O ciclismo terá a estreia da Vídeo Arbitragem – conhecida por VAr – na primeira das cinco clássicas monumento, a Milano-Sanremo. A farra de gente “pendurada” em carros de equipe, troca de bicicletas e rodas suspeitas e ações desleais na chegada e durante a corrida serão verificadas no ato por um comissário que tomará as decisões até mesmo durante o desenvolvimento da corrida
Poderá ser o fim da fanfarronice de ver ciclistas rodando rebocados nos carros das equipes, ou daquela duvida durante a disputa de um sprint ou mesmo em uma ação de agressão que acontece no meio do pelotão. As cinco clássicas monumento (Milano-Sanremo, Tour de Flandres, Paris-Roubaix, Liège-Bastogne-Liège e Il Lombardia) e nas três grandes voltas (Giro, Tour e Vuleta) .
O sistema durante a Milano>Sanremo, utilizará as imagens geradas pela RAI (em outros países será da geradora de imagens de cada competição) que serão encaminhadas para um motorhome, estacionado na área de chegada, onde estará o Comissário de Vídeo.
O primeiro a estrear na função serão o italiano Gianluca Crocetti, de 48 anos e ampla experiência internacional como as olimpíadas do Rio, Mundiais, Giro, Tour e algumas clássicas. O colégio de comissários que estará na Milano-Sanremo é uma equipe de primeiríssima linha, seu presidente será o holandês Martihn Swinkels, considerado um dos melhores comissários internacionais.
A função de comissário de vídeo, por questões de língua, estará sob responsabilidade de um italiano, um francês, um belga e um espanhol. Cada um atuará em seu pais de origem. O motorhome da Vídeo Arbitragem tem dez monitores e receberá o sinal bruto de cada câmera que esteja transmitindo a prova (motos, helicóptero e câmeras fixas); exatamente as mesmas imagens recebidas pelo diretor de imagens da prova. O comissário de vídeo estará em contato constante com o colégio de comissários via o sistema de rádio da competição (que funciona transmitindo informações para toda a caravana) e também por um canal de rádio exclusivo dos comissários. A ação deverá ser imediata e exigirá um trabalho em equipe com decisões determinantes e muitas vezes imediatas sendo que em caso de problemas estes serão reportados ao colégio de comissários e a decisão final fica a critério do presidente do colegiado. Ao todo serão seis comissários – o presidente Martin Swinkels no carro que acompanha a frente da corrida, os italianos Gabriele Rigolettin e Antonio Bisignani nas motos, os comissários adjuntos Juan Martín Sanz e Ernesto Maggioni e o comissário de vídeo. .
Para acompanhar a estreia do sistema estarão na chegada da Classicissima (como também é conhecida a Milano>Sanremo) o presidente da UCI, David Lappartient, a diretora geral da entidade a marroquina Amina Lanaya, além dos responsáveis pelas provas de estrada e dos comissários. A implantação do sistema VAr vem em resposta ao incidente que aconteceu no Tour2017 entre Cavendish e Sagan que provocou a desclassificação do campeão mundial ou do reboque do italiano Gianni Moscon no último mundial ou o caso de Arnaud Démare na Milano>Sanremo de 2016 que roi acusado de ser rebocado por um carro da sua equipe até o pelotão quando estava subindo a Cipressa, entre tantos outros .
A adoção do sistema VAr também é uma maneira da UCI tentar evitar com que recursos contra punições – como no caso de Sagan – sejam levados ao TAS – Tribunal Árbritral do Esporte, em Lausanne, e com isso sinalizou com a implantação do sistema de Vídeo Arbitragem.
Talvez agora sob os olhos mais atentos de um comissário UCI as motos com as câmeras tenham um comportamento mais conservador e não se posicionem de forma a favorecer o vácuo, como vem acontecendo e que levanta criticas como as do diretor geral da Movistar, Eusebio Unzué, citadas pelo jornal el País: “Somente com o seu deslocamento, uma motocicleta que fica a cinco ou oito metros à frente de um ciclista, é capaz de decidir o destino de uma fuga ou a caça de um pelotão. E ficou claro no domingo passado, na fuga da Paris-Nice, como indo à frente do pelotão de perseguidores prejudicaram os três da fuga de Marc Soler, que só eram filmados por trás. E é dessas coisas que eles ficarão sabendo agora, assim espero”.
Em tempos que os fãs exigem uma resposta rápida de resultados e que as mídias sociais reverberam os erros ou infrações imediatamente, a decisão da UCI é bem vinda e talvez seja um ponto final naquele questionamento levantado por muito torcedor: “Mas será que os comissários não viram isso?”, agora ao menos, se foi apanhado por alguma das câmeras que estarão transmitindo o evento alguém com poder de decisão imediata também estará de olho.