O final de semana da segunda etapa da CIMTB, disputada em Araxá foi perfeito para Raiza Goulão e Henrique Avancini, ambos dominaram a prova de short track – no circuito curto e rápido no sábado, e no dia seguinte venceram o cross country. Além de confirmarem o favoritismo, ambos levam 110 pontos para o ranking mundial da UCI e também para a classificação rumo aos Jogos de Paris’2024
O Grande Hotel Termas de Araxá recebeu pela 19ª vez consecutiva uma etapa da CIMTB, o local se tornou um ponto de referencia para o mountain bike brasileiro atraindo sempre um grande número de competidores e uma torcida fervorosa.
A prova de Short Track – XCC – disputada em um rápido traçado de 1,2 km teve disputas emocionantes, com Luiz Henrique Cocuzzi e Henrique Avancini batendo guidões e a decisão acontecendo apenas nos metros finais.
Após 9 voltas de muita intensidade, Henrique Avancini foi o vencedor, com José Gabriel Marques em segundo, Guilherme Muller em terceiro e Cocuzzi que caiu quando disputava a ponta com Avancini, recuperou-se para chegar em 4º à frende do colombiano Jhonnatan Botero.
Ao final da prova, Avancini avaliou assim a disputa: “Prova rápida e agressiva. Até metade da corrida tentei ir subindo o ritmo gradualmente, com ataques para minar todo mundo, mas óbvio que joguei energia fora também. Abri a última volta com pequena vantagem, junto com Cocuzzi. Percebi que, ao longo das voltas, o Cocuzzi reagia muito bem aos meus ataques. Achei que seria melhor diminuir o ritmo e deixar o José Gabriel e o Guilherme chegarem junto conosco”.
Cocuzzi e Avancini lado a lado
“Na volta final, o Guilherme lançou ataque, fui atrás e o Cocuzzi tentou emparelhar. Numa curva, ele forçou bastante nas grades e arrastou elas. Tomou a ponta, mantive-me próximo e após os três saltos lancei ataque. Ele tentou me ultrapassar antes da ponte e ele acabou perdendo a frente ao esbarrar comigo. Assim, cruzei a linha de chegada com certa tranquilidade, sem precisar decidir no sprint final. Prova nervosa, talvez mais do que deveria”, finalizou o campeão do dia.
Com a disputa entre Avancini e Cocuzzi, quem se beneficiou foi José Gabriel, que terminou em segundo lugar. “Almejava brigar mais ativamente pela vitória, mas sabemos como é correr em Araxá. O Avancini correu como ele faz na Europa e avalio que eu soube ler bem isso. Deixei que ele controlasse, mas sem que eu perdesse a conexão com o pelotão. O Cocuzzi também estava forte e, ciente da rivalidade deles, preferi ficar de fora assistindo. Não queria me envolver em um possível acidente, porque o principal será o XCO. Na última volta eles se encostaram bastante e confiei que um erro viria de um dos dois. E foi o que aconteceu. Foi legal ser vice-campeão, porque fiz uma leitura inteligente da prova”, destacou José Gabriel.
XCC Super Elite Feminina
A prova feminina também tfoi decidida nos pequenos detalhes. Raiza Goulão e Hercília Najara foram as principais protagonistas. Poucos minutos antes do fim, Raiza conseguiu ultrapassar uma retardatária, antes de um estreitamento da pista. Hercília ficou mal posicionada atrás da retardatária perdendo alguns segundos, pouco antes que ela fosse cortada da prova, porém foi o tempo suficiente para que perdesse o ritmo, em um momento que Raiza aumentava a candência das pedaladas.
Raiza venceu com 15 segundos de vantagem sobre Hercilia; Isabella Lacerda, 3ª colocada chegou a 35segundos; Giugiu Morgen foi 4ª a 1m17 e a 1m28s chegou a chilena Maria Camus.
“O short track é uma prova que você vai no limite. Meu objetivo foi estudar as concorrentes. Na parte técnica consegui ganhar mais velocidade e abri um pequeno gap (vantagem) onde eu tive que manter e me forçou a subir o ritmo um pouco. Estou muito feliz. A gente tem que estar preparado para tudo antes de entrar na prova. Foi muito bom para poder esquentar o coração e ver que o corpo está respondendo bem”. avaliou Raiza.
