PIDCOCK ÉPICO NO XCC DE CRAS-MONTANA

Em seu breve retorno às disputas da Copa do Mundo de Mountain Bike, Tom Picock fez uma prova épica em Cras-Montana, saindo do fundo do pelotão, descontando 23 segundos para os ponteiros para vencer dando uma aula de garra e técnica, na prova em que Ulan Galinski chegou em 19º, seu melhor resultado no XCC. Puck Pieterse volta a arrasar, vencendo a segunda prova consecutiva

De último na primeira volta, com 23 segundos de atraso à vitória – mais uma incrível façanha de Tom Pidcock – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Tom Pidcock faz mais uma exibição de suas habilidades e força, e após bater no fundo do pelotão no início da corrida, se recuperou e com uma resposta de campeão, atacou o pelotão e arrancou para mais uma vitória.

Se Pidckok mostrou sua força de recuperação, o campeão mundial de short track – Sam Gaze não teve um dos melhores dias, sofrendo com dores no joelho não conseguiu ir além da 36ª posição em um dia que 37 ciclistas completaram a prova, e isso o impediu de se aproximar na classificação geral, de Victor Koretzky que não disputou a prova devido a problemas de saúde – ainda se recuperando da Covid sofreu uma queda treinando.

A prova feminina também teve suas baixas – após dois segundos lugares (Nové Mesto e Val di Sole) ela optou por não disputar a prova suíça e se dedicar à preparação para os Jogos Olímpicos de Paris, mesma decisão de Savilia Blunk.

Com a ausência de duas importantes e com muita vontade, Puck Pieterse voltou à força máxima mais uma vez para garantir a segunda vitória consecutiva e se colocar na vice-liderança do XCC.

PIDCOCK: DO FUNDO DO PELOTÃO À PONTA

Mal deixou as estradas do Tour da Suíça, e a uma semana de entrar no pelotão do Tour de France, o britânico Tom Pidcock voltou ao mountain bike para testar as pernas – e também mostrar ao pelotão que quando ele entra numa prova, entra para dar tudo.

Pidcock #14 teve que passar todo o pelotão até chegar à frente, sem escolher o melhor traçado para isso –
foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Porém o britânico não teve um bom começo em Crans Montana, na largada, saindo da segunda fila perdeu o pedal e simplesmente foi engolido por um pelotão que saiu sedento, se isso já não fosse um complicador, ao tentar aproveitar a descida para ganhar posições, acabou chocando-se com um adversário. Um começo que parecia que o tiraria da ponta, mas seria prematuro descarta-lo naquele momento.

Enquanto isso, Luca Scwarzbauer tomava a ponta do pelotão, e com mais alguns buscando a ponta para tentarem fazer descida à frente do pelotão.  Nino Schurter motivado para buscar a ponta e não enfrentar problemas em um circuito que apesar de curto, tinha descidas que exigiam técnica e que poderiam se transformar em armadilhas tentava liderar o grupo.

Colombo, Pidcock e Schurter, dupla da Scott não conseguiu segurar o todo-terreno – foto: UCI

Sam Gaze que foi um dos primeiros atacar na subida, perdeu contato com os ponteiros, mal conseguia sustentar-se na roda de Christopher Blevins, admitindo ao final da prova  que ‘deram um tiro no pé’ ao ir muito rápido desde o início.

Na primeira volta Pidckok perdia 23 segundos para Schurter que conseguiu abrir uma pequena vantagem sobre Schwarzbauer, porém a ação não foi efetiva e Blevins e Thomas Litscher mantinham-se juntos à dupla que buscava dar velocidade à prova.

Na ponta o ritmo perdeu a voracidade das duas voltas iniciais, enquanto isso Pidcock vinha de trás ganhando posições, uma ação que já na terceira volta o colocou no grupo ponteiro e na disputa por posições no póido, o movimento do britânico foi acompanhado com um grupo que estava um pouco mais atrás e que não havia participado ativamente da arrancada da primeira volta.

