Com mais de 20 mil pessoas, etapa brasileira da Copa do Mundo de Mountain Bike é marcada pelo envolvimento e a calorosa participação do público que vibrou com a primeira vitória de Rebecca McConnell e com a histórica 33ª conquista de Nino Schurter que empata com Julien Absalon em número de vitórias no evento, suíço vai em busca do recorde. Avancini termina em 13º e é ovacionado pela torcida
Ponto alto da programação da etapa brasileira da Copa do Mundo Mercedes-Benz de Mountain Bike, as provas de cross country da Elite levaram mais de 20 mil pessoas no domingo (10/4) ao São José Bike Club, em Petrópolis.
A prova feminina começava com duas baixas importantíssimas, a suíça Jolanda Neff que venceu na semana anterior o XCO da Copa Internacional e que na sexta-feira (8/4) não alinhou para a disputa da prova de XCC após divulgar em suas mídias sociais que não estava se sentindo bem e com tosse, mas que havia testado negativo para a Covid, porém não se recuperou para alinhar no domingo.
Outra que se viu obrigada a não alinhar foi a britânica Evie Richards, 3ª na disputa do circuito curto na sexta-feira, depois da competição passou mal e com gastroenterite também não alinhou.
Seguindo uma tática utilizada ao longo de 2021, quando venceu quatro das seis etapas da Copa do Mundo de XCO, a francesa Loana Lecomte largou partindo para o ataque e procurando fazer uma prova solo, não dando chance à italiana Martina Berta que arrancou à frente e tentou comandar o início da corrida.
A tática de Lecomte funcionou muito bem, quebrou o grupo chegando a colocar uma vantagem de quase 40 segundos sobre Rebecca McConnel e Anne Tepstra as perseguidoras mais próximas.
Com 3 voltas para o final, tudo indicava que a francesa seria a vencedora e só um imprevisto mudaria o resultado. E de fato o imprevisto aconteceu. Loana errou a entrada do rock garden, um trecho onde nunca havia feito boas passagens, mas desta vez ficou enroscada nas pedras, colocou o pé no chão, perdeu tempo e a concentração. Desse momento em diante começou uma nova corrida.
Rebecca McConnel chegou na francesa, acompanhada por Anne Tepstra e assim a disputa tomou outro ritmo e a disputa ficava aberta. A neerlandesa Tepstra forçou o ritmo e fechava a penúltima volta com mais de 10 segundos de vantagem sobre McConnel e Lecomte que dava sinais de cansaço. Mas Anne errou ao passar numa raiz perdendo tempo.
ATAQUE PRECISO DE REBECCA
Na última volta a australiana fez sua jogada decisiva, atacou com força quebrou a dupla que acompanhava e começou a abrir uma margem de tempo cada vez maior, mantendo-se na ponta até cruzar a linha de chegada. Foram 17 segundos sobre Tesptra, 38 segundos sobre Lecomnte e essas duas tinham mais de 1 minuto de vantagem sobre a 4ª colocada Laura Stigger
Rebecca que conquistou sua primeira vitória na copa do Mundo e também deu a primeira vitória nesse evento para a fabricante de bicicletas espanhola Mondraker comentou: “Vencer aqui diante deste público, provavelmente o maior que já vi em uma etapa de Copa do Mundo, é muito especial e incrível. O momento em que cruzei a linha de chegada, eu jamais esquecerei na minha vida. Fui conservadora no início. Me preocupei com a temperatura e com a hidratação o tempo todo. Geralmente não sou a ciclista que dita o ritmo na frente do pelotão, então procurei observar as adversárias e como elas se comportavam. Aproveitei a oportunidade que tive na volta final e conquistei a vitória”.
Segunda colocada em Petrópolis, Anne Terpstra, destacou a pista: “O percurso foi muito difícil, principalmente fisicamente. Essa é a realidade do mountain bike, mas eu amei correr aqui. Eu acho essa pista muito boa para a Copa do Mundo, e foi muito bom estar aqui. Consegui um grande resultado e estou muito satisfeita”.
RAIZA GOULÃO A MELHOR BRASILEIRA
Com a 31ª colocação, Raiza Goulão foi a melhor brasileira na prova de XCO, seu resultado veio após enfrentar problemas ao longo da corrida: “Pode não ter sido o resultado mais expressivo da minha carreira, mas foi, de longe, o mais expressivo para o meu coração. Rolou uma queda na minha frente, e por isso larguei na última posição e consegui me recuperar. Minha meta era o Top 20. Sabia da minha realidade, e estava muito próxima disso, mas furei o pneu na última volta”.
