Nino Schurter escreve mais um capítulo da história do mountain bike ao chegar ao recorde de 36 vitórias de etapas da Copa do Mundo de XCO após um duelo com Alan Hatherly. Pauline Ferrand-Prévot deu mais um show em Val di Sole. Repetiu o duelo com Puck Pieterse e numa pista que exige, além do físico a tática, ela venceu com superioridade. Na sub23 Isabella Holmgren vence pela segunda vez consecutiva e Riley Amos mantém a hegemonia com 4 vitórias, Malacarne ficou em 20º
FERRAND-PREVOT, MAIS UMA VEZ, DESTRUI O PELOTÃO EM VAL DI SOLE
Era praticamente certo que após a segunda posição no XCC de sexta-feira, a francesa Pauline Ferrand-Prévot faria uma demonstração de força em um circuito onde sempre, mesmo com algumas mudanças, conseguiu bons resultados.
Porém, foi a italiana Chiara Teocchi, diante da sua torcida a puxar o pelotão pela volta de largada – a start loop pelo circuito de 1 km – esticando o pelotão e escolhendo o melhor traçado para avançar, levando em sua roda a Pauline Ferrand-Prévot; a escolha do melhor trecho da pista foi fundamental, muitas das que optaram abrir para tentar avançar encontraram um piso escorregadio, e o resultado foram algumas quedas.
Teocchi puxava a fila, seguida pela francesa e por Alessandra Keller e por Puck Pieterse. Na primeira volta de seis já no circuito principal de 3,7 km, as ciclistas optaram por linhas diferentes na secção rochosa, emprestadas do percurso das provas de Four Cross, para muitas um trecho complicado que forçou a colocar o pé no chão.
Ferrand-Prévot perdeu algumas posições, mas na floresta ela voltou ao 4º lugar, e a sul-africana Candice Lill mostrava que os últimos resultados não estão vindo por acaso e que está indo além de sua especialidade – as provas de Maratona MTB.
No final da primeira volta, Loana Lecomte Pieterse e Ferrand-Prévot deixaram o pelotão para trás. Um segundo grupo de perseguidores com Alessandra Keller, Savilia Blunk (, Lill e Teocchi se formou atrás. Ferrand-Prévot estava determinada a evitar que eles voltassem, forçando o ritmo sempre que possível, o que serviu para também abrir uma pequena vantagem sobre Lecomte, enquanto Pieterse fazia força para se manter na roda.
A francesa parecia levar vantagem nas subidas, o que Pieterse conseguiu equilibrar com sua técnica superior nesses trechos do percurso. As frequências cardíacas estavam atingindo seus máximos enquanto eles negociavam a passagem pelo Red Bull Roots & Rolls.
Ferrand-Prévot continuou a dificultar as coisas para Pieterse e e a diferença ao chegarem na subida da segunda volta já era superior a 14 segundos. Rodando 20 segundos atrás da segunda colocada, Lecomte se aliou ao grupo de Lill, Savilia Blunk e Laura Stigger que tentava persegui-las, para trás a diferença para a líder superava a casa de 1 minuto.
Ferrand-Prévot soube se cuidar e controlar as diferenças, na terceira volta ao passar pelo ponto de apoio tomou gel, separada de Pieterse por quase toda a extensão da reta. Evie Richards caiu na área de abastecimento ao não conseguir pegar uma caramanhola.
Assim como havia feito na etapa anterior, em Nové Mesto, Pauline Ferrand-Prévot tinha aniquilado o pelotão na metade da prova. Enquanto Pieterse, procurava controlar o ritmo para assegurar a segunda posição.
Lill e Lecomte duelavam pela terceira posição no pódio, com Blunk a dez segundos de distância. Na quarta volta Lill foi capaz de dispensar Lecomte, e as diferenças de tempos entre as competidoras iam se ampliando, mostrando o quão seletivo o percurso de Val di Sole pode ser – ainda mais pela chuva da noite anterior que fez com que as longas subidas se tornassem ainda mais duras.
Ao final da quarta volta, a francesa já tinha dinamitado completamente o pelotão, a diferença dela para Alessandra Keller, a décima colocada era superior a 3 minutos. Lill, por sua vez, estava fazendo a melhor corrida de sua vida e encurtando a vantagem para Pieterse, que havia perdido mais 10 segundos para a líder.
