MOTORZINHOS – TROCA DE MENSAGENS EVITOU AVANÇO DE INVESTIGAÇÕES

As denúncias do programa da televisão francesa Stade2 e do Corriere della Sera sobre a utilização de motorzinhos escondidos em bicicletas continua; na edição do último domingo (12/06) a reportagem revelou troca de mensagens que comprometem diretor técnico da UCI que evitou o avanço das investigações sobre um suposto comerciante de doping tecnológico

Controle feito durante a apresentação para a imprensa pela UCI

Controle feito durante a apresentação para a imprensa pela UCI no último mês de maio

Quando o pelotão, por volta do meio dia, largava para a disputado da  oitava etapa do  Tour de France em 11 de julho de 2015, saindo de  Rennes em direção ao Mur de Bretagne aonde Chris Froome se vestiria de líder, o diretor técnico da UCI- Mark Barfield estava reunido com um coronel da polícia francesa. Os gendarmes (polícia francesa) estavam levando adiante investigações sobre a presença suspeita de um homem que poderia estar fornecendo “motorzinhos” e “assistência” a ciclistas de ponta.

Difícil de acreditar, mas dentro do pelotão do Tour havia grandes indícios de que estava circulando um traficante de doping tecnológico. A UCI, entidade máxima que cuida do esporte bem que poderia ajudar nas investigações e até na prisão do tal comerciante de facilidades e trapaças, porém de maneira muito estranha às 12h37minutos parte do celular de Barfield, diretor técnico da UCI,  britânico como seu presidente Brian Cookson um e-mail: “Você tem um telefone aonde posso te ligar rapidamente? Estou sentado com os policiais franceses: acreditam que o engenheiro húngaro esta no Tour para vender bicicletas e visitar às equipes. É o teu homem?

A mensagem estava endereçada a Harry Gibbings, empreendedor irlandês que vende as sofisticadas bicicletas s com a marca Typhoon e equipadas com esses motorzinhos que garantem uma potência que pode superar os 250 watts. Mensagem recebida, no dia seguinte Gibbings retransmite o e-mail para o homem que estava sob a atenção da polícia: o húngaro  Istvan Varjas. O grande gênio dos motorzinhos elétricos e consultor contratado em janeiro do ano passado pelo britânico.

Mark Barfield, diretor da UCI>Harry Gibbings, dono da Typhoon>Istvan Varjas, o mago dos motores

Mark Barfield, diretor da UCI>Harry Gibbings, dono da Typhoon>Istvan Varjas, o mago dos motores

Na mensagem de Gibbings para Varjas é clara a indicação de que a situação pode ficar complicada: “A policia francesa abriu uma investigação… Não dei nenhuma informação sobre os velhos clientes… Ninguém até agora me perguntou os nomes dos engenheiros da Typhoon… Não preciso te dizer que esta é um grande e sério problema”; pouco tempo depois Varjas desaparece da caravana do Tour e do radar da polícia que o investigava.

Estes detalhes apresentados, são a segunda parte das investigações  que os franceses da France Télévision, do programa  Stade2 em colaboração com o jornal italiano Corriere della Sera tornaram público há quase dois meses quando a entidade máxima do ciclismo alardeava toda a sua tecnologia para o controle do doping tecnológico no pelotão profissional.  O segundo programa revelou que por trás dos caros e badalados controles há muita coisa estranha como o conflito de interesses entre diretores e o vazamento de informações confidenciais. As mensagens foram reveladas pelo programa e tornaram-se publicas, a UCI em nota oficial divulgada um dia após a emissão do programa e publicação da matéria emitiu nota oficial dizendo que consultou vários especialistas para o desenvolvimento de um método eficaz para a detecção de fraudes tecnológicas, entre elas pessoas entrevistadas pelo Stade2 e Corriere della Sera. Ainda segundo a UCI, a entidade tem plena confiança em seu pessoal empregado nesta área e por isso irá  investigar se houve vazamento mensagens  em 2015 para um consultor externo e se estes e-mails foram repassados a terceiros. Mera formalidade oficial, enquanto o presidente da entidade Brian Cookson, segundo a imprensa internacional encontra-se, oficialmente, de férias.

E-mail oficial dando alerta sobre as investigações da polícia francesa

E-mail oficial dando alerta sobre as investigações da polícia francesa

Durante o Critérium du Dauphine, na última quinta-feira (9/06) o diretor técnico da UCI – Barfield,  sem muita explicação tratou Gibbings como um “colaborador com quem trocávamos informações para combater o fenômeno”,  já seu compatriota Harry Gibbings conversou com jornalista Marco Bonarrigo, no luxuoso Hotel Columbus, em Mônaco, aonde reside e declarou que ele “fabrica bicicletas a motor somente para amadores abastados, que não comercializa as bicicletas com profissionais e de que auxilia a UCI de forma gratuita por puro amor ao esporte”. Mas segundo a matéria, a Typhoon aparentemente não tem uma sede física e o currículo do seu proprietário não justifica o cargo de consultor de uma entidade como a UCI.

Em meio às notícias, ao que parece,  as bicicletas envenenadas não tem fim e sua utilização é crescente  no pelotão, pois  corre a informação de que houve uma grande aquisição por parte de uma grande equipe: 17 motores de uma nova geração de pedalada assistida que não seriam detectados pelos equipamentos usados pela entidade que cuida do esporte.

Os tablets para detecção, carregados com um software personalizado que mede a resistência magnética  foram apresentados à imprensa por Barfield, na sede da UCI, na Suíça, no último mês de maio e para a demonstração foram utilizadas algumas bicicletas de seu amigo Gibbings, da Typhoon.

Assista o programa Stade2 da France Télévision:

 

 

 

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