Jolanda Neff foi absoluta na etapa de Mont-Sainte-Anne da Copa do Mundo de MTB. No sprint venceu no circuito curto, e no traçado mais difícil e técnico do cross-country, em uma prova marcada pelo sol e chuva, despachou suas adversárias para conquistar sua 4ª vitória no Canadá. No masculino a equipe BMC dominou com Filippo Colombo no XCC e com Tituan Carod em um desempenho histórico liderando todas as voltas do XCO
Após o cancelamento das edições de 2020 e 2021 em virtude da Covid-19, a Copa do Mundo de MTB voltou à tradicional estação de Mont-Sainte-Anne que recebeu pela 27ª vez uma etapa do evento, além de ter recebido 3 mundiais (1998, 2010 e 2019).
A penúltima etapa da Copa do Mundo de Mountain bike em circuito curto – XCC , a exemplo do final de semana anterior, manteve o esvaziamento de algumas grandes estrelas da modalide: Evie Richards, Loana Lecomte e Pauline Ferrand-Prevot e a elas se somou Jenny Rissveds que estava confirmada para largar, mas em cima da hora, com dor de garganta, desistiu da competição. Apesar dessas ausências, a prova teve um nível muito elevado de disputas, sendo definida no sprint, em uma chegada apertada entre Jolanda Neff , Gwendalyn Gibson vencedora em Snowshoe e a consistente Alessandra Keller.
Na largada o primeiro ataque veio da francesa Léna Gerault que na atual temporada teve como melhor resultado o 7º lugar no XCC de Leogang, e que na etapa canadense tentou surpreender as adversárias. Rebecca Mcconnell, até o momento vice-líder da classificação nessa prova, contra-atacou pois estava em busca de reassumir a liderança perdida na semana anterior, saindo de trás para encostar na francesa e reagrupar um pequeno grupo, pois a força da arrancada serviu para dividir o pelotão.
A disputa pela primeira posição até a quarta volta esteve entre Gerault, McConnel e a líder da classificação do short track, Alessandra Keller. Perseguindo o trio, muito de perto rodavam juntas Gwendalyn Gibson, Jolanda Neff, Kate Courtney e Anne Terpstra.
Os ataques se intensificaram na penúltima volta em um ritmo alucinante, e na última volta Terpstra tentou a ponta, mas Alessandra Keller neutralizou o ataque, liderando momentaneamente na sexta e sétima voltas.
A prova estava aberta e ao abrir a última volta, a última subida no começo do circuito poderia fazer a seleção, e foi o que aconteceu com Alessandra Keller, Gwendalyn Gibson e Jolanda Neff forçando o ritmo abrindo algumas bicicletas de vantagem sobre Anne Terpstra, Caroline Bohé e Kate Courtney.
Neff tomou a dianteira no trecho final contra-atacando a um movimento de sua compatriota Keller, com isso tomou a dianteira e de longe abriu o sprint mantendo um ritmo elevado de pedaladas para cruzar à frente de Gibson e Keller que vinham em sua roda, conquistando a segunda vitória em um circuito curto na atual temporada e subindo para a 4ª posição na classificação geral. Keller manteve a liderança da classificação geral da Copa do Mundo, somando 1300 pontos, com 116 de vantagem sobre Terpstra e 120 sobre Rebecca McConnel, deixando a decisão para a última etapa.
Colombo define com força o XCC
Na prova masculina, as baixas mais importantes, além da ausência do brasileiro Henrique Avancini, Mathias Flückiger, Jordan Sarrou e Ondrej Cink, foram o romento Vlad Dascalu e o estadunidense, vencedor no final de semana anterior, Christopher Blevins.
O mexicano Gerardo Ulloa resolveu atacar desde a largada e tomar a ponta do pelotão que acompanhou o seu movimento, mantendo-se compacto. Na segunda volta foi a vez do alemão Luca Schwarzbauer tomar a dianteira, porém o grupo estava mantendo o controle, sem dar espaço para fugas e caçando toda tentativa de distanciamento.
Schurter que havia se acidentado no final de semana anterior, perdia contato com o grupo dianteiro, rodando a mais de 20 segundos, longe de qualquer disputa.
A tensão aumentou na penúltima volta quando Filippo Colombo forçou o ritmo para tomar a dianteira, sendo acompanhado por Sebastian Fini e pelo mexicano Ulloa que buscava sempre se colocar na ponta.
