Valentina Höll conquista seu terceiro título mundial consecutivo e Loris Vergier, dez anos após conquistar o título mundial junior, agora na estação de La Massana, em Andorra onde ele mora, conquista a camisa arco-íris da Elite, em uma prova marcada por diferenças mínimas no pódio e queda de favoritos. Roger Vieira é o melhor brasileiro em 49º
A decisão do mundial feminino de Downhill disputada na estação de La Massana, em Andorra, começava com o favoritismo da francesa Myriam Nicole que na classificatória de sexta-feira (29/08) mostrou sintonia com o traçado fazendo o melhor tempo e superando a britânica Tahnée Seagrave por mais de 3 segundos e a austríaca Valentina Höll por mais de 5 segundos, porém ali nada estava definido, e no sábado na hora da verdade as diferenças diminuiriam com todas as competidoras dando o máximo.
Apesar de ter feito o melhor tempo, e tendo o direito de ser a penúltima a largar – antes apenas de Höll a campeã da edição anterior e que defenderia o seu título, a francesa Myriam Nicole optou por ser a 25ª a descer a montanha, em um grupo de 40 competidoras, com isso ela teve a possibilidade de mais uma vez fazer o melhor tempo e jogar toda a pressão sobre o grupo.
Nicole fez uma descida sem erros e levou o tempo para os 3m00s732 – um tempo muito baixo que não foi superado por 14 competidoras, como Camille Balanche, Eleonora Farina, Monika Hrastnik, Tahnée Seagrave , Nina Hoffmann ou Marine Cabirou –mas ainda faltava a descida de da austríaca Höll que tentava revalidar mais uma vez seu título Mundial.
Höll teve uma largada ruim, fazendo a primeira intermediária apenas com 7º tempo, porém daí em diante começou a brigar com os tempos de Nicole com diferenças mínimas nas demais parciais, para fechar a descida com uma vantagem de 520 décimos, um piscar de olhos que garantiram à austríaca o terceiro título mundial consecutivo – ela foi campeã em Les Gets’2022, Glasgow’23 e agora em Pal Arinsal’24.
Tricampeã consecutiva na Elite, bicampeã consecutiva da categoria junior em Lenzerheide’2018 e Mont-Sanite-Anne’2019 a austríaca é um fenômeno do esporte, pois com apenas 22 anos já coleciona todos esses títulos.
Com o direito de vestir por mais um ano a camisa arco-íris de campeã mundial, Vali Höll comentou a sua conquista: “Não posso descrever. Não acreditava que seria capaz de competir com as adversarias pois aqui, nos últimos dias, tive dificuldades para ganhar velocidade. Não tenho palavras”, e destacou seu comportamento antes de largar: “estava tentando não pensar no que as outras tinham feito. Não tinha ideia de quem liderava antes de fazer minha descida. Sabia que seria uma corrida apertada e pude terminar no alto. Hoje com certeza vou comemorar”.
O Brasil esteve representando na prova feminina da elite, pela capixaba Nara Faria. A atual campeã brasileira de downhill, passou pela classificatória e avançou à final onde terminou na 38ª posição.
Dobradinha francesa
A classificatória masculina mostrou um Loïc Bruni disposto a conquistar seu sexto título mundial, para isso ele fez uma descida com os melhores tempos em três das quatro parciais e terminando a descida em 2m39s700 e uma vantagem superior a 2 segundos sobre os demais adversários.
Na classificatória disputada por 97 pilotos, os brasileiros tiveram um bom desempenho e os três participantes avançaram para a final. O campeão brasileiro foi o melhor, passando com o 29º melhor tempo, seu irmão Douglas foi o 62º e Gabriel Giovannini foi o 69º.
A final, foi também despedida das competições de Greg Minnaar , e mesmo aos 42 anos, uma idade que para muitos parece ser uma barreira, o sul-africano manteve-se muito competitivo e mostrando muita técnica nas descidas.
