Vitória inédita de Henrique Avancini em uma etapa da Copa do Mundo de XCO. Em Nové Mesto na Morave, na República Checa, o brasileiro fez uma corrida magistral. Largou na primeira fila, esteve sempre na ponta e foi certeiro, na última volta, ao usar um trecho mais técnico da pista para assumir a ponta arrancar na frente para o sprint final. O Brasil ainda teve um ótimo desempenho na Junior Series, com Alex Malacarne em 6º e Giugiu Morgen em 13º
Com uma Copa do Mundo de cross country atípica com apenas duas etapas em Nové Mesto na Morave, na República Checa – todas elas disputadas em um programa de seis dias, e após longos meses sem competições na categoria Elite sentia-se no ar a atmosfera, entre muitos competidores a ‘sede de vitória’.
Na sexta-feira (3/10) Avancini já havia sinalizado que estava forte e muito concentrado ao arrancar com um sprint a vitória na prova de XCC – disputada em circuito curto – vale lembrar que na terça feira havia feito um 12º no XCC e na sexta foi 5º no XCO.
A vitória de Avancini, no domingo (04/10) só confirma a continua evolução técnica, tática e mental de este que é o maior nome do mountain bike e sem desmerecer outras modalidades, de todos os esportes a pedal brasileiros.
A vitória na prova de XCC na sexta-feira deu o direito a Avancini de largar na primeira fila em posição tendo ao seu lado, e como escudeiro seu companheiro de equipe Manuel Fumic, fator positivo pois do outro lado do alemão estava o campeão mundial, Nino Schurter.
Avancini, Fumic e o atual campeão alemão Maximilian Brandl arrancaram a frente do grupo e tomaram a dianteira na primeira subida, quem apareceu, de forma surpreendente disputando posições na segunda fila foi Luiz Henrique Cocuzzi que havia largado na 5ª fila muito próximo a Guilherme Müller.
Na curva de entrada do single track Coccuzzi assume a dianteira do pelotão mantém-se à frente por toda a volta de largada, porém após a passagem da primeira volta, já no trecho de subida foi obrigado a parar na área de apoio com um problema mecânico , perdendo mais de 3 minutos para a ponta do pelotão e caindo para a 90ª colocação.
Enquanto a bicicleta do Cocuzzi era reparada, na frente do grupo Nino Schurter força o ritmo, levando na roda seu compatriota Thomas Litscher sendo perseguidos por Avancini , Milan Vader, Simon Andreasse, Victor Koretzky , Alan Haterly e um pouco depois Sarrou. Todos em fila, mas em marcação cerrada.
Com a evolução da corrida, Nino colocou-se na dianteira, mantendo-se um grupo enfileirado controlando qualquer ação e neste momento, diferete do ano passado, ou mesmo da etapa anterior em Nové Mesto, Avancini não pressionou ou foi ao ataque em busca da ponta. Optou por correr marcando rodas.
Na 4ª volta Koretzky chegou a assumir a primeira posição, mas logo foi neutralizado por Schurter que segue em busca de superar o recorde de 33 vitórias em etapas da Copa do Mundo, do francês Julien Absalon. Ao suíço falta apenas 1 vitória para se igualar.
Com o avanço da corrida o grupo da frente foi perdendo integrantes. O vencedor do cross contry da quinta-feira (1/10), o dinamarquês Simo Andreasen despencou para a 13ª colocação e o campeão alemão Maximiliam Brandl , o suíço Filippo Colombo e o francês Maxime Marotte perdiam terreno para os ponteiros Vader, Schurter, Koretzky e Avancini.
Na sexta volta, Schurter atacou, no trecho de subida mais técnico, mas não conseguiu despachar o grupo de 8 competidores (Avancini, Koreztky, Schurter, Vader, Sarrou, Tempier, Griot e Hatherly) que vinham na marcação.
Na sétima volta Avancini fez um movimento logo na primeira subida, mas foi neutralizado por Schurter que se posicionou à frente. Os trechos mais duros se e transformaram em um duelo entre o campeão mundial e o campeão brasileiro.
