Novidades para os esportes a pedal na próxima edição dos Jogos de Tokyo2020: O BMX Freestyle entra no programa olímpico e no velódromo o retorno da Madison, uma das mais emocionantes e dinâmicas provas do ciclismo de pista. Serão mais 4 medalhas de ouro em disputa
Faltando pouco mais de 3 anos para a disputa dos Jogos de Tokyo 2020, o Conselho Executivo do COI, reunido em Lausanne, na Suíça, no último dia 9 de junho, anunciou que duas novas modalidades farão parte do programa olímpico: o BMX Freestyle Park e o Madison, além disso para promover o ciclismo feminino e enquadrar as modalidades na agenda 2020 do COI, o mountain bike e o BMX Racing terão uma redistribuição de quotas, ou seja, algumas vagas que eram de homens, serão transferidas para mulheres, garantindo a igualdade de gênero nas duas disciplinas.
O ciclismo nos Jogos Olímpicos de verão é um dos esportes que mais se transforma ao longo dos anos, várias especialidades entraram e saíram do calendário; o que agrada alguns e pode desagradar a outros tantos. Mas como a UCI é uma das entidades fundadoras do movimento olímpico, talvez por isso, ela possa ter a possibilidade de testar algumas provas e até se modernizar, buscando um publico mais jovem e com isso, também, buscando uma renovação de audiência para os Jogos. Foi assim com o BMX e assim será também com a entrada do BMX Freestyle Park
O BMX Freestyle Park fará sua estreia junto com o skate em Tokyo2020, e isso provocará algumas mudanças no movimento olímpico. Um outro discurso, uma outra tribo, uma nova maneira de encarar o esporte – talvez com isso tenhamos um pouco mais de leveza e espontaneidade, afinal são modalidades com a linguagem das ruas e de grande apelo junto ao publico infanto-juvenil. Apesar da obrigatoriedade de uniforme de seleção nacional e das limitações quanto à exposição de patrocinadores, a pegada radical tem um outro jeito de levantar e motivar os torcedores.
Rampas, transições obstáculos fazem parte do cenário do BMX Freestyle Park. O evento será disputado por homens e mulheres em duas baterias de um minuto que serão somadas, nesse tempo terão que mostrar suas habilidades ao corpo de juízes que distribuirão uma pontuação que vai de 0 a 100 avaliando as manobras com base em sua dificuldade, originalidade, estilo e qualidade na execução. .
Vale destacar que a inclusão do Freestyle ocorre apenas um ano depois da disputa, oficial da Copa do Mundo de BMX Freestyle Park , que aconteceu em cinco etapas (Montpellier/França, Denver/Estados Unidos, Chengdhu/China, Osijek/Croácia e Edmonton/Canadá). Tudo isso também alavancado pelo trabalho feito pelos franceses que organizam desde 1997 o FISE – Festival International des Sports Extrêmes – ou para o público brasileiro Festival Internacional de Esportes Radicais – que souberam se aproximar e costurar bons acordos com a UCI e resultando no ingresso da modalidade no programa olímpico.
O ranking de 2017 é liderado pelo australiano Martin Logan, seguido pelo russo Konstantin Andreev, pelo venezuelano Daniel Dhers . No feminino a número um é Hannah Roberts, uma garota de apenas 15 anos , seguida pela suíça Nikita Ducarroz e pela chilena Macarena Perez. A nível local teremos que aguardar para entender como se arranjarão com a montagem do ranking, afinal a CBC até o momento não realizou evento dessa modalidade e em paralelo há mais duas entidades cuidado da modalidade: a ABBMXF – Associação Brasileira de BMX Freestyle e a Confederação Brasileira de Esportes Radicais – será que teremos confusão à frente ou a CBC tomará o controle da modalidade?. Os grandes nomes do BMX freestyle brasileiro são Denis Canina; Cauan Madona; André Luis de Jesus; Douglas Oliveira, o Doguete e Leandro Moreira, o Overall, que em 2014 foi campeão mundial na modalidade BMX Dirt e convidado para participar em julho deste ano em mais uma edição dos XGames que serão disputados em Minneapolis.
