Paraciclismo brasileiro, no último dia dos Jogos Parapan-Americanos conquista na estrada duas medalhas de ouro com Jady Malavazzi e Bianca Garcia e sua pilota Nicolle Borges e a prata com Lauro Chaman, somando-se a melhor campanha do paradesporto brasileiro que conquistou, no Chile, 343 medalhas no total, só no ciclismo foram 10 pódios
Em uma competição onde os paratletas brasileiros fizeram a sua melhor campanha na história dos Jogos Parapan-americanos com 343 medalhas no total, com 156 ouros, 98 pratas e 89 bronzes e o primeiro lugar no ranking, o paraciclismo também teve sua contribuição; mostrando também sua evolução em Santiago, subindo 10 vezes ao pódio – somadas as provas de estrada, contrarrelógio e pista – com cinco medalhas de ouro, três de prata e duas de bronze; na edição de Lima’2019 foram três ouros, uma prata e quatro bronzes.
Na Ilha de Maipo, localizada a uns 40 km ao sul da capital chilena, no mesmo local aonde foram disputadas as provas de contrarrelógio aconteceram as provas de estrada do paraciclismo no dia de encerramento dos Jogos Parapan-americanos.
A programação começou com as disputas das provas da categoria B, reservadas para ciclistas com limitação visual, acompanhadas por uma pilota que conduz a bicicleta tandem (de dois lugares).
Na prova feminina, a paulista Bianca Garcia ao lado de sua piloto paranaense Nicolle Borges que já haviam conquistado o ouro na contrarrelógio, repetiram a boa atuação e conseguiram superar a marcação de María Agustina Cruceño /Mayra Tocha e Maria José Quiroga /Micaela a partir da sexta volta no circuito, com pouco mais de 60 km percorridos passaram a se distanciar, rompendo o trabalho das duas equipes argentinas para vencer a prova em 2h06m36s e conquistar o ouro , com uma vantagem de 4m13 sobre María Agustina Cruceño e 6m30s María José Quiroga.
“Foi muito emocionante fazer essa prova, mais essa conquista, graças a Deus deu tudo certo, conseguimos o primeiro lugar. Treinamos muito para isso, a prova estava bem complicada, mas deu tudo certo no final”, disse Bianca Garcia, 27, que nasceu com retinose pigmentar.
“Tínhamos que pensar muito, ter aquele sangue frio no meio porque a gente estava contra as argentinas, só nós contra duas argentinas, mas deu certo e a gente conseguiu levar mais uma medalha para o Brasil”, completou a piloto Nicolle Borges, 25.
Na prova da categoria B masculina a disputa desde a largada foi entre o argentino Maximiliano Gómez e seu piloto Sebastián Tolosa e o colombiano Nelson Serna pilotado por Marvin Angarinta, ambos se revezaram na ponta e conseguiram abrir mais de 2 minutos de vantagem sobre o chileno Matias Mansilla que tem como piloto seu irmão Marcelo Masilla. O argentino antecipou o sprint para conquistar a medalha de ouro.
O outro ouro brasileiro, no último dia de competições veio com Jady Malavazzi na categoria handbike H2-5 (bicicletas movidas a mão por meio de manivela para esportistas com lesão medular ou amputações que impossibilitem o uso das pernas para pedalar).
Jady deu ritmo ao grupo, sendo acompanhada na primeira das cinco voltas pelas brasileiras Mariana Garcia e Josiane Novacki e pelas estadunidenses Katerina Brim e Jenna Rollmann. Na segunda volta, Jady conseguiu se desgarrar e abrir mais de 30 segundos de vantagem e volta após volta, ampliar sua diferença para cruzar na primeira posição e conquistar a medalha de ouro. Atrás disputando as demais posições do pódio rodavam juntas as brasileiras Mariana e Josiane e as norte-americanas Katerina e Jenna . Nos metros finais as estadunidenses se posicionaram na frente para conquistar a segunda e a terceira posição, deixando para trás as brasileiras – por uma diferença mínima.
A paranaense de 29 anos, Jady Malavazzi, que perdeu o movimento das pernas aos 13 anos de idade, depois de um acidente de carro comentou sua conquista: “Era um grande objetivo, um grande sonho. Em uma prova pode acontecer muitas coisas, mas eu vim com tudo e fico feliz demais de voltar para casa com as minhas duas filhas [medalhas de ouro e prata conquistada no CRI]. Elas vão para a minha equipe com certeza, é muita gente trabalhando, eu sou a pessoa que está lá, mas tem um monte de gente por trás disso”.
