As provas de Enduro Mountain Bike vão além da competição, trata-se de uma imersão na cultura do esporte e na convivência. O Trans Costa Esmeralda, realizado em Santa Catarina no início de novembro se destaca por seu ineditismo no Brasil, foi a primeira prova de Enduro por etapas disputada no país
Seguindo modelo das melhores provas de Enduro MTB do mundo, como a Downieville Classic, na Califórnia; a Trans-Provence, na França; a Trans Madeira, na Ilha da Madeira, Portugal ou a Trans NZ Five-Day Enduro, na Nova Zelândia; a Trans Costa Esmeralda, disputada entre os dias 3 e 6 de novembro no entorno das cidades catarinenses de Porto Belo e Bombinhas foi a porta de entrada do mountain bike brasileiro nesse tipo de competição que vai muito além da disputa, e é muito mais aberta misturando disputas de downhill e cross country.
Os trechos de descida de montanha prevalecem e as ‘especiais cronometradas’ geralmente estão nesse terreno, mas ao final de cada especial, os competidores precisam se deslocar até o próximo ponto, e aí é pedalar pelas trilhas, até a próxima descida. Apesar do espírito de competição, a prova é aberta a todos os públicos e isso a coloca o participante em um clima daquelas pedaladas de final de semana, mas com trechos cronometrados e valendo um pódio.
Ao longo dos 3 dias de disputa, a Trans Costa Esmeralda, contou com 11 trechos especiais e uma grande variedade de trilhas, com alguns desses trechos construídos e com manutenção da Mata Atlântica Cycling, uma associação de construtores de trilhas – trail builders – da região com experiência na construção de trilhas e com todas as necessárias licenças ambientais para o desenvolvimento do trabalho.
“Moro há 27 anos na região e conhecemos todos os cantos deste paraíso. Depois de participar deste modelo de prova fora do Brasil, vimos que o local era perfeito para uma prova multi-estágio de Enduro. Aqui temos trilhas iradas, visuais incríveis, cultura local, estrutura turística e tudo que uma aventura de MTB Enduro precisa. Foram 3 dias de acampamento, dormindo em barraca, com tudo incluso”, comentou Gabriel Jacomel, um dos organizadores da prova.
Rafael Oliveira, que também participou da organização do evento destaca:“Vivenciando alguns rolês fora do país, já tive várias experiências em provas de todo tipo, mas o formato multi-estágios foi o que sempre me chamou a atenção. Ter algo inédito no Brasil e fazer parte disso é uma coisa surreal, feito para as pessoas e para o esporte em si”.
3 etapas com diversão, belezas naturais e cultura MTB
Ao longo dos três dias da Trans Costa Esmeralda, os mountain bikers tinham uma estrutura de apoio para transporte dos equipamentos, mas a base para dormir era feita em barracas de camping em uma área de Bombinhas, muito próxima à entrada das trilhas. Ao final de cada etapa, a confraternização entre os 43 participantes tinha como ponto alto a degustação de chopp e muita conversa.
“Foram 11 especiais com muita variedade de terrenos, desde pistas de alta, rock gardens, drops e com o mar cor esmeralda, que dá nome a prova, sempre presente, com algumas especiais iniciando no alto da montanha e finalizando em praias desertas e paradisíacas. Mas, o ponto alto do evento é mesmo a vibe da galera, alto astral e diversão acima de tudo”, explicou Igor Oneckko, que trabalhou na organização da prova.
No primeiro dia, a etapa mais longa com 39 km pelas as trilhas mais conhecidas e frequentadas da região, partindo de Porto Belo e com 5 especiais com destaque para a ‘Lambe-Lambe’ com 1150m e um desnível de 173m e a famosa ‘Galo Cego’ de 1600m e um desnível de 225m. Para neutralizar o desgaste das subidas, os organizadores fizeram 4 trechos com deslocamentos feitos com o veículo de resgate, que levou os competidores para as 4 subidas mais duras; isso permitiu que os competidores mantivessem o foco e a força nas descidas, o trecho final levou os competidores para a base montada em Bombinhas.
O segundo dia de prova foi de puro pedal, mas antes os competidores tinham de desmontar suas barracas, ajeitar as mochilas e entrega-las aos organizadores que as levaram para a Praia da Sepultura, onde seria montada a base para o pernoite. Com 33 km, a etapa teve como primeira especial a ‘Mother Trail’, uma descida de 2.020 m e 228 m de desnível com muitas curvas, um visual incrível para o mar e trechos de alta velocidade.
A terceira e última etapa exigiu uma logística especial, após 7 km de pedal os competidores e suas bicicletas foram transportados de barco, em uma viagem de quase 20 minutos até o acesso às trilhas que levavam para as duas especiais, longas e exigentes, do dia.
A especial Nino, tinha como desafio uma trilha dura com um impressionante Jardim de Pedras – rock garden – natural de 80 metros. Antes de chegar à segunda especial os competidores tiveram pela frente a dura subida até o Bicudo, o mais longo trecho de descida do programa, com 2.420 m e 362m de desnível e um primeiro trecho de trilhas naturais, mas no final um verdadeiro parque de diversões com mesas e curvas trabalhadas, garantia de alta velocidade até a chegada em Porto Belo.
Ao final mais confraternização com churrasco, chopp e música, aí a grande diferença do Enduro para as demais modalidades do mountain bike: a diversão é garantida. “O Trans Costa Esmeralda foi idealizado para oferecer uma experiência única para o atleta, com estrutura completa para proporcionar o que há de melhor em uma prova multi-estágios de MTB Enduro. Para o atleta, basta vir e curtir”, explicou Henrique Burigo, organizador da prova.