GREG LEMOND ESTÁ DE VOLTA COM E-BIKES

Um dos mais respeitados e legendários ciclistas da história, o estadunidense Greg LeMond,  retorna ao mercado de bicicletas. Essa volta não é com uma estradeira como muitos esperavam. De olho nos mercados e na mobilidade, o tricampeão do Tour de France faz seu  retorno com a Dutch e a Daily  e-bikes de uso estritamente urbano, de desenho limpo, quase  minimalista, construídas em carbono e com peso de 12,3 kg

LeMond Dutch vem equipada com motor traseiro Mahle

Logo após a conquista do seu terceiro Tour de France em 1990 , Greg LeMond deu início à sua história como empreendedor ao lançar a LeMond Bicycles, o objetivo era desenvolver suas próprias bicicletas e também oferece-las a público em geral. Inovador, como quando utilizou o guidão de triathlon (tipo clip) para vencer o Tour de France de 89 sempre buscou novas tecnologia , assim em 1991 fez uma parceria com a Carbonframes para a produção de quadros em fibra de carbono, um novo material que começava a ganhar espaço na construção de quadros de bicicletas de estrada.

Porém os negócios não aconteceram como esperado, com problemas de gestão e de fluxo de caixa o acordo foi encerrado amigavelmente dois anos depois. A tábua de salvação para a empresa de bicicletas que estava praticamente falida chegou com o licenciamento para que a Trek Bicycle Corpoartion passasse a produzir e distribuir as bicicletas fabricadas em Wisconsin com a marca LeMond Bicycles, a parceria durou cerca de 13 anos e gerou bons lucros para os dois lados, porém o relacionamento se deteriorou quando o ex-ciclista passou a adotar uma rígida posição antidoping tendo como alvo o principal garoto propaganda da Trek: Lance Armstrong.

LeMond Daily

Defender um ciclismo limpo e atacar o então queridinho da América teve um preço alto, e em 2008 a Trek parou de produzir seus produtos que se transformaram em processo que só seria concluído em 2010 com LeMond reassumindo o controle de sua própria marca.

A ruptura com a Trek levou LeMond a pesquisar o desenvolvimento da tecnologia da fibra de carbono ao mesmo tempo, em 2013 antecipou o lançamento de uma edição limitada de bicicletas produzidas pela Time. A empresa francesa já vinha carregada de dívidas e o projeto não evoluiu e isso levou  LeMond a se aproximar de Steve Hed, proprietário da Hed Cycling reconhecida por seu trabalho com rodas em fibra de carbono; surgindo mais uma parceria para o desenvolvimento de bicicletas, a morte prematura de Hed em novembro de 2014 levou à interrupção do projeto.

A perda de Hed, mexeu com LeMond e o levou a um novo caminho, a abertura de sua própria fábrica de bicicletas. Em suas convicções e depois de tantas idas e vindas com a sua marca Greg  tinha claro precisava ter o controle de todo o processo, sem interferência de produtores ou fabricantes de quadros.

Na busca por novidades chegou ao Oak Ridge National Laboratory, no Tennesse onde um grupo de pesquisadores estava desenvolvendo um novo processo para produzir a fibra de carbono de forma mais rápida e com custos mais baixos do que com a tecnologia existente. Segundo LeMond o processo é quatro vezes mais rápido, e isso o levou a investir e fundar a LeMond Carbon com objetivo de revolucionar o mercado e produzir de tudo, de turbinas eólicas e peças para carros, e claro quadros e todas as peças possíveis para bicicleta.

Essa agitação toda serviu como provocação para o ex-ciclista que resolveu mais uma vez colocar sua bicicleta nas ruas com dois modelos de bicicletas elétricas a pedalada assistida com nomes sugestivos Daily (diária ) e Dutch (holandesa).

A opção por e-bikes pode chocar os fãs, mas LeMond em entrevista recente à Bicycle Retailer declarou-se um fã das e-bikes. “Estamos no negócio dea fibra de carbono e nosso mercado-alvo é o mercado da mobilidade do futuro. As bicicletas são parte de nossa estratégia para encontrar soluções em  fibra de carbono para os nossos clientes”.

