A delegação brasileira que disputou a 25ª edição do Campeonato Pan-Americano de Mountain Bike, realizado em Catamarca na Argentina, voltou para casa com três medalhas de ouro: Aline Simões no XC-Eliminator, na Master C2 com Luiz Lotti e no XCO com Henrique Avancini um título que ele não conquistava desde 2015
Catamarca, na Argentina, recebeu por 5 dias os principais nomes do mountain bike continental, apesar da ausência de grandes nomes do Canadá e dos Estados Unidos (como é já quase uma tradição nesses eventos) a competição teve um elevado nível técnico e confirmou em algumas provas a superioridade técnica de alguns dos principais nomes do continente: o brasileiro Henrique Avancini e o chileno Martín Vidaurre que confirmaram favoritismo nas provas de cross country.
O programa de competições, como em todas as provas continentais e mundiais da UCI foi aberto com a disputa da prova de Revezamento por equipes – ou XCR – cross country relay – com as seleções montadas por seis competidores sendo 1 de cada categoria – Elite Masculina e Feminina, sub23 masculina e feminina e juniores masculina e feminina.
Revezamento abriu as competições
Os mexicanos conquistam a medalha de ouro, com uma formação muito forte com Gerardo Ulloa e Daniela Campuzano estava muito acima das demais e isso ficou claro na pista onde conseguiram abrir uma vantagem de 53 segundos sobre a equipe brasileira, medalha de prata e que a nível internacional tinha como nome mais forte a Alex Malacarne. Os chilenos com seu campeão Mundial sub23 como nome principal da equipe ficaram com a medalha de bronze, a 2m2s dos mexicanos, a 4ª posição ficou com os colombianos.
O segundo dia de competições (quinta-feira 26/5) teve como destaque a disputa do XCE, o cross country eliminator, disputada em um circuito de 700 metros, muito rápida e que no feminino foi dominada pelas brasileiras Aline Simões e Marcela Lima que já na fase classificatória mostraram-se as mais fortes.
Na semifinal Marcela dominou a prova e venceu com facilidade, Aline se classificou com a segunda posição em sua bateria.
Dobradinha brasileira na Eliminator Feminina
A bateria final, teve as duas brasileiras largando lado a lado, Aline arrancou com determinação e conseguiu sair à frente das demais competidoras. Marcela Lima chegou a ficar na segunda posição, mas no segundo trecho do circuito acusou o desgaste das baterias anteriores e foi superada pela equatoriana Michela Molina.
Aline se firmou na ponta e garantiu o ouro, segunda posição para a equatoriana e a medalha de prata para Marcela Lima.
Na final masculina do XCE nenhum brasileiro na disputa, a medalha de ouro ficou com o venezuelano Sandro Muñoz, com o mexicano Dann Noyola em segundo e o paraguaio Lucas Bogado em 3º, o chileno Jordán Cortes abandonou a competição no meio da prova com a corrente da sua bicicleta quebrada.
As disputas no circuito de cross country começaram na sexta-feira (27/05) para as categorias Master, o Brasil só esteve representado nas categorias B2, C1 e C2 e nestas duas conquistando medalhas.
Na C1, Gustavo Ribeiro Jorge ficou com a medalha de bronze, em uma prova que teve como vencedor o chileno Cristobal Vidaurre, pai do atual campeão mundial da sub23.
O ouro na Master, veio na C2 com Luiz Lotti Netto que liderou desde o início da prova, pedalando sempre à frente durante as 3 voltas no circuito, superando os argentinos Pablo Rodriguez e Sergio Borrás. O técnico da Squadra Oggi, Eduardo Ramires esteve muito perto da medalha de bronze, ficando na 4ª posição.
Nesse mesmo dia, ao final da tarde, foram disputadas as provas no Circuito Curto – o XCC – onde os mexicanos conquistaram o ouro na prova feminina e na masculina.
Mexicanos dominaram o XCC
Na prova feminina, a mexicana Daniela Campuzano desde a largada mostrou ser a mais forte e sempre buscou a ponta. A grande disputa aconteceu pela segunda posição entre a brasileira Raiza Goulão e a estadunidense Kelsey Urban que se revezaram na perseguição à mexicana, porém na última voltam Kelsey chegou com mais força para arrancar à frente da brasileira, ficando com a medalha de prata. Raixa ficou com o bronze e Hercília Najara ficou com a 4ª posição.
Entre os homens a disputa ficou aberta até os últimos momentos. A prova foi dominada por um trio formado por Henrique Avancini, o mexicano Gerardo Ulloa e o jovem chileno Martin Vidaurre que se revezaram na liderança ao longo das 7 voltas no circuito. Um pouco mais atrás os brasileiros com Luiz Henrique Cocuzzi e Alex Malacarne se esforçavam para chegar no trio.
