Antiga capital da borracha, Manaus foi uma das cidades pioneiras a ter seu velódromo em 1889. Passados pouco mais de 120 anos a cidade voltará a receber uma pista para a prática do ciclismo. As obras deverão ser concluídas até setembro e a sua inauguração deverá fazer parte das comemorações dos 350 anos da capital do Amazonas
.…ao final do texto leia o trecho com a revisão dos fatos
Os anos a que compreenderam o ciclo de ouro da borracha – entre 1879 e o final dos anos 1920 – transformaram as capitais da região amazônica Manaus e Belém levando para a região o o que havia de mais moderno no mundo, entre luxuosos prédios de art-nouveau, bondes, energia elétrica, sistema de água encanada e esgotos. A prosperidade da região também levou para lá os novos esportes que chegavam da Europa para o Brasil, assim um grupo de comerciantes que havia conhecido o Velódromo Paulistano – o primeiro do país localizado na capital paulista e construído em 1892 – resolveu construir em Manaus uma pista.
Localizado no bairro da Cachoeirinha, foi entregue à população em 1899 e foi batizado como Velódromo Recreio com pista revestida de madeira, muito similar às que já se usavam nos Estados Unidos e Europa. Naquela época além das corridas de bicicletas, inclusive de tandem (bicicletas de dois lugares) , o velódromo também recebia corridas de motocicletas. Com dinheiro abundante o velódromo manauara tornou-se um atrativo para esportistas estrangeiros e do sul do país e até os anos 30, quando foi desativado, ainda era considerado, segundo relatos de historiadores como o melhor do país.
Um novo velódromo foi construído no mesmo local em 1944, e foi batizado de Velódromo Álvaro Maia, a pista de alvenaria, segundo revela o site ArchChultura, teria 250 metros e curvas com 35° de inclinação. Tratava-se de uma estrutura muito bem montada que tinha cabines para a imprensa, vestuário, banheiros e salas para atendimento médico.
Em 1944, no mesmo local, foi construído o Velódromo Álvaro Maia, sob a supervisão do engenheiro Deodoro D’Âlcantara Freire, que havia adquirido o terreno abandonado com as antigas instalações.
O novo velódromo, feito totalmente em alvenaria, possuía área para patinação, tênis, boxe, basquete, voleibol e pistas de atletismo, além de cabines para a imprensa, vestuário, banheiros e salas de serviços médicos.
O velódromo também recebia outros eventos esportivos como lutas de boxe, luta-livre, corridas de patins, e provas de derny – onde o ciclista corre atrás de uma motocicleta. Seu proprietário era o engenheiro e visionário, fã das corridas, Deodoro D’Alcântara Freire que se deu conta que para mantar a atividade e os atrativos da pista precisava trazer ciclistas da Europa e Estados Unidos. Contam que Deodoro, após o fim da Segunda Guerra Mundial buscou proprietários de outros velódromos para fazer parcerias, promovendo o intercambio e assim reduzir os custos dos elevados cachês, porém seu sonho não chegou a evoluir, em 1950 quando retornava de uma dessas viagens, faleceu.
Sem o seu incentivador, a família resolveu vender a área para uma tradicional família de empreendedores local, porém o esporte foi deixado de lado e a área sucateada com vários espaços sendo transformados, ao longo dos anos em habitações para pessoas de baixa renda. Apenas a área interna da pista, transformada em campo de futebol, recebeu até meados dos anos 1980 um disputadíssimo torneio de futebol amador, quando finalmente foi transformado em deposito para uma serraria.
Porém, muito em breve a história do ciclismo da região norte poderá começar a ser reescrita, pois para as comemorações dos 350 anos da cidade o prefeito da cidade, Arthur Virgílio Neto, promete entregar um novo velódromo para a cidade. Segundo informações oficiais 50% das obras já estão concluídas.
O valor da obra está orçado em R$ 2,6 milhões, em meados de julho, os serviços de terraplanagem estão em fase de conclusão para posterior início da concretagem da pista.
“Estamos em ritmo acelerado, apesar da chuva ser um empecilho, tendo em vista que trabalhamos com uma movimentação grande de terra”, informou o representante da empresa responsável pela obra, Construban, Antônio Paiva, que também salienta que nos trabalhos estão adotando os protocolos de segurança para prevenção à Covid-19. “Tomamos todas as medidas de proteção para os nossos colaboradores e seguimos a obra a todo vapor”, disse.
A pista está localizada no conjunto Aruanã, no bairro Compensa, e está sendo construída em um espaço, antes ocioso, de 6 mil metros quadrados. Além da pista de ciclismo o complexo esportivo também terá quadra de tênis na área central da pista. O espaço também receberá as sedes administrativas das Federações Amazonenses de Ciclismo e Tênis. As obras dos vestiários já estão avançadas e começam a receber acabamento. Além de arquibancadas para o público e bicicletário, o espaço receberá paisagismo e as ruas paralelas ao complexo esportivo serão asfaltadas, além disso haverá uma ciclofaixas de acesso.para avenida Brasil.
“Essa é a obra mais representativa do pacote de obras do esporte. É um presente em comemoração aos 350 anos de Manaus, anunciado pelo prefeito Arthur, e será muito bem aproveitada pelos atletas e pelos moradores da proximidade. Isso mostra que a gestão valoriza a atenção para a área esportiva”, destacou o secretário interino de Juventude, Esporte e Lazer, João Holanda.
