COPA DO MUNDO XCC MAIRIPORÃ: EVIE RICHARDS E SAM GAZE MOSTRAM SUA FORÇA

Mairiporã recebeu a elite do mountain bike mundial e num dia de muito sol, com provas acontecendo ao meio dia, as disputas do XCC tiveram um nível elevadíssimo. Evie Richards surpreendeu entre as mulheres; atacou e se distanciou o suficiente para vencer com tranquilidade. A prova masculina esteve aberta até os últimos metros, mas na descida final Sam Gaze saiu lançado para o sprint, tomou a dianteira para superar a Luca Schwarzbauer e Martin Vidaurre

Martina Berta #3 toma a frente após a largada – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

A temporada da Elite do mountain bike mundial começou neste sábado (13/04) em Mairiporã com a disputa do short track – a prova em circuito curto – e que marca uma mudança desde que a prova entrou no calendário e era disputada às sextas-feiras, e havia um dia para recuperação antes da prova principal do programa – o XCO – cross country no domingo – agora os Sub23 disputam o XCC na sexta-feira e a Elite entra na pista no sábado. Mas isto só acontecerá quando a localidade sede não realizar a prova de downhill – como é o caso das duas etapas brasileiras, Nove Mesto, Crans Montana e Mt Van Hoevenberg/Lake Placid .

Ao longo do ano será possível verificar o impacto dessa novidade, mas a prova mais explosiva, rápida e para muitos mais atrativa – e que desde 2022 também entrega camisa de líder e título geral – poderá provocar mudanças na forma de correr de alguns ciclistas dependendo de suas condições físicas e técnicas – alguns apostarão na velocidade pela geral outros pouparão sua energia para o domingo.

As mulheres, como é tradição na Copa do Mundo, foram as primeiras a enfrentar o traçado de 1,1 km da Arena iMTB Bike Park, em Mairiporã. O circuito considerado rápido, com vários saltos, passagem pela pump track terminava com um bom trecho em descida que levava o gramado aonde era disputado o sprint final.

Alessandra Keller na pump track, foi a 3ª colocada – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Na largada a ausência de Puck Pieterse – campeã da Copa do Mundo de XCC  e de XCO que neste início de temporada optou por correr na estrada; a francesa e super-campeã francesa Pauline Ferrand-Prévot foi outra ausente na etapa paulista do evento e as jovens sub23 Ronja Blöchlinger , vencedora das 8 etapas de XCC em 2023 e a neozelandesa Samara Maxwell – ambas acusaram estresse mental e preferiram não disputar a prova no Brasil e trabalhar a recuperação, pensando no resto da temporada e nos Jogos Olímpicos de Paris.

A prova começou com a italiana Martina Berta forçando o ritmo na volta de largada – disputada em um traçado mais curto de 700 metros, a aceleração recebeu uma rápida resposta das suíças Jolanda Neff e Alessandra Keller que depois se revezaram nas duas voltas seguintes na ponta de um pelotão que rodava esticado.

Na terceira volta no circuito de 1,1 km foi a vez da estadunidense Kate Courtney  tomar o comando do grupo, forçou o ritmo, esticou o pelotão ainda mais e provocando uma divisão em dois grupos, levando em sua roda a britânica Evie Richards que estava entre as ponteiras desde a largada, e a sueca Jenny Rissveds e a suíça Jolanda Neff.

EVIE ESCAPA PARA A VITÓRIA DO XCC EM MAIRIPORÃ

Na quinta volta, foi a vez da britânica Evie Richards fazer seu movimento para tomar a ponta do reduzido grupo, Neff ,  Rissveds, Henderson e Keller conseguiram acompanha-la. Na volta seguinte Richards deu jogou suas cartas para trabalhar a definição da prova, acelerou o ritmo e abriu uma pequena vantagem – 6 segundos – sobre Keller que tentava encurtar distância e Jolanda Neff – que não fez uma boa aclimatação – cedia terreno indo para o segundo grupo, e atrás da líder e de suas duas perseguidoras (Keller e Hendersen) um grupo que perdia totalmente o contato.

