A garotada está voando baixo no velódromo de Aigle, entre sexta e sábado foram quebrados 3 recordes mundiais – duas vezes o da perseguição individual masculina e o dos 500 metros feminino. Além disso, alguns países tem verdadeiros colecionadores de medalhas como a alemã Lea Sophie e a italiana Vittoria Guazzini cada uma com 3 ouros
As tomadas de tempo da perseguição individual masculina, disputadas na ultima sexta-feira (17/08) tiveram uma elevada carga de emoção com a quebra sucessiva do recorde de 3m12s416 que havia sido estabelecido pelo suíço Stefan Bissegern, nesse mesmo velódromo de Aigle em junho de 2016. O primeiro a superar a marca foi o britânico Ethan Vernon que registrou 3m12s226. Porém a alegria durou pouco , pois alguns minutos depois o russo Lev Gonov , último a entrar na pista em duelo com o cazaque Maxim Gridchin, baixou a marca para 3m11s143.
O duelo entre o russo e o britânico canalizou as atenções pois dois recordistas se enfrentariam na final. Vernon largou mais forte e rodou os 1800 metros iniciais à frente de Gonov, porém o russo meia pista depois assumiu o comando e começou a rodar com uma pequena vantagem à frente do britânico e cruzar a meta, após 3 km com uma vantagem de 0,66 milésimos de segundo. Porém o tempo ficou muito aquém do esperado, com o russo rodando acima dos 3m13s, talvez acusando o cansaço da jornada. Ao final o novo campeão mundial declarou: “Meu adversário é muito forte e sei que ele tem um primeiro quilômetro mais rápido do que eu. Eu só queria andar rápido o suficiente para ter certeza de que ele não iria me pegar. Pouco antes do sino, percebi que ganharia e foi a mesma sensação fantástica de quando ganhei a perseguição per equipes com meus companheiros no ano passado”. A medalha de bronze ficou com outro ciclista russo, Gleb Syritsa que controlou a prova desde a primeira volta e derrotou o neozelandês Finn Fisher-Black.
No jogo de gato e rato que é a Prova por Pontos, o australiano Lucas Plapp optou por atacar e se destacar do pelotão, arriscou-se e conseguiu colocar 3 voltas no grupo, somando 60 pontos, além disso, nos sprints intermediários somou 10 pontos, finalizando com 70 pontos que lhe garantiram a medalha de ouro, a certeza da vitória chegou com algumas voltas de antecedência. Seus principais adversários ao longo da disputa foram o polonês Prokopyszyn que arrematou a prova de forma agressiva para conquistar a medalha de prata, somando 60 pontos , o dinamarquês Skivild ficou com o bronze, com 44 pontos e o ucraniano Kanaka com 41.
A vitória de Plapp foi uma grande surpresa, pois ele estava substituindo o companheiro de equipe James Moriarty que lesionado não pode disputar o mundial. “Tenho certeza que se ele estivesse pedalando, ele estaria no degrau mais alto do pódio. Nós sentimos falta dele na perseguição por equipes (a Austrália conquistou o bronze) e foi uma motivação extra para mim hoje querer essa vitória para ele”, disse Plapp que ainda confessou que não estava escalado para a prova: “Eu só descobri ontem à noite que eu estaria correndo na prova por pontos e fiquei acordado até tarde vendo vídeos do Cameron Meyer que é um dos melhores do mundo” (ndr>: Meyer tem 5 títulos mundiais nessa especialidade).
A ciclista brasileira Amanda Kunkel que estava em um período de treinamentos no Centro Mundial de Ciclismo da UCI, em Aigle , tentou a classificação para a Prova por Pontos, porém não conseguiu avançar na competição pois apenas os 10 mais bem colocados passavam para a disputa por medalhas.
Prova por Pontos feminina, disputada no sábado, foi marcada por um acidente que levou ao chão oito ciclistas quando se disputava o décimo sprint e a italiana tinha colocado duas voltas no pelotão, conquistando com isso 20 pontos. A prova teve um longo período neutralizado, quando a competição foi retomada, o duelo entre a italiana Silvia Zanardi e a australiana Sarah Gigante ficou intenso, com a australiana superando a italiana e assumindo a liderança provisória. . Porém a decisão veio no último sprint, com pontuação dobrada e aonde a italiana conquistou o título mundial, no sprint final a belga Shary Bossuyt cruzou em 2º o que a colocou na 3ª posição no pódio. A prata ficou com a australiana Sarah Gigante.
Ao final da corrida Silvia Zanardi declarou: “Eu acreditava tanto nesta medalha de ouro. O nosso técnico me passou todas as indicações ao longo da corrida; eu só teria que pedalar forte e mantendo a concentração. A tática foi traçada no dia anterior e não foi mera consequência de como estava andando a corrida. Quando a australiana colocou uma volta assumindo a ponta da classificação, ao minha única missão era de disputar da melhor forma possível os últimos dois sprints e tentar superá-la nos pontos. Na ultima volta venci o sprint e chegamos ao título, uma emoção incrível!”