Na penúltima volta Avancini tomou a dianteira mais uma vez, porém ao abrir a volta final, recebeu um contra-ataque do mexicano Ulloa que abriu uma pequena vantagem para assegurar o ouro, deixando a prata para o brasileiro, a 3ª posição ficou com Vidaurre.
No sábado (28/05) aconteceram as provas dos juniores. No feminino a vitória foi da mexicana Yosselin Morales, que já trilha uma carreira internacional tendo já em seu programa para a atual temporada participações em provas nos Estados Unidos e Canadá, além do Mundial.
A medalha de prata ficou com a chilena Analia Medina e o bronze com a mexicana Andrea Cerda Ornelas que fez sua estreia em provas internacionais.
Única representante brasileira na prova, Luiza Cocuzzi chegou a liderar a competição, esteve no grupo das medalhistas, na terceira e penúltima volta chegou a assumir a liderança da prova e abriu uma pequena vantagem, mas furou um pneu o que a obrigou a parar na área de apoio para trocar a roda. Luiza retomou a disputa e lutou muito na quarta e última volta para descontar a diferença, mas teve de se contentar com a 4ª posição.
Entre os garotos da Juniores, onde mais de 57 competidores entraram na disputa, a medalha de ouro ficou com o colombiano Hugo Rodríguez que dominou a prova desde a largada. A argentina ficou com a prata e o bronze, com Facundo Cayata e Matias Gonzalez.
Lazaro Moreira, que neste ano vinha de vitórias na Internacional Estrada Real e nas etapas de São Paulo e Lavras da Taça Brasil, ficou na 16ª posição e neste Pan-americano de uma medalha de prata ao integrar a equipe do Revezamento. O brasileiro não conseguiu se conectar ao grupo dos ponteiros onde rodavam 7 competidores, ficou preso em um segundo grupo e em um circuito onde as ultrapassagens eram complicadas.
Brasil no pódio da sub23
Ainda no sábado aconteceram as provas da Sub23 Feminina e Masculina. A colombiana Angie Lara conquistou a medalha de ouro, a mexicana Maria Flores com a prata e Giuliana Morgen trouxe o bronze para o Brasil.
Giugiu chegou a disputar a ponta no início da prova, mas nas duas voltas finais sofreu com quedas de corrente o que a fez perder quase 20 segundos para as ponteiras. A vice-campeã brasileira sub23, Sabrina Oliveira ficou com a 9ª colocação
Marcela Lima que havia disputado o Revezamento e se destacado com o terceiro lugar na Eliminator, não teve um bom dia, acusou o desgaste das duas disputas e das várias baterias do XCE e faltaram pernas para buscar uma melhor colocação ficando com a 16ª posição.
Na prova masculina a disputa desde a largada praticamente se limitava à segunda e terceira posições. O campeão pan-americano de 2021, campeão Mundial e líder da Copa do Mundo da categoria sub23, o chileno Martin Vidaurre entrou no circuito com 100% do favoritismo, atualmente sua superioridade é tão grande que só um problema mecânico ou físico o afastariam do ouro.
O chileno mais uma vez dominou a prova de ponta a ponta com os brasileiros Gustavo Xavier, atual vice-líder da Copa do Mundo, e Alex Malacarne os únicos a resistirem à aceleração de Vidaurre .
Xavier chegou a fazer a segunda volta à frente do chileno, rodou lado a lado na terceira volta, a dupla era seguida muito de perto por Malacarne, mas na 4ª volta um furo no pneu traseiro e um local longe da área de apoio o levou a perder várias posições.
Vidaurre rodava com uma vantagem de 54 segundos sobre Alex Malacarne que se firmava na segunda posição. Gustavo precisou fazer uma corrida de recuperação para chegar novamente à 3ª posição. Apesar da distância que separava os três, o ritmo deles era elevado em relação aos demais contribuindo para romper com os demais competidores, e na última volta rodaram já com seus resultados praticamente garantidos. Ficando o ouro para o chileno e a prata e o bronze para Malacarne e Xavier.
Daniela Campuzano conquista o ouro continental pela 6ª vez
O domingo foi reservado para as disputas da Elite com as mulheres sendo as primeiras a entrarem no circuito. Correndo com o apoio da torcida local, Agustina Apaza partiu para o ataque logo na primeira volta, tentando se impor diante de uma das mais fortes competidoras do continente, a mexicana Daniela Campuzano.