Evie Richards abriu caminho e se distanciou – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Evie usou a descida para assegurar sua vantagem –  – e garantir sua primeira vitória na temporada. Na disputa pelo segundo lugar, a suíça Alessandra Keller não resistiu ao ataque da australiana Rebecca Henderson, sendo ultrapassada.  A aceleração das três abriu um ‘buraco’ e a quarta colocada chegou a 19 segundos da vencedora e a 10s da terceira colocada.

O Brasil teve duas representantes na prova, Karen Olímpio que terminou em 32º e Raiza Goulão após ceder terreno, economizou pernas para o XCO, terminando em 40ª.

Sobre a vitória, Evie comentou: “Tudo começou em um grupo bem grande e então algumas garotas diferentes foram para a frente e forçaram e Kate [Courtney] atacou, e por acaso eu estava na s roda dela, e simplesmente forcei com um ataque. Acho que ela desapareceu um pouco no topo de uma das subidas e saí da descida com vantagem e continuei naquela velocidade mesmo, apenas mantive a diferença. Estou muito satisfeita por começar a temporada assim”.

Evie Richards, vence a abertura da Copa do Mundo de XCC em Mairiporã foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Sobre a tática utilizada, a vencedora disse: “Acho que você sempre tem que improvisar. Conversamos muito sobre estratégias e o que aconteceria se pessoas diferentes atacassem, então eu estava bem preparada e feliz com isso”.

Falando sobre as condições, Richards disse: “Está muito quente. Especialmente quando o Reino Unido está literalmente cinzento há seis meses consecutivos, é definitivamente um avanço em relação ao Reino Unido, o que é bom. É bom tomar um pouco de sol e um pouco de vitamina D no corpo”, finalizou a vencedora do XCC.

GAZE E SCHWARZBAUER DECIDEM O XCC NO SPRINT

A presença do alemão Luca Schwarzbauer, campeão da Copa do Mundo de XCC de 2023 com 3 vitórias, traz a certeza de que o roteiro que vimos ao longo da temporada passada se repetiria. Largada liberada e ataque do alemão que tomou a ponta e passou a liderar o grupo, que apesar do elevado ritmo, não se desmanchava – com uma procissão em alta velocidade onde estavam Jordan Sarrou, Mathias Flückiger, Martin Vidaurre, Nino Schurer, Lars Forster e rodando fechando esse grupo Sam Gaze.

Largada, e Schwarzbauer toma a dianteira – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Schwarzbauer, liderou a volta de largada (start loop), a primeira e a segunda volta, aí foi a vez do chileno Vidaurre tomar a ponta, liderar a 3ª e 4ª voltas. Vindo do fundo do grupo principal, o neozelandês Gaze, campeão mundial de XCC – fez valer sua camisa arco-íris e atacou para tomar a dianteira e dar um claro sinal a todos que estava em busca da vitória.

O forte ritmo dos ponteiros era acompanhado por um grande grupo, que rodava esticado, em mais de uma oportunidade Gaze e Schwarzbauer rodaram ombro a ombro, trocaram de posições na 6ª e na 7ª volta – com Koretzky, Vidaurre e Schurter acompanhando de perto.

Schwarzbauer ‘bombeando’ e fustigando o pelotão foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

O alemão abre a última volta à frente de Gaze, Koretzky, Vidaurre e Sarrou que vinha crescendo no final da prova. Na subida o neozelandês atacou e tomou a ponta, para tentar fazer todo o trecho até a descida na frente, para daí sair lançado na frente para o sprint final. A estratégia de Gaze funcionou; Schwarzbauer teve que se contentar com o 2º lugar; o chileno Vidaurre foi o 3º.  Ulan Galinski e José Gabriel Marques foram os brasileiros que disputaram a prova. Galinski ao longo da prova flutuou entre a 25ª e 29ª posição, terminando em 28º; Zé Gabriel transitou entre a 32º lugar e o 39º, terminando em 38º.

Ainda sentindo o calor de Mairiporã, Gaze comentou a prova: “Tem sido algumas semanas muito difíceis, foi muito difícil concentrar-me no meu trabalho em alguns momentos, mas cheguei aqui e consegui um bom desempenho. A largada foi crítica para mim e muitas vezes não tenho sorte, mas devo dizer que tive sorte na volta de largada, e a partir daí foi apenas tentar me recuperar

O máximo possível antes de seguir em frente. O calor é um fator tão importante aqui que parece que engoli um copo cheio de vidro….Estou muito feliz, bons sinais para as próximas duas semanas, feliz por começar bem”.

