Maior esperança de medalhas para o Brasil no Pan Americano de Trinidad e Tobago, Gideoni Monteiro chegou a liderar a classificação geral da Omnium até o final da terceira fase, porém na prova por pontos foi surpreendido por um grupo que atacou incessantemente colocando voltas no pelotão, e pelo jovem argentino Tomas Conte que por três pontos a mais que o brasileiro ficou com a medalha de bronze. No dia do seu aniversário Gideoni ficou sem o seu maior presente: uma medalha
O sábado de competições no Velódromo de Couva, em Trinindad Tobago começou com 17 ciclistas buscando o melhor tempo na tentativa da classificação para a final dos 500 metros contra o relógio, apenas as ciclistas que ficassem entre os 8 melhores tempos passavam para a próxima fase. A grande favorita da modalidade era mexicana Jessica Salazar, bicampeã Pan Americana – Santiago2015 e Aguascalientes2016 e recordista mundial com 32s268 obtidos na altitude do velódromo mexicano de Aguascalientes.
A brasileria Gabriela Yumi registrou 37s058 e classificou-se para a final com o 8º melhor tempo. Nessa fase, a forte colombiana Martha Bayona surpreendeu a favorita registrando 34s519 passando com o melhor tempo para a final, a mexicana fez o segundo melhor tempo34s741 e outra surpresa mexicana foi a jovem e 20 anos Paola Verdugo com o 3º melhor tempo.
Na final, valeu a experiência da mexicana Jessica Salazar, que marcouo o melhor tempo 34s394 e ficou com o ouro, a prata ficou para a colombiana Martha Bayona, e o bronze para a estadunidense Mady Marquard . Gabriela Yumi, apesar de ter melhorado o seu tempo – na final marcou 36s714 – a brasileira se manteve com o oitavo tempo.
A Perseguição Individual não apresentou surpresas com a estadunidense Kelly Catlin entrando na pista para defender o título conquistado no ano passado em Aguascalientes . Com apena 21 anos Catlin tem um currículo impressionante foi prata na perseguição por equipes na Rio2016, tem dois mundiais integrando o 4×4000 dos Estados Unidos (Londres2016 e Hong Kong2017).
No confronto direto contra a canadense Kinley Gibson, de 22 anos, a estadunidense Kelly não deu margem a imprevistos e já no primeiro quilômetro abria uma vantagem de quase 3 segundos, na passagem dos 2 mil metros a vantagem passava dos 4 segundos, ampliando-se para 6s126 no final.
Pela disputa da medalha de bronze se encontraram a canadense Arianne Bonhomme e a cubana Mailin Sanchez. Arianne largou com maior consistência e conseguiu abrir quase 3 segundos de vantagem no primeiro quilômetro, porém a cubana começou a crescer a partir da metade da prova. Mailin foi a vencedora da medalha de bronze completando os 3 km com uma vantagem de 2s226 sobre a canadense.
O sábado também reservou a disputa das semifinais e das finais da velocidade – 200m – para homens. Nas semifinais prevaleceram os favoritos: o canadense Hugo Barreto superou os dois confrontos contra o colombiano Santiago Ramirez, já na outra chave, o colombiano Fabian Puerta – bicampeão da modalidade (Santiago2015 e Aguascalientes2016) encontrou certa resistência do ciclista do Suriname – Jair Tjon En Fa – vice-campeão no ano passado – e que venceu o primeiro match contra o colombiano. Com muito mais bagagem, Puerta se impôs e venceu os outros 2 matches na melhor de três disputas.
Para a final dos 200 metros um encontro de grandes velocistas Hugo Barrete e Fabian Puerta. No primeiro confronto o colombiano venceu o sprint, porém os comissários relegaram o resultado por considerarem que Puerta realizou uma manobra incorreta. No segundo match Barrete foi com muita determinação e venceu o sprint destronando o colombiano. Na disputa pelo bronze Jair Tjon En Fa, do Suriname superou o colombiano Santiago Ramirez.
Pela primeira vez no calendário de provas para mulheres em um Pan Americano, a prova de Madison, foi disputada por duplas de 7 países, entre elas as brasileiras Wellyda dos Santos e Thayná Araújo.
Com maior domínio nas trocas e melhor ritmo de prova, as canadenses Allison Beveridge e Stephanie Roorda, e as estadunidenses Kimberly Geist e Kimberly Zubris polarizaram a competição não dando oportunidade às demais duplas. Elas simplesmente comandaram o espetáculo e duelaram pelo ouro. Com maior volume e pontuando em todos os 8 sprints intermediários as canadenses somaram 35 pontos, as estadunidenses somaram 30 pontos e ficaram com a prata. As mexicanas foram as únicas que conseguiram se manter na mesma volta das duplas do Canadá e Estados Unidos e com isso somaram 16 pontos e ficaram com o bronze. Uma volta atrás chegaram as cubanas e as colombianas. As duplas do Brasil e do Chile tomaram 3 voltas e não completaram a competição.
A prova de Omnium guardava para quem acompanha ciclismo de pista no Brasil, a maior esperança por uma medalha com Gideoni Monteiro. O pistard cearense é, na atualidade o ciclista de pista com maior experiência internacional além de ter disputado etapas da Copa do Mundo recebeu individualmente o maior incentivo para o seu desenvolvimento técnico sendo o único representante brasileiro a se classificar para uma prova de pista – especificamente na Omnium para os Jogos do Rio2016. Daí a grande torcida.