Em seu último ano competitivo com aposentadoria já anunciada para o final da temporada, Pauline Ferrand-Prévot fez uma corrida sem erros, e ao final dosou energia quando precisou. Pieterse tentou reagir na penúltima volta, chegou a encurtar a diferença, mas sem incomodar a francesa; e acabou pagando caro pelo esforço ao enfrentar a última subida, mesmo assim não cedeu e manteve sua vantagem de 23 segundos sobre Lill.
Ferrand-Prévot cumprimentou seu mecânico ao cruzar a linha de chegada, socando o céu para comemorar a segunda vitória consecutiva na Copa do Mundo. Pieterse ficou em segundo.
Candice Lill surpreendendo a todos, foi a terceira a cruzar a meta, e com a evolução que vem mostrando na temporada já é incluída na lista de possíveis medalhistas nos Jogos de Paris, em julho. O quarto lugar foi para Loana Lecomte, com Savilia Blunk em 5º.
Não tivemos a participação de ciclistas brasileiras na etapa italiana da Copa do Mundo, com a definição de quem vai para os Jogos e com um calendário apertado também com compromissos locais para dar retorno aos seus patrocinadores, Karen e Raiza estavam no Brasil.
Com um resultado demolidor e um domínio absoluto, a campeã mundial Pauline Ferrand-Prévot, declarou que a vitória “não foi fácil”. “Hoje estava um pouco cansada, mas consegui assumir a frente e manter-me na liderança, assim estou muito feliz com isso. Era apenas uma questão de focar no meu próprio ritmo e ir o mais rápido possível”.
Haley Batten que terminou em 8º lugar se mantém na liderança da classificação geral com 901 pontos, com 158 pontos de vantagem sobre Alessandra Keller; Savilia Blunk é a terceira. Mesmo tendo disputado apenas duas das quatro etapas já realizadas, Ferrand-Prévot já se coloca na 5º posição com 630 pontos.
NINO SCHURTER PARA MAIS UM RECORDE HISTÓRICO EM VAL DI SOLE
Nino Schurter, sete vezes vencedor em Val di Sole, prometeu antes da corrida “dar duro desde o início” em claro sinal de que em um terreno favorável, buscaria seu recorde de vitórias em etapas da Copa do Mundo.
Se por um lado Schurter mostrava otimismo, o vencedor do XCC na sexta-feira, Sam Gaze não apresentava tanto entusiasmo, declarando que “apenas farei minha própria corrida [e] indo do ponto A ao ponto B o mais rápido possível”. Ainda segundo Gaze, a prova serviria como “um trampolim para julho para ver o que posso fazer”, em alusão aos Jogos Olímpicos.
Gaze fez boa largada pelo meio da pista, mas foi Schurter quem realmente tomou a ponta e impôs o ritmo, sendo seguido por Jordan Sarrou e Alan Hatherly. O suíço forçou o ritmo na subida, esticando o pelotão que tentava se manter compacto na entrada do trecho de floresta.
O chileno Martín Vidaurre largou bem e estava com os ponteiros Schurter, Sarrou e Hatherly. Os quatro passaram a acelerar o ritmo, e conseguiam abrir uma vantagem de 10 segundos para o grupo de perseguidores, aonde estavam Gaze, Braidot, Colombo, Schuermans e Schwarzbauer.
Como parte de sua tática, Schurter ao final da primeira volta deu espaço para que seus companheiros de fuga tomassem a ponta para puxar o grupo, mas o resultado não foi dos melhores, pois o ritmo acabou caindo e no início da segunda volta, Filippo Colombo forçou o ritmo para colocar os perseguidores de volta na disputa.
Após duas voltas, Colombo, Mathis Azzaro, Jens Schuermans, Luca Braidot se somaram aos quatro liderados por Schurter. O suíço ficou incomodado com esse ‘aumento’ do grupo e na terceira volta, na subida, atacou forçando o ritmo sendo acompanhado por Hatherly e por Vidaurre.
A intensidade de Schurter foi tão grande que em pouco tempo ele Hatherly, único a resistir e acompanhar a aceleração, já passava dos 15 segundos, enquanto o chileno pouco a pouco ia perdendo terreno.