O ritmo aumentou e isso selecionou o ainda mais a disputa, o único que conseguiu entrar nesse ‘jogo’ foi o holandês Milan Vader. Em um dos trechos mais técnicos Vader assume a dianteira e junto com Schurter optam por um traçado mais limpo, porém mais longo do circuito, nesse ponto Avancini lança seu ataque, escolhendo um traçado mais técnico, porém com maior esforço o colocou na frente.
O desgaste da disputa entre Avancini, Vader e Schurter trouxe novamente para a disputa os franceses Koretzky, Sarrou e Tempier e o sul-africano Hatherly.
Na pump track Avancini manteve-se primeiro, mas o jogo estava aberto e a decisão ficaria para o sprint final. Reconhecidamente o brasileiro é mais forte de chegada que seus adversários, mesmo assim, para não ser surpreendido, o biker da Cannondale Factory Racing optou por antecipar o sprint e arrancou de longe, com mais ou menos 150 metros, para cruzar na primeira posição. No duelo pela segunda posição, o holandês Vader superou o suíço Nino Schurter.
Com essa arrancada Avancini conquistou sua primeira vitória em uma Copa do Mundo, fato inédito para o mountain bike brasileiro que já tinha com ele duas vitórias no XCC – short track – em Vallnord e na última sexta-feira feira em Nové Mesto, além do título mundial de MTB Maratona de 2018, em Auronzo di Cadore, Itália.
Ao final da prova e depois de comemorar muito – com sua irmã Carolina, que é a fisioterapeuta da seleção brasileira de mountain bike e com seus companheiros e staff da equipe Avancini declarou: “é uma emoção indescritível, até porque isso não foi o trabalho só de um dia, nem de um ano, foram muitos anos que eu vinha sonhando em alcançar isso e estava cada vez mais próximo e sabia que isso ia chegar”, e comentou que na quinta-feira não ficou satisfeito com o desempenho da primeira etapa em Nové Mesto onde ficou em 5º.
Sobre a vitória, Avancini disse “É algo que eu desejava muito, não só uma Copa do Mundo, mas batê-lo também o Nino, é o talento mais puro que essa modalidade já viu, e vencer uma Copa do Mundo disputando com ele, talvez é a maior demonstração de que você realmente merece subir num degrau mais alto. Estou realizado com a corrida de hoje”.
Depois de Avancini, o melhor brasileiro na prova foi Guilherme Müller, na 53ª posição. Coccuzi após seu problema mecânico chegou a descer para a 94ª colocação, fez o que pôde para descontar diferenças e subiu até a 75ª posição. Edson Rezende terminou em 92º.
Na prova feminina, que aconteceu horas antes da disputadíssima corrida masculina, o roteiro foi muito diferente, com a campeã mundial de XCO em 2015 e 2018 (isso sem citar os títulos de MTB Maratona’2019 ou de estrada em Ponferrada’2014) Pauline Ferrand-Prevot mostrando que no próximo mundial fará de tudo para manter a camisa arco íris.
Loana Lecomte, compatriota de Pauline, e que na quinta-feira venceu o XCO e a suíça Linda Indergand arrancaram na frente na volta de largada que serve para distribuir os competidores pelo circuito. No início da primeira subida, somaram-se a elas Evie Richards e Kate Courtney. Pouco antes da entrada do primeiro single track, Prevot atacou e assumiu a ponta.
A campeã mundial usou a primeira volta para abrir vantagem de 11 segundos sobre Anne Tepstra. Na terceira posição aparecia Loana Lecomte mostrando o desgaste da forte largada, perdendo quase 30 segundos para a líder.
As posições do pódio ficaram inalteradas durante toda a prova – Prevot à frente, Tepstra rodando a 15 segundos da líder e Lecomte a pouco menos de 1 minuto da holandesa.
Na última volta o forte ritmo imposto por Pauline Prevot-Ferrand começou a se fazer sentir no desempenho, o ritmo caiu e Anne Tepstra conseguiu reduzir a diferença para 15 segundos, mas ela também acusou o cansaço e não conseguiu chegar na líder, assegurando a segunda posição.
Em sua última prova correndo com a camisa de campeã mudial de 2019, a vencedora da segunda etapa da Copa do Mundo, comentou: “Eu me senti muito melhor do que quinta-feira. Eu sabia quando tinha que atacar. Eu coloco toda força e tento abrir diferenças. No final foi uma pequena diferença, mas consegui e estou super feliz”, comemorou, sobre o traçado do circuito de Nové Mesto ela disse: “ É bastante técnico na subida, mas também na descida, por isso é melhor estar na frente. Queria confiar nas minhas linhas”, justificando sua tática de forçar o ritmo e ir para a frente.