“Estou em um estágio diferente da minha carreira e quero ir além das bicicletas de alto desempenho. As E-bikes vão expandir o mercado de forma dramática ”, disse ele. Segundo o novo posicionamento de LeMond, as e–bikes ajudarão a posicionar a LeMond Bicycles mais como uma marca de estilo de vida do que apenas uma marca de bicicletas de estrada voltadas para o alto desempenho.

Apesar de toda a tecnologia e de ter a LeMond Carbon intimamente ligada ao projeto e desenvolvimento das bicicletas a Dutch e a Daily , os quadros ainda não utilizam o carbono com a tecnologia da empresa, sendo produzidos na Ásia. LeMond acredita que em breve poderá passar a utilizar a sua própria fibra de carbono, mas também levando  produção para a  Europa e Estados Unidos, apostando em uma maior proximidade com os centros consumidores e com isso aumentar a demanda.

A diferença dos quadros está no design, a Daily tem uma linha tradicional de quadro em formato de diamante com guidão reto e a Dutch segue a linha das bicicletas holandesas com tubo superior rebaixado e guidão curvo, a bateria vai acoplada no tubo inferior do quadro e não fica aparente. O canote de selim é em carbono, com guidão e mesa integrado com sistema de iluminação embutido. A  Dutch estará disponível nas cores menta, azul escuro e a Daily em rosa, e cinza nas tonalidades clara e escura .

Os dois modelos são fornecidos em três tamanhos

As e-bikes LeMond vem equipadas com Shimano GRX 1×11 com uma coroa de 40 dentes, cassete 11-40, , freios a disco hidráulicos Deore XT e como opcional o sistema de mudanças de marchas Di2. Os aros Token são calçados com os pneus 38C Panaracer GravelKing Slick

Fugindo um pouco das tendências de mercado, onde as grandes e tradicionais montadoras estão utilizando motores elétricos centrais montados no lugar onde estaria  movimento central – o que exige dos fabricantes o desenho de quadros específicos,  Le Mond optou pelo Mahle ebikemotion X35 montada no cubo da roda traseira, esse sistema também utilizado na Orbea Gain, Bianchi Aria E-Road, Focus Paralane e na Scott Addict e-Ride – o que garantem boa confiabilidade ao produto e talvez para muitos fabricantes com uma vantagem: não é preciso alterações no quadro mantendo-se o movimento central , além disso por seu cubo ser compacto – 100mm e pesando 2.1 kg  o visual é quase o de uma bicicleta comum.

O ebikemotion X35 de 36V e 250W pode entregar até 40 Nm de torque na roda traseira e atinge uma  velocidade máxima assistida de 25 km/h com isso atendendo as regras de trânsito da maioria dos países.

A bateria ‘escondida’ no tudo inferior fica junto com controlador do motor e com o sistema de gerenciamento de bateria.  E aí o sistema se destaca pois  utiliza as células Premiun Panasonic NCR18650GA – de 36 V com potência de 250W/h e uma autonomia de 75 km. Essa autonomia poderá ser melhorada com a utilização de uma bateria adicional de 250 W/h dobrando a autonomia

Cada bicicleta pesa 12,3 kg algo bem razoável para uma e-bike , mas LeMond já deixou claro que está trabalhando em uma linha de acessórios para oferecer peças e rodas em carbono com cubos dianteiros Tune, para-lamas de carbono customizados, rack traseiro e cesta dianteira, além de selim Brooks Cambium.  “Meu objetivo é, eventualmente, fazer todas as peças da bicicleta  em  fibra de carbono.  Esse é o nosso negócio”, destacou .

O preço das e-bikes LeMond é de 4.500 dólares – o que no Brasil seriam mais de 25 mil reais sem as taxas de importação (preço alto, mas que lá fora se enquadra na mesma faixa com modelos similares)  –  a empresa promete remessas para a América do Norte e  Europa com as primeiras remessas a partir de janeiro do próximo ano. Para os fãs que se sentiram frustrados pela falta de uma estradeira, a informação é de que ela deverá ser apresentada em novembro, e logo depois virá a gravel.

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