A decisão mostrou que muita gente disposta a tomar o pódio – o espanhol Angel Suarez 53º a largar entre os 80 classificados se colocou na disputa ao marcar 2m40s028, mas a medida que se chegava aos mais bem classificados os tempos também caiam e chegavam na casa dos 2m38m944 com o britânico Danny Hart .
O francês Benoît Coulanges superava o tempo do britânico por apenas 195 décimos de segundo e assumia a liderança temporária da prova; o canadense Finn Iles esteve perto de destrona-lo, ficou a 21 centésimos, depois desceriam Luca Shaw e Loris Vergier.
Vergier mora em Andorra, e assim correr em Pal Arinsal é para o francês como estar em casa, e aproveitou desse ambiente para cobrir o percurso em 2m38s661 e tomar a primeira posição, quando ainda faltavam favoritos como o estadunidense Dakota Norton e o ídolo Loïc Bruni.
Dakota caiu, estava fora da disputa, restava apenas Bruni, que também mora em Andorra e começou a descer pulverizando tempos, chegou a baixar em quase 2 segundos o tempo de Vergier, mas o pentacampeão mundial arriscou demais e em uma curva perdeu a dianteira a acabou catapultado para o solo. Vergier estava confirmado como o mais novo campeão mundial.
A queda de Bruni, fez diferença, mas faz parte da disputa e ir além do limite no downhill cobra o seu preço. Dobradinha francesa com Vergier campeão e Coulanges vice; Finn Illes foi o terceiro. Este mundial será marcado, muito mais pelas pequenas diferenças entre os 5 melhores do que por um tombo. Entre o vencedor Vergier e Amarury Pierron 5º colocado a diferença é de apenas 457 décimos de segundo.
Vergier, 10 anos atrás havia conquistado em Lillehammer, na Noruega, o título da categoria junior, e agora se consagra na Elite. “É incrível. Não pensava que esta seria a temporada para conseguir (o título), mas podemos dizer que tive sorte. Não acreditava que seria possível, é um pouco surreal, e acredito que todo o azar que tive este ano e nos anteriores foram compensados. Não posso estar mais feliz”, destacou o novo campeão. “Antes da queda acreditava que seria um pódio completamente francês e seria genial. Lamentavelmente (Bruni) caiu e me deixou sua camisa (de campeão). Estou muito feliz pelo que ele me disse, ele também está muito contente por mim. Ás vezes caímos, outras não e estou muito contente”. Além disso, o fato de conquistar a camisa arco-íris em Andorra fez da conquista algo ainda mais especial: “Fazer isso onde passo mais tempo na vida é o ápice, não poderia sonhar melhor”, concluiu.
Roger Vieira foi o melhor brasileiro, terminando em 49º – um resultado abaixo das próprias expectativas do piloto “o resultado não foi o que eu esperava ou o que sou capaz, um erro no final custou caro. 8 segundos do primeiro colocado é algo muito bom, porém os tempos estão muito apertados”, comentou em sua conta no Instagram. Seu irmão Douglas ficou em 58º e comentou: ‘Não foi o que eu queria porém vou aceitar. Corrida foi muito apertada e disputada e eu simplesmente não tive a velocidade. Tive alguns erros e um pequeno problema com a bike, porém a velocidade não estava lá esse final de semana”. Gabriel Giovannini ficou com o 66º tempo.
Campeonatos Mundiais de Mountain Bike Pal Arinsal |Andorra
Downhill – Descida de Montanha 1.850km – 457m de desnível
Elite Feminina – final – 40 competidoras de 20 países
1- Valentina Höll – AUT – 3m00s212 – veml.média 36.956km/h
2- Myriam Nicole – fra +0s520
3- Tahnée Seagrave – GBR +12s212
38- Nara Faria – BR +56s330
Elite Masculina – final 80 competidores de 27 países
1- Loris Vergier – FR – 2m38s661- vel. média 41.976km/h
2- Benoit Coulanges – FR +0s148
3- Finn Iles – can +0s169
49- Roger Vieira – Br +8s393
58- Douglas Vieira – br +10s094 66- Gabriel Giovannini br +14s993