COPA DO MUNDO XCO #4: LECOMTE E FLÜCKIGER IMBATÍVEIS EM TODOS OS CIRCUITOS DE LEOGANG

Como no ano passado Loana Lecomte e Mathias Flückiger fazem o final de semana perfeito, e após vencerem na sexta-feira no circuito curto, repetem a façanha e vencem no XCO. Avancini em uma jornada atípica termina em 24º

Loana Lecomte repete o desempenho de 2021 e vence no XCC e no XCO em Leogang – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Mais uma vez Loana Lecomte parecia estar correndo em casa, foi nesse mesmo circuito que no ano passado ela conquistou a primeira dobradinha de sua carreira – vencendo o short track e o XCO e mais uma vez ela repetiu o feito com autoridade, não dando margem às adversárias conquistando sua 6ª vitória na Copa do Mundo.

Debaixo de sol e com a pista seca, afastado todo o temor das chuvas e uma pista enlameada, a largada da prova feminina começou com uma das favoritas, a campeã austríaca Mona Mitterwallner caindo logo após as pedaladas iniciais, e ela se viu obrigada a correr empurrando a bicicleta até a área técnica para reparos e retornar à disputa.  Á frente a suíça Jolanda Neff buscou a dianteira do grupo na volta de largada, feita no circuito mais curto com 2.5 km, seguida por Jenny Rissveds.

Jenny Rissveds, 2ª colocada – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Mas já na primeira volta no circuito de 3.7 km a francesa impôs seu estilo, tomou a dianteira e começou o seu trabalho de pedalar firme com seu ritmo constante.  Apenas Rissveds e Neff conseguiram acompanhar essa primeira ação de Lecomte que resultou em uma vantagem de 14 segundos para o trio, atrás a mais de 40 segundos estava um grupo onde rodavam à frente Sina Frei e a líder da Copa do Mundo, Rebecca McConnell.

Lecomte domina Leogang no XCC e XCO

Neff pagou caro o esforço e perdeu muitas posições já antes de entrar na segunda volta; Rissveds tentava sobreviver ao forte de ritmo de Lecomte, mas já cedia à francesa uma vantagem de 29 segundos que só aumentou volta a volta, e que ao final da prova, após 5 voltas chegou à casa de 1m13segudos, repetindo também o resultado do ano passado, quando foi 2ª em Leogang.

A australiana, McConnell líder da Copa do Mundo não conseguiu repetir o desempenho das três etapas anteriores (Petrópolis, Albstadt e Nové Mesto) onde saiu vencedora, no duro circuito de Loegang ficou apenas na 7ª posição e com um desempenho muito abaixo do apresentado nas outras etapas, mesmo assim se mantém na liderança da Copa do Mundo com 1093 pontos; Lecomte é a vice-líder com 916 pontos, 177 a menos que a australiana.

Na atual temporada os objetivos de Loana Lecomte são os Campeonatos Europeu e Mundial – foto: UCI

Lecomte, campeã da Copa do Mundo em 2021 sinalizou que tem outros objetivos para a temporada: “No ano passado eu fui a primeira pessoa desde muito tempo a vencer quatro corridas da Copa do Mundo e este ano eu fui a primeira pessoa a ter um fim de semana perfeito no mesmo lugar, então estou muito feliz pelo mountain bike O geral (o título) não é meu objetivo porque quero focar no Campeonato Europeu e Mundial”.

A terceira posição é de Anne Terpstra com 713.  Jenny Rissveds deve estar se lamentando de não ter disputado a etapa de Petrópolis, pois está muito consistente com dois 2ª lugares (Albstadt e Leogang) e um 3º (Nové Mesto) somando 695 pontos e ocupando a 5ª posição, um desempenho superior à da 4ª colocada – Laura Stigger que fez as 4 etapas e soma 698 pontos.

A brasileira Aline Simões, em sua estreia em uma etapa europeia da Copa do Mundo, sentiu a diferença de ritmo e terminou na 49ª posição com 2 voltas a menos que a vencedora.

Dascalu ataca na largada, Avancini acompanha – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Se na prova feminina tivemos o domínio de Loana Lecomte, entre os homens o suíço Mathias Flückiger fez um roteiro muito parecido, mas acrescentando uma grande dose de emoção com o duelo travado durante 4 voltas com seu compatriota e lenda viva da modalidade Nino Schurter.

Na largada o romeno Vlad Dascalu que vem buscando a sua primeira vitória na elite da Copa do Mundo deu a arrancada inicial, tomando a dianteira do pelotão, com Alan Hatherly, Anton Cooper e Avancini buscando também a dianteira do grupo.  A agressividade na largada serviu para esticar o grupo e fazer a seleção.

Duelo suíço: Flückiger x Schurter

Desde a largada a tensão era alta, e a ação de Dascalu teve uma resposta de Nino Schurter no início da primeira volta, quando o suíço atacou na subida mais forte do circuito. A ação foi neutralizada pelo sul-africano Alan Hatherly, com Dascalu e Mathias Flückiger mostrando ter vitalidade para acompanhar o ritmo, Avancini ainda resistiu tentando se manter nesse grupo, mas na segunda volta começou a perder contato com os ponteiros.

