LIMA 2019: NO VELÓDROMO ESTADOS UNIDOS LIDERAM O QUADRO DE MEDALHAS

O domingo (04/08) foi o último dia de corridas por medalhas no velódromo dos Jogos Pan Americanos de Lima 2019. O dia foi marcado pelo retorno das disputas da Madison ao programa pan-americano. No quadro de medalhas o primeiro lugar ficou com os Estados Unidos com 5 ouros, seguidos pela Colômbia com 2 ouros e pelo surpreendente desempenho de Trinidad Tobago com 2 ouros, o Brasil saiu com 1 bronze

Kimberly Geist e Christina Birch dos Estados Unidos, na prova de Madison; atrás, de capacete rosa a brasileira Daniela Lionço – foto: Miguel Bellido / Lima 2019

O último dia de disputas das provas de ciclismo de pista foi marcado pelo retorno ao programa pan-americano (e também ao olímpico nos jogos de Tóquio) das corridas de Madison, onde duplas de ciclistas disputas pontos em sprints intermediários. No feminino, conforme era esperado o domínio ficou por conta das ciclistas norte-americanas que tomaram as três posições do pódio com os Estados Unidos, Canadá e México.

A mexicana Jessica Bonilla caiu e levou junto a estaduniedense Kim Geist
foto: Miguel Bellido / Lima 2019

A dupla estadunidense, formada por Kim Geist e Christina Birch teve um desempenho impressionante, pois apesar de sofrer com a queda de Kim que se chocou com a mexicana Jessica Bonilla na volta 50, as duas conseguiram retornar e retomar o ritmo da disputa.

Sobre o acidente, Kim comentou: “Só queria estar certa de que Christina continuasse na prova e estivesse confortável. Tive um tempo para respirar e poder reintegrar-me ao grupo, tomar concnetrarção e reorganizar tudo novamente”.

Adrian Hegyvary e Felipe Peñaloza sendo seguidos pelo mexicano na prova de Madison
foto: Gustavo Garello/Getty Images

Por outro lado, Christina destacou a importância de ao se correr a Madison pensando como uma equipe. “Nós corremos a partir de uma perspectiva de equipe. Isto é o que devo fazer em minha posição? Como posso ajudar a minha companheira?”, para a ciclista não deve ter sido fácil ao ver sua companheira caindo à sua frente, “Estava atrás, tive que desviar de maneira limpa e me concentrar na corrida, estar atenta, avaliar o que estava acontecendo e ter certeza de que a Kim poderia levantar, eu procurei uma posição confortável (ndr.: no pelotão) para que ela pudesse respirar e continuar com nosso plano de corrida”.

Durante a corrida, as canadenses e as mexicanas foram as principais adversárias, dividindo a pista nos sprints intermediários com isso a decisão ficou aberta para o sprint da última volta que conta pontos em dobro. A dupla estadunidense fez um trabalho milimétrico com Kim Geist antecipando-se às demais competidoras para lançar sua companheira Christina Bich para o sprint final, para conquistar a vitória somando 46 pontos, deixando as mexicanas  e canadenses empatadas com 35 pontos, mas como na última volta as  canadenses cruzaram na 2ª posição, estas ficaram com a medalha de prata.  A dupla brasileira formada por Daniela Lionço e Wellyda Rodrigues terminou na 5ª posição com 11 pontos, 3 atrás das colombianas Lina Rojas e Janine Salcedo.

Adrian Hegyvary e Gavin Hoover conquistaram a medalha de prata na Madison
foto: Gustavo Garello/Getty Images

A prova masculina foi ainda mais tensa com as duplas dos Estados Unidos, México, Colômbia e Chile disputando sprints  ‘guidão a guidão’ e buscando colocar voltas sobre os demais adversários. Os argentinos tentaram entrar na nesse combate, mas faltou força, em uma prova que o país tinha uma grande tradição com os irmãos Curuchet e com a dupla Walter Perez e Juan Curuchet que ganhou o ouro no Pan do Rio em 2007 e em Pequim 2008, o último ano em que a prova foi disputada no programa olímpico. Ao todo 11 duplas entraram na pista.

