Com todo o apelo da tecnologia aplicada ao desenvolvimento de pneus para os carros da Fórmula 1 e às motos da Superbike , a Pirelli retorna ao mundo do ciclismo com o lançamento mundial da sua nova linha de pneus P Zero Velo, posicionando-se na faixa de produtos premium voltados para o ciclista que busca a performance
Havia algo além das campanhas publicitárias na última edição do Giro d’Italia e do badalado barco do Team Emirates New Zealand na America’s Cup que usa uma tripulação de ciclistas e da camisa do Giro U23. A Pirelli estava colocou faixas com a inscrição “coming soon” (em breve) em alguns trechos das estradas do Giro. Era um sinal, o mercado chegou a especular, e finalmente a marca italiana (ou melhor a agora ítalo-chinesa) apresentou sua linha de pneus clincher, especialmente desenvolvidos para o ciclismo de estrada. A linha P Zero Velo (a Pirelli desde muito anos utilizava a denominação velo para a sua linha de pneus para bicicletas) estará disponível para os mercados da Europa, Estados Unidos, Canadá e alguns países da Ásia a partir de setembro, as compras on-line no site da Pirelli se iniciam no próximo 31 de agosto.
Assim como os pneus da F1 – os P Zero Velo recebem marcações coloridas de acordo ao desempenho ou função pré-determinada: prata para o Road Racing (ciclismo de estrada), vermelho ZeroTT para o Contra-relógio e o azul recebeu a denominação Zero Velo 4S – Four Season – ou seja para todas as condições climáticas.
Um retorno do grande fabricante ao mundo do ciclismo (apesar de em alguns mercados como o brasileiro, aonde ela se faz presente com uma linha voltada mais para bicicletas de uso diário ou pneus de linha média e econômica – no passado produzida na unidade de Gravataí/RS e atualmente feitos na Ásia) o fabricante volta ao mundo do ciclismo de performance. É um primeiro passo, e sabe-se que estão trabalhando em outras linhas de pneus para o mountain bike, e também uma provável produção de tubulares para atender algumas equipes do pelotão profissional – dizem até que há conversas até bem adiantadas.
Na história, a marca fundada em 1872, tem presença junto à indústria da bicicleta desde a década de 1890; no ciclismo de competição já aparecia com destaque na primeira edição do Giro d’Italia em 1909; quando dos 49 finalistas, 30 estavam com bicicletas calçadas com pneus Pirelli. Ao longo dos anos também foi co-patrocinadora das equipes Legnano e Bianchi, figurando ao lado de nomes como Coppi e Bartali. No inicio da década de 1980 a família Pirelli – incorporou ao Grupo – a tradicional e respeitada marca de tubulares Clément – que tinha em sua linha respeitadíssimos modelos Paris-Roubaix e o Criterium Seta, pouco depois, e seguindo uma tendência de mercado, a produção foi direcionada para a Tailândia e em 1995 a Pirelli em um movimento de sua matriz deixou a marca e licenciou a estadunidense Donnelly Sport , de Denver, no Colorado para continuar a produzir tubulares e uma linha de pneus usando a marca Clément.
A nova gama de pneus surgiu no centro de inovações Pirelli, na Itália, usando o laboratório de pesquisa e desenvolvimento de Milano Bicocca aonde são desenvolvidos os pneus de corrida e motociclismo. Para os testes dos novos pneus, uma equipe foi levada para o campo de provas de Giarre, na Siciclia, para fazer provas seguindo rigorosos protocolos em condições controladas e que podem ser reproduzidas cientificamente. Os testes também foram realizados no monte Etna, isso porque em poucos quilômetros é possível encontrar as mais variadas condições climáticas, altitude e superfícies entre as mais exigentes do mundo.
