RICHMOND 2015 – SAGAN ESPANTANDO O AZAR

Para afastar uma temporada recheada por 15 segundos lugares e esquecer o tombo que o tirou da Vuelta,  nada melhor que um título Mundial.  Apenas um ataque, uma ação fulminante na 23rd Street e o caminho para a vitória. Aos 25 anos é o primeiro eslovaco a conquistar um título mundial

“Foi um pouco louco durante os últimos voltas, e eu pensei que todo mundo deveria estar cansado . Eu dei tudo na última subida de paralelepípedos e então foi de gás cheio até o fim “- Peter Sagan                                 Foto: Tim de Waele/TDWSport.com

Jornada longa de pedal mais de 260 km de ataques contra-ataques, muito trabalho de desgaste de belgas, holandeses,  alemães, poloneses.  Todos deram as caras para forçar o ritmo, faltando  pouco mais de 3 voltas para o final  Taylor Phyney querendo mostrar serviço para a sua torcida, resolve sair ao ataque,  na ação recebe a companhia do canadense Guillaume Boivin, do colombiano Jarlinson Pantano e o bielorusso Kanstantsin Siutsou. Porém são neutralizados, a tensão começa a tomar conta do pelotão.

O trecho de paralelepípedos da  Libby Hill, concentrou a torcida mais fanátican-Foto: Dean Hoffmeyer/Times-Dispatch

Faltando duas voltas, o holandês Bauke Mollema resolve dar as cartas e ataca na subida de paralelepípedo, aonde foi acompanhado por  Tom Boonen, Ian Stannard correndo em seu terreno preferido os paralelepípedos, o costa riquinho Andrey Amador , os espanhóis colocaram Dani Moreno, o italiano Elia Viviani e o campeão do ano passado Michal Kwiatkowski. Para muitos, parecia o ataque final, um grupo forte e com gente experiente, mas logo foram neutralizados.

A “serpente” colorida corta as ruas de Richmond Foto: Mark Gormus/Times Dispatch

Na última volta o ataque dos figurões logo que começaram a subir pelo primeiro trecho de paralelepípedos da  Libby Hill, John Degenkolb, Phillippe Gilbert e Edvald Boasson Hagen parecia que o Mundial começava a se definir. Porém no último e íngreme trecho de cobbles, na 23rd Street o ataque fulminante de Peter Sagan, a diferença aumenta, e na descida Sagan arrisca, busca uma posição para ganhar mais velocidade, quando chega na reta apoia os braços no guidão, coloca a cabeça entre os braços, a cena é de grande dramaticidade, pé direito que escapa do pedal na Governor Street e o tempo passando, a sensação de que o pelotão poderia atropelar era grande. Mas não, desta vez não. Sagan chega de braços ao alto para  conquistar o ouro e o direito de vestir por um ano a camisa arco-íris.. Após a premiação comentou: Eu sabia que se o grupo me alcançasse, eu estaria muito cansado para o sprint, fiz o ataque certo. Eu vi um monte de comentários de gente dizendo que não sou bom para uma corrida longa como essa. Agora eu tenho esta camisa e eu vou ficar com ela por um ano inteiro”.

Atrás de Sagan duas surpresas: o australiano Michael Matthews; a sua seleção trabalhou muito e colocou 2 homens entre os Top10. Michael sempre mostrou estar bem colocado, mas como todos caiu na armadilha do ataque de Sagan, e o lituano polivalente Ramunas Navardauskas que também com uma pequena equipe soube se valer da experiência para deixar para trás potências do esporte mais bem contadas ao pódio como Bélgica, Holanda, Alemanha. Quem não tem muito a reclamar são os espanhóis,  o 5º lugar de Valverde, em um circuito que estes davam como desfavorável é algo para ser dado como ponto positivo, e uma demonstração de que o ciclista fez uma temporada aonde sempre que pôde se encaixou nas melhores colocações.

Para os sulamericanos nenhum resultado expressivo. O colombiano Rigoberto Uran terminou na 32ª posição a 18 segundos de Sagan, o argentino Richeze foi o 65º. Os brasileiros Antonio Garnero e Kleber Ramos estão na lista de 81 ciclistas que abandonaram a prova.

O australiano Michael Matthews ganhou a medalha de prata – fotoTim de Waele/TDWSport.com

Assista aos melhores momentos do Campeonato Mundial de Ciclismo de Estrada e veja o emocionante ataque de Peter Sagan, no link abaixo:

CAMPEONATO MUNDIAL DE CICLISMO DE ESTRADA

ELITE MASCULINO – 261,4 km  – 18.1 km + 15 voltas no circuito de 16,2 km

192 ciclistas – 45 nações – 81 abandonos

1- Peter Sagan/Eslováquia 6h14m37s – velocidade média 41.867 km/h

2- Michael Matthews/Austrália +3s

3- Ramunas Navardauskas /Lituânia +3s

4- Alexander Kristoff/Noruega +3s

5- Alejandro Valverde/Espanha + 3s

6- Simon Gerrans/Austrália +3s

7- Tony Gallopin/França +3s

8- Michal Kwiatkowski/Polônia +3s

9- Rui Costa/Portugal +3s

10 Philippe Gilbert/Bélgica +3s

32- Rigoberto Uran/Colômbia +18s

65- Maximiliano Richeze/Argentina +2m09s

68- Carlos Quintero/Colômbia +2m50s