Os chilenos que ganharam seu velódromo coberto em 2014, enfrentam problemas com sua federação que foi desfiliada do Comitê Olímpico Chileno e que sofrem com os casos de doping por EPO de Constanza Paredes e outro por testosterona de Andrés Silva, os dois foram cortados. Além disso a Antonio Cabrera e Felipe Peñaloza estão envolvidos em um intrigante caso ao desembarcar no aeroporto de Medellin para fazer o final de sua preparação foi encontrado em suas malas uma grande quantidade de clonazepam (em xarope, solução oral e comprimidos, testosterona e algumas ampolas com um liquido transparente que não foi verificado pelas autoridades colombianas. Apesar a acusação da policia colombiana o Comitê Olimpíco Chileno deu apoio aos ciclistas que negaram as acusações e buscaram defesa jurídica. Entre o mal estar da notícia e uma quase depressão os chilenos tiveram um desempenho surpreendente conquistando a medalha de ouro, mesmo com Antonio Cabrera caindo no início da prova,  conseguiram pontuar em todos os sprints intermediários e ainda conseguiram colocar uma volta no pelotão. A dupla estadunidense pontuou em 13 sprints, mas fez diferença a pontuação em dobro quando conseguira, em duas oportunidades, dar volta no pelotão. Os chilenos  Cabrera e Felipe Peñaloza já tinham conquistado o bronze na perseguição por equipes, e Felipe também repetiu o feito na Omnium.

Antonio Cabrera comemora a medalha de ouro na Madison – foto: Miguel Bellido / Lima 2019

O medalha de ouro, Felipe Peñaloza comentou o momento que atravessa o ciclismo de seu país e a conquista em Lima: “Custou muito porque o ciclismo chileno não está unido. Não temos corridas, só as do calendário nacional. Tivemos que fazer a preperação na Colômbia, ali encotramos corridas . Lamentavelmente muita juventude esta se perdendo por essa situação”. O ciclista sonhava com essa medalha desde os 14 anos, quando começou no esporte e apostava que estaria no pódio da omnium no pódio de Lima: “Antes dos Jogos eu tinha claro que a Madison era meu principal objetivo. Nunca imaginei ganhar três medalhas, mas tudo é graças ao trabalho em equipe”.

A dupla estadunidense estava formada pelos medalhistas de ouro na perseguição por equipes Gavin Hoover e  Adrian Hegyvary e que vem trabalhando para buscar a classificação para os Jogos de Tóquio. Na terceira posição ficaram os colombianos Brayan Sanchez e JuanArango.

Marie Mitchell e Martha Bayona lado a lado na final da velocidade
foto: Guillermo Arias/Lima 2019

A velocidade feminina levou à final as duas ciclistas que fizeram os melhores tempos na fase classificatória; a canadense Marie Mitchell e a colombiana Martha Bayona. As duas foram crescendo ao longo das fases, passando pelas oitavas de final , quartas de final e semi-final.

A canadense Marie Mitchel venceu as duas baterias no mano a mano com a colombiana. No primeiro confronto antecipou a ação da adversária e venceu com facilidade. No segundo encontro, Bayona ainda tentou surpreender a adversária, mas a canadense se posicionou melhor na pista e conseguiu arrancar para garantir as duas vitórias necessárias para ficar com o ouro.”Martha é muito forte estrategicamente, também tem um bom sprint, sabia que deveria aumentar o ritmo para tirar essa possibilidade (ndr.: de antecipar a arrancadas) e manter meu ritmo firme até o final”, comentou a medalha de ouro.

Jessica Salazar e Daniela Gaxiola disputam o bronze na velocidade –
foto:Guillermo Arias/Lima 2019

Pela disputa do bronze, os confrontos foram entre as mexicanas Daniela Gaxiola e Jessica Salazar. Daniela foi a mais veloz nas duas baterias, ficando com a terceira posição.

No Keirin, o colombiano Kevin Quintero começou a sinalizar seu favoritismo ao vencer a primeira série classificatória, onde o brasileiro Kácio Freitas ficou com a 3ª posição, sendo obrigado a tentar a repescagem para avançar na competição. Na outra chave classificatória o trinitário Kwesi Browne e o venezuelano Hersony Canelon passaram para a final .

