Uma nova geração de velocistas começa a fazer história no velódromo dos Jogos Pan Americanos de Lima 2019. Com 20 anos, Nicholas Paul e Kevin Quintero superam adversários mais experientes. Na Perseguição Individual, o afinado quarteto estadunidense não deu margem aos adversários e confirmou o favoritismo, assim como fez Jennifer Valente na Omnium
Ao longo da história dos Jogos Pan Americanos foram raras as oportunidades em que ciclistas de dois países disputaram a final da prova de velocidade masculina, até antes de Lima 2019 foram apenas 4 confrontos: em Buenos Aires/1951 os argentinos Jiménez e Martínez, em Caracas 1983 os estadunidenses Vails e Barczerwski; em Indianápolis 1987 os estadunidenses Carpenter e Gorski e em Winninpeg 1999 Nothstein e Arrue. Agora no Peru foi a vez de Trinidad Tobago, o terceiro pais a colocar seus velocistas em um confronto final, o quinto da história, agora com Nicholas Paul e Njisane Phillips.
A pequena ilha do caribe que sempre teve um forte envolvimento com o ciclismo de pista, mas que só em 2015 ganhou seu velódromo coberto e com piso de madeira começa a revelar seus novos talentos. Nicholas Paul faz parte dessa nova geração e nestes jogos Pan Americanos ele já havia estabelecido um novo recorde continental ao marcar 9s808 na fase classificatória dos 200m. Na final contra seu compatriota, Njisane Phillip, 8 anos mais velho e participando pela terceira vez dos jogos, se impôs e venceu com determinação os dois matches.
“Sabia que seria complicado e que tinha que estar sempre à frente do Njisane, tratei de tomar a maior distância possível e não ficar sem forças, meu companheiro é um verdadeiro vencedor”, destacou o medalha de ouro e que comentou o que é enfrentar um companheiro de seleção: “É uma vantagem e uma desvantagem ao mesmo tempo. Ambos conhecemos nossas forças e nossas debilidades”.
O medalha de prata, Njisane Phillip que detinha o anterior recorde Pan Americano dos 200m de 9s977, estabelecido em Guadalajara 2011, e que é ídolo da ilha destacou o trabalho que vem sendo realizado em seu país: “Não sou uma grande estrela, mas estou orgulhoso de formar parte dessa equipe e assim sou eu. Ser capaz de realizar o que fizemos aqui hoje é resultado do trabalho duro de nossa equipe nos bastidores. Não pensamos em realizações individuais, pensamos na equipe. Eu costumava ficar sozinho, mas agora estamos mais preparados para o futuro. Esperamos ganhar mais medalhas e saber que isso não é apenas uma conquista pessoal. Continuaremos trabalhando para que nos próximos jogos Pan-Americanos, Trinidad e Tobago ganhem na Onmium, no Keirin e coloque uma equipe da Perseguição. O céu é o limite”, comentou empolgado.
Sobre o duelo com seu compatriota, Njisane disse: “O fato de poder vir e competir contra alguém da mesma equipe na final é uma grande experiência. E poder levar duas medalhas para casa é muito bom. Estou feliz por tudo e pela equipe. Ser de uma pequena ilha e poder vir aqui competir com o resto do muno é incrível”, destacou o ciclista, que destacou o esforço do último match quando tentou superar seu companheiro mas ficou sem forças: “Aquilo foi o último que tinha de gás. Eu só queria chegar ao final, não dava para muito mais”.
A medalha e bronze ficou com o colombiano Kevin Quintero que superou os dois confrontos com o venezuelano Hersony Canelon. Na primeira bateria a decisão foi no photo finish com uma pequena vantagem para o colombiano, na segunda conseguiu um pouco mais de distância para garantir a medalha. “Foi duro. Ele (Hersony) é um ciclista com muita experiência. Quando saí da Vila pela manhã disse que tinha que ganhar a medalha, não pude lutar pelo ouro, mas fiquei com o bronze”, destacou o jovem ciclista, admirador de seu compatriota Fernando Gaviria, duas vezes campeão mundial da Omnium e que sonha com um título mundial e uma medalha olímpica, o garoto já esteve entre os top10 do ranking da Copa do Muno de Keirin.
Na Perseguição por Equipes o quarteto estadunidense formado por John Croom, Gavin Hoover, Ashton Lambie e Adrian Hegyvary superou com facilidade à equipe colombiana, abrindo a vantagem pouco a pouco até finalizar os 4 mil metros com mais de 4 segundos. Os colombianos que vinham de uma sequência de dois ouros estão com novas peças na equipe. “Sabíamos que seria complicado enfrentar os Estados Unidos. Porém tentamos de tudo para disputar o ouro cara a cara. Agora só nos resta prepararmos e treinar duro”, disse o colombiano.
Comparando o tempo da classificação com o que deu a medalha ao Estados Unidos, o quarteto fez uma evolução de quase três segundos. Sobre a prova Adrian Hegyvary comentou> “Quando tem outra equipe na pista se obtem um pouco de fluxo de ar adicional. Guaramos um pouco para afinal e deu para perceber que no final estávamos um pouco dispersos, Demos tudo o que tínhamos. Queríamos chegar a menos de quatro (minutos), mas ao final do dia só queríamos ganhar”. O outro integrante da equipe, John Croom destacou a temperatura como um dos inconvenientes para não baixar ainda mais o tempo: “Conservamos um pouco de energia depois da manhã e fomos mais rápido do que pensávamos. Porém é uma pista bastante fria, se não fosse assim seria um pouco mais rápida. Conquistamos o que queríamos. Agora nos resta manter a supremacia”, destacou o medalha de ouro.