“Tive que colocar um pouquinho de força no pedal, e consegui recuperar algumas posições. Me senti muito bem durante a prova, acho que estava no páreo para ficar entre as 20. De qualquer forma, só tenho a agradecer à torcida, à organização da Copa do Mundo. Essa energia da galera que vai me levar em frente na temporada 2022. Eu estou voltando”, completou Raiza.
Entre os desfalques da Copa do Mundo também estava a atual campeã brasileira de XCC e XCO, Karen Olímpio que no final de semana anterior durante a disputa do short track da CIMTB sofreu uma queda bateu o abdome e precisou passar por uma cirurgia.
PROVA MASCULINA FOI DECIDIDA NO SPRINT
Na prova masculina as baixas já foram sentidas no XCC com o francês Jordan Sarrou e o suíço Andri Frischknecht testando positivo para a Covid-19 e o neozelandês Anton Copoper com virose. Além do francês Thomas Griot que caiu durante os treinamentos de sábado e fraturou a clavícula.
Christopher Blevins e Ondrej Cink foram os que procuraram tomar a dianteira na largada, a ação do estadunidense durou pouco, mas o tcheco Cink insistiu e conseguiu manter-se à frente forçando o ritmo no início da prova o que esticou o pelotão desde a largada.
Na ponta rodavam em um ritmo forte Cink, os suíços Thomas Litscher e Nino Schurter , Tituoan Carod, Blevins e os companheiros de equipe Henrique Avancini e Alan Hatherly.
Nino Schurter dava claros sinais que buscava tomar o controle da prova e atacou na segunda volta, porém foi neutralizado por Alan Hatherly que levou em sua roda a Vlad Dascalu Maxime Marotte e Henrique Avancini que já dava sinais de que não conseguia acompanhar o ciclista que estava à frente, mantendo-se sempre no fundo do grupo.
Cink pagou o preço de ter acelerado o ritmo no começo da prova e ficava cada vez mais para atrás, a exemplo Hatherly, Avancini, Litscher
Na ponta Marotte, Dascalu e Schurter faziam seu jogo com uma vantagem que superava os 50 segundos, sobre Sebastian Fini e Filippo Colombo que cresceram do meio da prova em diante.
Os três entraram juntos na última volta e apesar das ações de Marotte e dos contra-ataques de Schurter e Dascalu não havia como definir quem chegaria em primeiro. No último trecho francês tentou arrancar à frente de Schurter, mas este respondeu com ainda mais força para conseguir sua 33ª vitória de etapa na Copa do Mundo e com isso igualando-se ao francês Julien Absalon. Dascalu não conseguiu acompanhar a ação, ficando com a terceira posição.
PARTICIPAÇÃO DA TORCIDA MARCOU OS COMPETIDORES
Emocionado pela conquista e muito comemorado pela torcida Nino comentou: “Foi muito legal vencer aqui. Os fãs brasileiros são insanos pelo mountain bike e eu os amo. Só tenho que agradecer pelo apoio que me deram”, agradeceu Nino. “Durante a prova eu pensei se decidiria nas subidas da última volta. Quando passamos na reta oposta a chegada, eu tentei acelerar mas eu percebi que Marotte e Dascalu estavam na minha rota. Então, eu sabia que na última subida seria tudo ou nada. Dei meu melhor, o Marotte me passou e eu sabia que ainda faltavam muitos metros para a linha de chegada. Foi nos últimos metros mesmo. Vencer corridas como essa, em que você tem que batalhar até o metro final, é legal demais. Foi uma das vitórias mais saborosas e vou guardar para sempre.”
O suíço ainda destacou a importância do reencontro com a torcida, após o período da pandemia e ainda destacou o trabalho de Avancini para o desenvolvimento do esporte no país. “Foram dois anos sem presença maciça de público e eu estava sentido falta disso. Vir para o Brasil, com tantos fãs, foi legal demais de ver. Eu realmente amo os brasileiros. Eles são loucos pelo esporte e vivem por isso. Só posso dizer obrigado aos torcedores. Estou muito agradecido pelas pessoas que fizeram a festa do lado de fora da pista. Agradeço também ao Avancini, por ter feito um trabalho tão bacana pelo esporte, aqui na América do Sul, principalmente no Brasil. É legal ver como o esporte tem sido desenvolvido pelas ações dele em seu país natal”.