A disputa masculina da Handbike H3-5 começou com o brasileiro Ulisses Freitas liderando o pelotão e comandando durante três das seis voltas, porém a partir da metade da prova, o canadense Charles Moreau e os estadunidenses Eric Pinney , Brandon Lyons e Aldredo de los Santos aumentaram o ritmo e na penúltima volta passavam juntos com mais de 7 minutos de vantagem. Nos metros finais De Los Santos chegou com mais força para cruzar à frente de seus compatriotas Pinney e Lyons – com os Estados Unidos dominando o pódio.
Nos triciclos – categoria T1 o ouro foi para os Estados Unidos com Dennis Connors, seguido pelo colombiano Juan José Betancourt e pelo canadense Nathan Clement. O brasileiro Adriano Matunaga ficou com a 4ª posição.
Na Classe C4-5 (deficiência físico-motora e amputados) Lauro Chaman que vinha de uma medalha de ouro na Perseguição e uma prata no Contrarrelógio na estrada travou um duelo com o colombiano Carlos Vargas desde a primeira volta.
Chaman e Vargas tomaram a ponta do grupo e colocaram ritmo à disputa, com isso na segunda das sete voltas no circuito rodavam com uma vantagem de 1m10s sobre o grupo liderado pelo dominicano Jose Rodriguez onde também estava André Grizante.
O brasileiro e o colombiano mantiveram-se juntos até os metros finais, mas Vargas conseguiu chegar com mais força e arrancar para cruzar à frente de Chaman que ficou com a medalha de prata do paraciclismo.
Na disputa pela medalha de bronze, Jose Rodriguez arrancou nos metros finais sendo acompanhado pelo chileno Hernan Moya e com isso deixaram para trás alguns ciclistas, entre eles o brasileiro Grizante. O dominicano ficou com o terceiro lugar.
A categoria C4-5 feminina, sem a presença de brasileiras, teve a vitória da colombiana Paula Ossa que superou a argentina Mariela Delgado e a estadunidense Samantha Bosco.
Os colombianos conseguiram mais uma medalha de ouro no paraciclismo com Daniela Munevar na categoria C1-3 após vencer em um sprint apertadíssimo a estadunidense Jamie Whitmore e a sua compatriota Paula Caballero. Sabrina Custódia ficou na 6ª posição, seguida por Amanda Paiva; Victoria Camargo foi a 9ª colocada.
Além da vitória na feminina os colombianos também ficaram com o ouro da C1-3 masculina com Alejandro Perea superando, no sprint, ao canadense Alexandree Hayward; os dois conseguiram abrir mais de um minuto na última das seis voltas, para decidirem o pódio nos metros finais. A terceira posição foi do colombiano Eisner Muñoz que cruzou a meta a 1m09 dos ponteiros. Os brasileiros Carlos Gomes e Victor Luise terminaram na 7ª e 8ª posição e cruzaram juntos a linha de chegada.
No quadro de medalhas das provas de estrada do paraciclismo- com a prova em linha e a contrarrelógio, os Estados Unidos ficaram com a primeira posição com mais ouros e número total de medalhas, seguidos pela Colômbia e com o Brasil em terceiro lugar.
Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), comentou o desempenho de toda a delegação brasileira nos Jogos Parapan-americanos de Santiago: “O resultado foi extraordinário. Sabíamos que era um grande desafio fazer uma campanha melhor que Lima, mas nossa delegação superou todas as marcas de todos os tempos. Tivemos uma participação muito importante nos Jogos, com atletas jovens – 40% deles disputaram a competição pela primeira vez. Mais de 100 medalhas foram conquistadas por jovens. Realmente uma competição espetacular. Saímos daqui muito orgulhosos e muito emocionados com esse feito extraordinário dos nossos grandes atletas”.
Edilson Rocha “Tubiba”, destaca o planejamento técnico e o espírito de equipe para essa evolução apresentada pelos paraciclistas brasileiros que já estão trabalhando para as paralímpiadas de Paris’2024 : “Além das conquistas individuais, a força coletiva da equipe brasileira foi evidente durante todo o torneio. Os atletas se apoiaram mutuamente, encorajando e motivando uns aos outros a darem o seu melhor a cada prova. Essa união e espírito de equipe foram fundamentais para o sucesso alcançado. Essa campanha histórica serve de combustível para continuarmos trabalhando duro pensando em Paris 2024”.