Os três abriram praticamente juntos a última volta, e na primeira subida que poderia fazer a diferença, Colombo atacou e abriu uma pequena vantagem; atrás Ulloa e Fini tentavam alcançar a roda do suíço, mas este não cedia terreno e antecipava o sprint para cruzar em primeiro, deixando Ulloa e Fini batendo guidões pelo segundo e terceiro lugar. O belga ens Schuermans em 4º, seu melhor resultado na temporada, superando o líder da classificação do XCC , o sul-africano alan Hatherly que tem 1142 pontos, com uma vantagem de 62 sobre Colombo e 154 sobre Mathias Flückiger deixando a decisão do torneio para a última etapa
O DOMÍNIO DE JOLANDA NEFF EM MONT-SAINTE-ANNE
Principal prova do programa de cross country, o XCO feminino começou com piso seco e a partir da metade da prova as competidoras tiveram que enfrentar uma chuva torrencial que tornou ainda mais desafiador o percurso extremamente técnico, mesmo sofrendo algumas alterações em relação às edições anteriores, manteve sua característica de exigir muito do físico dos ciclistas.
A australiana Rebecca McConnnell pôs ritmo e colocou a cara na frente do grupo desde a largada, um sinal de força de quem buscava a vitória e a liderança da classificação geral. A arrancada deixou o grupo tenso, e na reta de largada a canadense Emily Batty e a espanhola Rocío del Alba se envolveram em uma queda; a canadense levou a pior ficando retida no fundo do pelotão tendo que fazer uma prova de recuperação, perseguindo para chegar ao grupo intermediário.
A tentativa de McConnell fazer uma prova solo durou apenas até a segunda volta, quando a suíça Jolanda Neff encostou, ao forçar o ritmo arriscou ainda mais e conseguiu se distanciar da australiana que pagou um alto preço pelo esforço. Atrás, rodando a mais de 30 segundos , Haley Batten, Martina Berta, Anne Terpstra, Alessandra Keller e Mona Mitterwallner formavam um grupo perseguidor.
A primeira arrancada de McConnel e depois a ação de Neff arrebentaram com a corrida, a suíça mantinha sua corrida solo, quando na terceira volta uma forte pancada de chuva tornou a corrida ainda mais desafiadora exigindo muito mais habilidade técnica das competidoras.
A chuva para Neff foi uma aliada, com ela chegou a abrir mais de 1m10 sobre Batten e 1m27 sobre Mitterwallner . Os muitos tombos e escorregões provocados pela lama mudaram a corrida; a resistência passava também a contar muito e nenhuma ciclista havia treinado nessa pista nessas condições, o que deixava as demais posições do pódio totalmente abertas.
Antes da última volta a chuva parou de cair e o sol apareceu, o que melhorou as condições de alguns trechos do circuito. Neff rodava tranquila à frente, sem ser incomodada abriu 56 segundos sobre a jovem austríaca Mona e a estadunidense Batten que chegaram disputando lado a lado o sprint pela segunda posição.
Foi a quarta vitória de Neff em provas de cross country olímpico em Mont-Sainte-Anne. Na história da modalidade nesta prova que é a mais antiga do circuito, ela se junta à canadense Catharine Pendrel e a estadunidemse Juli Furtado . “São quase quatro anos (desde sua última vitória na Copa do Mundo de XCO em 2018). É incrível. Tudo é tão técnico, então eu sabia que se eu estivesse andando sozinha eu poderia tirar mais vantagem. Eu me diverti muito hoje. Ficou muito escorregadio em um ponto, foi insano, mas eu continuei”, comentou Neff que fechou o final de semana com a maior pontuação – 330 pontos – ao vencer o short track e o cross contry.
Na corrida pela Copa do Mundo, Anne Terpstra lidera com 1590 pontos, seguida por Rebecca McConnel 1556 e Alessandra Keller 1502 – não dá para cravar uma favorita e a prova de Val di Sole reserva boas doses de emoção.
CAROD – primeira vitória construída com ataque desde a largada
A prova masculina de cross country foi marcada pelo domínio do francês Titouan Carod que correu atacando desde a largada para abrir uma boa vantagem e manter-se solitário na frente e também pelo trabalho de seu companheiro de equipe, Filippo Colombo que trabalhou para conquistar o segundo lugar e para neutralizar qualquer ataque de adversários.
Carod tomou a ponta desde a ‘start lap’, uma volta de largada em circuito mais curto que serve para colocar e espalhar os competidores pelo circuito, em pouco mais de 2,2 quilômetros o francês não deixou que ninguém tomasse a dianteira e ao final da primeira volta no circuito principal de 3,9 km, sua vantagem para o segundo grupo , onde estavam o belga Pierre de Froidmont, o sul-africano Alan Hatherly, o italiano Luca Braidot e seu companheiro de equipe , o suíço Colombo, era de 22 segundos
A tática de equipe funcionou, enquanto Carod ampliava a vantagem, Colombo buscava a segunda posição e neutralizava as ações comandadas por Froidmont que trazia a Hatherly, Braidot, Fini e o mexicano Ulloa em mais um dia de grande desempenho. Um pouco mais atrás Schurter e o espanhol David Valero tentavam encostar nesse grupo, acreditando que poderiam ir à caça do líder.
