A quarta etapa da Copa do Mundo de XCO, reservou aos fãs do esporte demonstrações de força e técnica. A neerlandesa Puck Pieterse, ícone do ciclismo em todo tipo de terreno, repetiu em Val di Sole a vitória alcançada na Copa do Mundo de Ciclocross disputada na região, e com a terceira vitória na temporada do mountain bike lidera com folga. Entre os homens, Nino Schurter vence pela sexta vez na região do Trentino e chega à trigésima quinta vitória no evento. Na Sub23, mais um fenômeno, a dinamarquesta Heby Pedersen se mantém invicta e o canadense Carter Woods, após vencer o XCC surpreende e tem seu final de semana perfeito, vencendo também no cross country olímpico
A neerlandesa Puck Pieterse deu mais uma demonstração de força, e se impôs desde a largada em uma prova onde os donos da casa comemoram muito o pódio de sua estrela Martina Berta, que com seus segundo lugar em Val di Sole conquista seu melhor resultado na Elite na Copa do Mundo, e recoloca a Itália no pódio da competição, após 9 anos, a última italiana havia sido quando Eva Lechner que venceu em 2014, a etapa de Cairns.
Desde os primeiros momentos da corrida Puck Pieterse já havia sinalizado que faria de tudo para se isolar das adversárias forçando com seus ataques e arrancadas já na volta de largada; a italiana Martina Berta e a francesa Pauline Ferrand-Prèvot até que tentaram acompanhar o ritmo da jovem, mas Pieterse não cedia terreno.
Na primeira volta no circuito completo Pieterse já corria isolada, atrás Berta e Ferrand-Prèvot comandavam um grupo onde estavam Alessandra Keller, Laura Stigger a quem se juntou posteriormente Rebecca Henderson. As cinco tentavam encurtar os mais de 40 segundos de vantagem que a neerlandesa já havia conquistado.
Incentivada pela sua torcida, Martina Berta queria um lugar no pódio e com um ataque consistente conseguiu fazer a diferença, apenas Pauline conseguiu resistir à aceleração que rompeu o grupo de perseguidoras.
A dupla franco-italiana tentou encurtar a vantagem da líder, mas a tarefa era impossível pois lá na frente Pieterse mantinha o ritmo elevado, e pedalava para sua terceira vitória.
Na quarta das cinco voltas, Pauline Ferrand-Prèvot sofreu uma queda que praticamente a tirou da disputa. A francesa sinalizava que estava dolorida perdendo várias posições, porém retomou às pedaladas, pensando também na pontuação para a classificação geral.
Na frente Pieterse corria tranquila para mais uma vitória. Berta, sem a pressão da francesa conseguiu se manter na segunda posição, enquanto na última volta Henderson e Stigger aumentavam o ritmo para tentar alcança-la, sem sucesso tiveram que se contentar com o terceiro e quarto lugar no pódio.
“Escolhi atacar desde o início e depois de uma volta estava a toda velocidade. A partir daí tentei seguir meu ritmo e não me recuperar. Funcionou desta vez também”, comentou Pieterse que completou: “Cometi um erro na última volta, felizmente sabia que tinha uma boa margem. Aconteceu na parte mais difícil da pista, onde se chega quase parado, até porque são muitas raízes. Em todas as voltas tentei manter a concentração máxima ali, mas na última cheguei com a pulsação tão alta que não consegui prosseguir. Depois disso, tentei reiniciar e acelerar na subida seguinte para encontrar o ritmo.”
Segunda colocada e muito emocionada, Martina Berta comentou: “É algo fantástico, foi uma corrida louca. Não esperava por isso”, e destacou o momento que a francesa saiu da disputa, “No meio da corrida consegui ficar com a Pauline, colaboramos, e quando ela caiu por um momento foi difícil manter a concentração, porque não esperava estar sozinha naquele momento. O público me ajudou muito, ladeira acima foi tanto apoio e tanto barulho que depois de 20 segundos de passagem não consegui ouvir nada. Esta manhã não sabia o que esperar, principalmente depois de um Europeu difícil, mas queria tentar manter-me à frente e lutar pelo pódio: devia isso a esta torcida, na etapa da Copa do Mundo na Itália, e também para me manter firme antes do mundial .”
Após 4 etapas, Puck Pieterse lidera a Classificação Geral com 1096 pontos e uma vantagem de 296 pontos sobre a adversária mais próxima Pauline Ferrand-Prèvot (800), Laura Stigger é a 3ª com 680.
SCHURTER: 35ª VITÓRIA NA COPA DO MUNDO, A EM SEXTA EM VAL DI SOLE
Uma lenda que não para de escrever a sua história. Nino Schurter deu mais uma exibição, em um local onde já conquistando o título de Campeão do Mundo Sub-23 em 2008 que havia vencido 5 etapas da copa do Mundo (2010, 2013, 2015, 2017, 2018) e que em 2021 conquistou ali o o nono dos seus 10 títulos mundiais.