Para explicar como foi o trabalho de surgimento dessa nova linha de produtos, o Diretor Industrial e de Pesquisa e Desenvolvimento da Pirelli, Piero Misani, conta o caminho que a empresa adotou: “Como líder no setor das duas rodas moto, poderíamos começar a trabalhar dizendo: Somos experts no assunto, temos a tecnologia, o know how e podemos começar com tranquilidade. Ao invés desse discurso, é preciso pensar, antes de tudo, no consumidor e numa aproximação que nos dê compreensão de suas necessidades. Este é o elemento mais importante para a abordagem do ponto de vista do desenvolvimento do produto e de um novo elemento como o Velo. É verdade que somos lideres nas duas rodas a motor, mas os consumidores são diferentes”.
Ainda sobre o desenvolvimento, Misani disse: “Pedalar cansa e a fluidez da roda, que no pneu de bicicleta tem a partir da resistência à rolagem, é muito importante. Diria que é fundamental . Nós conhecemos muito bem este aspecto no campo dos automóveis, porque de fato é um dos parâmetros chave exigido por qualquer fabricante de carros. Isso no ajudou também no desenvolvimento do P Zero Velo para que fossemos capazes de entender como se pode ajudar a um ciclista. Precisamos levar em consideração a sua respiração, os batimentos cardíacos, e a geração de ácido lático nos músculos do cliente. A diminuição da resistência à rolagem, permite, em igualdade a condição física do ciclista, de ser mais veloz, percorrer mais quilômetros e desta forma ter um melhor desempenho”.
Seguindo a linha do slogan da marca: Potência não é nada sem controle, o diretor da Pirelli destacou que o P Zero Velo é um produto que atende as necessidades do ciclista em qualquer condição atmosférica seja no plano ou numa descida mas exigente: “Também neste ponto, a nossa capacidade no desenvolvimento de materiais é uma referência e foram transferidas para a gama Velo para garantir que o pneu Pirelli seja uma referência também quando usado em pisos molhados. Um pneu que não tem perda de desempenho da sua qualidade de rolagem no piso molhado”.
O apelo para a nova linha de pneus é a aposta na garantia de desempenho em todas as condições ou o Equilíbrio Perfeito. Pneus com ótimo desempenho e equilíbrio quanto à resistência a rolagem e aderência, seja no piso seco como no molhado, boa manobrabilidade, resistentes a furos e duráveis, principalmente com garantia de performance após muitos quilômetros rodados.
O projeto P Zero Velo foi desenvolvido trabalhando-se em três frentes: a forma e a construção do pneu, o desenho da banda de rodagem e os compostos. Para isso adotaram-se tecnologias que derivam do conhecimento da F1 e da Superbike quanto ao desenho ou criando exclusivos compostos.
O composto é um dos maiores segredos de um fabricante de pneus, na indústria da bicicleta são poucos os que dominam e desenvolvem essa tecnologia. A Pirelli desenvolve todos os seus compostos de borracha no polo tecnológico de inovação de Milano Bicocca e depois são produzidos em sua fábrica na Romênia, assim tem todo o controle da tecnologia aplicada aos seus pneus.
Para sua linha de pneus para ciclismo desenvolveu uma nova patente para um composto que leva 17 componentes e que recebeu o nome de SmartNet Silica® baseado na nanotecnologia com base na sílica porém com uma grande diferença: é uma sílica sintética que se difere da tradicional que tem forma esférica, esta tem o formato alongado. A estabilidade das retículas moleculares, são determinantes para garantir um perfeito balanceamento do desempenho sem aumentar o peso da estrutura do pneu e contribui para a proteção natural contra furos, prolongando sua vida útil.
As moléculas do composto SmartNet Silica® tem uma tendência natural a se alinharem, ao invés de adotarem uma disposição casual ao interno da estrutura; com isso garanti maior fluidez do pneu com uma maior desempenho direcional com uma extrema elasticidade o resultado direto dessa tecnologia é a diminuição na geração de calor e da resistência à rolagem.