O segundo colocado, Maxime Marotte destacou o trabalho do trio de ponteiros ao longo da prova e mostrou-se desapontado por ainda não ter conquistado a vitória: “Foi uma boa corrida. Acredito que nós três, Nino, Vlad e eu, fomos os protagonistas do começo ao fim. Lutamos pela vitória desde o início. Chegamos juntos na subida final, tentei ficar na frente deles, mas perdi no sprint. Honestamente, estou desapontado, porque sigo em busca da minha primeira vitória em etapas da Copa do Mundo. Faz parte do jogo, o Nino foi mais forte do que eu e é assim que é”, lamentou o francês.
Responsável direto pela festa e principal nome do mountain bike brasileiro Henrique Avancini cruzou a linha de chegada na 13ª posição sendo ovacionado pelo público. Emocionado, comentou : “Foi o momento mais especial, intenso e marcante da minha carreira. Eu gostaria muito de ter entregado um resultado muito melhor do que entreguei nas duas provas. Para mim, o dia de hoje mostra o significado de uma vida dedicada ao esporte. O carinho e o apoio intenso que recebi das pessoas, é algo inexplicável. É a prova de que valeu a pena dedicar a vida a isso. Faria tudo de novo, as mesmas renúncias e as mesmas escolhas. Porque esse fim de semana foi especial para mim e para o esporte que eu amo tanto.”
MERCEDES BENZ COPA DO MUNDO UCI DE MTB XCO Elite – Cross Country
1ª Etapa – Petrópolis – Brasil – 10/04/2022 –
Elite Feminina – 56 competidoras de 21 países – circuito 50m + 6 voltas x4.5 km = total 27.05 km
1- Rebecca McConnell – Primaflor Mondraker Genuins – Austrália – 1:h29m41s – vel. Media 18.096 km/h
2- Anne Terpstra – Ghost Factory Racing – Holanda + 17s
3- Loana Lecomte – Canyon CLLCTV – França +38s
4- Laura Stigger – Specialized Factory Racing – Áustria + 1m44s
5- Mona Mitterwallner – Cannondale Factory Racing – Áustria +1m53s
31- Raiza Goulão – Brasil +11m15s
40- Letícia Cândido – Brasil -1volta
42- Hercília Najara – Brasil -1volta
45- Luma Diniz – Brasil -2 voltas
46- Aline Simões – Brasil -2voltas
51- Isabella Lacerda – Brasil -4 voltas
Elite Masculina – 96 competidores de 25 países – circuito: 1×3.5km + 6×4.1 km = 31.55 km
1- Nino Schurter – Scott-Sram MTB Racing Team – Suíça – 1h26m52s – vel. Media 21.789 km/h
2- Maxime Marotte – Santa Cruz FSA MTB Pro Team – França – m.t.
3- Vlad Dascalu – Trek Factory Racing XC – Romênia +3s
4- Sebastian Fini – KMC Orbea – Dinamarca +55s
5- Filippo Colombo – BMC MTB Racing – Suíça +56s
13- Henrique Avancini – Cannondale Factory Racing – Brasil +2m46s
31- Luiz Henrique Cocuzzi – Sense Factory Racing – Brasil +5m10s
38- Ulan Galinski – Caloi Henrique Avancini Racing – Brasil +6m17s
51- Kennedi Lago – Brasil +8m38s
53- Nicolas Machado – Brasil +9m16s
54- Guilherme Muller – Brasil +10m13s
56- Bruno Lemes – Brasil +10m54s
60- Wolfgagn Olsen – Brasil +13m11s
61- Shermann Trezza – Brasil -1volta
63- Edson Rezende – Caloi Henrique Avancini Racing – Brasil -1volta
64- Rubens Donizete Valeriano – Sense Factory Racing – Brasil -1volta
66- Rodrigo Rosa – Brasil -2voltas
67- Leandro Donizete – Brasil -2voltas
68- Edmilson Macedo – Brasil -2voltas
71- José Gabriel – Brasil -2voltas
77- Flávio Lobo – Brasil -2voltas
79- Pedro Hillo– Brasil -2voltas
DNF – não completou – Mario Couto – Sense Factory Racing – Brasil