De forma surpreendente e com muita habilidade e técnica, o piloto Gabriel Giovannini, filho de uma das lendas do mountain bike brasileiro dos anos 1990 – o mineiro Miguel Giovannini – venceu a décima edição da Copa América de Down Hill. A campeã brasileira da modalidade, Bruna Ulrich confirma sua recuperação da lesão no tornozelo supera suas adversárias e leva o prêmio feminino
A Copa América de Downhill 4X (four cross) abre extraoficialmente o calendário brasileiro de mountain bike. A prova promocional criada para entrar no programa Esporte Espetacular, da rede Globo chegou a sua décima edição, sempre disputada na pista montada dentro do Ski Mountain Park, em São Roque. A competição tem um formato fechado, a participação dos melhores pilotos do país e de mountain biker’s estrangeiros se dá exclusivamente por convite.
Ao todo entraram na disputa cerca de 120 competidores, sendo 90 no masculino e 30 no feminino. Entre eles estavam os estrangeiros convidados Tomas Slavik, da República Tcheca, tetracampeão mundial de 4X; o equatoriano Mario Jarrin, campeão pan-americano de 4X e vencedor do Desafio das Escadas de Santos; o chileno Ian Rojas e o argentino Cesar Ema Schneider. Entre os brasileiros alguns nomes de destaque como Lucas de Borba, Lucas Bertol, Alcides de Souza Cruz Filho o atual campeão pan-americano júnior Maicon Pradella; Abraão Godoi; Wallace Miranda; não poderia faltar o histórico Markolf Berchtold, além dos irmãos Lucas e Gabriel Giovannini e também Renato Rezende, piloto de BMX e integrante da seleção nacional que representou o Brasil nas Olimpíadas do Rio.
Para a edição 2018 a pista passou por mudanças: a distância ficou mais curta, com aproximadamente 600 metros , algumas das 8 curvas tiveram a sua inclinação acentuada e com isso garantiram uma maior velocidade final, e como desafio 13 obstáculos, incluindo um rock garden.
O rápido traçado foi bastante elogiado pelos competidores, inclusive por Pep Roca Piñol membro da Federació Catalana de Ciclisme e organizador da Lleida Down Town (uma badalada prova de downhill urbano) e que mais uma vez esta no Brasil para promover o intercâmbio desportivo com os pilotos que participarão da Descida das Escadas de Santos e que achou a pista de São Roque de elevado nível técnico: “É uma pista top, está pronta para receber um Mundial, uma Copa do Mundo de Four Cross, é impressionante”.
No sábado aconteceram as tomadas de tempo, aonde se destacaram o tcheco Tomas Slavick que registrou 47s997 e o piloto de BMX, Renato Rezende que se adaptou muito bem ao traçado e com 48s88 fez a melhor marca entre os brasileiro. No feminino as mais rápidas foram a tri-campeã Julia Santos e Mariana dos Santos Lopes.
No feminino todo o favoritismo estava sobre a tricampeã (2014/15/16) Julia Santos, a mais veloz em todas as baterias, porém na semifinal quando estava liderando sozinha à frente das suas adversárias sofreu uma queda no meio da pista, ela teria tempo de voltar à competição e facilmente terminar na segunda posição, porém o guidão da sua bicicleta se deslocou tirando da competidora qualquer possibilidade de conduzir com segurança a sua bicicleta. Julia certamente duelaria com a catarinense, e atual campeã brasileira de Down Hill, Bruna Ulrich.
A final feminina foi disputada por Mariana dos Santos Lopes, Patrícia Loureiro, Bruna Ulrich e Julia Freire Cruz. A catarinense Bruna assumiu a ponta logo após a largada. Dominou a prova com tranquilidade para completar o percurso em 57s103 – e colocando uma vantagem superior a 8 segundos sobre a paulista Patrícia Loureiro.