Como aconteceu no mundial de 2021, mais uma vez, chegou a 27 segundos, seu compatriota Mathias Flückiger e na terceira posição, vestindo agora a camisa de campeão europeu, o romeno Vlad Dascalu que fez, a partir da segunda parte da prova uma corrida de recuperação para superar no sprint ao francês Joshua Dubau.
A corrida começou com o já tradicional ataque explosivo do alemão Luca Schwarzbauer agora acompanhado pelo sul-africano Alan Hatherly, e também por Nino Schurter que após a mais que discreta participação na etapa austríaca da Copa do Mundo, mais que marcava terreno, sinalizava com força e consistência em suas ações.
À força de Schwarzbauer, Haterly e Schurter se somou o neozelandês Sam Gaze que pouco depois pôs à cara na frente do grupeto para manter o ritmo elevado. O quarteto conseguiu romper com alongado grupo perseguidor, abrindo uma diferença de 15 segundos para os franceses Sarrou e Dubau, o letão Martins Blums e o suíço Vital Albin.
Schurter estava em seu dia, e mais uma vez forçou o ritmo e abriu uma pequena diferença sobre Schwarzbauer e Gaze, e Hatherly, um pouco mais distante que tentava acompanha-los. O ritmo imposto pelo suíço, produziu estragos, Schwarzbauer e Gaze ficavam para trás perdendo mais de 15 segundos. O único que resistiu e logo contra-atacou foi Hatherly que ousou ir para o guidão a guidão com Nino.
Pouco antes do começo da quarta, das seis voltas, Schurter elevou a cadência e conseguiu abrir uma vantagem de 31 segundos, dando início à escalada para a vitória. Hatherly tentava acompanhar, mas passou a ser atacado por Flückiger que saiu de uma má largada, até se colocar no grupo dos ponteiros.
Na penúltima volta, Flückiger já ocupava a segunda posição, Hatherly lutava para se manter ainda no pódio pois passou a ser atacado por Joshua Dubau e pelo romeno, Dascalu que evoluiu muito ao longo da corrida, saindo de um 28º lugar no começo da prova. Forçar o ritmo na primeira parte da prova e acompanhar as ações de Schurter minaram as forças do sul-africano.
Nino controlou a vantagem, mantendo uma boa margem de segurança para vencer pela sexta vez em Val di Sole. Flückiger cruzou a 26 segundos de seu compatriota. A luta pelo terceiro lugar ficou entre o campeão europeu Dascalu e o francês Dubau, o romeno soube antecipar o sprint para chegar à frente por uma mínima diferença.
“Em Lenzerheide percebi que estou em ótimas condições e estou ciente de que alcancei uma excelente configuração com o veículo, o que é essencial para poder competir em circuitos difíceis como o de Val di Sole”, disse Nino Schurter .
– “Desde o início me senti forte na subida e foi outra corrida aqui em Val di Sole, uma provaque adoro. A primeira parte da volta é fundamental porque é muito técnica com muitas subidas e descidas. Você tem que encontrar uma boa linha para ganhar impulso para a próxima passagem. Encontrei um bom fluxo na descida e fui capaz de forçar a subida”, destacou o seis vezes vencedor na localidade italiana.
Henrique Avancini terminou na 29ª posição, mas o campeão brasileiro destacou que “A etapa de Val di Sole, foi de longe a mais prazerosa e sofrida (dor boa!) da temporada”, correndo entre o grupo que disputava entre a 20 e 25 colocação.
SUB23 FEMININA: PEDERSEN EM 4 ETAPAS, 4 VITÓRIAS
Se Ronja Blöchlinger domina com sua explosão no circuito curto, Sofie Pedersen comanda no cross country olímpico e após dominar em Nove Mesto, Lenzerheide e Leogang, a jovem dinamarquesa venceu de ponta a ponta, abrindo uma vantagem de 38 segundos sobre a neozelandesa Sara Maxwell, e de 2m02s sobre a terceira colocada, a suíça Ronja Blöchlinger.
Mais explosiva, Blöchlinger tentou forçar o ritmo como se fosse uma prova de short track, uma tática extremamente agressiva, mas que não obteve sucesso, Sofie Pedersen contra-atacou e manteve-se colocada em sua roda na volta de largada, feita em um circuito menor, com 2.2 km. A intensidade da dupla, foi acompanhada à distância pela neozelandesa Samara Maxwell, mas atrás o ritmo produziu estragos rompendo o pelotão e colocando as adversárias a mais de 1m20 das ponteiras.
Na terceira volta, a suíça Blöchlinger caiu, abrindo-se a oportunidade para Pedersen continuar sozinha na ponta. Na quarta, e última volta, Maxwell alcança e deixa para trás a Blöchlinger que não consegue manter o ritmo e perdendo a segunda posição. Maxwell tenta ainda forçar o ritmo para encurtar a diferença, mas a vantagem de Pedersen era enorme.