Enquanto Hatherly e Schurter travavam seu duelo, na quarta volta, Luca Braidot forçava a disputa pela terceira posição com Forster, Azzaro e Colombo.
A fuga dos ponteiros tomou maior intensidade quando Schurter claramente indicou para que Hatherly revezasse, mas o sul-africano optou por ignorar e manter-se na roda, ao entrar na zona de abastecimento/alimentação o suíço aproveitou o trecho plano e mais largo para aumentar o ritmo, mantendo-se forte na subida e abrir uma pequena vantagem sobre o sul-africano que não respondeu ao ataque.
Atrás, o grupo que lutava pelas três posições restantes no pódio ia se rompendo até se limitar a Azzaro, Braidot e Colombo. Na frente Schurter tinha uma vantagem de 18 segundos para Hatherly que dava claros sinais de estar mais abatido psicologicamente do que fisicamente, ao não conseguir encurtar a distância que havia entre ele e o suíço.
Na última volta Schurter assumiu a última subida perdendo alguns segundos, mas sentindo-se seguro de que não seria atacado chegou a executar alguns saltos jogando seu estilo característico para conquistar sua primeira vitória do ano na Copa do Mundo , a oitava vitória em Val di Sole e a 36ª de sua carreira em etapas da Copa do Mundo.
Hatherly chegou a 7 segundos do suíço e com uma folga de 39 segundos sobre Azzaro que superou a , Braidot e Colombo no sprint.
Ulan Galinski terminou na 33ª posição, perdeu algumas posições após a largada e no final conseguiu recuperar alguns postos, em dia que segundo ele contou em sua conta no Instagram estava com sensações ruins e mesmo assim conseguindo se manter consistente.
Com mais um recorde em seu currículo, aos 38 anos com uma disposição de garoto, Schurter declarou: “Estou muito feliz com esta vitória. É um percurso muito legal – tático, mas também físico… É bom ainda poder vencer aos 38 anos, é ótimo ainda estar no topo. É uma pista onde andar em grupo não ajuda muito, então meu plano era dificultar desde o início”.
Para Hatherly, a prova “foi bastante selvagem. O ponto crucial foi quando o Nino e eu estávamos na zona de alimentação e eu pegando uma caramalhola. Nesse ponto, pensei em pedalar no meu próprio ritmo constante e voltar. Acabou sendo um contra-relógio – Nino contra mim. Infelizmente fiquei em segundo lugar, mas por pouco. Estou muito feliz neste momento da temporada, com os Jogos [Olímpicos] não muito longe.”
Victor Koretzky que terminou em 25º lugar ainda é o líder da classificação geral, com 789, mas o bom desempenho nas duas etapas europeias fez Nino encostar com 755 pontos; Hatherly é o terceiro com 709. Galinsk está na 32ª posição com 239 pontos.
SEGUNDA VITÓRIA DA COPA DO MUNDO SUB23 DA TEMPORADA DE XCO PARA HOLMGREN, QUARTA PARA RILEY
Na sub23 mais uma vez a a canadense Isabella Holmgren foi absoluta, assumiu o controle após a volta de largada e passou a se distanciar das adversarias. Seu ritmo intenso, e a tentativa de perseguição das demais competidoras acabou moendo o pelotão criando grandes diferenças.
A francesa Olivia Onesti foi a segunda colocada a 1m26, a suíça Elina Benoit chegou a 2m37s. Sabrina Oliveira terminou a 1 volta da vencedora e Giugiu Morgen abandou após a volta de largada.
“Foi uma corrida super difícil hoje com muitas garotas fortes”, disse Holmgren, “então estou muito feliz por sair com a vitória. Não entrei com nenhuma expectativa. Estava um pouco mais escorregadio do que no resto da semana, então tentei realmente manter o foco nas descidas, não ter pressa e me manter seguro enquanto arrasava nas subidas”.
Mesmo tendo terminado na 5ª posição, Kira Böhm que venceu o XCC na sexta-feira, mantém a liderança da classificação geal, e mostrou-se orgulhosa do seu desempenho: “Hoje foi super difícil”, disse ela. “Tive a sensação de que não conseguiria ir ao limite hoje, mas na última volta consegui. Acho que passei do 10º para o 5º lugar”.