Bruna comemorou muito a vitória, pois apesar de ter conquistado o título brasileiro em 2017, ela ainda está no processo de recuperação de uma lesão no tornozelo que a afastou das pistas por quase dois anos. A catarinense comemorou a vitória e declarou: “Deu tudo certo neste ano. Achei que não voltaria para o esporte. Mas o importante é que consegui superar meus medos. Sempre ficamos tensos, mas do jeito que foi muito bom. Estou realmente feliz por tudo hoje e foi fruto de muito treino”.
Nas semifinais os mais rápidos, só confirmaram seu favoritismo e com o domínio da pista e a velocidade que apresentaram Slavik e Renato Rezende passaram com tranquilidade para a final . Outro piloto do BMX, Kaique Milani, que também passou para a final vinha se recuperando de uma queda sofrida nos treinos de sábado. Quem ao longo das três baterias também mostrou muita consistência foi Gabriel Giovannini.
A final foi uma das mais emocionantes já vistas na Copa América com muita disputa até a linha de chegada e que por muito pouco não foi preciso ver o resultado no photo finish. Giovannini fez uma largada perfeita pelo lado direito da pista, enquanto Slavik procurou fechar Kaique Milani e Rezende que estavam à sua esquerda. A intenção clara era impedir uma boa largada dos dois pilotos de BMX, porém a tática do piloto checo deixou livre a Giovannini que pôde tomar a dianteira da competição já nos primeiros metros do circuito, comandou a prova até a descida final aonde ainda forçou os pedais para aumentar o ritmo vencendo a prova no sprint e deixando para trás o favorito.
Após cruzar a linha Gabriel foi abraçado por seu pai, uma das lendas do mountain bike brasileiro dos anos 1990 – Miguel Giovannini – o único piloto a conquistar o título brasileiro no cross country e no downhill nas categorias elite e máster. O mountain bike é uma questão de família para os Giovannini e a técnica vem no DNA dos irmãos Gabriel e Lucas que em 2015 terminou na 4ª posição.
Gabriel começou nos pedais com pouco mais de 2 anos de idade e já com 12 anos se arriscava pelas trilhas junto do pai, aonde já dava sinais de maior ousadia e arrojo para ultrapassar alguns obstáculos nas descidas de montanha em Juiz de Fora. No ano passado Gabriel havia terminado em 3º e desta vez não deu oportunidade de reação a seus adversários. Para esta competição Gabriel iniciou sua preparação em meados de 2017 e abriu mão das festas de fim de ano para chegar em plena forma para a disputa e conquistar o título de Rei da Montanha.
Muito emocionado, cercado por familiares e amigos, Gabriel declarou: “Os caras eram mais fortes que eu na largada. Eles se embolaram e dei uma escapada. No final vi ele perto, mas sabia que neste dia o título seria meu. Treinei muito em dezembro para poder vir aqui e vencer. Estou muito feliz pela conquista, ainda mais com tanta gente boa, o que valoriza meu título”.
Tomas Slavik elogiou o evento e ainda comentou a boa atuação do brasileiro: “Estou muito feliz por ter vindo aqui. Gostei demais de tudo e o campeão está de parabéns, pois soube aproveitar a chance e segurou a vitória até a linha de chegada”, porém não deixou de demonstrar seu descontentamento pelo erro cometido na largada e em conversa já com o cerimonial de premiação encerrado chegou a dizer que a largada dele foi muito abaixo da expectativa. Das dez edições realizadas, apenas em 2005 e 2015 os estrangeiros levaram a melhor na pista de São Roque.
COPA AMÉRICA DE DOWNHILL 4X 2018
Ski Mountain Park – São Roque
Feminino
1- Bruna Ulrich – 57m103
2- Patricia Loureiro +8s206
3- Mariana dos Santos Lopes + 11s828
4- Julia Freire Cruz +12s420
Masculino
1- Gabriel Giovannini – 47s829
2- Tomas Slavik – Rep. Checa + 0.068s
3- Renato Rezende +0.725s
4- Kaiqui Milani – 4s044
Parabéns Panara pela cobertura no evento, texto e fotos muito bacanas. Gostaria de saber se posso compartilhar na minha página?
Forte abraço e até a próxima!