Nos 200m feminino, a prova de velocidade, os alemães tem muito a comemorar, pois a jovem Lea Sophie Friedrich segue os passos das campeãs da elite – Miriam Welte e Kristina Vogel. Lea no dia anterior, em dupla com Alessa-Catriona Propster havia conquistado o ouro na velocidade por equipes. Nos 200m ela dominou a competição desde a fase classificatória, aonde registrou o melhor tempo, depois venceu a chinesa Min Lei, nas oitavas de final, nas quartas de final venceu os dois matches contra a polonesa Nikola Seremak e na semifinal venceu os dois confrontos contra a sua compatriota Alessa-Catriona Propster. Na final enfrentou a chinesa Jiafang Hu , vencendo os dois matches e conquistando a sua segunda medalha de ouro neste mundial.
“Pode ter parecido fácil, mas não foi. Foi muito difícil ”, exclamou depois de superar a chinesa. “Eu estava muito nervosa antes da final”, disse a jovem que no ano passado havia conquistado a medalha de bronze nos 200m. Na disputa pelo bronze a alemã Alessa-Catriona Propster enfrentou a polonesa Nikola Sibiak, e a competição foi para a melhor de três. Sibiak venceu o primeiro match e Propster venceu por pequena margem os outros dois confrontos para conseguir o lugar no pódio.
Um dia depois mais um título para Lea que venceu os 500 metros contra o relógio. Na fase classificatória ela havia superado a marca recorde de 33s937 estabelecida por Mathilde Gross, no velódromo de Montechiari, em agosto de 2017, a jovem alemã registrou 33.922. Na final ela garantiu o título com 34s045, a russa Iana Tyshenko ficou com a prata e a outra velocista alemã Alessa-Catriona Propster ficou com o bronze.
Lea comemorou a conquista, “É meu terceiro título. Estou tão feliz . E o recorde mundial. Isso é ainda mais importante para mim. Foi um sonho, mas não achei que pudesse conseguir”, disse a campeã Mundial que no ano passado havia ficado com a medalha de prata, atrás da então recordista mundial Mathilde Gros.
Ainda na sexta-feira a brasileira Amanda Kunkel disputou uma bateria classificatória com 50 voltas com 5 sprints intermediários, aonde as 20 melhores classificadas passariam para a disputa da Omnium. A brasileira não conseguir passar para a fase de disputa por medalhas.
Na disputa pelo ouro da Omnium – a italiana Vittoria Guazzini dominou a competição, e mostrando muita garra – a jovem fez 3º lugar no Scratch, venceu a Tempo Race, na prova de Eliminação caiu e rapidamente montou na bicicleta para encostar no pelotão e assumir o comando da prova e ainda bater a surpreendente chilena Catalina Soto.
Com boa margem de pontos Guazzini entrou na disputa da Prova por Pontos com muita segurança, foi 4ª e venceu um sprint intermediário, além de conseguir se encaixar em um ataque, colocando uma volta no pelotão somando 20 pontos que lhe deram a segurança da vitória, para no final encerrar a participação com 142 pontos.
A grande surpresa na fase final da Omnium, ficou por conta da russa Daria Malkova que saiu da 9ª posição com 72 pontos, após três provas, e entrou com muita determinação na Prova por Pontos – colocando 2 voltas no pelotão e ainda pontuando em 3 sprints intermediários e assim somando 124 pontos e conquistando a prata. Com 117 pontos, a polonesa Marta Jaskulska ficou com o bronze. E rompendo com a tradição europeia, os chilenos tem muito a comemorar com a 4ª posição de Catalina Sotto que somou 115 pontos, apenas 2 pontos a afastaram do pódio, apesar de ter pontuado em 5 sprints intermediários da prova por pontos da Omnium.
Guazzini com a vitória conquistou seu segundo título mundial; no dia anterior ela havia integrado o quarteto que venceu a Perseguição por equipes que é bicampeão , e na disputa da Onmium ela deu uma demonstração de muita superação e após receber a camisa arco-íris comentou: “Por um segundo eu me perguntei se estava tudo acabado, mas eu pude voltar. Eu estou tão feliz.”.
No sábado, mais uma medalha de ouro, a terceira para Guazzini, e agora na Perseguição Individual, mais uma vez, como na Omnium batendo a russa Daria Malkova. Pela disputa do bronze a australiana Sophie Edwards superou a francesa Marie le Net. “Foi bom! Hoje eu queria tentar correr apesar da queda e do golpe de ontem que ainda era sentido .. se penso no ouro ganho ontem no omnium é ainda inacreditável, principalmente depois da queda. A medalha de hoje … o que posso dizer, na honestidade eu não consigo encontrar as palavras! “, disse Guazzini que ainda terá que correr no último dia de competições, a Madison.
A prova de velocidade, disputada em 200m contou com a participação dos jovens integrantes da seleção brasileira, Vinicius Gussolli e Vinicius Cruz. Na fase classificatória apenas os 28 ciclistas, dos 46 na disputa, passam para a fase seguinte. Vinicius Gussolli com o tempo de 11s060 ficou com o 44º tempo, seu companheiro, Vinicius Cruz registrou 10.674 obtendo a última vaga e passando para a fase eliminatória, disputada em um único match, aonde enfrentou o chinês Liu Qi que venceu o confronto com 10s889.