Na penúltima das seis voltas, Pidcock entra efetivamente em combate e lança seu ataque, a resposta vem da dupla da Scott-SRAM de Schurter e Filippo Colombo que consegue se manter ao lado, pouco depois entraria o campeão britânico na disputa, Charlie Aldridge.

Luca Braidot lutou no final para terminar em 3º- foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Porém, Aldridge acusou o esforço, e na última volta não conseguia mais acompanhar os ponteiros. Com mais calma nas voltas iniciais e bem posicionado, o alemão Julian Schelb foi crescendo pouco a pouco e na última volta superou a a Aldridge, Schwarzbauer, a dupla suíça com uma vitalidade que o colocou na disputa pela ponta.

Apesar de encarar a última descida com muita velocidade e se aproximar de Pidcock seu movimento foi tardio, e Schelb ficou com a segunda posição, pois Pidcock cruzou com 2 segundos de vantagem, obtendo uma vitória praticamente inimaginável após o conturbado começo da corrida.

Surpresa no pódio – Julian Schelb – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

 “Não facilitei as coisas, com certeza. Na largada eu ‘desclipei’, depois estava atrás, e na verdade estavam me passando na primeira subida, eles estavam indo muito rápido”, disse Pidcock.

De volta ao MTB após o 6º lugar no Tour da Suíça, explicou: “Vindo de uma corrida por etapas de uma semana, é algo um pouco diferente, mas eu estava dando tudo, apenas para pegar os ciclistas todas as vezes na subida e era apenas minha tática, apenas dar tudo”.

Reconhecido por sua ousadia nas descidas, o vencedor destacou “Indo para a descida, se você tiver ciclistas na frente, você só pode perder tempo, então eu estava tentando acertar o tempo para poder ganhar tempo nas descidas.”

Também aproveitou para comentar o momento que chegou nos ponteiros: “Cheguei lá e estava sofrendo e olhei em volta e ninguém estava fazendo caretas, então pensei ‘Oh Deus, foi fácil para esses caras’, mas simplesmente continuei e obviamente eles estavam sofrendo”.

Galinski , melhor resultado num XCC da Copa do Mundo – foto: Michele Mondini

Ulan Galisnki mais uma vez mostrou sua evolução e saindo do fundo do pelotão na primeira volta, foi ganhando posições até chegar à metade do pelotão, para terminar na 19ª posição, seu melhor resultado na Copa do Mundo de XCC.

A liderança da classificação geral permanece inalterada – mesmo sem correr – Victor Koretzky não foi incomodado. Sam Gaze que poderia complicar a tirá-lo da liderança, entrou na prova com o joelho machucado e fez uma péssima corrida chegando em 36º e ficando a 106 pontos do francês.  Schwarzbauer que poderia ter mantido a 3º posição e que fez um bom começo de prova, perdeu forças, terminou em 12º e foi ultrapassado por Christopher Blevins que terminou em 4º lugar.

PUCK PIETERSE: EM TRÊS ETAPAS DISPUTADAS, DUAS VITÓRIAS CONSECUTIVAS

Sem Pauline Ferrand-Prévot, Savilia Blunk e também Jolanda Neff, Jenny Rissveds e a jovem Nöelle Buri, mais uma vez a italiana Chiara Teocchi foi quem acendeu o estopim após a largada e tomou a dianteira do pelotão,  mas Puck Pieterse, não cedeu terreno para aventuras em um circuito enlameado, estreito  e cheio de armadilhas.

Tecchi arranca à frente do pelotão – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

À aceleração da dupla Teocchi/Pieterse se juntaram Loana Lecomte (Canyon CLLCTV) e Alessandra Keller, estava formado um quarteto que com seu ritmo explodiu o pelotão. A corrida estava entre essas quatro competidoras.  