Na repescagem que garantiria outros dois ciclistas na final , Kácio não conseguiu avançar ao repetir mais uma vez o 3º lugar, com isso entrou na bateria que disputaria a melhor colocação entre o 7º e 10º lugar, nessa disputa terminou em em 8º

Browne e Quinteeros buscam espaço na pista na final do Keirin
foto: Guillermo Arias/Lima 2019

A final do Keirin foi marcada por confrontos em busca da primeira posição desde o momento que a moto (stayer) deixou a pista livre para os ciclistas. Na segunda volta o Kwesi Browne, de Trinidad Tobago, arrancou e tomou a ponta do pelotão, o colombiano contra-atacou e com muito domínio da bicicleta “achou” espaço para ultrapassar, tomar a dianteira e aumentar o ritmo das pedaladas antecipando o sprint para garantir o ouro, deixando para trás o venezuelano Hersony Canelon e o argentino Hernan Botasso.

Para Quintero foi a terceira medalha, a primeira de ouro nestes Jogos Pan Americanos, além do primeiro lugar na Keirin, o colombiano foi bronze na velocidade 200m e prata na velocidade por equipes.

Santiago Quintero arrancou com força para superar a Hersony Canelon e Leandro Bottasso e conquistar o ouro Kerin- foto: Guillermo Arias/Lima 2019

No quadro de medalhas os Estados Unidos com 5 medalhas de ouro e 1 de prata ficaram na primeira posição. A Colômbia, na segunda posição foi a grande colecionadora de medalhas, com 9, sendo 2 de ouro, 3 de prata e 4 de bronze. As grandes surpresas foram Trinidad Tobago que deu um salto de 1 medalha de prata na velocidade em Toronto para 3 medalhas em Lima, sendo 2 ouros e 1 prata e o Chile que não ganhou nada em Toronto e em Lima 2019 obteve 1 ouro e 2 medalhas de bronze. O Canadá foi uma das seleções que pedalou para atrás, se em casa conquistou 6 ouros, 2 pratas e 2 bronzes, em Lima teve de se contentar com 4 medalhas conquistadas pelas  mulheres, 1 de ouro e 3 de prata. . Cuba também perdeu sua força, caindo de 3 medalhas (1 prata e 2 bronzes) para 2 medalhas (1 prata e 1 bronze). O Brasil, ao ser comparado com a edição anterior, também perdeu terreno,    em Toronto foram 2 medalhas de bronze – uma com a velocidade por equipes e 1 com Gideoni Monteiro na Omnium, agora foi apenas 1 na velocidade por equipes e no quadro de medalhas empatamos com os argentinos que também voltam para casa com 1 bronze.

JOGOS PAN AMERICANOS

Velódromo Villa Deportiva Nacional – San Luis

Madison Feminina – 120 voltas – 30 km com 12 sprints

Tempo de prova: 39m02s – vel. média: 46.114 km/h

1- Estados Unidos – Kimberly Geist, ChristinaBirch – 46 pontos

2- Canadá – Miriam Brouwer, Maggie Coles-Lyster – 35 pontos

3- México – Lizbeth Salazar, Jessica Bonilla – 35 pontos

5- Brasil – Daniela Lionço, Wellyda dos Santos – 11 pontos

Madion Masculina – 200 voltas – 50 km com 20 sprints

Tempo de prova: 56m08s – vel. média: 53.444 km/h

1- Chile – Antonio Cabrera, Felipe Peñaloza – 88 pontos

2- Estados Unidos – Gavin Hoover, Adrian Hegyvary – 85 pontos

3- Colômbia – Juan Arango, Brayan Sanchez – 61 pontos

Ciclistas se preparam para largar a Madison – foto: Guillermo Arias/Lima 2019

Velocidade Feminina – 200m

1- Kelsey Mitchell – Canadá – 11s415 – vel. média: 63.074 km/h / 11s449 – vel. média: 62.887 km/h

2- Martha Bayona – Colômbia

3- Daniela Gaxiola – México – 11s413 – vel. média: 63.085 km/h / 11s646 – vel. média: 61.823 km/h

4- Jessica Salazar – México

Keirin Masculino – 6 voltas, apenas os 200m finais são cronometrados

1- Kevin Quintero – Colômbia – 10s521 – vel. média: 68.434 km/h

2- Hersony Canelon – Venezuela

3- Leandro Botasso – Argentina

8- Kácio Freitas – Brasil

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