A primeira das três etapas alpinas mudou a competição, as montanhas fizeram a seleção, mesmo não sendo um especialista, o francês Guillaume Martin foi o primeiro a cruzar a linha de chegada no alto de La Rosière-Montvalezan, vencendo a etapa rainha. A classificação geral passou por um uma grande mudança, faltando duas etapas o austríaco Gregor Mühlberger é novo camisa amarela.
Apresentada como favorita, a seleção francesa vinha devendo uma boa atuação no Tour de l’Avenir. Os donos da casa perderam duas peças importantes em tombos durante a corrida. Nans Peters na 2ª etapa, e nesta 5ª etapa o escalador Jéremy Maison caiu na descida do Col du Pré quando liderava a etapa com mais de 1 minuto de vantagem sobre o pelotão; Maison era um dos favoritos para a vitória na etapa rainha e abandonou com fratura na clavícula.
Antes do acidente, Maison deu ritmo à etapa ao atacar o Col du Pré, sendo acompanhado pelo italiano Gianni Moscon e por seu companheiro de equipe Guillaume Martin. Um grupo formado pelos colombianos Aldemar Reyes e Germán Chavez, o russo Denis Zhuykov e o español Marc Soler tinha 1m20 de atraso para a cabeça da corrida, mais atrás o chileno integrante da equipe do Centro Mundial de Ciclismo dava adeus à camisa de líder, ao passar pelo prêmio de montanha com mais de 3 minutos de atraso para os ponteiros. Na descida, a queda de Maison, reagrupou o pequeno grupo de escapados
Com uma seleção bem estruturada o técnico Pierre-Yves Châtelon ainda contava com outro jovem escalador: Guillaume Martin que abriu uma fuga solitária a 38 km da chegada. Arrancou para ganhar o prêmio de montanha em Cormet de Roselend e como ninguém o acompanhou, forçou o ritmo chegando a colocar mais de 2 minutos de vantagem. Ao início da última subida que leva ao resort de la Rosière começou a pagar o preço da ação e perder terreno, porém atrás a 11 km da chegada entram em acordo o italiano Simone Petilli, o austríaco Gregor Mühlberger e o colombiano Germán Chavez. O ritmo do trio foi intenso e o primeiro a ficar sem pernas, a 7 km da chegada foi o colombiano.
Martin começava a dar sinais de cansaço enquanto Mühlberger despachava o italiano Petilli no ulitmo km, quando estava a 30 segundos do líder. A 500 metros quando o austríaco estava a 15 segundos de Martin e dava sinais de que com o ritmo que trazia poderia encostar e chegar para disputar a primeira posição, porém de maneira incrível errou o caminho e perdeu 5 segundos, dando certo folego ao francês Martin que cruzou em primeiro, o austríaco chegou 6 segundos depois. Atrás chegava um pelotão destroçado, os ciclistas chegavam um a um, o terceiro foi espanhol o Soler a 39s, depois o italiano Petilli, o colombiano Danielo Martinez perdia 1m23. A dureza da etapa era clara no cansaço estampado no físico dos ciclistas e nas diferenças de tempos. A etapa provocou o abandono de 12 ciclistas.
O melhor ciclista do Centro Mundial de Ciclismo foi o brasileiro Caio Godoy que chegou na 24ª posição a 4m56 do vencedor, muito à frente do chileno José Luis Rodriguez que deu adeus à camisa amarela ao perder 9 minutos para o vencedor.
Guillaume Martin é estudante de filosofia, entre os treinos e competições também esta trabalhando em sua tese sobre Nietzsche. Em seu palmarés,na atual temporada tem a importante vitória na Liège-Bastgone-Liège Espoirs (versão para jovens da clássica) e na Annemasse-Bellegarde (para amadores), até o momento não tem o futuro definido, há vários contatos com equipes profissionais, mas nada certo para 2016. O ciclista admite: “Seria uma decepção não virar profissional”, mas enquanto isso ele ainda tem que encerrar sua tese: “Estou escrevendo uma tese sobre Nietzche e esportes…. e por que não ser jornalista?” brincou o jovem de 22 anos. Sobre a etapa contou que ficou muito preocupado nos últimos 5 quilômetros – “A vantagem começou a derreter, eu acabei a prova exausto, tive calafrios nos quilômetros finais, era um princípio de hipoglicemia. E fiquei preocupado que me alcançassem. Amanhã, teremos vários objetivos possíveis: a classificação geral, estou a 3 segundos, o prêmio de montanha. Mas antes de tudo eu preciso me recuperar” encerrou.
O novo líder da classificação Geral , Gregor Mühlberger foi vencedor da Course de la Paix para jovens, atualmente como estagiário na Bora-Argon 18 comemorou a camisa amarela e promete defende-la, sobre o erro na chegada e se lhe teria custado a vitória minimizou o ocorrido: “ Talvez tenha me custado a vitória, eu não tenho certeza. Eu fiz o meu melhor e isso é tudo. Estou motivado para defender a camisa de líder amanhã. Há muitos adversários e eu não sou um escalador “real”, eu sou um pouco mais pesado” .
A 6ª etapa do Tour de L’Avenir será disputada em 182,2 km entre Bourg-Saint Maurice e Saint-Michel-de-Maurienne, em plena montanha com o duríssimo Col de la Madeleiene (HC 24,8 km de extensão a 6,19%) no meio da etapa. Faltando 10 km para a chegada enfrentam o Col de Beau Plan (1ª Cat. 10,4 km a 6,7%) e depois uma longa descida até a meta.
5ª Etapa Megeve>La Rosière Montvalezan
103,100 km – 3h14m29 – velocidade média 31,807 km/h
1- Guillaume Martin/França – 3h13m29
2 – Gregor Mühlberger/Aústria a 6 s
3- Marc Soler/Espanha a 39s
4- Simone Petilli/Itália a 41s
5- Daniel Martinez/Colômbia a 1m23s
24- Caio Godoy/Brasil-CMC a 4m56s
87- André Gohr/Brasil-CMC a 28m12s
Classificação Geral
1- Gregor Mühlberger/Aústria – 18h21’12”
2 – Guillaume Martin/França – a3s
3- Marc Soler/Espanha a 36″
4- Simone Petilli/Itália a 58″
5- Gianni Moscon/Italia a 1m14s
24- Caio Godoy/Brasil-CMC a 7m26
92- André Gohr/Brasil-CMC a 40m04