Na ponta a intensidade era alta. Lecomte tentou atacar na segunda volta, porém não conseguiu sustentar a ação, sendo controlada por Pieterse e Keller. Na volta seguinte a italiana Teocchi passou a perder terreno, sendo ultrapassada por sua companheira na Orbea Factory- Anne Tauber  e por Gwendalyn Gibson que mostrava sua força em sua segunda prova após se recuperar da fratura na clavícula sofrida na etapa de Mairiporã,l as duas chegaram nas ponteiras, mas Pieterse estava no controle da situação

Puck aproveitou as descidas mais técnicas para se distanciar e é perseguida pro Keller – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Na penúltima volta, Pieterse testou o grupo e aproveitou a subida para abrir e nas descidas colocar toda sua técnica; mas o grupo chegou agrupado na abertura da volta final. Anne Tauber arrancou e surpreendeu as adversárias conseguindo abrir uma pequena vantagem, em sua roda estava a sua compatriota Pieterse que contra-atacou na subida e rapidamente conseguiu uma boa vantagem.

Na descida Pieterse foi além do limite, e quase comprometeu a corrida perdendo alguns segundos quando a traseira de sua bicicleta desgarrou, porém ainda tinha alguns poucos segundos de crédito para chegar com 4 segundos de vantagem sobre Keller e Tauber que cruzaram a linha disputando posições.

Alessandra Keller supera a Anne Tauber no spint pelo 2º e 3º lugar – foto: UCI

 “Foi muito tático, todas as vezes, especialmente na última parte da subida, íamos com tudo, depois nas descidas elas ficavam bem juntas e na estrada ficavam apenas olhando uma para a outra”, disse Pieterse.

‘Pescando’ em Crans-Montana, segunda vitória consecutiva de Pieterse – foto: UCI

“Eu sabia que elas teriam que se esforçar muito para voltar todas as vezes e economizamos energia para a subida. Felizmente consegui aproveitar um pouco o ataque da Anna, tive a sensação de que talvez não tenha sido amais rápido na descida, não queria correr grandes riscos. Esperemos por boas pernas amanhã”, comentou Pieterse.

Vencedora do sprint pelo segundo lugar, Alessandra Keller segue com folga na liderança com 900 pontos, com 260 pontos sobre Pieterse que assumiu a segunda posição na CG em mais um dia ruim da até então vice-líder Haley Batten que terminou a prova na 27ª posição e ficou a 8 pontos da holandesa.

Whoop UCI MTB World Series – Copa do Mundo de Mountain Bike –   Crans-Montana/Suíça – 5ª etapa

XCC – Short Track – Circuito Curto

Elite  feminina – circuito de 1.3km x 5 voltas – 6.50 km – 40 competidoras de 18 países

🥇 Puck Pieterse  🇳🇱 – Alpecin Deceuninck – 19m03s – vel. média 20.464 km/h

🥈 – Alessandra Keller 🇨🇭 – Thömus Maxon +4s

🥉- Anne Tauber 🇳🇱 – Orbea Factory Racing +4s

4- Loana Lecomte – 🇫🇷 – Canyon CLLCTV XCO +8s

5- Gwendalyn Gibson 🇺🇸 – Trek Factory Racing-Pirelli +33s

Elite Masculina –  circuito de 1.3km x 6 voltas  – 7.80 km – 40 competidores de 20 países

🥇 – Thomas Pidcock gb – Ineos Grenadiers – 19m31s – vel. média 23.974 km/h

🥈 – Julian Schelb 🇩🇪 – Stop&Go Marderabwehr MTB Team +2s

🥉 – Luca Braidot 🇮🇹 – Santa Cruz Rockshox Pro Team +6s

4- Christopher Blevins 🇺🇸 – Specialized Factory Racing +9s

5- Maximilian Brandl 🇩🇪 – Lexware Mountainbike Team +10s

19- Ulan Galinski 🇧🇷 – Caloi-Henrique Avancini Racing +49s

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