“No final estava muito cansada, estava sem energia. Resisti mais com a cabeça do que com as pernas. Com o Ronja começamos a todo vapor e depois na final o Samara subiu muito forte. Eu realmente não sei onde ele encontrou a energia para aguentar até o fim”, comentou a líder da Copa do Mundo que soma 610 pontos, seguida por por Ronja Blöchlinger com 448 e Ginia Caluori com 387.
WOODS – FINAL DE SEMANA PERFEITO
O canadense Carter Woods teve um final de semana perfeito, após vencer na quinta-feira o Short Track, conseguiu levar a melhor no final da última volta do cross country, quando já parecia ter se conformado com o segundo lugar.
A prova começou com o suíço Dario Lillo, os francêses Adrien Boichis e Luca Martin e o estadunidense Amos Riley lutando pela ponta.
Martin aos poucos foi crescendo e na segunda volta assumiu a primeira posição, aos poucos passou a se distanciar dos adversários rodando com uma vantagem que ultrapassava os 30 segundos sobre Boichis e Woods, e de mais de um minuto sobre o segundo grupo de perseguidores, a vitória era dada como certa, mas na metade da última volta sofreu com a falta de sorte furando os dois pneus da bicicleta.
Enquanto Martin se arrastava pelo circuito, Woods ultrapassou e despachou o francês Boichis abrindo 31 segundos e ficando com a primeira posição; o terceiro lugar foi para Riley Amos. Alex Malacarne foi 16º e comentou que o ritmo da etapa foi insano já Gustavo Xavier que terminou em 23º destacou que fez uma volta de largada ruim, mas se esforçou para se colocar no grupo que rodava disputando a 10ª posição, mas acabou pagando pelo esforço.
“Foi uma corrida ‘louca’, muitas dessas coisas aconteceram na última volta. Minha largada foi péssima, mas depois consegui voltar para o grupo dos melhores. Luca nos distanciou, mas na última volta aconteceu de tudo e eu consegui”, comentou Woods.
Na sub 23 masculina a Classificação Geral está embolada Boichis lidera com 486 pontos, à frente do suíço Dario Lillo 470 e do canadense Woods com 425 pontos. Alex Malacarne é 11º com 220 pontos e Gusvato Xavier é 21º com 160.
COPA DO MUNDO DE MOUNTAIN BIKE XCO – Cross country olímpico – 4ª ETAPA – VAL DI SOLE | ITÁLIA
Sub23 Feminina – 61 competidoras de 23 países – circuito: volta de largada 2.2km+4×3.7km –total: 17.00km
1- Heby Pedersen – Willier-Pirelli Factory Team XCO – Dinamarca – 1h07m09s – vel. média: 15.187 km/h
2- Samara Maxwell – Nova Zelândia +38s
3- Ronja Blöchlinger – Liv Factory Racing – Suíça +2m02
4- Noemie Garnier – Scott Creuse Oxygene Gueret – França +2m21s
5- Sina Van Thien – Lexware Mountain Bike Team – Alemanha +2m37s
Sub23 Masculina – 119 competidores de 30 países – circuito: volta de largada 2.2km+5×4.2km – total 23.20km
1- Carter Woods – Giant Factory Off-Road Team XC – Canadá – 1h08m57s – vel. media: 20.184 km/h
2- Adrien Boichis – Trinity Racing MTB – França +31s
3- Amos Riley – Trek Factory Racing XC – Estados Unidos +45s
4- Jente Michels – Alpecin-Deceuninck – Bélgica +49s
5- Mario Bair – Trek Future Racing – Áustria +50s
16- Alex Malacarne – Trinity Racing MTB – Brasil +2m29s
23- Gustavo Xavier – Brasil +3m36s
Elite Feminina – 72 competidoras de 28 países – circuito: volta de largada 2.2km+5×4.2km – total 23.20km
1- Puck Pieterse – Alpecin-Deceuninck – Países Baixos – 1h19m49s – vel. média: 17.437 km/h
2- Martina Berta – Santa Cruz Rockshox Pro Team – Itália +52s
3- Rebecca Henderson – Primaflor Mondraker Genuins Racing Team – Austrália +1m00
4- Laura Stigger – Specialized Factory Racing – Áustria +1m06s
5- Mona Mitterwallner – Cannondale Factory Racing – Áustria +1m53s
66- Marcela Lima – Sense Factory Racing – Brasil -4 voltas
Elite Masculina – 111 competidores de 31 países – circuito: volta de largada 2.2km+6×4.2km – total: 27.40km
1- Nino Schurter – Scott-Sram MTB Racing Team – Suíça – 1h20m22s – vel. media: 20.453 km/h
2- Mathias Flückiger – Thömus Maxon – Suíça +26s
3- Vlad Dascalu – Trek Factory Racing XC – Rômenia +38s
4- Joshua Dubau – Rockrider Ford Racing Team – França +38s
5- Alan Hatherly – Cannondale Factory Racing – África do Sul +52s
29- Henrique Avancini – Caloi-Henrique Avancini Racing – Brasil +3m54s
40 – Ulan Galinski – Caloi-Henrique Avancini Racing – Brasil +5m32s