O quarto dia dos Campeonatos Mundiais de Ciclismo disputados em Londres reservaram uma das mais emocionantes corridas pelo ouro. No Omnium, a Prova por Pontos teve três ciclistas empatados com a mesma pontuação, o público também delirou com a vitória de Jason Kenny na Velocidade que garantiu o terceiro ouro para os britânicos. E apesar de não figurar no pódio ou entre os 10 melhores do dia, o Brasil tem o que comemorar: Gideoni Monteiro conquistou a vaga olímpica para disputar o Omnium
A Prova por Pontos feminina abriu a disputa de medalhas do sábado. Aos 26 anos, a polonesa Katarzyna Pawlowska conquistou seu terceiro título mundial, o primeiro na prova por pontos. O outro de Katarzyna foi construído com base na regularidade ao longo da disputa, foi a ciclista que mais vezes se apresentou nos sprints intemediarios, pontuando em cinco e vencendo a 7ª passagem. A prova foi marcada por um acidente, a três voltas do final, envolvento a irlandesa Carolina Ryan, a japonesa Minami Uwamo e a francesa Elise Delzenne; Ryan foi levada ao hospital com suspeitas de fratura na clavícula. Na última volta com a fuga da estadunidense Kimberly Geist o título da polonesa estava assegurado por apenas um ponto de diferença, na disputa pelo segundo lugar empataram a canadense Jasmin Glaesser e a cubana Arlenis Sierra, neste caso toma-se como decisão o último sprint, aonde a canadense superou a cubana por meia roda.
Na manhã de sábado se inciciou o segundo dia das disputas do Omnium com a prova do 1KM contra-relógio.O dinamarquês Lasse Norman Hansen fez o melhor tempo, superando o campeão mundial de 2015, o colombiano Fernando Gaviria por apenas 8 milésimos de segundo. Os cinco melhores correram todos na casa de 1m02segundos. O brasileiro Gideoni Monteiro fez o 20º e último tempo, completando as 4 voltas em 1m06s988.
Na segunda prova do programa, a volta lançada, o italiano Elia Viviani foi o mais veloz ao registrar 13s149s para os 250 metros. O segundo tempo ficou com o australiano Gelnn O’Shea. Cavendish obteve o 4º tempo. Com 14s056 Gideoni Monteiro obteve o 20º e último tempo
Após 5 provas, o italiano Elia Viviani saia como líder com 180 pontos, em segundo lugar estava o colombiano Fernando Gaviria com 166, seguido peloo holandês Tim Veldt com 144 pontos. Para muitos havia sinais de que a última disputa na Prova por Pontos haveria uma polarização entre o italiano e o colombiano. Visão um tanto simplista quando se trata de um título Mundial e de uma prova que teria 160 voltas com 16 sprints para caçar pontos. Nada estaria definido até o final, e graças ao alemão Roger Kluge, ao australiano Glenn O’Shea e ao dinamarquês Lasse Norman Hansen que estavam inspirados e resolveram bagunçar a competição ao abrirem fugas que resultaram em voltas sobre o pelotão e cada volta são 20 pontos, esses três embolsaram 40 pontos só com as fugas, e tivemos uma corrida intensa.
Analisando a evolução de Kluge ele entrou na 6ª posição e terminou em 2º com a medalha de prata, O’Shea que estava em 4º subiu uma posição. O grande perdedor do dia foi Elia Viviani que entrou com 14 pontos de vantagem sobre Gaviria, e que ao longo da prova mostrou-se mais preocupado em marcar o colombiano Gaviria que defendia o seu título e que ao longo da prova pontou em 8 dos 16 sprints do que ir à caça de pontos. O erro estratégico e o mal posicionamento de Viviani em vários momentos da prova se expressam na quantidade de sprints pontuáveis do italiano, apenas três aonde fez 9 pontos. Cavendish jogando para a torcida apareceu em sete sprints, venceu três e somou ao todo 25 pontos, mas falhou em todas as tentativas de fuga.
Com 5 voltas para o final Gaviria, Kluge e O’Shea estavam empatados com 191 pontos e viviani era o 4ª com 186. Para quem acompanha ciclismo foi um grande espetáculo com elevadas doses de emoção, e como Cavendish estava correndo em casa resolver partir para o ataque ao escutar o sino de última volta, Viviani tentou sua última cartada ao acompanhar o britânico, se vencesse o sprint empataria e levaria o ouro, mas era pretensão demais tentar bater o MaxMan em casa e empurrado pela torcida. No pelotão , Gaviria mantinha o controle sobre Kluge, o colombiano cruzou na 6ª posição com quase uma bicleta de vantagem sobre Kluge. Aí se definiu o pódio, ouro e bicampeonato para Gaviria, prata para o alemão.