MERCEDES BENZ COPA DO MUNDO UCI DE MOUNTAIN BIKE XCO
2ª etapa – Nove Mesto na Morave – República Checa
Domingo 04/10
Elite Feminino – volta de largada 2,7 km + 5 voltas 3.9km = 22,20 km – 74 competidoras de 25 países
1- Pauline Ferrand-Prevot – Canyon Colective Factory Team – França – 1h14m07s – vel. média 17.970 km/h
2- Anne Terpstra – Ghost Factory Racing – Holanda +21s
3- Loana Lecomte – Massi – França + 1m10s
44 – Raiza Goulão – Brasil +9m30s
61- Leticia Candido – Brasil -2 voltas
* volta mais rápida – Pauline Ferrand-Prevot- França – 12m45s vel. média 18.34 km/h
Elite Masculino – volta de largada volta de largada 2,7 km + 7 voltas 3.9km = 30 km – 125 competidores de 33 países
1- Henrique Avancini – Cannondale Factory Racing – Brasil – 1h25m03s – vel. média 21.161 km/h
2- Milan Vader – KMC-Orbea – Holanda +1s
3- Nino Schurter – Scott-Sram MTB Racing – Suíça +1s
53- Guilherme Gotardelo Müller – Cannondale Brasil Racing +5m
75- Luiz Henrique Cocuzzi – Brasil +7m28s
92- Edson de Rezende Junior – Cannondale Brasil Racing +10m05s
* volta mais rápida – Henrique Avancini – Brasil – 10m53s vel. média 21.47 km/h
SUB23 – PIDDOCK DOMINA, BRASILEIROS TERMINAM NO PELOTÃO INTERMEDIÁRIO
No sábado (3/10) foi disputada a segunda etapa da Copa do Mundo de XCO da categoria sub 23, e a exemplo do que aconteceu na quinta-feira (01/10) na prova masculina o britânico Tomas Piddock dominou a prova e venceu com uma vantagem de mais de 1 minuto sobre o britânico Christopher Blevis.
O brasileiro Gustavo Xavier de Oliveira repetiu o resultado da primeira etapa e terminou na 29ª posição. Ulan Galisnki, em uma pista mais seca pôde evoluir e saiu da 60º posição na primeira etapa para a 38ª posição no sábado .
Na prova feminina a holandesa, de origem dominicana, Ceilyn del Carmen que havia feito a segunda posição na estreia, foi a vencedora. Ceylin é um nome que merece atenção, em fevereiro deste ano, antes do encerramento das atividades pela Covid-19 ela conquistou o título mundial de ciclocross na Elite e como muitos dos seus compatriotas é uma atleta para todo terreno.
Sub23 Masculino – volta de largada 2,7 km + 6 voltas 3.9km = 26,10 km – 92 competidores de 23 países
1- Thomas Piddock – Grã Bretanha – 1h15m57 – vel. média 20.618 m/h
2- Christopher Blevins – Specialized Racing – Estados Unidos +1m08s
3- Vital Albin – Thomus RN Swiss Bike Team – Suíça +1m30s
29- Gustavo Xavier de Oliveira – Brasil +6m37s
38- Ulan Galinski – Caloi Team – Brasil +8m41s
*volta mais rápida – Thomas Piddock – 11m10s – vel. média 20.95 km/h
Sub 23 Feminino volta de largada 2,7 km + 5 voltas 3.9km = 22,20 km – 55 competidores de 24 países
1- Ceylin Del Carmen Alvarado – Alpecin-Fenix – Holanda – 1h19m50s – vel. média 16.682 km/h
2- Marika Tovo – KTM Protek Dama – Itália +19s
3- Helene Clauzel – Cube Fermetures Sefic – França +39s
*Volta mais rápida – Ceylin Del Carmen Alvarado – Holanda – 13m56s – vel. média 16.78 km/h
UCI JUNIOR SERIES XCO – MALACARNE É 6º E GIUGIU MORGEN 13ª NA REPÚBLICA CHECA
O futuro do mountain bike brasileiro começou a escrever sua história nas trilhas internacionais. No sábado (3/10) foi disputada em Nove Mesto na Morave, juntamente com a programação da Copa do Mundo de Mountain Bike XCO – cross country – a etapa única da UCI Junior séries 2020 e os dois representantes brasileiros na prova tiveram um excelente desempenho.
