LES GETS MUNDIAL XCO: SCHURTER E PREVOT MÁXIMOS CAMPEÕES EM MAIS UMA PÁGINA DA HISTÓRIA DO MTB

Determinação, técnica, dedicação. Difícil dar adjetivos para os dois novos campeões mundiais de mountain bike XCO. A francesa Pauline Ferrand-Prévot é uma supercampeã com títulos no ciclismo de estrada, ciclocross e agora com 4 no XCO. O suíço Nino Schurter é um recordista, foi o mais jovem a vencer e também o mais velho a vestir a camisa arco-íris, são 10 mundiais em sua vasta carreira. Em Les Gets mais uma vez deram uma aula de como vencer um mundial

Pauline Ferrand-Prévot vence com folga e comemora com a bandeira francesa – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Contet Pool

Um show, Pauline Ferrand-Prévot termina o Mundial de MTB como a primeira pessoa a vencer no mesmo ano o Campeonato de XCC – short track e o de XCO – cross country, dois títulos conquistados com uma superioridade e um domínio impressionantes.

Para a construção dessas duas medalhas de ouro, Pauline abriu mão das disputas da fase norte-americana da Copa do Mundo e não correu em Snowshoe e Mont Sainte-Anne, optando por fazer uma preparação específica para o mundial na altitude de Font-Romeu, nos Pirineus Orientais, na França., com um objetivo bem claro: vencer o mundial diante da torcida francesa. A na prova de Les Gest, em um circuito duro, com muita subida optou por correr com uma bicicleta sem suspensão traseira, uma hardtail.

Largada feminina, suíças buscam tomar a dianteira – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Contet Pool

A prova começou com as suíças Alessandra Keller, Jolanda Neff e Sina Frei tentando tomar a dianteira e controlar a prova em bloco, seguidas pela australiana Rebecca MacConnell , mas as francesas também tinha sua estratégia atacaram com   Lena Gerault levando em sua roda a Loana Lecomte, antes do fim do longo subidão aparecia Pauline Ferrand-Prévot buscando a dianteira e pedalando lado a lado de sua compatriota Loana Lecomte.

Pauline atacou na primeira volta

Ainda na longa subida Pauline dispensava Lecomte e iniciava sua corrida particular em busca de seu quarto título mundial de XCO. Laoana até tentou seguir a companheira, mas o ritmo tão intenso a fez perder posições, sendo superada por Haley Batten, Jolanda Neff e por Lena Gerault.    A suíça Neff tentou encurtar a distância sendo acompanhada por Lecomte, mas a resposta veio em outro trecho de subida, Pauline ficou de pé nos pedais e aumentou o ritmo na subida, ao final da primeira volta a vantagem já era superior a 20 segundos, e o ritmo imposto começava a espalhar a ciclistas pelo circuito.

Jolanda Neff, vice-campeã mundial – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Contet Pool

Pauline parecia que estava numa prova de contrarrelógio e seu ritmo só aumentava volta após volta e isso minava a cabeça das demais competidoras que não viam mais a  líder. Entre as perseguidoras a disputa estava entre Haley Batten, Jolanda Neff, Loana Lecomte e Alessandra Keller. Na terceira das seis voltas, Pauline já tinha 1m30 de vantagem e não dava sinais de cansaço.

Neff também se distanciou para garantir o 2º lugar

Na quarta volta a prova , Neff que rodava no fundo desse grupo de perseguidoras, atacou, passou por Lecomte, pouco depois superou a sua compatriota Keller a estadunidense Batten  e assumindo a segunda posição, lugar que não deixou até o final da prova e seguindo a cartilha da líder, impôs seu próprio ritmo para se distanciar das demais competidoras.

O ritmo da líder ia retirando competidoras da prova, até o final da corrida Pauline ‘limou’ 38 ciclistas, isto porque a UCI tem o critério do 80%  (mais lento que o líder) para evitar que os ponteiros sejam atrapalhados por ciclistas mais lentos. 