JOGOS PARAPAN-AMERICANOS – SANTIAGO’2023
Paraciclismo – Estrada – Isla de Maipo – 26/11/2023
Categoria B feminina – tandem – 75.6 km
1 – Bianca Garcia – Nicolle Borges* – Brasil – 2hg06m36s – vel. média 35.8 km/h
2- Maria Agustina Cruceño – Mayra Tocha* – Argentina +4m13s
3- Maria Jose Quiroga – Micaela Barroso* – Argentina +6m30s
Categoria B masculina – tandem – 86.4 km
1- Maximiliano Gomez-Sebastián Tolosa*- Argentina – 2h03m31s – vel. média 42.0 km/h
2- Nelson Serna – Marvin Angarinta* – Colômbia +5s
3- Matias Mansilla – Marcelo Masilla* – Chile +3m07s
Handbike masculina H3 – 5 – 64.8 km
1- Alfredo de los Santos – H5 – Estados Unidos – 1h42m53s – vel. média 37.8 km/h
2- Eric Pinney – H3 – Estados Unidos – m.t.
3- Brandon Lyons – H3 – Estados Unidos – +1s
10- Ulisses Freitas – H4 – Brasil -1 volta
Ronan Da Motta – H5 – Brasil – desclassificado
Hadbike feminina H2-5 – 54.0 km
1- Jady Malavazzi – H3 – Brasil – 1h32m42s – vel. média 35,0 km/h
2- Katerina Brim – H2 – Estados Unidos +6m06s
3- Jena Rollmann – H3 – Estados Unidos +6m07s
4- Mariana Garcia – H3 – Brasil +6m07s
5- Josiane Nowacki – H4 – Brasil +6m47s
Triciclo misto T1-T2– 32.4 km
1- Dennis Connors – T2 – Estados Unidos – 56m55s – vel.média 34.2 km/h
2- Juan Betancourt – T2 – Colômbia +24s
3- Nathan Clement – T1 – Canadá +1m07s
4- Adriano Matunaga –T – Brasil +14m04s
Categoria C4-C5 Masculina – 75.6 km
1- Carlos Vargas – C5 – Colômbia – 1h48m58s
2- Lauro Chaman – C5 – Brasil – m.t.
3- José Frank Rodríguez – C4 – República Dominicana +3m07s
8- André Grizante – C4 – Brasil +3m14s
Categoria C4-C5 Feminina – 64.8 km
1- Paula Ossa – C5 – Colômbia – 1h35m39s – vel. média 40.6 km/h
2- Mariela Delgado – C5 – Argentina +11m37s
3- Samantha Bosco – C4 – Estados Unidos +11m37s
Categoria C1-C3 Feminina – 43.2 km
1- Daniela Munevar – C2 – Colômbia – 1h11m37s – vel. média 36.2 km/h
2- Jamie Whitmore – C3 – Estados Unidos – m.t.
3- Paula Cabellero – C3 – Colômbia – m.t.
6- Sabrina Custódia – C2 – Brasil +7m18s
7- Amanda Paiva – C3 – Brasil +7m30s
9- Victoria Camargo – C2 – Brasil +13m05s
Categoria C1-C3 Masculina – 54.0 km
1- Alejandro Perera – C3 – Colômbia – 1h18m01s – vel. média 41.5 km
2- Alexandre Hayward – C3 – Canadá +2s
3- Esneider Muñoz – C3 – Colômbia +1m09s
7- Carlos Gomes – C1 – Brasil +8m10s
8- Victor Luise – C2 – Brasil +8m10s
Quadro de medalhas Paraciclismo estrada
Contrarrelógio Individual+Estrada
🇺🇸 – 5🥇 6🥈 4🥉 – 15
🇨🇴 – 4 🥇3🥈 4🥉 – 11
🇧🇷 – 3🥇 3🥈 – 6
🇦🇷 – 2🥇 3🥈 2🥉 – 7
🇨🇦 – 2🥇 1🥈 3🥉 – 6
🇨🇱 – 2🥉 – 2
🇩🇴 – 1🥉 – 1