Se os criminosos cada vez ficam mais sofisticados e o doping não é apenas uma ação de dependência de drogas para a aumentar a performance, a saída é a investigação. A Fundação Antidoping do Ciclismo, órgão independente da UCI já faz alguns meses vem usando um investigador em suas ações de combate ao doping
Seguir o caminho das drogas, os passos de certos médicos que estão sob suspeita e com quem estes trabalham, verificar andamentos de processos e obter dados do Judiciário e do Ministério Público, verificar mudanças repentinas de endereços de ciclistas e de equipes fazem parte de uma nova sistemática no controle antidoping. Em tempos de supercomputadores e dados online a informação e o detalhamento será a arma para combater o doping. Desta forma na tela do computador é possível ir além dos exames laboratoriais.
A central de inteligência que investiga os casos de doping (e indiretamente acompanha o trafico de substâncias proibidas para utilização desportiva) fica localizada em Aigle, na Suíça, junto à UCI, é um órgão independente desta e ligada à CADF – Fundação Antidoping do Ciclismo dirigida pela italiana Francesca Rossi. Vem da CADF – (sigla em inglês da Cycling Anti Doping Foundation) a politica de implementação e a estratégia dos controles anti-doping dentro e fora de competições e dos passaportes biológicos. O grupo de investigações tem total autonomia e juntamente com Francesca Rossi está o criminologista suíço, formado na escola de criminologia de Lausanne, François Marclay.
Trata-se da inteligência forense a serviço do combate ao doping no ciclismo. A nova estrutura de investigação é uma evolução de métodos, o grande problema que sempre existiu no combate ao doping estava ligado a inexistência de uma rede internacional de informações. As informações chegavam com atraso e não se sabia que em um determinado país haviam sido abertas investigações obre um determinado médico ou sobre algumas pessoas com ligações no meio desportivo. O levantamento das informações em tempo real é a grande evolução.
O “agente” Marclay recebe as informações das mais variadas fontes, de departamentos de investigação que realizam apreensões de substancias dopantes, de interrogatórios , de ações das mais variadas policias. Esses dados são analisados por um software especialmente desenvolvido para este trabalho e que ao cruzar os dados automaticamente atribui graus de atenção e periculosidade para cada caso.
Com os dados fornecidos por esta nova ferramenta que auxilia na investigações trabalha-se em Testes Direcionados com uma indicação de violação, ou seja um positivo, é aberto um processo disciplinar pelo departamento jurídico da UCI. O trabalho se inicia com uma denuncia, em confissões ou informações sigilosas, o verdadeiro trabalho anti-doping da fundação. As ações não ficam mais limitadas às competições, agora trabalha-se com dados judiciais dos suspeitos, de visitas a áreas sob investigação ou mesmo uma mudança repentina dos locais de disponibilidade do competidor. Com estas informações parte-se para a ação para aplicar o controle antidoping , claro que tudo isso funciona muito bem no velho continente, aonde as distâncias contribuem muito para a velocidade da ação.
Está fórmula ainda está bem longe da realidade brasileira (e de tantos outros países fora dos grandes centros do ciclismo) , aonde os custos da realização dos exames já são o primeiro empecilho para termos um controle mais rigoroso; isso sem falar a falta de ações coordenadas entre justiça, ministério público e as demais policias, o que ainda garante uma boa sobrevida à cultura do doping.