Vitória apertada de Gaze, no sprint – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

O vencedor também comentou as voltas finais disputadas lado a lado do alemão: “O Luca (Schwarzbauer) é um cara legal, fizemos quase uma parceria, só tentando manter a velocidade como queríamos. Há uma grande vantagem correndo na frente e assim que cheguei lá percebi a vantagem que eles tinham, então tentamos mantê-la e, para ser sincero, realmente não achei que fosse possível fazer o sprint. Eu estava completamente no limite, mas obviamente todo mundo também estava. Isso é corrida em pista curta.”

Segundo colocado Luca Schwarzbauer, comentou sobre a disputa: “Foi uma pista surpreendentemente boa. Sinceramente, durante o reconhecimento achei que não ficou muito legal com o pump track, achei que ia doer muito. Mas no final foi muito bom e controlado, e eu tinha Sam do meu lado; não somos companheiros de equipe, mas pelo menos companheiros da Canyon (ndr: usam a bicicleta da mesma marca) e pudemos nos ajudar um pouco no final, eu também não o ataquei 100%. Não sei quem foi o mais forte, mas no final estou super feliz por fornecer aquela imagem final para a Canyon junto com Sam e muito feliz porque não estava 100% certo sobre minha forma. Eu estava motivado, mas ainda não sentia o grande peso nos ombros. No ano passado percebi que quando o peso é enorme, consigo ter um bom desempenho, mas também é muito estressante, por isso estou feliz por também ter conseguido com um pouco menos de stress, mas é apenas a primeira corrida da temporada”.

Em seu segundo ano na Elite, Vidaurre termina em 3º e faz seu primeiro pódio – foto: Bartek Wolinski/Red Bull Content Pool

Melhor sul-americano, o terceiro colocado recebeu o carinho da torcida brasileira, Martin Vidaurre, declarou: “Terminar em terceiro aqui no Brasil é simplesmente incrível. Muitos torcedores chilenos estão aqui, então é diferente estar aqui. Demorei um pouco para subir ao pódio, tipo um ano. Então é bom confiar no processo e estar de volta ao pódio. Estou tão feliz”, comentou o chileno sobre sua adaptação ao ter deixado a categoria Sub23 com várias vitórias e seu tempo de adaptação na Elite, e completou “Não estou com pressa. Ainda gosto do meu treino, gosto de ser piloto, não gosto de correr muito, então confio no meu trabalho e continuo porque adoro o esporte”.

Whoop UCI MTB World Series – Copa do Mundo de Mountain Bike – Mairiporã

XCC – Short Track – Circuito Curto

Elite feminina –  700m + 7 voltas x circuito de 1,1 km – 8.40 km – 40 competidoras de 19 países

1- Evie Richards – Trek Factory Racing-Pirelli – Grã Bretanha – 20m21s – vel. Media 24.762 km/h

2- Rebecca Henderson – Primaflor Mondraker Racing Team – Austrália +7s

3- Alessandra Keller – Thömus Maxon – Suíça +9s

4- Jenny Rissveds – Team 31 Ibis Cycles Continental – Suécia +19s

5- Kate Courtney – Scot-Sram MTB Racing Team – Estados Unidos +21s

32- Karen Olímpio – Brasil +1m25s

40- Raiza Goulão – Brasil   -2 voltas

Elite Masculina – 700m + 8 voltas x circuito de 1,1 km – 9.50 km – 40 competidores de 19 países

1- Samuel Gaze – Alpecin-Deceuninck – Nova Zelândia – 20m17s

2- Luca Schwarzbauer – Canyon CLLCTV XCO – Alemanha – m.t.

3- Martin Vidaurre – Specialized Factory Racing – Chile – m.t.

4- Victor Koretzky – Specialized Factory Racing – França +1s

5- Thomas Litscher – Lapierre Mavic Unity – Suíça +2s

27- Ulan Galinski – Caloi-Henrique Avancini Racing – Brasil +21s

38- José Gabriel Marques – Brasil +1m01s

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