Hercília que disputou lado a lado com Raiza a primeira posição no início da prova, fez sua avaliação da disputa. “Fiz um desenho tático da prova. O XCC é sempre muito estratégico e de muita inteligência. Você não pode errar, tem que ficar atento o tempo todo. Algumas voltas eu puxei para sentir o ritmo das meninas e outras eu controlei. Quando a Raíza me passou eu fui na roda e infelizmente uma atleta que a gente deu volta, ficou entre nós duas, no pior local possível da pista. Então o XCC é isso, se você erra você acaba tomando um gap que é significativo e gasta muita energia para tirar. Infelizmente hoje não foi possível”.
9ª VITÓRIA DE AVANCINI NO XCO DE ARAXÁ
A prova do XCO repetiu o enredo do XCC, com uma boa disputa entre os principais favoritos, no entanto Avancini não deu margem aos adversários e quando resolveu forçar o ritmo abriu uma cômoda vantagem e assegurar a sua 9ª vitória consecutiva em Araxá, deixando para trás a José Gabriel Marques, Guilherme Muller, o colombiano Jhonnatan Botero e Luiz Cocuzzi.
“Estava um pouco travado nas duas primeiras voltas. Eu estava perdendo um pouco na descida para não arriscar demais e acertar alguma pedra que eu não estava vendo e estava queimando um pouquinho nas subidas. A partir da terceira volta, o Muller encostou no grupo da frente e a gente começou um ritmo um pouco mais constante. Aí, eu entrei um pouquinho na prova e no meio da terceira volta eu comecei a testar e fazer uns ataques. Primeiro o Gui ficou, depois o Jhonnatan Botero e aqui no final da volta o José Gabriel abriu uma vantagem de uns 10 segundos. Eu voltei pra terra e terminei as três voltas tentando pilotar o mais limpo possível”, analisou o campeão do dia.
“Aqui em Araxá acho que é o lugar onde mais competi na minha carreira. Hoje venci pela nona vez consecutiva na elite em Araxá. Isso é bem difícil, é um feito que me orgulho bastante. Já tive grandes disputas aqui Catriel Soto (ARG), David Rosa (POR), Michael Lami (SVK), Hans Becking (HOL), Cocuzzi, José Gabriel, Leonardo Paez (COL)… Enfim, foram tantas grandes disputas aqui e sempre consegui de alguma forma tirar forças para conseguir a vitória. Às vezes me sentindo muito bem, outras não tão em boa forma. Já competi doente. Mas não sei. Sei que em Araxá me dá uma força extra para buscar a vitória com todas as minhas forças”, destacou Avancini que ao todo tem 15 vitórias em Araxá (9 na Elite e 6 em categorias de base).
Repetindo a segunda posição do dia anterior, José Gabriel Marques procurou ser mais agressivo, mas acabou sendo prejudicado por alguns problemas técnicos em sua bicicleta. “Foi uma prova muito difícil pra mim. Desde a primeira volta minha estratégia era selecionar bem os adversários, para deixar a prova no mano a mano comigo e com Henrique. Logo na primeira volta eu tive uma quebra no canote retrátil, mas não foi problema nenhum. Me adaptei, voltei a andar, consegui ter boa perfomance”, contou Zé Gabriel.
“Estava andando ali com Henrique. Fiz um ataque na descida, furou o pneu dianteiro na quarta volta, mas consegui administrar bem. Passei no apoio e voltei pra prova. Nesse momento estava em quarto, consegui fazer uma prova de recuperação desde então. Na última volta, furei o pneu traseiro de novo. Então, tive que parar e aí me recuperar. Foi uma prova de grande performance e mostrou que eu estou no caminho certo. Mostrou também que Araxá é especial para mim. Infelizmente cometi alguns erros, mas estou feliz com o resultado”, completou o segundo colocado.
Na categoria sub23 o colombiano Jerónimo Bedoya venceu com tranquilidade com mais de 3 minutos de vantagem sobre Ygor Fernandes e Fernando de Souza.
Raiza em grande forma
No feminino o enredo de sábado praticamente se repetiu com Raiza Goulão e Hercília Najara mostrando superioridade em relação às demais competidoras.
