A turnê sul-americana de Tomas Slavik chega ao fim com a vitória no Red Bull Monserrate Cerro Abajo, considerada pelo Guiness Book como a maior prova de downhill urbano do mundo, com um percurso de 2,48 km e largada a mais de 3 mil metros de altitude. O brasileiro Wallace Miranda ficou com o 5º melhor tempo
A cidade de Bogotá sediou no último sábado a terceira edição do Red Bull Moserrate Cerro Abajo, considerada a maior prova de downhill urbano do mundo. Além da distância do traçado com 2.480 metros, o desafio está em controlar a bicicleta, calibrar os pneus de forma adequada para descer os mais de 1.600 degraus feitos de paralelepípedos , passar por rampas de pedra, ultrapassar 27 obstáculos e o principal ter físico para resistir à altitude, pois a largada no Monteserrate é feita a mais de 3 mil metros. E neste ano com mais uma dificuldade, a chuva que começou a cair após a descida do quarto competidor.
Segundo Jorge Mario Jaramillio “Chiguiro“, diretor de pista, da Cerro Abajo, “Esta é uma das corridas mais exigentes a nível físico e mental para os participantes”, da competição disputada no último sábado (22/02), em Bogotá, na Colombia.
Em relação à edição anterior, foram incluídos 2 novos obstáculos: o salto de 7 metros La Cascada , totalizando 27 entre paredes, curvas e saltos como o La Iglesia e La Estrella. Outra novidade foi a transmissão do evento, ao vivo, para todo o mundo pela Red Bull TV.
Esta foi da terceira edição do evento que era conhecido por Devotos de Monserrate, a primeira aconteceu em 2012 e teve a vitória do eslovaco Filip Polc. A descida deixou de ser realizada por 7 anos, retornando em 2019 quando o colombiano Marcelo Gutiérrez estabeleceu o recorde ao cobrir o percurso em 4m31s e a prova entrou no Guiness Book como a maior prova de downhill urbano do mundo.
A prova, agora denominada Red Bull Monserrate Cerro Abajo foi disputada por 40 mountain biker’s de 11 nacionalidades. Para entrar na disputa os colombianos tiveram que passar por 3 provas classificatórias, disputadas em Manizales, Cali e Bogotá. Na final, transmitida pela Red Bull TV , apenas os 10 melhores tempos foram classificados, e nessa elite estavam os brasileiros Wallace Miranda e Bernardo Cruz, o melhor tempo nessa fase foi do espanhol Alex Marín. O traçado de Monserrate, a série de escadarias que levam à Igreja que está no alto da montanha só é fechado para a realização do evento, com isso é impossível treinar fora do evento, e mesmo durante o evento não são muitas as descidas possíveis para reconhecimento.
O tcheco Tomas Slavik, foi o segundo a entrar na pista quando a chuva ainda não caia comprometendo a performance dos competidores, assim conseguiu dar o máximo com o piso ainda seco, marcando 4m42s880 e fechando sua temporada sul-americana que se soma com as vitórias no DH Manizales, a Copa América 4X DH em São Roque, além de uma parada no Chile acompanhando (e dando aulas no training Camp) o desafio Del Cerro al Barrio, em Nevados de Chillán; evento que garantiu o wild card para o chileno Nicolás Rodríguez disputar a prova em Bogotá.
Com pista seca Slavik foi o mais rápido, o equatoriano Mario Jarrín, quarto competidor a encarar a descida vinha realizando uma boa corrida, porém a chuva chegou no final da sua participação quando chegou a baixar o tempo do tcheco, na última intermediária em 1s804; mas a chuva apertou no último trecho, comprometendo seu desempenho, ficando a 399 centésimos de segundo do melhor tempo.
Quando o brasileiro Wallace Miranda, quinto competidor a descer a montanha, a chuva apertou, isso obrigou o piloto a ser muito mais prudente, escolhendo onde encaixar a bicicleta, tentando evitar os wall-rides (paredes de madeira nas curvas) que ficaram extremamente escorregadios assim como as pedras e paralelepípedos, ficando a 13s198 do vencedor. Em sua conta pessoal do Facebook, o piloto brasileiro comentou: “Que corrida foi essa, nunca andei em algo tão físico e escorregadio na vida, metade da pista seca e metade totalmente molhada exigindo muito controle”.
Com a chegada da chuva, naquele piso de pedras não havia muito que fazer, não é como correr na lama ou em trechos de pedriscos onde se pode optar por pneus que garantem mais aderência ou drenam melhor o barro. Uma opção seria baixar a pressão dos pneus, mas com o piso de pedras corre-se o risco de furar, assim os competidores que correram sob chuva não tiveram outra opção a não ser reduzir a velocidade e jogar com o máximo de sua habilidade, torcendo para não derrapar em uma curva.
O outro brasileiro na Cerro Abajo Moserrate, Bernardo Cruz, desceu quando a chuva apertou, escapou de uma queda quando sua bicicleta derrapou, mas optou por não se arriscar completando o percurso com o 9º tempo. Por outro lado, o campeão espanhol, piloto com o melhor tempo classificatório, Alex Marín optou por não fazer a descida. Essa possibilidade havia sido levantada no congresso técnico, onde ficou estipulado que se houvesse uma chuva forte a decisão por descer a montanha ou não era dos competidores.
Com a vitória em Bogotá, Slavik é o primeiro piloto a vencer duas competições da série Cerro Abajo – com a Red Bull Monserrate Cerro Abajo’2020 e a Red Bull Valparaíso Cerro Abajo’2017. Ao final da prova, e mostrando certo desconforto com a chuva que atrapalhou as disputas, o ganhador comentou:“Fazemos um esporte onde não corremos uns contra os outros, corremos contra o tempo… esse é o nosso único inimigo dentro e fora da pista! Foi muito difícil sentar-se no Hot Seat (ndr: trono destinado ao melhor tempo) e ver o resto dos rapazes a lutar na chuva! É serio, estou feliz por ninguém ter se machucado! (…)São verdadeiros heróis”
RED BULL MONSERRATE CERRO ABAJO 2020
Bogotá – 22 de Fevereiro 2020
1- Tomas Slavik – Rep. Tcheca – 4m42s880
2- Mario Jarrín – Equador + 0s399
3- Felipe Rodríguez – Colômbia +8s169
4- Sebastián Alfaro – Peru +11s506
5- Wallace Miranda – Brasil +13s198
9- Bernardo Cruz – Brasil +2m41s984