O prefeito da cidade que foi duramente impactada pela Covid-19, Arthur Virgílio Neto, destacou a importância da obra e sua representatividade no espirito de superação da cidade.
O velódromo de Manaus, será o primeiro da região Norte – e o oitavo do país (Curitiba, Maringá, Americana, Indaiatuba, Caieiras, USP, Contagem, Olímpico), apesar de nem todos eles estarem operacionais (USP e Contagem precisam de reformas) é um dado importante e mostra que se houvesse um bom projeto para desenvolvimento da modalidade, locais para revelar novos talentos não faltariam ao país.
Com a nova casa da Federação de Ciclismo Amazonense – FECICLAM- ainda em obras, seu presidente Juliano Macanoni comemora a possibilidade de que no futuro o espaço seja um local para o fomento do esporte e para revelar novos talentos . “Poderemos desenvolver uma categoria que antes não conseguíamos por não termos esse espaço, que será o ciclismo de pista, e trazer para a cidade eventos de nível nacional e internacional”.
Macanoni também destacou a parceria para a utilização do espaço com a federação de tênis. “A construção de uma quadra de tênis comunitária, junto com o velódromo, é sensacional e pioneira no Brasil. É o pioneirismo da Prefeitura de Manaus com as federações envolvidas. Estamos agora na expectativa para inauguração e quando for possível realizar eventos para a população de Manaus”.
CORREÇÃO: 23/07
MANAUS NÃO TERÁ UM VELÓDROMO DE VERDADE
A PISTA NÃO ATENDE AOS PADRÕES OFICIAIS
sobre o texto acima ‘Em breve Manaus terá o seu velódromo’ gostaríamos de salientar que lamentavelmente não se trata de um velódromo dentro dos padrões da UCI, o desenho do projeto da pista que veio à público um dia depois da publicação da matéria (22/07) revela que o que está sendo construído passa longe do que é um velódromo apto para competições, o que está se fazendo na cidade é apenas uma pista recreativa.
Ao recebermos as informações relativas à obra e com o envolvimento da federação local e com declarações do prefeito da cidade, secretários e do presidente da Federação Amazonense de Ciclismo como:
“Com potencial de atrair grandes competições, com atletas e públicos de outras cidades, estados e até países, (…) “
“(…) o velódromo de Manaus será o primeiro do Norte e um dos poucos oficiais do país”
“(…) trazer para a cidade eventos de nível nacional e internacional”, concluiu.”. nos levaram a acreditar que ali estava, de verdade, sendo desenvolvido um projeto voltado para o esporte e que o espaço estaria apto para ao menos receber provas de nível nacional.
Porém, ao verificarmos que em uma página do Facebook houve um questionamento sobre o projeto onde foram apresentados vários comentários questionando a obra e até a rejeição por parte dos envolvidos no projeto em aceitar sugestões para adequação ou uma correção de no projeto e para completar com o aparecimento da planta do velódromo fica claramente exposto que ali não haverá um velódromo oval com curvas inclinadas e com elevação e retas com inclinação onde poderão ser realizadas competições oficiais atendendo os padrões dos regulamentos de ciclismo tanto da CBC quanto da UCI.
Lamentamos ter de retificar nossa informação, mas essa obra não é um velódromo, é sim um espaço de lazer para quem quiser pedalar em um ambiente fechado.
Não é a primeira vez que autoridades divulgam que estão fazendo um equipamento esportivo e este não atende as regras do esporte.
Casos como o do velódromo de Manaus são muito comuns no BMX Racing onde muitas prefeituras se empolgam com a modalidade e resolvem ‘construir’ uma pista sem consultar ou contratar técnicos especializados, com isso surgem locais com obstáculos absurdos, traçados fora dos padrões e que se realmente forem destinados ao uso em provas oficiais, terão obrigatoriamente que passar por reformas, originando com isso mais um custo no orçamento público.
Trazer este fato a público não é agradável pois traz frustração a todos os envolvidos com o esporte e aos que prezam pelo bom uso das verbas públicas, porém é útil para mostrar que é necessário que as autoridades na hora que decidam por levar adiante uma obra destinada à prática desportiva tenham rigor e exijam projetos que atendam de verdade à modalidade para que eles foram pensados e não se tornem apenas mais uma obra ou na pior das hipóteses mais um elefante branco.
Infelizmente a pista não atende os requisitos mínimos para receber competições… Uma pena, será apenas uma pista para fins recreativos / educacionais… mas já é um começo ! O ideal seria se pudessem fazer algumas adequações ao projeto para atender aos requisitos mínimos da UCI.
O velódromo deveria ter o nome de Deodoro de Alcântara freire que foi o incentivador pioneiro do esporte
Foi meu avô Deodoro D’Âlcantara Freire, pai de meu pai, quem construiu o primeiro Velódromo de Manaus, nele ganhou muitas medalhas, assim como papai.
Muito orgulho de vovô.
Violeta Carvalho d’Alcantara Freire
Parabéns!
Quando criança eu brinquei muito nesse velódromo.
Obrigado !