Para os fãs das provas de pista, o retorno de uma prova lendária, o Madison que também é conhecida como prova à Americana. Recebe esse nome pois começou a ser disputada no velódromo montado no Madison Square Garden, em New York. Com a entrada dessa nova modalidade, serão 12 as medalhas de ouro em disputa no velódromo.
A Madison é o ponto alto das provas de 6 dias e muito provavelmente será a prova de encerramento do programa olímpico de pista. A grosso modo é uma variante da prova por pontos, mas tendo como grande diferença a disputa por duplas, nos últimos mundiais 15 países entraram na luta por medalhas o que resulta em um grupo de 30 ciclistas rodando simultaneamente no velódromo. Pelo título mundial, a modalidade é disputada desde 1995 e nas Olimpíadas foi disputada em apenas 3 edições.
Nos Jogos de Tokyo2020 a prova masculina será disputada em 50 km e a feminina em 30 km. No geral as duplas são formadas por um velocista e um rolador aonde o objetivo é vencer o maior números de sprints – disputados a cada 10 voltas e acumular o maior numero de pontos possíveis, sendo cinco pontos para a primeira equipe, três pontos para o segunda, dois pontos para o terceiro e um ponto para a quarta. O sprint final tem a sua pontuação dobrada. Porém as duplas podem “jogar” a colocar uma volta sobre o pelotão, a cada volta somam mais 20 pontos. O detalhe é que cada ciclista puxa um determinado número de voltas e quando este decide trocar de posição com seu companheiro, este deve se esticar o braço pegar a mão do companheiro e com um movimento lança-lo à frente – como uma estilingada – uma manobra que exige experiência e muito cuidado pois o erro poder provocar uma queda. O repertório garante provas com alta carga de emoção e muito dinamismo. Da parte dos ciclistas é exigida muita habilidade, um grande domínio da bicicleta e principalmente muita inteligência – a prova requer muita capacidade estratégica, observação e um grande trabalho tático.
Nas olimpíadas a Madison foi disputada pela primeira vez em Sydney2000 com o ouro ficando com a dupla da casa Brett Aitken/Scott Magrory, o bronze com a dupla belga Etienne de Wilde/Mattew Gilmore e o bronze com os italianos Silvio Martinello/Marco Villa. A segunda vez em que se disputou a prova foi em Atenas2004 com os australianos repetindo o ouro com Graeme Brown/Stuart O’Grady, a prata ficou com os suíços Franco Marvulli/Bruno Risi e o bronze com os britânicos Rob Hayles e Bradley Wiggins.
A última edição da Madison olímpica foi disputada em Pequim2008 com a a medalha sendo conquistada pela dupla dos nossos vizinhos argentinos com os experientes Juan Curuchet e Walter Perez, a prata foi para os espanhóis Joan Llanetas/Antonio Tauler e o bronze com os russos Mikhail Ignatiev/Alexei Markov. No último campeonato mundial disputado em Hong Kong o título ficou com a dupla francesa Morgan Kneisky/Bejamin Thomas.
Como a prova requer muita afinidade é comum a formação de duplas históricas, assim temos os irmãos argentinos Juan e Gabriel Curuchet que conquistaram três medalhas em mundiais (Prata- Bogotá/1995, Bronze Perth/1997 e Amberes/2001) e os italianos Silvio Martinello/Marco Villa com três medalhas (ouro Bogotá/1995 e Manchester/2000 e prata Perth/1997).
O argentino Juan Curuchet foi um especialista na Madison e ainda conquistou mais 5 medalhas de bronze em mundiais com outros parceiros: em Manchester/2000 e Copenhague/2002 com Edgardo Simon que correu aqui no Brasil e em Stuttgard/2003 e Bordeaux/2006 com Walter Perez com quem conquistaria o ouro em Pequim.
A dupla mais famosa dos últimos anos, mais reconhecida pelos seus desempenhos na estrada e graças à grande exposição do ciclismo de pista britânico foi formada por Mark Cavendish e Bradley Wiggins que levou os ouros em Manchester/2008 e Londres/2016. Qual será a dupla que fará história em Tokyo2020?
Conheça a prova a Madison (ou como também é conhecida Americana)