O tão sonhado pelotão World Tour segundo donos de equipe não é o maravilhoso mundo dos esportes. Michel Thétaz e Oleg Tinkov jogam a toalha é o fim da linha paras as duas equipes ao final da temporada 2016, nos bastidores comenta-se que outras duas encerrariam suas atividades, o único sinal positivo deve vir do Bahrein com o projeto do sheik Nasser bin Hamad Al Khalifa e a equipe sob medida para Vincenzo Nibali
A equipe suíça IAM era a mais novinha no pelotão World Tour – a formação tem apenas 4 anos de vida e 2 junto à elite máxima do esporte. Seu proprietário é um magnata suíço dono do IAM Independent Asset Management AS – um fundo de investimentos, com um perfil desses era de se esperar que o homem acostumado com negociações, ações e muito dinheiro tivesse condições de levar adiante o seu projeto de equipe de ciclismo. Mas o projeto fez água. O banqueiro Miche Thétaz , o homem de negócios e do mercado financeiro não conseguiu um parceiro para assumir ou dividir os custos da equipe e declarou o fim da equipe dias antes da largada do Giro de Itália.
Thétaz declarou à imprensa: “Assumo total responsabilidade por aquilo que eu considero uma falência pessoal. Estes quatro anos de atividade nos deram tantas emoções e boas lembranças, uma grande credibilidade e excelente visibilidade para a marca Iam. Mas, neste ponto, teríamos de abrir um novo ciclo de três anos e para isso precisaríamos de um parceiro, temos procurado por muito tempo, mas não encontramos: não faz sentido, com o orçamento que temos continuar a lutar com as melhores equipes o mundo. Naturalmente, eu sinto muito por esta situação, mas eu sou e continuo orgulhoso por tudo o que fizemos longo dos últimos quatro anos”, ainda segundo o Thétaz seria impensável o retorno da equipe à segunda divisão – como profissional continental ou até mesmo correr no pelotão World Tour como mera coadjuvante enfrentando equipes com orçamentos que superam os 12 milhões de euros.
Por outro lado o patrão da Tinkoff, o magnata russo Oleg Tinkov foi mais direto em entrevista ao jornal italiano Gazzetta dello Sport logo após o final do Giro confirmando que era seu último Giro como proprietário de equipe e mais uma vez disse que o modelo do ciclismo World Tour, como apresentado na atualidade é insustentável. “Os custos aumentam e não há entradas, eu coloquei mais de 50 milhões de euros do meu bolso. Eu disse isso com antecedência dando uma alternativa para que todos procurassem uma alternativa (ndr.: aos integrantes da equipe). É uma situação de crise, além da Tinkoff e da IAM outras duas equipes encerrarão suas atividades ao final da temporada”, sentenciou Tinkov que se recusou a abrir quais seriam essas equipes “Não dou os nomes, não quero colocar mais pressão, mas estou certo que será assim”, porém poderia ser a Lampre-Merida que passaria às mãos de um outro titular criando um novo projeto.
Fechando seu ciclo como dono de equipe, Tinkov coloca seus planos para o próximo Tour: a conquista da camisa amarela por Contador. “O favorito é o nosso Contador. Um outro motivo pelo qual saio do ciclismo é porque vencemos tudo, mas me falta a camisa amarela. Este ano o Tour é fundamental para nós” porém o russo é taxativo apontando que uma reforma é obrigatória para a sobrevivência do esporte, “É mais do que certo as equipes receberem dinheiro pelos direitos de imagem. Além disso são muitos ciclistas nas grandes provas. Não há censo termos 200 ciclistas na largada, bastariam 140”.
Um dos poucos sinais positivos também foi dado no final do Giro, e está diretamente ligada ao fim do contrato de Vincenzo Nibali que deixa a Astana para muito provavelmente se ligar ao projeto do xeque da família real do Bahrein , Nasser bin Hamad Al Khalifa que teria ao seu lado Giuseppe Saronni. Quem costurou um possível acordo foi o ex-profissional esloveno e manager da equipe Adria-Mobil, Milan Erzen que comandaria a nova equipe barenita, deixando o cargo de diretor esportivo para Saronni que levaria para a equipe o apoio da gigante da indústria da bicicleta, a taiwanesa Merida que no atual momento tem um maior poder comercial que a italiana Bianchi também cogitada para este novo formato da equipe, afinal não se trata de um projeto 100% puro – teremos uma parte da Lampre-Merida sob a bandeira do emirado, aproveitando uma estrutura e o capital de um dos patrocinadores – neste caso a Merida que vem colocando um bom dinheiro desde que resolveu investir em uma equipe World Tour.
Ainda segundo a imprensa italiana, Nibali poderia levar algum bom gregário ou fiel escudeiro que se somaria a Diego Ulissi, um dos grandes nomes da Lampre-Merida.
Confirmando-se essa mudança, chega-se a conclusão que uma equipe chega ao fim, ou seu comando muda de mãos, não se tratando de um novo projeto ou de uma estrutura, é apenas mais oxigênio ou a reciclagem de uma estrutura para dar nova vida a um esquadrão.
Para 2017 sobrarão profissionais no mercado e faltarão equipes no pelotão World Tour para tanta gente; e o circuito mais importante do ciclismo deixaria de ter 18 equipes passando para 16 ou se as previsões de Oleg Tinkov se confirmarem 14 equipes. A UCI continua a falar em um novo projeto para 2017, mas os sinais vindos de patrocinadores e donos de equipe podem forçar uma revisão em toda a estrutura World Tour ou confirmar a divisão projetada pela ASO aonde seus eventos seriam disputados apenas por equipes convidadas e quem sabe também legar a uma possível ruptura provocado pelo bloco de 11 equipes que integram o Velon. Entre os dias 2 e 3 de Junho organizadores de eventos, equipes e o Comitê de Gestão da UCI estarão reunidos discutindo os rumos do esporte para a próxima temporada. Será que apresentarão uma solução?