O ouro foi conquistado pelo ciclista polonês Cezary Laczkowski que foi crescendo ao longo da competição. Na fase classificatória ele havia registrado o 4º tempo mais rápido , depois nas oitavas de final, superou o alemão Elias Edbauer, nas quartas superou o chinês Liu Qi, na semifinal teve venceu dois matches contra o checo Tomas Statsny. Na final Laczkowski se enfrentou australiano Thomas Cornish, vencendo os dois matches com diferenças mínimas. O checo Jakub Statsny que havia feito o melhor tempo na fase classificatória, superou o australiano Leigh Hoffmann na disputa da medalha de bronze.
Na Prova de Omnium masculina, o francês Donovan Vincent Grondin encerrou a primeira parte da competição como líder somando 102 pontos, após conseguir o segundo lugar no Scratch e na eliminação e um 8º na Tempo Rancing. Na etapa mais importante da Omnium, a Prova por Pontos os ciclistas correram controlando-se mutuamente, assim não apareceram oportunidades de fugas para os principais candidatos ao pódio. Donovan conseguiu pontuar em 5 sprints finalizando com 115 pontos, 4 a mais que o segundo colocado o dinamarquês Frederik Wandahl, em terceiro com 106 pontos ficou o australiano Blake Quick.
“O dia teve um mau começo com um acidente na fase de qualificação, pela manhã, mas então eu fiquei mais motivado do que nunca. Na Prova por Pontos eu sabia que tinha que avaliar o que estava acontecendo. Ainda não consigo acreditar” comentou o novo campeão mundial junior da Omnium.
No domingo acontecerão as disputas da Madison, do Keirin feminino e do Km contra o relógio
Campeonatos Mundiais de Ciclismo Junior
Aigle, Suíça – velódromo Centro Mundial de Ciclismo – pista de 200m
Sexta Feira
Prova por Pontos Masculina – 120 voltas – 12 sprints
Tempo de prova: 27m59 – velocidade média: 51.443 km/h
1- Lucas Plapp – Austrália – 70 pontos
2- Filip Prokopyszyn – Polônia – 60 pontos
3- Robin Juel Skivild – Dinamarca – 44 pontos
Perseguição Individual Masculina – 3.000m
1- Lev Gonov – Rússia – 3m13s400 – 55.843 km/h
2- Ethan Vernon – Grã Bretanha – 3m14s067
3- Gleb Syritsa – Rússia – 3m15s251
4- Finn Fisher-Black – Nova Zelândia – 3m17s014
Velocidade 200m feminina
1- – Lea Sophie Friedrich – Alemanha – 11s410 vel. média 63.103 km/h – 11s325 vel. média 63.576 km/h
2- Jiafang Hu – China +0.598 +0.581
3- Nikola Sibiak – Polônia – +1s096 – 12s098 – 12s169
4- Alessa-Catriona Propster – 12s045 +0.195 +0.100
Omnium Feminina
(4 provas: Scratch, Tempo Race, Eliminação, Prova por Pontos)
1- Vittoria Guazzini – Itália – 142 pontos
2- Daria Malkova – Rússia – 124 pontos
3- Marta Jaskulska – Polônia 117 pontos
Sábado
500 m Contra o relógio
1- Lea Sophie Friedrich – Alemanha – 34s045 – vel. média 52.871 km/h2
2- Iana Tyshenko – Rússia – 34s645
3- Alessa-Catriona Propster – 35s123
Prova por Pontos Feminina – 100 voltas – 20 Km – 10 sprints
1- Silvia Zanardi – Itália – 55 pontos
2- Sarah Gigante – Austrália – 51 pontos
3- Shary Bossuyt – Bélgica – 39 pontos
A ciclista brasileira Amanda Kunkel não passou na classificação
Perseguição Individual Feminina – 2000m
1- Vittoria Guazzini – Itália – 2m22s053 – vel. média 50.685
2- Daria Malkova – Rússia – OvL
3- Sophie Edwards – Austrália – 2m22s444
4- Marie le Net – França – 2m22s996
Prova por Pontos Feminina – 100 voltas – 20 Km – 10 sprints
1- Silvia Zanardi – Itália
2- Sarah Gigante – Australia
3- Shary Bossuyt – Bélgica
A ciclista brasileira Amanda Kunkel não passou na classificação
Omnium masculino
(4 provas: Scratch, Tempo Race, Eliminação, Prova por Pontos)
1- Donovan Vincent Grondin – França – 115 pontos
2- Frederik Vandahl – Dinamarca – 111 pontos
3- Blake Quick – Austrália – 106 pontos
Velocidade 200m – masculina
1- Cezary Laczkowski – Polônia – 10s919 – vel. média 65.940 km/h – 10s644 – – vel. média 67.644
2- Thomas Cornish – Austrália + +0.061 +0.073
3- Jakub Stastny – República Checa – 10s440 – 10s677
4- Leigh Hoffman – Austrália +0.803s +0.420s
28- Vinicius Cruz – Brasil – 10s674
44- Vinicius Gussolli – Brasil – 11s060