A argentina conseguiu dividir a prova, formando um grupo onde estavam a mexicana, a estadunidense Kesley Urban, a equatoriana Michela Molina e um pouco mais distantes as brasileiras Letícia Cândido e Raiza Goulão
Raiza que havia feito uma boa largada, logo na primeira volta sofreu um furo no pneu, apesar de uma rápida troca de roda ela perdeu o grupo das ponteiras e teve que fazer uma corrida de recuperação para encostar e superar a mexicana Erika Rodríguez, a Hercília Najara e ainda tentou chegar em Letícia que tinha 41 segundos de vantagem.
Letícia chegou a se aproximar da disputa pela terceira posição na última volta, mas uma queda de corrente travou sua evolução, retomando a disputa para rodar na 5ª posição.
Aos 34 anos, pesou a experiência da mexicana Daniela Campuzano que conquistou o seu 6º título Continental (Puebla’12; Londrina’14; Cota’15; Catamarca’16; Salinas’21) e mais uma vez, como em 2012 ela deixa a argentina Agustina Apaza na 2ª posição e a estadunidense Kelsey Urban repetiu o resultado de 2021 e termina mais uma vez com o bronze.
No masculino, após o duelo no circuito curto – XCC – o cross country teria mais um confronto entre Henrique Avancini e o Gerardo Ulloa em 6 voltas no circuito. Na primeira volta o mexicano tomou a dianteira, levando em sua roda aos brasileiros Avancini e José Gabriel, um pouco mais atrás estavam Luiz Henrique Coccuzi, os canadenses Tyler Orschel e Leandre Bouchard, os argentinos Catriel Soto e Joel Contreras.
No XCO Avancini e Ulloa repetiram o duelo do XCC
A disputa pela ponta foi intensa com sucessivos ataques – onde além de Ulloa e Avancini, se destacavam Zé Gabriel, o argentino Contreras e o canadense Orschel. Na quarta volta, Avancini fez uma sequência de ataques e com isso conseguiu abrir uma pequena vantagem sobre o mexicano e mais de 30 segundos sobre o Contreras e Zé Gabriel que sofria com as dores em uma das mãos após ter esbarrado em um dos tantos cactos existentes à beira do circuito.
Avancini que havia conquistado o título continental em 2015 e não participava desse evento desde 2018 buscava a vitória e assim pedalou as duas voltas finais sem correr riscos, abria diferença nos trechos menos exigentes, deixando margem para o mexicano, apenas nos trechos mais complicados. A tática funcionou, e assim Avancini conquistou a primeira posição cruzando a linha de chegada com 9 segundos de vantagem sobre o mexicano, e mais de 1 minuto sobre o argentino Contreras que ficou com a medalha de bronze.
Galinski foi 7º em seu primeiro campeonato continental; Cocuzzi que havia machucado a mão na última etapa da Copa do Mundo em Nové Mesto, duas semanas antes dessa prova, sentiu a lesão, principalmente nos longos trechos de descida que havia no traçado de Catamarca o que impossibilitava um melhor controle da bicicleta, apesar disso no meio da prova começou a recuperar posições, mas na última volta sofreu um furo no pneu o que o deixou na 12ª colocação.
Após a vitória, Avancini comentou o resultado e a acolhida que recebeu do torcedor argentino: “Estou muito contente de voltar a competir o Campeonato Pan-Americano. Pra mim foi surpreendente ver o que as pessoas enxergam em mim, os latino-americanos, o respeito e carinho que recebi do público e atletas nesses dias foi chocante, algo que eu não esperava muito. Depois de um jejum de não competir por alguns anos o Pan-Americano, eu queria muito fazer uma boa participação. Esse ano até então eu não tinha ainda sido capaz de entregar o que eu já construí na minha preparação e queria muito ter saído com bons resultados daqui”.
Sobre o desempenho no Pan-Americano de Catamarca onde o brasileiro conquistou seu segundo título continental na Elite (o primeiro foi em Cota, na Colômbia-2015), Avancini declarou: “No Short Track eu fiquei muito próximo da vitória. Acredito que eu tenha feito tudo certo, mas como sempre é uma prova muito aberta, agressiva, eu acabei perdendo a prova na última volta. E no Cross Country Olímpico eu realmente queria vencer, esse era o único resultado no meu radar. Eu sabia que tinha um adversário muito forte, um cara que vem andando de forma bem expressiva na Copa do Mundo. Tive uma grande batalha com o mexicano Gerardo Ulloa, mas na quarta volta consegui fazer uma boa sequência de ataques e abri um gap considerável. Nas duas últimas voltas eu tentei usar essa vantagem para tentar pilotar de uma forma mais cautelosa, poupar e trazer o equipamento até o final. Então usei os poucos segundos que tinha, as vezes ele tirava em trechos de maior risco, eu tentava repor em trechos de menor risco, e foi assim até o final. Consegui segurar a ponta e conquistar esse título Continental mais uma vez. Estou muito feliz com o resultado e com tudo o que esse evento representou pra mim”.