No dia do seu aniversário (completou 28 anos) Gideoni tinha como principais adversários o experiente mexicano Ignácio Prado (prata em Santiago2015) , o canadense Aidan Caves (campeão em Aguascalientes2016) e entre os demais ciclistas um jovem argenino de 18 anos, ciclista que estagiou no Centro Mundial de Ciclismo e que no ano passado conquistou o vice-campeonato no mundial da categoria junior, disputado em Aigle na Suíça.
Na primeira prova do programa do Omnium, o scratch, teve uma disputa intensa, aonde a vitória ficou com o canadense Aidan; Gideoni foi segundo e o argentino 3º.
A segunda prova é a Tempo Race, disputada em 10 km com 36 sprints intermediários aonde apenas o ciclista que passa na primeira posição leva – apenas – 1 ponto, quem consegue colocar uma volta no pelotão ganha 20 pontos. É uma prova intensa e exigente. Quem se destacou e venceu essa fase, foi o jovem argentino Tomas Contte que além de ser o único em colocar uma volta no pelotão, ganhando 20 pontos, passou em primeiro em 8 sprints. O guatemalteco, Dorian Monterroso ganhou 12 sprints , o mexicano Ignacio, cruzou em primeiro 7 vezes e o brasileiro Gideoni Monteiro somou 4 sprints.
O grande momento do brasileiro na disputa da Omnium veio na Prova de Eliminação, aonde o brasileiro saiu como vencedor, à frente do mexicano e do argentino. Com esse resultado, após 3 eventos da Omnium, o brasileiro assumiu a liderança da competição, empatado com 112 pontos com o argentino Tomas Contte.
A definição, como tradicionalmente acontece na Omnium, ficou para a Prova por Pontos e seus 10 sprints pontuáveis. A prova foi uma verdadeira batalha com muitos ciclistas atacando e além de pontuar, buscando colocar voltas sobre o pelotão. Nesse trabalho se destacaram o canadense Aidan Caves que colocou 3 voltas, somando 60 pontos; o estadunidense Daniel Holloway, o colombiano Carlos Uran, o porto riquenho Elvys Reyes com 2 voltas (40 pontos). E com uma volta sobre o pelotão, somando 20 pontos o mexicano Ignácio Prado, ao longo da prova somou 41 pontos que no total resultaram em 147 pontos que lhe garantiram o ouro. O canadense com suas 3 voltas e com os sprints intermediários, saltou da oitava posição, após a prova de Eliminação para o segundo lugar no final de quatro eventos, conquistando valorosamente a medalha de prata. O argentino Contte, um os mais jovens do grupo, foi o menos combativo, não se meteu em fugas mas fez 18 pontos, e quando somado aos demais resultados totalizou 130 pontos, levando o bronze. Outro bom pontuador do dia foi o chileno Elias Tello que conquistou 37 pontos na prova por pontos e com isso conseguiu a quarta posição na classificação geral, somando 129 pontos. Gideoni apesar de pontuar em cinco sprints intermediários, chegou a vencer um, – somando ao longo a Prova por Pontos 15 pontos, totalizando no final 127 pontos, fez uma corrida um tanto conservadora, ao não se colocar em nenhuma fuga como fizeram seus adversários diretos, isso fez a diferença que acabou afastando o brasileiro do pódio.
O Pan Americano de pista, termina no domingo (03/09) com a disputa pelas mulheres do Keirin e da Prova por Pontos, enquanto os homens disputam o 1Km contra-relógio e a Madison.
500M contra o relógio fem
1- Jessica Salazar/México – 34s394 – vel. Média 52.334 km/h
2- Martha Bayona/Colômbia – 34s633
3- Mandy Marquardt/Estados Unidos – 35s187
8- Gabriela Yumi/Brasil – 36s714 – vel. média 49.027 km/h
Perseguição Individual Feminina – 3000 m – 12 voltas
1- Kelly Catlin/Estados Unidos – 3m34s488
2- Kinley Gibson/Canadá – 3m40s614
3- Mainlin Sanchez/Cuba – 3m44s069
4- Arianne Bonhomme/Canadá – 3m46s295
Omnium masculino
1- Ignácio Prado/México – 147 pontos
2- Caves Aidan/Canadá – 144 pontos
3-Tomas Contte/Argentina – 130 pontos
4- Elias Tello/Chile – 129 pontos
5- Daniel Holloway/Estados Unidos 128 pontos
6- Gideoni Monteiro/Brasil –127 pontos
Scratch – 10km – 40 voltas – tempo de prova 12m14s – vel. média 49.046 km/h
1- Aidan Caves/Canadá
2- Gideoni Monteiro/Brasil
3- Tomas Contte/Argentina
Tempo Racing – 40 voltas com 36 sprints intermediários
1- Tomas Contte/Argentina – 28 pontos
2- Dorian Monterroso/Guatemala – 12 pontos
3- Ignácio Prado/México – 7 pontos
4- Gideoni Monteiro/Brasil – 4 pontos
Prova de Eliminação
1- Gideoni Monteiro/Brasil
2- Ignácio Prado/México
3- Tomas Contte/Argentina
Velocidade 200m – masculina
1- Hugo Barrete/Canadá
2- Fabian Puerta/Colômbia
3- Santiago Ramirez/Colômbia
4- Jair Tjon En Fa/Suriname
Madison Feminina – 20 km – 80 voltas – 8 sprints intermediários
1- Canadá/ Allison Beveridge-Stephanie Roorda – 35 pontos
2- Estados Unidos/ Kimberly Geist-Kimberly Zubris – 30 pontos
3- Mexico/Sofia Arreola-Mayra Rocha – 16 pontos
DNF – Brasil/Wellyda dos Santos-Thayná Araújo