Avancini em uma jornada onde a cabeça não funcionou – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

A marcação entre Schurter, Dascalu, Haterly e Flükiger deu oportunidade para que Anton Cooper e o Maxime Marotte encaixassem no grupo.  Mas ainda na segunda volta Schurter atacou novamente deixando o neozelandês Cooper e Dascalu cortados do grupo. Hatherly buscava sobreviver na roda do duelo suíço, entre Schurter e Flückiger que se iniciava.

Na terceira volta Mathias Flückiger partiu ao ataque e daí em diante o público só tinha olhos para o duelo que começava.

Mathias forçava, Nino grudava em sua roda, os dois se revezavam na primeira posição, com Hatherly acompanhando a uma curta distância a batalha, mas sem pernas para entrar no desafio. Um pouco mais distantes Dascalu e Marotte pedalavam pela 4ª e 5ª posição.

Avancini fora do ritmo dos ponteiros

Para Avancini não era um grande dia, e após o 4º lugar no XCC da sexta-feira, o seu desempenho estava muito abaixo do habitual, cedendo terreno e despencando para a 20ª posição, rodando a mais de 2 minutos dos ponteiros.

Na sexta e última volta, a dupla suíça se mantinha grudada, lembrando o duelo do mundial de Val di Sole, no ano passado, quando Schurter e Flückiger estiveram lado a lado, quase batendo guidões pelo título.

Fluckiger não queria ser surpreendido, mais uma vez, nos metros finais, assim na subida mais longa do circuito forçou os pedais para abrir uma pequena distância, daí em diante não largou a ponta. Apesar das tentativas de encostar, Schurter não conseguia descontar a essa diferença.

Duelo suíço: Flückiger x Schurter – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Flückiger conseguiu a vantagem suficiente para cruzar a linha de chegada de braços abertos e comemorar mais uma vitória em Leogang, e a primeira desta temporada e que serviu para adiar a tão desejada 34ª vitória de Schurter, a que o colocaria como maior vencedor da Copa do Mundo.

“Estou realmente exausto. Depois da vitória de sexta-feira, sei que estou em boa forma, mas foi muito difícil. Foi uma grande batalha mais uma vez com Nino. É um percurso muito exigente aqui com tanta escalada você nunca tem a chance de se recuperar, além disso estava muito quente hoje”, comentou Flückiger.

O sul-africano Haterly confirmou o 3º lugar chegando a mais de 20 segundos dos ponteiros; Dascalu conseguiu se firmar na 4ª posição, abrindo uma boa vantagem sobre Marotte, 5º colocado. A disputa pelo 6º e 7º lugar reservou uma boa dose de emoção, a começar pela corrida de recuperação do espanhol David Valero que saiu da 16ª colocação e quase chegou à disputa pelo pódio e na final seu duelo com Anton Cooper decidido no photo finish.

Flückiger supera Schurter e conquista a dobradinha XCC/XCO pela segunda vez em Leogang – foto: UCI

Em Leogang, a diferença das duas etapas anteriores disputadas na Europa onde tivemos 4 brasileiros na Elite, com Avancini, Cocuzzi, Galinski e Rezende, só o atual campeão brasileiro e pan-americano entrou na disputa.

Avancini terminou na 24ª posição a 4m28s de Flückiger, um desempenho muito abaixo do esperado e que levou Avancini à 11ª posição na classificação geral da Copa do Mundo. Sobre a etapa, em sua conta pessoal no Instagram, o brasileiro fez um comentário curto: “Correr com a cabeça cheia é uma bosta…”.

A regularidade de Schurter o premia com a liderança na Copa do Mundo, ele tem 964 pontos, 189 a mais que o segundo colocado Vlad Dasacalu (775). Em terceiro está Flückiger com 711 pontos; Hatherly é o 4ºcom 692 e Thomas Pidcock, que não correu em Leogang é o 6º com 600.

MERCEDES BENZ COPA DO MUNDO UCI DE MTB XCO Elite – Cross Country

4ª Etapa – Leogang – Áustria  – 12/06/2022 –

Elite Feminina – 56 competidoras de 23 países – circuito:  volta de largada 2.5 km +5×3.7 km = total 21 km

Volta mais rápida Jenny Rissveds – 13m16s – vel. média: 16.72 km/h

1- Loana Lecomte –Canynon CLLCTV – França – 1h15m42s

2- Jenny Rissveds – Team 31 Ibis Cycles – Suécia +1m13s

3- Laura Stigger – Specialized Factory Racing – Áustria +1m28s

4- Sina Frei – Specialized Factory Racing – Suíça +1m41s

5- Anne Terpstra – Ghost Factory Racing – Países Baixos +2m10s

49- Aline Simões – Brasil  -2 voltas

Elite Masculina – 90 competidoras de 25 países – circuito:  volta de largada 2.5 km +6×3.7 km = total 24.70 km

Volta mais rápida Mathias Flückiger 10m57s – vel. média 20.26 km/h

1- Mathias Flückiger – Thömus Maxon – Suíça – 1h15m31s

2- Nino Schurter – Scott-Sram MTB Racing Team – Suíça +6s

3- Alan Hatherly – Cannondale Factory Racing – África do Sul +39s

4- Vlad Dascalu – Trek Factory Racing XC – Romênia +45s

5- Maxime Marotte – Santa Cruz FSA MTB Pro Team – França +1m09s

24- Henrique Avancini – Cannondale Factory Racing – Brasil +4m28s

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