Correndo no mesmo circuito de 3.936 metros utilizado pela Elite no domingo (4/10) Alex Malacarne e Giugiu Morgen mostraram que estão em excelentes condições para enfrentar, dentro de cinco dias, em Leogang, na Áustria os melhores pilotos da categoria junior na disputa do Campeonato Mundial de MTB XCO.
Na categoria masculina, alinharam 104 competidores com um elevado nível técnico. Malacarne largou na frente e logo entrou na disputa pelas primeiras posições, perseguindo o suíço Jannis Baumann que assumiu a ponta na volta de abertura.
Na primeira volta o dinamarquês Tobias Lillelund assumiu o comando da prova e manteve-se na liderança até o final da corrida. Malacarne esteve sempre no grupo ponteiro, mantendo um ritmo forte chegando a fazer o segundo e terceiros melhores tempos na segunda e terceira volta, entrou na disputa pela terceira posição, mas na terceira volta, mas como ele mesmo comentou “pela pouca experiência em prova de alto nível acabei não conseguindo disputar a posição até o fim”.
Alexandre foi o melhor latino-americano na prova e eesteve muito próximo do pódio e terminou a prova com um excelente 6º lugar com um sinal muito positivo sobre sua condição física e mostrando que se tiver condições e um bom trabalho pode ir além.
No feminino a austríaca Mona Mitterwalnner, dominou a corrida e mostrou-se muito superior à demais adversárias. Após a volta de abertura, assumiu a ponta e daí pra frente só foi abrindo vantagem até abrir um ‘buraco’ que superou os 3 minutos. A francesa Olivia Onesti, não conseguiu acompanhar o ritmo, mas quando assumiu a segunda posição manteve-se até o final , sem ser incomodada pela checa Karolina Bedrníkova.
A brasileira Giugiu Morgen foi a única representante latino-americana na prova. Como nessa categoria o grid é montado por ordem alfabética com um representante de cada país, Giugiu largou na frente e conseguiu ir bem até o início da trilha, onde perdeu algumas posições caindo para a 21ª posição. A brasileira não se intimidou e forçou o ritmo buscando o grupo mais à frente, fez o 9º melhor tempo na primeira volta e com isso conseguiu avançar até a 13ª posição, apesar de perder um pouco o ritmo, conseguiu se manter o resultado.
Mesmo sofrendo com a falta de ritmo de competições, provocada pela pandemia da covid-19, Giugiu não acredita que isso tenha influenciado seu desempenho, pois ela manteve a rotina de treinos e um preparação pensada no Mundial . Sobre a prova ela comentou: “Aqui é nível é outro, as atletas são muito fortes(..)No fim, aprendi muito com esta competição. É mais um pouco de bagagem que sempre é bem-vinda”.
Junior Masculino – volta de largada 2.8 km + 5 voltas de 3.9 km = 22.30 km – 104 competidores de 23 países
1- Tobias Lillelund – Dinamarca – 1h08m – vel. média 19.672 km/h
2- Oliver Vederso Solvhoj – Dinamarca +30s
3- Bjorn Riley – Bear National Team – Estados Unidos +34s
6- Alex Malacarne – Specialized Racing Brasil – Brasil +1m03s
*volta mais rápida – Tobias Lillelund – 11m48s – vel.média 19.82 km/h
Junior Feminino – volta de largada 2.8 km + 4 voltas de 3.9 km = 18.40 km – 41 competidoras de 17 países
1- Mona Mitterwalnner – Áustria – 1h04m21 – vel. média 17.
2- Olivia Onesti – Scott Creuse Oxygene Gueret – França + 3m18s
3- Karolina Bedrníkova – Rep. Checa +3m48s
13- Giuliana Morgen – Sense Factory Racing – Brasil +8m29s
*volta mais rápida – Mona Mittervalnner – Áustria – 13m47s vel. média 16,97 km/h