Velocidade é seu estilo de vida: Sir Chris Roy, aos 40 anos, o maior medalhista olímpico do ciclismo de pista, aposentado dos velódromos desde 2012, vai realizar um sonho que tem desde os tempos de criança: correr as 24 horas de Le Mans, a mítica corrida de endurance de automobilismo.
Para quem desde criança é ligado em adrenalina e na velocidade das pistas é difícil ficar parado. O escocês Chris Hoy começou no BMX em 1984 inspirado como muitas crianças da época pelo filme E.T., anos mais tarde defendeu a GT Factory Team. Nos anos 90 foi para o ciclismo de pista e ali construiu uma carreira vitoriosa com 7 medalhas olímpicas (6 de ouro e 1 prata) , 11 títulos Mundiais todos em provas de velocidade. Arrancar e levar a bicicleta ao máximo sempre foi o seu jogo. Velocidade e adrenalina ao extremo. Com o fim de sua carreira como ciclista Hoy foi em busca do sonho, correr de carros. Com uma aposentadoria milionária o quarentão quer ter de volta a emoção da velocidade, nada de finalizações a 70 ou 80 km/h, agora é pé embaixo com velocidades superando os 300 km/h
Em 2014 fez o programa intensivo de desenvolvimento de pilotos da Nissan, marca que é parceira do comitê olímpico britânico, e correu o Campeonato Britanico de Gran Turismo. Em 2015 em sua estreia na LeMans Series Europa, garantiu um lugar no pódio na prova de Spa e ao final da temporada sua equipe ganhou o título, assegurando uma vaga para a disputa das 24 Horas de Le Mans de 2016 junto a seus companheiros de equipe, o francês Andrea Pizzitola e o britânico Michael Munemann que conduziram um Nissan-Ligier JSP2 Nissan correndo na categoria protótipos.
“Não é apenas uma jogada publicitaria, eu não estou fazendo isso porque a Nissan me convenceu a entrar no automobilismo, este é um sonho para mim” disse Sir Chris Hoy. O novo desafio não desagrada a sua esposa Sarra com quem tem um filho que em breve completará 2 anos, “Ela poderia me dizer que eu não sou mais uma criança, que eu já fiz todas minhas loucuras em cima de uma bicicleta, que agora tenho um bebe e uma esposa e que eu deveria ser mais sensato. Mas ela sabe que sou alguém que tem motivação que preciso morder os dentes e ela sabe o quanto gosto disso” explicou o ciclista aposentado e agora piloto.
Na história das 24 horas de Le Mans foram oito os ex esportistas olímpicos que se aventuraram na disputa, mas medalhistas apenas o halterofilista francês Charles Rigoulot que ganhou o ouro nas Olimpíadas de 1924 e competiu na Le Mans de 1937, o esquiador francês Henri Oreiller que no esqui ganhou o downhill masculino e combinado nos Jogos de Inverno de 1948 e que acelerou em 1962. Porém ninguém com tantas medalhas como Chris Hoy.
Entre os dias 18 e 19 de junho disputará a 84ª edição da LeMans quando seu sonho se concretizará. Ao reviver um momento da sua infância, Hoy comentou: “Eu me lembro de um autorama da Scalextric quanto eu tinha um cinco ou seis anos de idade. Um dos carros tinha faróis, e lembro-me de perguntar ao meu pai o porque das luzes e ele disse: Isso é para as 24 horas de Le Mans, eles correm durante a noite”.
Ao ser questionado o porque de mais esse desafio, Chris Hoy declarou: “Eu não estou fazendo isso para substituir o ciclismo, mas quero aproveitar algumas coisas realmente agradáveis de minha carreira no ciclismo em um esporte a motor. É exatamente o mesmo sentimento que você tem quando você está prestes a correr, não importa se é em uma bicicleta, em um carro ou mesmo quando eu era mais jovem, correndo BMXs. É aquela excitação, o nervosismo, a adrenalina. Eu nunca pensei que eu iria sentir isso de novo após minha aposentadoria no ciclismo – Eu pensei que era o fim dessa parte da minha vida “.
“Eu não fiquei surpreso com as dificuldades “, disse Hoy. “Era como se alguém me dissesse: “ Se você pode andar de bicicleta, você pode ganhar uma medalha de ouro olímpica. Assim que você pisar na pista, mesmo que fosse de kart, aparece uma sensação para a habilidade envolvida”, ficando claro que para o agora piloto de protótipos a e
O escocês esteve no ano passado no circuito de Le Sarthe, aonde são disputadas as 24 horas de Le Mans, como visitante, depois fez alguns testes, porém ainda não definiu um objetivo para a corrida e nem considerou o seu futuro no automobilismo. “Não estou pensando além de Le Mans”, disse. E para mostrar certa despreocupação declarou: “É apenas uma questão se semanas até a corrida. Não estou pensando muito além da linha de partida. Eu só estou pensando em chegar ao início da corrida e lá vamos lidar com ela” e acrescentou “Há momentos em que você sente que se abre um possibilidade e acontece a mesma coisa no automobilismo. A diferença é que no ciclismo na velocidade você tem apenas um tiro, uma chance, e se eu nunca tivesse arriscado não teria vencido. Em uma corrida de resistência de 24 horas, a questão é calcular os riscos”.