XXV CAMPEONATO PANAMERICANO DE MOUNTAIN BIKE XCO, XCC, XCE, XCR
Dique El Jumeal, San Fernando del Valle de Catamarca- Catamarca – Argentina
XCO – Cross Country Olímpico – 29/05
Elite Feminina
1- Daniela Campuzano – Mexico – 1h19m12s
2- Agustina Apaza – Argentina – 1h19m24s
3- Kesley Urban – Estados Unidos – 1h21m32s
5- Letícia Cândido – Brasil – 1h22m07s
6- Raiza Goulão – Brasil – 1h22m48s
7- Herícilia Najara – Brasil – 1h24m
26- Aline Simões
Elite Masculina
1- Henrique Avancini – Brasil – 1h15m16
2- Gerardo Ulloa – México – 1h15m25
3- Joel Contreras – Argentina – 1h16m43
4- José Gabriel – Brasil – 1h17m15
7- Ulan Galinski – Brasil – 1h18m16
12- Luiz Henrique Cocuzzi –Brasil – 1h20m07
18- Nicolas Amâncio – Brasil – 1h22m23
23- Edson Rezende – Brasil -1 volta
25- Wolfgagn Olsen – Brasil -1 volta
26- Mario Grego –Brasil -1volta
DNF – Guilherme Muller – Brasil – não completou
XCO Feminino Sub23 – 28/05
1- Angie Lara – Colômbia – 1h26m04
2- Maria Flores – México – 1h26m13s
3- Giuliana Morgen – Brasil – 1h27m23s
9 – Sabrina da Silva – Brasil – 1h34m17s
16- Marcela Lima – Brasil – 1h22m58s
XCO Masculino Sub23 – 28/05
1- Martin Vidaurre – Chile – 1h17m13s
2- Alex Malacarne – Brasil – 1h19m44s
3- Gustavo Xavier – 1h20m17s
19- Gustavo de Oliveira – Brasil -2voltas
XCO Junior Feminino – 28/05
1- Yosselin Morales – México – 1h07m51s
2- Amalia Medina – Chile – 1h08m21s
3- Andrea Cerda Ornelas – México – 1h09m29s
4- Luiza Cocuzzi – Brasil – 1h10m04s
XCO Junior Masculino – 28/05
1- Hugo Rodrígues – Colômbia – 1h09m03s
2- Facundo Cayata – Argentina – 1h09m29s
3- Matias Gonzales – Argentina – 1h10m09s
16- Lazaro Moreira – Brasil – 1h16m35s
21- Luciano Marti – Brasil – 1h17m42s
DNF – Guilherme da Silva – Não completou
XCO Master C1 – 27/05
1- Cristobal Vidaurre – Chile – 1h02m23s
2- Fernando Reartes – Argentina – 1h03m24s
3- Gustavo Ribeiro Jorge – Brasil – 1h04m13s
XCO Master C2 – 27/05
1- Luiz Lotti – Brasil – 53m56s
2- Pablo Rodriguez – Argentina – 54m02s
3- Sergio Borrás – Argentina – 54m12s
4- Eduardo Ramires – Brasil – 54m58s
6- Carlos Barbosa – Brasil – 57m36s
XCC Short Track Masculino– 27/05
1- Gerardo Ulloa – México
2- Henrique Avancini – Brasil
3- Martin Vidaurre – Chile
4- Luiz Henrique Cocuzzi – Brasil
5- Alex Malacarne – Brasil
XCC – Short Track Feminino – 27/05
1- Daniela Campuzano – Mexico
2- Kelsey Urban – Estados Unidos
3- Raiza Goulão – Brasil
4- Hercilia de Souza
XCE – Eliminator Feminino- 26/05
1- Aline Simões – Brasil
2- Michela Molina – Equador
3- Marcela Lima – Brasil
XCE – Eliminator Masculino – 26/05
1- Sandro Muñoz – Venezuela
2- Dann Noyola – México
3- Lucas Bogado – Paraguai
XCR – Cross Country Revezamento por Equipes – 25/05
1- México – Daniela Campuzano, Fatima Hijar, Andrea Ornelas, Gerardo Ulloa, Ángel Barrón e David Rico – 1h26m14s
2- Brasil – Nicolas Machado, Marcela Lima, Alex Malacarne, Luiza Cocuzzi, Letícia Cândido e Lázaro Moreira- 1h27m07s 3- Chile – Relich, Medina, Yaiba, Catalina Vidaurre, Castro e Martín Vidarurre – 1h28m16s