Na disputa pelo bronze os chilenos superaram os mexicanos, fazendo uma segunda metade da prova muito consistente para finalizar com mais de 7 segundos de vantagem. Integrante do quarteto conquistou a terceira posição, Antonio Cabrera declarou: “Fizemos uma grande corrida. O ideal seria ter feito um bom tempo pela manhã para lutar pelo ouro, mesmo assim estamos contentes. O nível está muito bom, em muita gente jovem e isso exige uma maior preparação. Temos taleno para trabalhar e levantar o ciclismo chileno”.
Na disputa o Omnium, a estadunidense Jennifer Valente, medalhista na Rio2016 com a perseguição por equipes e bronze no omnium do último mundial disputado em Pruzków, na Polônia entrou na disputa como favorita. Na pista, Jennifer confirmou as previsões ao vencer 3 das 4 provas que formam a Omnium – ela ganhou a tempo race, a eliminação e a prova por pontos.
As principais adversárias da medalhista de ouro foram a mexicana Lizbeth Salzar e a colombiana Lina Hernanez e a cubana Arlenis Sierra que na prova por pontos foi a segunda melhor pontuadora, se colocou em outras 2 fugas o que lhe garantiu ao final a medalha de bronze. O Brasil foi representando por Wellyda Rodrigues que encerrou a Omnium na 10ª posição
Jennifer destacou que o Pan colocou lado a lado ciclistas que estarão classificação para as olimpíadas, “O resultado era o que esperada. Além disso é genial ir daqui a um mês para as classificatórias dos Jogos de Tóquio que começam no próximo mês, e basicamente com a maioria dessas ciclistas. É muito bom competir e dar ritmo as pernas com adversárias que vamos nos enfrentar mais adiante. Ir a Tóquio é meu maior objetivo, independentemente de estar ou não no pódio. Classificar é o primeiro passo”.
A mexicana Lizbeth Salazar destacou a evolução que teve de sua participação de uma edição a outra dos Jogos , “Quatro anos atrás participei dos meus primeiros Jogos Pan-Americanos quando fiquei em 5º, agora fui 2 º assim estou muito contente. Levo três anos ficando entre as 3 melhores da América”, e ainda destacou as dificuldades da Omnium: “A prova por pontos foi a mais difícil. Faltaram pernas. Tinha muita dor pois na eliminação tive um problema mecânico, mas ali não senti nada, nas nesta como é mais longa foi a mais difícil, eu tentei tudo”.
A medalha de bronze ficou com a cubana Arlenis Sierra que não começou bem e cresceu na disputa da prova por pontos. “Fui uma competição bem forte. Não fui bem nos primeiros eventos. Estou contente com a medalha porque pensei que não tinha mais chances e nada. Estou contente com o resultado”, falou a cubana.
.
JOGOS PAN AMERICANOS
Velódromo Villa Deportiva Nacional – San Luis
Perseguição por Equipes Masculina – 4×400
1- Estados Unidos – Adrian Hegyvary, Gavin Hoover, Gavin Croom, Ashton Lambie – 4m00s772 – vel. média 59.807 km/h
2- Colômbia – Marvin Angarita, Jordan Parra, Brayan Sanchez, Juan Arango +4s326
3- Chile – Antonio Cabrera, José Luis Rodríguez, Felipe Peñaloza, Pablo Seisdedos – 4m03s970
4- México – Ignacio Prado, Ignacio Sarabia, José Aguirre, Edibaldo Maldonado +7s664
Velocidade masculina – 200m
1- Nicholas Paul – Trinidad Tobago – 10s645 – vel. média 67.637 km/h / 10s936 – vel média 65.837 km/h
2- Njisane Phillip – Trinidad Tobago
3- Kevin Quintero – Colômbia – 10s466 – vel média 68.794 / 10s556 – vel. média 68.207 km/h
4- Hersony Canelon
Omnium Feminina
Scratch – 30 voltas – 7,5 km
1- Aranza Villalón/Chile; 2- Maribel Aguirre/Argentina; 3- Jennifer Valente/Estados Unidos; 7- Wellyda Rodrigues/Brasil
Tempo Race – 30 voltas, 7,5 km – com 26 sprints
1- Jennifer Valente/Estados Unidos; 2- Lizbeth Salazar/México; 3- Lina Hernandez/Colômbia; 13 – Wellyda Rodrigues
Eliminação
1- 1- Jennifer Valente/Estados Unidos; 2- Lizbeth Salazar/México; 3- Lina Hernandez/Colômbia; 7- Wellyda Rodrigues/Brasil
Prova Por Pontos – 80 km – 20 voltas – com 8 sprints
1- Jennifer Valente/Estados Unidos – 82 ; 2- Arlenis Sierra/Cuba – 56; 3- Lizbeth Salazar/México – 56; 8- Wellyda Rodrigues/Brasil -2
OMNIUM FINAL – após 4 eventos
1- Jennifer Valente – Estados Unidos – 198 pontos
2- Lizbeth Salazar – México – 162 pontos
3- Arlenis Sierra – Cuba – 140 pontos
10 – Wellyda Rodrigues – Brasil – 74 pontos