Segundo o fabricante, o composto SmartNet Silica® tem a vantagem de não se concentrar na estrutura do pneu, mas se dispersa de maneira homogênea essa propriedade, somada à sua natural afinidade química com a água se traduz em alto desempenho nos pisos molhados.
Para o perfil e construção da nova linha P Zero Velo, foi utilizada da tecnologia ICS – Ideal Contour Shaping . Utilizando um software de modelagem CAD e com varias analises de elementos finitos (FEM) foi possível melhorar os parâmetros de construção do perfil do pneu e de simular constantemente o desempenho. Com isso, segundo o fabricante, é possível oferecer uma aderência melhor e mais eficaz, maios estabilidade e repostas reativas e controladas na estrada, seja uma reta, em descida ou numa curva.
O desenho da banda de rodagem dos modelos P Zero Velo e PZero Velo 4S (o modelo Velo Zero TT – é totalmente slick) foi criado utilizando a tecnologia FGD – Functiontal Groove Design – que tem sua origem no mundo da moto-velocidade. A escultura da banda de rodagem não tem apenas uma função estética, inspirada no modelos dos pneus Diablo SuperCorsa, utilizados nas motos da World SuperBike. Os ângulos, a profundidade e a distancia das ranhuras foram estudadas para otimizar a performance na drenagem da água em pisos molhados, de aderência no seco ou no molhado, de durabilidade, conforto e grip.
O desenho da banda de rodagem, lembra um raio e presenta ângulos muito estreitos na parte intermediaria, abrindo-se para a lateral, com isso garantindo uma melhor drenagem da água, rolar macio e um consumo uniforme do pneu. As ranhuras tem uma profundidade progressiva, que melhora a vida útil e garante uma elevada capacidade de resposta e manobrabilidade mesmo em condições extremas. O posicionamento do desenho cria varias áreas de contato da banda de rodagem com o terreno, evidenciando três “macro” áreas de contato com a estrada: uma faixa central slick garante um rodar macio, duas faixas intermediarias esculpidas ajudam a tomada das curvas e servem para manter a temperatura do pneu e as extremidades semi-slick que dão a informação de que se está chegando ao limite do pneu em uma curva.
Com todas essas qualidades a Pirelli garante ter desenvolvido um pneu com uma ótima área de contato do pneu em cada momento da sua utilização para garantir a maior transferência de potência ao solo e um maior controle em qualquer condição.
Por questões de economia de escala, a Pirelli optou por terceirizar sua produção da linha P Zero Velo junto a um tradicional fabricante de pneus de bicicleta francês, segundo meios especializados, tudo indica que a produção tenha sido direcionada à Hutchinson, que também produz os pneus da Mavic.
Com todo apelo à tecnologia do Mundo da F1 – claro que os pneus receberam pequenas faixas laterais que remetem a cada modelo.
O P Zero Velo – prata – é um clincher versátil oferece excelente e manobrabilidade seja no seco ou no molhado transmitindo maior segurança ao ciclista. Desenhado para qualquer tipo de asfalto pode ser utilizado para competição ou treino. É um clincher equilibrado com proteção anti-furo em aramida. Disponível nas medidas 23mm , 25mm e 28mm com pesos declarados pelo fabricante de 195 g./210g/230g
O PZero Velo 4S – azul – o Quattro Stagioni ou Four Season – é um pneu de elevada aderência e com desenho que possibilita uma dispersão da água mais rápida quando usado em pisos molhados, O 4S ainda é um pneu leve e rápido. Disponível nas medidas 23mm , 25mm e 28mm com pesos declarados pelo fabricante de 205 g./220g/250g
O modelo mais rápido é o PZero Velo TT – vermelho – como o nome indica é um modelo praticamente especifico para contra-relógio ou triathlon. É a versão mais rápida e leve da família, baixa resistência à rolagem, usa a tecnologia SmartNet Silica® mas não tem proteção anti-furo. Estará disponível somente na medida 23mm e com peso declarado de 165g.