Haley Batten – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Contet Pool

Ao final da prova as diferenças eram grandes entre as competidoras, Pauline confirmou a vitória completando as 6 voltas em 1h22m08s, Jolanda Neff, a campeã olímpica que tentou no início da prova combater os ataques da francesa chegou a 1m35s, Haley Batten a 2m13s, Loana Lecomte que muitos acreditavam que duelaria com Prevot como fez quando venceu campeonato europeu deste ano, terminou a 3m27.

Pauline conquistou seu quarto campeonato mundial de Cross Country ( Vallnord’2015, Mont Sainte-Anne’2019, Leogang’2020, Les Gets’2022) e com isso se iguala a norueguesa Gunn-Rita Dahle Flesja (campeã em 2002/04/05/06), mas é a primeira a conseguir, no mesmo ano, as camisas arco-íris no circuito curto e no cross-country olímpico.

Pressão da torcida era uma preocupação de Pauline – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Contet Pool

“Impus meu ritmo desde o início para não me sujeitar ao ritmo dos outros. Começando na 3ª linha (ndr.: no grid de largada)  , tentei subir. Foi bem rápido também. Fiz tudo desde o início e depois tentei administrar o resto me concentrando novamente em mim. Não é fácil encontrar o seu ritmo com o público que te pressiona muito. […] Fiquei super feliz por vencer na sexta-feira, mas o que eu queria acima de tudo era o título hoje”, comentou a tetracampeã.

Avancini atacou na largada – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Contet Pool

Com muitos favoritos na disputa, a prova masculina começava com o brasileiro Henrique Avancini tomando a dianteira e buscando acelerar o ritmo na reta que levava a longa subida e que servia para esticar o grupo. Ao lado do brasileiro se posicionaram o romeno Vlad Dascalu e o francês Titouan Carod e colado nos três Nino Schurter que com 800 metros de prova, já atacava e buscava tomando a dianteira e assumindo o controle no trecho mais técnico em meio ao bosque com muitas árvores e raízes.

Pidcock saiu de trás

A prova masculina começou com muita gente apostando em uma vitória do britânico Thomas Pidcock, o jovem que ao longo da temporada disputa provas de mountain bike e ciclismo no pelotão  World Tour junto à sua equipe Ineos-Grenadiers;  foi campeão olímpico em Tóquio e neste ano conquistou o título europeu, mas essa intermodalidade o leva a abrir mão do calendário de mountain bike, com isso neste ano só disputou 2 etapas da Copa do Mundo – Albstad e Nove Mesto e isso traz um certo problema na hora de largar num mundial,  o ranking é levado em conta e como ele ocupa a 53ª posição largando no meio do pelotão, no meio da primeira volta ele estava a mais de 30 segundos dos ponteiros, mas se posicionava em 25º e mantinha um ritmo elevado indo à caça das primeira posições.

Pidcock largou atrás, chegou a ponta, mas pagou pelo esforço e ficou sem forças foto: Bartek Wolinski/Red Bull Contet Pool

Na segunda volta um grupo se forma à frente com  Schurter, Sarrou, o suíço Colombo, o neozelandês Sam Gaze, vencedor do XCC neste mundial; o italiano Braidot e o espanhol David Valero que vem crescendo nas últimas etapas da Copda do Mundo. Atrás, Pidcock vinha encurtando a diferença e rodava na 14ª posição a 20 segundos, ao mesmo tempo que Avancini cedia terreno na 21ª posição.

Uma volta depois, Pidckok já estava dando combate aos ponteiros, rodando no fundo de um grupo de seis ciclistas liderado por Nino Schurter.  O britânico queria a ponta e atacou o grupo, assumindo a ponta, difícil saber se a ação de Pidcock tirou a concentração de Schurter, mas no mesmo instante o suíço caia em uma curva.

Schurter se levantou e conseguiu rapidamente reconectar com o grupo onde estavam Pidcock, Valero, Braidot e Sarrou, em um claro sinal de que se encontrava muito bem fisicamente e com um objetivo claro, o pódio.