A prova da Sub23 masculina repetiu um duelo entre Riley Amos e Bjorn Riley com a dupla fazendo mais uma vez a dobradinha estadunidense no pódio e despachando os adversários com mais de 20 segundos de vantagem; Finn Treudler foi terceiro, o combativo Luca Martin em quarto e longe desse grupo o alemão Lennart-Jan Krayer em 5º.
Alex Malacarne não conseguiu se posicionar bem na largada e ficou no bloco intermediário descendo até a 40ª posição, precisou conquistar posições junto a um pelotão que se quebrava volta a volta, foi avançando até terminar em 20º.
Amos se considerou um ‘cara de sorte’ por chegar ao topo pela 7ª vez nesta temporada, somando vitórias no XCC e no XCO: “Sempre consegui por uma margem mínima. Tenho tanta sorte que tudo correu conforme o planejado, sem problemas mecânicos e com ótimas pernas durante toda a prova”.
No próximo fim de semana, a quinta etapa da Copa do Mundo vai para um novo local, o cantão suíço de Valais, Crans-Montana que no ano que vem sediará o Campeonato Mundial de Mountain Bike . Seus vinhedos, florestas, lagos e cachoeiras proporcionarão um cenário panorâmico para uma nova rodada das Copas do Mundo
Whoop UCI MTB World Series – Copa do Mundo de Mountain Bike – Val di Sole/Itália – 4ª etapa
XCO – Cross country olímpico
Elite feminina – 1 volta de 1km + 6 voltas x circuito de 3.7km = 23.20 km – 75 competidoras de 23 países
🥇- Pauline Ferrand-Prevot 🇫🇷 – Ineos Grenadiers – 1h21m04s – vel. média 23.20km/h
🥈- Puck Pieterse 🇳🇱 – Alpecin Deceuninck +50s
🥉- Candice Lill 🇿🇦+1m13s
4- Loana Lecomte 🇫🇷 – Canyon CLLCTV XCO +1m39s
5- Savilia Blunk 🇺🇸– Decathlon Ford Racing Team +1m50s
Elite masculina – 1 volta de 1km + 7 voltas x circuito de 3.7km = 26.90 km – 101 competidores de 25 países
🥇- Nino Schurter 🇨🇭– Scott-Sram MTB Racing Team -1h18m25s – vel. média 20.579 km/h
🥈- Alan Hatherly 🇿🇦– Cannondale Factory Racing +7s
🥉- Mathis Azzaro 🇫🇷 Decathlon Ford Racing Team +46s
4- Luca Braidot 🇮🇹 – Santa Cruz Rockshox Pro Team +46s
5- Filippo Colombo 🇨🇭- Scott-Sram MTB Racing Team +46s
33- Ulan Galinski 🇧🇷 – Caloi-Henrique Avancini Racing +4m28s
68- Gustavo Xavier 🇧🇷 –Specialized Racing BR -2voltas
Sub23 Feminina – 1 volta de 1km + 5 voltas x circuito de 3.7km = 19.50 km – 82 competidoras de 20 países
🥇- Isabella Holmgren 🇨🇦 -1h14m54s – vel. média 15.618 km/h
🥈- Olivia Onesti 🇫🇷 – Trinx Factory Team +1m26s
🥉- Elina Benoit 🇨🇭 -2m37s
4- Valentina Corvi 🇮🇹 – Santa Cruz Rockshox Pro Team +2m51s
5- Kira Böhm 🇩🇪 – Cube Factory Racing +3m07s
49- Sabrina Oliveira 🇧🇷 – Caloi-Henrique Avancini Racing -1volta
DNF – Giuliana Morgen 🇧🇷 – Trek Future Racing – não completou
Sub23 Masculina 1 volta de 1km + 6 voltas x circuito de 3.7km = 23.20 km – 131 competidores de 25 países
🥇- Riley Amos 🇺🇸 – Trek Factory Racing-Pirelli – 1h08m09s – vel. media 21.296 km/h
🥈- Bjorn Riley 🇺🇸– Trek Future Racing +9s
🥉- Finn Treudler 🇨🇭 – Cube Factory Racing +29s
4- Luca Martin 🇫🇷 – Orbea Factory Team +50s
5- Lennart-Jan Krayer 🇩🇪 – Lexware Mountain Bike Team +1m27s
20- Alex Malacarne 🇧🇷 – Trinity Racing MTB +3m48s