GLASGOW’2023: PIDCOCK CORRE PARA A TORCIDA E LEVA O MUNDIAL DE XCO

Diante da sua torcida, o todo-terreno Tom Pidcock fez uma corrida irretocável, soube entrar na disputa no momento certo quando partiu para o ataque e ninguém conseguiu segurá-lo para conquistar seu primeiro título mundial na Elite do cross country olímpico – XCO que se junta à medalha olímpica e ao mundial de ciclocross

Campeão sub23 em 2020, medalha de ouro em Tóquio e agora o título na Elite do XCO – foto: UCI

A última prova do programa de mountain bike do super mundial de Glasgow foi reservada aos homens, e a tensão começou 24 horas antes quando a UCI em uma jogada midiática mudou as regras preestabelecidas para competidores sem pontuação no ranking do XCO, para privilegiar os todo-terreno Mathieu van der Poel, Thomas Pidcock e Peter Sagan sem pontuação (e em busca de classificação para os Jogos Olímpicos de Paris) e que teriam de largar praticamente da última fila; com a mudança largaram da quinta fila, o que gerou um protesto coletivo dos principais nomes da elite do mountain bike, muito ruído nas mídias sociais e que acendendo mais uma vez  um sinal de alerta de como a UCI – União Ciclística Internacional   – aborda mal certos problemas de ordem burocrática, aonde bastava apenas obrigar o cumprimento da regra ou em uma daquelas reuniões pomposas ter apresentado uma alteração ao regulamento.

A corrida começou com o letão Martins Blums forçando o ritmo e levando os grandes nomes do mountain  bike, Nino Schurter, Alan Haterly e Jordan Sarrou a manterem alta a intensidade em uma ação clara que visava conter os ataques que viriam dos todo-terreno Pidcock e Mathieu van der Poel.

Pidcock deixa Nino Schurter para trás – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

A preocupação com o neerlandês MVDP, campeão mundial de estrada uma semana antes neste super evento em Glasgow,  não chegou ao final da start loop – volta de largada no circuito de 1,5km  – com menos de 3 minutos de prova ele já estava fora de competição após cometer um erro e tomar uma curva nada complicada com a roda dianteira apoiada em um trecho de pedriscos e terra solta , caindo e batendo com força no chão, e a exemplo do que aconteceu nos Jogos de Tóquio que foi sua última prova de mountain bike em julho de 2021, o favorito estava fora da disputa.

O trio formado por Haterly Sarrou e Schurter se esforçava para abrir a lacuna, mas Pidcock pouco a pouco foi ganhando posições e na segunda volta já estava marcando presença colado na roda do suíço Schurter.

Samuel Gaze, seguido por Koretzky iniciaram à caça em busca de um lugar no pódio -foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Na quarta volta a tensão era forte na frente,  Haterly e Schurter aumentaram o ritmo para tentar dispensar o britânico que vinha do esforço de encostar nos ponteiros. Quem pagou o preço do esfroço foi o francês Sarrou que nessa ação cedeu 12 segundos e a partir daí começou a perder posições.

O multicampeão Schurter estava empenhado em conquistar mais um pódio e não aliviava, mantendo alto o esforço para tentar se distanciar de Hatherly e Pidcock que se mantinham fortes na marcação. Na sexta volta, Pidcock entrou em ação, e faltando duas voltas iniciou uma sequência de ataques, cada vez mais fortes. Hatherly foi a primeira vítima, perdendo terreno, e Schurter só conseguia encurtar a distância para o britânico nas descidas.

Pidcock, campeão mundial de ciclocross, de MTB XCO, para esse todo terreno só falta o de estrada –
foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Pidcock se desgarrava do suíço que além de tentar alcançar o britânico  passou a se preocupar com a chegada do neozelandês Sam Gaze e do francês Viktor Koretzky , campeão e vice do XCC vinham motivados, e já haviam deixado para trás ao sul-africano Hatherly e tinham como alvo o suíço, em uma batalha declarada pelas medalhas de prata e bronze.  

Na penúltima volta, Pidcock já abria uma vantagem de 24 segundos, sobre Schurter que tentava manter um ritmo elevado. Na última volta, Gaze aproveitou a subida para atacar e ultrapassar suíço que resistia bravamente, mesmo dando claros sinais de que a tentativa de seguir ou neutralizar a ação de Pidckok minou suas energias; o mundial estava definido com Pidcock levantando a medalha de ouro e a camisa arco-íris, Gaze com a prata e Schurter com a medalha de bronze.

Mesmo sem um bom desempenho no XCO, Avancini cumpriu sua missão em Glasgow: trazer um título para o seu patrocinador – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Mais uma vez, a exemplo do que aconteceu no short track, o melhor brasileiro foi Ulan Galinski que terminou na 39ª posição, após ter largado no fundo do grupo; Avancini que havia largado na segunda fila não conseguiu acompanhar o ritmo dos ponteiros e já ao final da primeira volta estava fora da disputa pelo pódio, em sua conta pessoal no Instagram comentou que apesar de se sentir forte para o XCO, sua cabeça ‘não estava na corrida’, mas é preciso destacar que nesta temporada ele tinha por objetivo dar um pódio internacional para o seu patrocinador, a Caloi , e com o título de campeão Mundial de Maratona, a missão estava cumprida.  José Gabriel foi o 57ª enquanto Coccuzi  e Rubinho Valeriano foram cortados com duas voltas a menos que os grupo de 70 ciclistas que entraram nas 8 voltas no circuito.  

Gaze, Pidcock e Schurter – foto: UCI

Campeonato do Mundo de Ciclismo – Glasgow’2023

XCO – Cross Country OlímpicoVale Tweed / Floresta de Glentress

Elite Masculina  – 98 competidores – 1 volta de largada  x 1,5 km  + 8 voltas x 3,5 km  – Distância: 29,5 km

1- Thomas Pidcock – Grã Bretanha – 1h22m09s – vel. média 21.546 Km/h

2- Samuel Gaze- Nova Zelândia +19s

3- Nino Schurter – Suíça +34s

4- Victor Koretzky – França +43

5- Vlad Dascalu – Rômenia +54s

39- Ulan Galinski – Brasil +4m34s

45- Henrique Avancini – Brasil +5m19s

57- José Gabriel Marques – Brasil +6m24s

81 – Luis Henrique Cocuzzi – Brasil   -2voltas

84- Rubens Donizete Valeriano – Brasil   -2voltas

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.