Na quarta volta, o mexicano Ulloa tomou a ponta do grupo perseguidor, mas logo foi obrigado a parar com um pedal quebrado, uma tremenda frustração para quem havia feito o 2º lugar no XCC e posicionava-se para um possível lugar no pódio no cross country olímpico. Colombo sabia que seu companheiro de equipe, Titouan Carod rodava com mais de 1m50s de vantagem, aproveitou para atacar e tentar também sair em fuga, posicionando-se em 2º sendo perseguido por Luca Braidot, Schurter, Valero e Froidmont. Hathertly perdia contato, após escorregar e cair em um trecho de subida em meio a muitas pedras.
Carod abriu a última volta com mais de 2 minutos de vantagem sobre o grupo de perseguidores, formado por Colombo, Valero, Froidmont, Schurter e Braidot. Os cinco se revezavam na ponta e em um trecho de trilha mais fechada, Schurter caiu e acabou atrapalhando a evolução de Froidmon.
Na disputa pela segunda posição Colombo mostrou ter mais força que o espanhol Valero, abrindo uma vantagem de 3 segundos no trecho final. Braidot que ficou para trás precisou se esforçar para não ser ultrapassado por Froidmont.
Carod, que tem em seu currículo o bronze no Mundial de XCO UCI de 2020, bem como o bicampeonato Copa do Mundo UCI Sub23 em 2015 e 2016, conquistou sua primeira vitória na elite da Copa do Mundo com uma performance histórica, liderando do início ao fim. Mostrando uma sequência de bons resultados pois vinha de um 2º lugar na semana anterior em Snowshoe.
“Foi incrível. Dia muito bom. Senti-me muito bem nas subidas, mas especialmente nas descidas. A chuva durante a corrida feminina talvez tenha me ajudado e me deixou mais confiante para forçar no downhill. Minha primeira vitória na Copa do Mundo na minha pista favorita é inacreditável”, comemorou Carod que com a vitória saiu de 7º na classificação geral para o 5º lugar com 1290 pontos.
Nino Schurter que persegue a sua histórica 34ª vitória na Copa do Mundo é o líder da competição com 1483 pontos, seguido pelo espanhol David Valerio que avançou para a 2ª posição com 1358 pontos, seguido por Luca Braidot com 1343 e Alan Hatherly com 1320 –todos com chances de conquistarem o título o que servirá para elevar a tensão e as disputas da última etapa no dia 4 de setembro, na Itália.
MERCEDES BENZ COPA DO MUNDO UCI DE MTB – 7ª Etapa – Snowshoe, Estados Unidos
XCC Elite – Cross Country circuito curto – 05/8/2022
Elite Feminina – 33 competidoras / 15 países – Percurso: 1.1 km x 8 = total 8.80 km
1- Jolanda Neff -– Trek Factory Racing XC – Suíça – 22m51s – vel. Media 23.102 km/h
2- Gwendalyn Gibson – Norco Factory Team – Estados Unidos – m.t.
3- Alessandra Keller – Thömus Maxon – Suíça +2s
4- Anne Terpstra – Ghost Factory Racing – Países Baixos +7s
5- Caroline Bohe – Ghost Factory Racing – Dinamarca +8s
Elite Masculina – 40 melhores ciclistas do ranking / 18 países – Percurso: 1.14 km x 9 = total 10.26 km
1- Filippo Colombo – BMC MTB Racing – Suíça – 22m44s – vel. média 27.076 km/h
2- Gerardo Ulloa – Massi-Beaumes de Venise – México +1s
3- Sebastian Fini – KMC Orbea – Dinamarca +1s
4- Jens Schuermans – Scott Creuse Oxygene Gueret – Bélgica +2s
5- Alan Hatherly – Cannondale Factory Racing – África do Sul +2s
XCO Elite – Cross Country – 07/8/2022
Elite Feminina – 35 competidoras de 15 países – circuito: 2×1.14 km + 5 x 3.9 km = total 21.78 km – Volta mais rápida Jolanda Neff – 15m05s – vel. média: 15.50 km/h
1- Jolanda Neff -– Trek Factory Racing XC – Suíça -1h26m53s – vel. média 15.040 km/h
2- Mona Mitterwallner – Cannondale Factory Racing – Áustria +56s
3- Haley Batten – Specialized Factory Racing – Estados Unidos +56s
4- Martina Berta – Santa Cruz FSA MTB Pro Team – Itália +2m04s
5- Alessandra Keller – Thömus Maxon – Suíça +2m09s
Elite Masculina – 63 competidores de 21 países – circuito: 2.28 km + 6 × 3.9 km = total 25.68 km – Volta mais rápida Filippo Colombo 13m03s – vel. média 17.92 km/h
1- Titouan Carod – BMC MTB Racing – França -1h24m48s – vel. média 18.167 km/h
2- Filippo Colombo – BMC MTB Racing – Suíça +1m41s
3- David Valero – BH Templo Cafés UCC – Espanha +1m44s
4- Luca Braidot – Santa Cruz FSA MTB Pro Team – Itália +1m49
5-Pierre de Froidmont – KMC-Orbea – Bélgica +1m49s