Quadros de bicicleta construídos com produção automatizada e material 100 % reciclável. Apelo ecológico, pouco mais caro que o alumínio, há quem aposte que em breve teremos uma nova opção para a construção de quadros de bicicleta e componentes. A grande indústria já está de olho no novo material apresentado no Taipei Cycle Show: um composto termoplástico reforçado com fibra de carbono longa ou como o material é denominado LFT
A ideia de produzir quadros de bicicleta utilizando plásticos não é nenhuma novidade, no Brasil, a Muzzy Cyles já tem em produção, e comercializa há algum tempo, uma bicicleta construída com a reciclagem de plásticos. Pelo mundo várias protótipos já foram apresentados, mas poucos chegaram ao consumidor final. Na última do Taipei Cycle Show, no mês de março, a HYC – Hsin Yung Chien Co. – apresentou um quadro de bicicleta construído totalmente com compostos termoplásticos reforçados com fibra de carbono longa ou como o material é denominado LFT (Long Carbon Fiber Thermoplastic Composites). Segundo a HYC que desenvolveu o LFT, o material tem uma série de vantagens que se encaixam perfeitamente para a construção de um quadro de bicicleta: leveza, alta resistência e durabilidade. A essas características acrescente a possibilidade de ser reciclado várias vezes, o que resulta em um produto altamente sustentável, minimizando o impacto ambiental da sua produção. Antes de ser transformado em um quadro de bicicleta (ou outro tipo de componente) o LFT é apresentado em pellet’s (pequenos cilindros) e pode ser modelado nas mais diversas formas. Seria esse termoplástico o material a tomar o lugar da fibra de carbono na produção em larga escala de quadros para bicicletas?
Leve, resistente, com alto valor agregado a fibra de carbono tornou-se praticamente unanimidade para muitos apaixonados pela bicicleta; os seus detratores, alegam que ele deixa as bicicletas excessivamente duras, que tem preço caros, mas principalmente que ele tem um elevado impacto ambiental e se houver algum problema, já era, virou sucata.
Segundo a HYC, que desenvolveu esse novo termoplástico, o problema não estaria no carbono, mas seria originado nas resinas (epóxi) utilizadas para estabilizar e fixar o material – ou que garantem a rigidez ao produto final. Segundo a empresa, ela utiliza a própria resina PPS que é reciclável e requer apenas 10% de fibras de carbono para formar os tubos LFT, embora possam ser feitas misturas mais fortes com até 30% de fibra de carbono. Entre as resinas que formam o LFT também podem ser formadas com as resinas termoplásticas PP, PA e PC.
Ao contrário da fabricação de fibra de carbono tradicional, que requer um processo de acúmulo de fibras, o termoplástico LFC pode ser produzido usando uma técnica de moldagem por injeção, que também, a longo prazo deve torná-lo mais barato.
A empesa que desenvolveu o composto termoplástico, domina todo o processo de fabricação, desde a produção da matéria-prima, a construção das máquinas e o produto final. Inclusive, a tecnologia utilizada na produção dos quadros de bicicletas. A HYC iniciou suas atividades em 1964, e hoje é a maior fabricante de correias transportadoras de borracha de Taiwan. Ao longo dos anos, a empresa também desenvolveu vários polímeros e a tecnologia que agora será utilizada para a construção de quadros de bicicleta.
Durante a apresentação do quadro de bicicletas, na Feira de Taiwan, o diretor geral da HYC, Tony Lin destacou que “Esses pellets podem ser usados para a produção de produtos leves e resistentes em qualquer formato. Mas, o mais importante é que ele pode ser 100% reciclado e usado novamente. Além da sustentabilidade, o material inclui todas as características exigidas para quadros de bicicletas fortes e rígidos”.
O protótipo apresentado na Taipei Cycle Show era um quadro com tubos de LFT com cachimbos produzidos em impressora 3D. Como produto final, o quadro é ainda um pouco mais pesado que um quadro de fibra de carbono. No entanto, a HYC sabe que esse peso pode ser reduzido em pouco tempo com melhorias no processo de produção.
“Na Taipei Cycle Show, procuramos parceiros no setor e criamos mais consciência sobre nossa tecnologia de produção de quadros totalmente automática”, disse Tony Lin. “O setor de bicicletas está buscando uma produção de quadros inovadora e sustentável, e nossa tecnologia atende a ambos os requisitos. Com certeza, com essa tecnologia, o preço médio do produto final é mais alto do que para um quadro alumínio normal, mas esse conceito é cem por cento do C2C (ndr.: recursos geridos em uma lógica circular de criação e reutilização/reciclagem) e essa é uma prova do futuro.” As informações que circulam é que o LFT deverá ser comercialmente viável dentro de dois anos, e isso já despertou o interesse de grandes fabricantes do setor.