Raiza mostrou que está em boas condições físicas e técnicas e conseguiu, volta a volta abrir uma boa vantagem sobre Hercília que ainda ensaiou uma recuperação, mas com um pneu furado acabou vendo suas chances de vitória irem por água abaixo.
“Estou bem feliz. Fico muito orgulhosa pela vitória e também isso me motiva pelo nível das mulheres subindo. Parabéns para a Hercília, pois conseguimos nos destacar. Logo no início ela veio comigo. Foi uma prova muito boa. É bom andar com uma atleta de alto nível na descida. E foi bom analisar ela, estudar e esperar o momento certo para abrir uma diferença e continuar na liderança“, disse Raiza.
“São pontos muitíssimo importantes pra mim, uma prova hors class (HC) aqui no Brasil, há poucas no mundo. E isso me dá uma motivação extra. Assumindo a liderança ao ser a melhor brasileira na UCI. Isso prova o porquê que fiz uma tatuagem, a fênix, que ressurge das cinzas. É minha história e eu agradeço a todos que estão comigo. Essa vitória acho que é o início de uma nova era da Raiza”, refletiu a campeã.
Com mais um segundo lugar no final de semana, Hercília avaliou o seu desempenho no XCO: “A entrega desse circuito é muito completa. Você tem que ter força, tem que ter potência, e eu gosto muito, é meu circuito preferido. Queria fazer minha prova independente das minhas adversárias. Achei um ritmo muito bom na primeira, segunda e terceira voltas. A Raiza acabou abrindo na terceira e eu comecei a tirar a distância que ela conseguiu abrir. Aí, eu tive um furo no pneu, e parei na quarta volta para fazer a troca. Depois, eu não consegui diminuir essa diferença. Mas, eu estou muito feliz com o resultado e valeu muito a pena”, contou Hercília.
A terceira posição a 2m14 de Raiza, ficou para Letícia Cândido; a chilena Maria Fernanda Castro foi a 4º e Isabella Lacerda ficou em 5º mas manteve a camisa de líder da competição.
Na categoria sub23, a chilena Yarela González foi a melhor colocada na categoria, seguida por Sabrina Oliveira, da Caloi_Henrique Avancini Team e Lorena Marques. Giuliana Morgen, que no sábado correu gripada o XCC e terminou na 4ª posição, no domingo abandonou a prova.
CIMTB Michelin – Etapa 2 Araxá – Grande Hotel Termas de Araxá
XCC – Short Track – circuito curto 1,2 km – sábado 25/06
Super Elite Feminina 8 voltas
1- Raíza Goulão – Squadra Oggi – 23m19s196
2- Hercilia Najara – TSW Racing Team + 15s702
3- Isabella Lacerda – Scott-Isa + 35s449
4- Giuliana Morgen – Sense Factory Racing + 1m17s084
5- Maria Moreno – Chile -+1m28s165
Super Elite Masculina (9 voltas)
1- Henrique Avancini – Cannondalde Factory Racing – 21m56s671
2- José Gabriel Marques – Squadra Oggi +2s578
3- Guilherme Muller – Audax Bike Team + 4s887
4- Luiz Henrique Cocuzzi – Sense Factory Racing + 10s768
5- Jhonnatan Botero – Colômbia + 17s708
XCO – Cross Country – circuito de 5,5 km – domingo 26/06
Super Elite Feminina – (5 voltas)
1- Raíza Goulão – Squadra Oggi – 1h29m35s995
2- Hercilia Najara – TSW Racing Team + 1m24s860
3-Letícia Cândido – Houston Bike Team +2m14s749
4- Maria Fernanda Castro – Chile +4m19s788
5- Isabella Lacerda – Scott-Isa + 7m26s599
Super Elite Masculina (6 voltas)
1- Henrique Avancini – Cannondalde Factory Racing – 1h25m46s415
2- José Gabriel Marques – Squadra Oggi +1m15s074
3- Guilherme Muller – Audax Bike Team + 1m46s695
4- Jhonnatan Botero – Colômbia + 2m34s995 5- Luiz Henrique Cocuzzi – Sense Factory Racing + 2m46s996