Luca Braidot ficou em 3º – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Contet Pool

Pouco antes do final da terceira volta foi a vez do espanhol Valero testar o grupo, atacou com força e assumiu o comando da prova. O movimento do espanhol serviu para revelar o cansaço de Pidcock que perdeu a roda do grupo que naquele momento era formado por Valero, Schurter e Braidot. Na quinta volta, poucas mudanças, o trio se mantinha à frente, sendo perseguido a uma curta distancia por Picock que não conseguia se recuperar.

Mano a Mano – Schurter x Valero

Schurter resolveu testar Valero e Braidot e atacou na penúltima volta, o espanhol resistiu com valentia, enquanto o italiano perdia a roda dos dois e o britânico Pidcock  perdia ainda mais tempo em um claro sinal de que as energias estavam esgotadas e isso ficou ainda mais claro quando chegou no trecho do bosque e mal conseguiu contornar as arvores, ficou enroscado entre troncos e raízes, caiu, teve um problema mecânico, e perdendo ainda mais tempo dando adeus ao pódio.

Nino Schurter – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Contet Pool

Na última volta, Nino usou toda sua técnica, se antecipou e se firmou na ponta antes do trecho de descida mais técnica, em meio a raízes, sempre posicionando bem a bicicleta nos trechos mais complicados, e não deixando espaço para um ataque de Valero que não se entregou lutando até os últimos metros tentando alcançar Nino.

Schurter levou mais um mundial, o 10º de sua carreira (Camberra’2009, Leogang-Saafelden’2012, Pietermaritzburg’2013, Vallnord’2015, Nové-Mesto’2016, Cairns’2017, Lenzerheide’2018, Mont Sainte-Anne’2019, Val di Sole’2021, Les Gets’2022).Motivação não falta a este suíço de 36 anos, no próximo final de semana ele está em busca de mais um recorde a 34ª vitória na Copa do Mundo.  

David Valero à fente de Nino Schurter – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Contet Pool

 “Este 10º título é irreal. Acho que tive uma corrida perfeita desde o início: colocando pressão, conseguindo criar uma lacuna para não ser pego, empurrando os outros pilotos para o erro. Em uma corrida de mountain bike você tem que se arriscar quando chegar e foi o que eu fiz. (…) Seria incrível ganhar a classificação geral da Copa do Mundo, mas o título de Campeão do Mundo é outra coisa. E para os Jogos de 2024… “ , deixando no ar se vai manter-se em atividade e competitivo por mais 2 anos.

Henrique Avancini  completou a prova na 35ª posição a 6m16s de Schurter, Ulan Galinski foi 61º em uma prova onde apenas 64 ciclistas de 108 que largaram completaram a prova na mesma volta do líder.

N1NO 10 vezes campeão mundial – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Contet Pool

CAMPEONATO MUNDIAL DE MOUNTAIN BIKE XCO – CROSS COUNTRY

Les Gets – França – 28/-8/2022

XCO Feminino – 6 voltas – distância: 20.58 km –  78 competidoras de 32 países

1- Pauline Ferrand-Prévot – França – 1h22m08s – vel. média 15.034 Km/h

2- Jolanda Neff – Suíça +1m35s

3- Haley Batten – Estados Unidos +2m13s

4- Loana Lecomte – França +3m27s

5- Alessandra Keller – Suíça +3m46s

48- Hercilia Najara – Brasil  -2voltas

50- Karen Olimpio – Brasil  -2voltas

53- Raiza Goulão – Brasil  -2voltas

56- Aline Simôes – Brasil  -2voltas

XCO Masculino – 7 voltas – distância 24.01 km – 99 competidores de 35 países

1- Nino Schurter – Suíça – 1h21m13s – vel. média 17.738 Km/h

2- David Valero – Espanha +9s

3- Luca Braidot – Itália +29s

4- Thomas Pidcock – Grã Bretanha +1m29s

5- Marcel Guerrini – Suíça +1m40s

35- Henrique Avancini – Brasil +6m16s

61- Ulan Galinsk0 – Brasil +10m01s

70- Guilherme Muller – Brasil  -1 volta

76- Luiz Henrique Cocuzzi – Brasil  -2voltas

82- Nicolas Machado – Brasil   -3voltas

90- Olsen Wolfgang – Brasil  -4voltas DNF – José Gabriel – abandonou na 2º volta

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.