Gideoni Monteiro marcou 13 pontos, vencendo um sprint e chegando em segundo em outro, com isso totalizou 50 pontos terminando a disputa do Omnium na 18ª posição; pelos critérios de classificação para os Jogos Olímpicos ele praticamente tinha a vaga assegurada antes da prova pois pelo regulamento entram as 18 melhores seleções e o Brasil ocupava a 16ª posição e ainda havia o descarte por continentes , só o azar ou um imprevisto afastaria o Brasil da disputa do Omnium nos Jogos do Rio. É bom lembrar que a vaga não pertence ao ciclista, mas como Gideoni é o único ciclista que nas últimas temporadas disputou provas internacionais de Omnium e fez preparação especifica pode-se dizer que a vaga é dele. E é o retorno do país às provas de pista. A última participação do Brasil foi em Barcelona/1992 com Fernando Louro na Prova por Pontos.
A última disputa por medalhas do sábado se deu com a prova de Velocidade, também conhecida por 200m. Na disputa pelo bronze o russo Denis Dmitriev, prata nos Mundiais de 2015, superou os dois macthes contra o polonês Damiena Zielinski. A grande final levou para a disputa o jovem australiano Matthew Glaetzer (ouro na velocidade por equipes em 2012) contra o experiente britânico Jaseon Kenny com seus três ouros olímpicos e seus três mundiais.
Glaetzer que vinha se mostrando como o mais rápido ao longo das quatro fases da competição e que na seminifinal havia despachado o russo Dimitriev, não se intimidou com a torcida e venceu o primeiro match em uma final de fotofinish jogando todo o peso sob as costas do britânico obrigado a ir para o tudo ou nada no segundo encontro o que provocaria um terceiro match. No segundo encontro Kenny se valeu da experiência para superar o jovem canadense, levando a disputa para o desempate aonde mais uma vez o britânico com uma bela manobra conseguiu arrancar com maior intensidade para a vitória.
Prova por Pontos feminina– 100 voltas/25 km com 10 sprints
31m57s / 46.928 km/h
1- Katarzyna Pawlowska/Polônia – 15
2- Jasmin Glaesser/Canadá – 14
3- Arlenis Sierra/Cuba -14
Velocidade Masculino 200m
1- Jason Kenny/Grã Bretanha – + 0.002 10s202/ 70.574 km/h 10s786/ 66.753km/h
2- Matthew Glaetzer/Austrália – 10s276/ 70.066 km/h +0.060 +0.050
3- Denis Dmitriev/Russia – 10s331/69.693 km/h 10s308/69.848 km/h
4- Damian Zielinski/Polônia +0.072 +0.039
Omnium
1Km Contra-Relógio
1- Lasse Norman Hansen/Dinamarca – 1m02s409/ 57.683 km/h
2- Fernando Gaviria/Colômbia – 1m02s417/57.676 km/h
3- Elia Viviani/Itália – 1m02s632/57.478 km/h
4- Tim Veldt/Holanda – 1m02s831/57.296 km/h
5- Glenn O’Shea/Austrália – 1m02s836/57.291 km/h
12- Mark Cavendish/Grã Bretanha – 1m04s507/55.807 km/h
20- Gideoni Monteiro/Brasil – 1m06s988/53.740 km/h
Volta Lançada
1- Elia Viviani/Itália – 13s149 /68.446 km/h
2- Glenn O’Shea/Austrália- 13s183/68.269 km/h
3- Tim Veldt/Holanda – 13s187/ 68.249km/h
4- Mark Cavendish/Grã Bretanha – 13s211 /68.125 km/h
5- Adrian Teklinski/Polônia – 13s218/68.088 km/h
8- Fernando Gaviria/Colômbia – 13s383/67.249km/h
20- Gideoni Monteiro/Brasil – 14s056/64.029 km/h
Prova por Pontos – 160 voltas/40 km com 16 sprints
45m54s / 52.274 km/h
1- Lasse Norman Hansen/Dinamarca – 55
2- Roger Kluge/Alemanha – 53
3- Glenn O’Shea/Austrália – 51
4- Jasper De Buyst/Bélgica – 50
5- Kazushige Kubiki – 47
6- Gaviria – 25
– Cavendish 25
OMNIUM FINAL
1- Fernando Gaviria/Colômbia – 191
2- Roger Kluge/Alemanha – 191
3- Glenn O’Shea/Austrália – 191
4- Elia Viviani/Itália – 189
5- Lasse Norman Hansen/Dinamarca – 181
6- Mark Cavendish/Grã Bretanha – 161
18- Gideoni Monteiro/Brasil – 50