CAMPEONATO MUNDIAL MTB XCO: VIVE LE FRANCE! LECOMTE, FERRAND-PREVOT E SARROU DOMINAM LEOGANG

O mountain bike francês tem muito a comemorar. Em um mesmo dia três disputas e três títulos mundiais de mountain bike cross country na sub23 com Loana Lecomnte , o tri de Pauline Ferrand-Prevot e a surpresa com Jordan Sarrou. O brasileiro Henrique Avancini fez uma boa corrida, teve um pneu furado mas se manteve no top 10 no Campeonato Mundial de XCO

Jordan Sarrou Campeão Mundial de MTB XCO – foto: UCI/Michal Cerveny

Três vitórias praticamente da mesma forma, com domínio absoluto e que se transformaram em um desafio solitário, com alguma pequena mudança entre uma história e outra e assim Loana Lecomnte ,  Pauline Ferrand-Prevot e Jordan Sarrou conquistaram sua camisa arco íris nas trilhas do Epic Bike Park, em Leogang, na Áustria, local que sediou pela segunda vez os mundiais de mountain bike.

As previsões dos meteorologitas para o sábado (10/10) deixaram todos os competidores preocupados: chuva forte ao longo do dia. Como consequência alguns trechos da pista que já estavam saturados de lama poderiam se transformar em verdadeiras armadilhas, por sorte o clima vez ou outra prega surpresas e para o bem da competição a tormenta não apareceu e a lama e as condições eram mais ou menos as mesmas que os mountain biker’s tiveram durante os treinos oficiais.

Pauline Ferrand-Prevot – foto: UCI/Michal Cerveny

A primeira disputa do dia foi das garotas da Sub23, competição que aconteceu sem a presença de brasileiras. A francesa Loana Lecomte atacou ‘de bandeira’, ou seja, desde a largada ela foi para a ponta do grupo, foi acompanhada pela estadunidense Haley Batten mas esta, já na volta de abertura,  perdia 20 segundos para a francesa que pedalava com determinação em busca do título e que na Copa do Mundo correu na Elite, fazendo um treino de luxo, inclusive superando sua compatriota Pauline Ferrand-Prevot.

Apesar de ter largado forte, Haley Batten acusou o esforço e ao final da primeira volta foi alcançada pela húngara Kata Blanca Vas que neste ano subiu para a sub23 e que vinha de um 4º lugar no mundial junior de 2019, e pela holandesa Ceylin del Carmen Alvarado, vencedora da segunda etapa da Copa do Mundo em Nové Mesto.

Loane Lecomte comemora a vitória na sub23 – foto: UCI/Michal Cerveny

Lecomte estava em seu desafio pessoal, na segunda volta sua vantagem para Vas era superior a 1 minuto, e volta a volta a francesa matinha o ritmo, não queria ser surpreendida por algum problema mecânico, assim pedalou com determinação.

A húngara de 19 anos, resolveu testar forças com suas adversárias e conseguiu despachá-las, mesmo sem força para chegar na francesa conseguiu deixar para trás e abrir uma lacuna de 1 minuto para a holandesa Alvarado que tinha uma boa margem sobre Batten. 

Após 4 voltas a corrida estava definida com Lecomte conquistando sua segunda camisa arco íris em Leogang, pois ela foi peça importante na equipe de revezamento francesa que conquistou o título na abertura do mundial.

Disputa pelo segundo lugar na Elite Feminina Eva Lechner e Rebecca McConnel –
foto: UCI/Michal Cerveny

Na Elite Feminina, Pauline Ferrand-Prevot estava em busca de seu terceiro título (Vallnord’15 e Mointe-Sainte-Anne’19). Em uma temporada normal quem poderia complicar os seus planos seriam as suíças Jolanda Neff e Sina Frei, a britânica Evie  Richards ou a estadunidense Kate Courtney.

Prevot não se importou com adversárias, a tática, a mesma que sua compatriota usou horas antes: atacar desde a largada com um ritmo violento com isso na volta de abertura já tinha uma vantagem de 11segundos sobre a britânica Evie Richards e a australiana Rebecca McConnel  que viam a francesa se distanciar.

Largada da Elite masculina – foto: UCI/Michal Cerveny

Prevot mantinha seu plano, forçar e abrir vantagem e para isso foi , no feminino, uma das poucas a optar por uma hard tail, uma bicicleta tradicional sem suspensão traseira, mais leve e que se adapta melhor às duas longas subidas e aos poucos trechos mais complicados e para isso bastava  não cair nas armadilhas do traiçoeiro circuito, chegou a escorregar, mas nem colocou as mãos na lama. Richards perdia posições e foi ultrapassada por MCConnel  e pela ucraniana Yana Belomoina. Sendo perseguidas por um grupo onde estavam a holandesa Anne Terpstra, a suíça Sina Frei e a italiana Eva Lechner, Jolanda Neff e Isla Short.

Nos trechos mais complicados, muitas competidoras optaram pelo estilo mais seguro o ‘empurrambike’ e desceram de suas bicicletas para não correr riscos de quedas, outras diminuíam o ritmo mas evoluíam melhor sobre a bicicleta.

Avancini na 3ª posição comanda à caça aos líderes – foto: reprodução RedBullTV

A prova foi marcada por baixas desde antes da largada. A dinamarquesa campeã mundial em Novè Mesto’16, Annika Langvad não largou e anunciou sua aposentadoria, a holandesa Anne Tesptra abandonou após a volta de largada, a sueca Jenny Sissveds abandounou após a primeira volta. