prova comentou:  “ uma grande corrida. Queria ir na minha própria velocidade e sabia que queria fazer a primeira volta na frente, então forcei na largada e tentei manter a velocidade. Não posso dizer que estava me sentindo bem, mas estava apenas tentando fazer minha própria corrida e forçar o máximo possível”.

Haley Batten após 3 provas lidera a Copa do Mundo –  foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Líder da classificação geral da Copa do Mundo, com uma vantagem de 166 sobre a segunda coloca Alessandra Keller, Haley Batten ficou satisfeita com a maneira como alcançou o segundo lugar, e a forma como administrou suas forças: “No meio do caminho pensei  ‘Como isso dói!’ Então acho que ouvi meu corpo muito bem e nunca desisti. Aprendi os trechos em que era forte e aqueles em que não era tão forte e tentei usá-los a meu favor. No final, elas não sabiam onde eu era forte porque estava vindo de trás, então usei isso. Estou muito feliz com essa corrida”.

PIDCOCK DOMINA NOVÉ MESTO PELA 4ª VEZ

A corrida masculina disputada em uma volta de largada e mais sete voltas no circuito  pode ser resumida a uma duríssima disputa, um  mano a mano,  entre o  atual campeão olímpico Tom Pidcock e a lenda suíça Nino Schurter , com o britânico mostrando toda sua técnica e o domínio em um circuito, que mesmo com alterações, se encaixa perfeitamente com seu estilo.

Em seu retorno às disputas da Copa do Mundo, Pidcock voltou com toda força – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Como não poderia deixar de ser, mais uma vez o alemão Luca Schwarzbauer arrancou com toda sua força para tomar a frente e comandar o pelotão, levando ao seu lado a Filippo Colombo e ao vencedor do XCC no dia anterior, Victor Koretzky. Enquanto na frente explodiam em velocidade, um pouco mais atrás um grande grupo de ciclistas caiu quando mal começavam a competição. Tom Pidcock passou com segurança pelo drama de abertura para chegar na volta  inicial rodando entre a 20ª  posição .  Filippo Colombo tomou a ponta, sendo seguido por Litscher, Koretzky, Hatherly, seu companheiro de equipe Nino Schurter estava bem posicionado e aproveitou o trabalho para se colocar no grupo ponteiro.

A primeira subida serviu para diminuir o grupo e esticar o pelotão. Após a forte chuva que caiu na sexta-feira, o percurso estava quase completamente seco e era possível rodar com muita velocidade, como era possível ver com a evolução de Colombo e do grupo que o seguia.

Schurter foi consistente para assegurar o 2º lugar – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Quando chegaram à primeira volta, não havia grandes diferenças. Uma longa fila liderada por Koretzky entrou para a floresta, antes de ser fustigada por Schurter quando este chegou à frente da corrida. A lenda suíça forçou os pedais para aumentar o ritmo na subida mais dura

Pidcock se posicionou entre os dez ponteiros pouco antes da metade da primeira volta, enquanto o forte Alan Hatherly assumi a ponta mostrando toda sua sua habilidade nas descidas. Com uma volta completa na ponta se formavam pequenos grupos com Hatherly, Koretzky e Schurter com três segundos de vantagem sobre Colombo e Aldridge, enquanto Pidcock um pouco mais atrás aguardava a hora para atacar.

O Campeão do Mundo da UCI, Pidcock, se posicionou na roda do seu compatriota Aldridge para formar um grupo de oito, e aproveitou o momento para recuperar forças. Hatherly continuou subindo a escalada da subida mais dura, enquanto Pidcock lentamente avançava pelo grupo. Schurter na ponta, forçava, castigava o grupo e tentava ampliar a lacuna que se abriu para Pidcock.

Schurter avançava, mas pesar do esforço e da intensidade não conseguiu evitar que Pidcock reconectasse com o grupo da frente logo uma subida  na terceira volta.

O ataque de Pidcock que explodiu a corrida, aconteceu no trecho onde era possível descarregar a maior potência nos pedais, na subida que parecia uma ‘estrada’ ele forçou e colocou à prova todo o grupo.  Schurter e Kortezky responderam ao ataque, mas a subida era longa e Pidcock continuou forçando e isso minou as energias do francês que a partir daí passou a perder posições.

Mathis Azzaro terminou em 5º –  foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Na volta seguinte, Pidcock forçou novamente do mesmo lugar para conseguir uma vantagem de seis segundos sobre o suíço. Com o passar do tempo sua vantagem só aumentava, na quinta volta, com uma hora de corrida, a sua vantagem era de 24 segundos, sobre Schurter que rodava firm e seguro em segundo, enquanto um grupo, liderado por Schwarzbauer, lutava pela demais posições no pódio.

Na abertura da última volta, enquanto Pidcock rodava tranquilo à frente, e Schurter tinha sua pequena vantagem sobre quem vinha de trás Mathis Azzaro e Mathias Fluckiger iniciavam um duelo, porém ambos já acusavam o desgaste, e não contavam com o crescimento do suíço Marcel Guerrini no final da prova, que avançava e ainda tinha forças para atacar e trazer com ele o britânico Aldridge para tomar a terceira e a quarta posição.

Galinski terminou em 31º – foto: Michele Mondini

Pidcock era primeiro mais uma vez em Nové Mesto, sua quarta vitória consecutiva, e agora superando em mais de 30 segundos a Schurter. O brasileiro Ulan Galinski terminou em 31º lugar, o seu melhor resultado pessoal em provas na Europa, Gustavo Xavier foi 55º.

O campeão mundial comentou sobre o seu retorno: “Posso estar bastante satisfeito com esta como a minha primeira corrida do ano”, no seu característico estilo discreto e  admitiu ter tido dificuldades no início da corrida, mas “assim que comecei e cheguei à frente, consegui encontrar o meu próprio ritmo”.

Pidcock e sua 4ª vitória consecutiva em Nové Mesto – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Whoop UCI MTB World Series – Copa do Mundo de Mountain Bike –   Nové Mesto na Morave/Tchéquia

XCO–  Cross Country Olímpico

Elite feminina –  1 volta 3.65 km + 6 voltas x circuito de 3.8 km – 26.45 km– 82 competidoras de 27 países

1- Pauline Ferrand-Prevot 🇫🇷 – Ineos Grenadiers  1h24m44s – vel. média 18.726 km/h

2- Haley Batten 🇺🇸 – Specialized Factory Racing – Estados Unidos +1m02s

3- Alessandra Keller 🇨🇭 – Thömus Maxon – Suíça +1m31s

4- Puck Pieterse 🇳🇱– Alpecin Deceuninck +1m44s

5- Laura Stigger 🇦🇹-Specialized Factory Racing +1m47s

49- Raiza Goulão 🇧🇷 -1 volta

72- Karen Olímpio 🇧🇷  -3voltas

Elite masculina –  1 volta 3.65 km + 7 voltas x circuito de 3.8 km – 30.25 km116 competidores de 30 países

1- Thomas Pidcock 🇬🇧 – Ineos Grenadiers – 1h21m41s – vel. média 22.219 km/h

2- Nino Schurter🇨🇭 – Scott-Sram MTB Racing Team +32s

3- Marcel Guerrini 🇨🇭– Bixs Performance Race Team – suiça +44s

4- Charlie Aldridge 🇬🇧 – Cannondale Factory Racing a +46s

5- Mathis Azzaro 🇫🇷 – Decathlon Ford Racing Team – França +46s

31- Ulan Galinski 🇧🇷– Caloi-Henrique Avancini Racing +3m52s

55- Gustavo Xavier🇧🇷 –Specialized Racing BR +6m27s

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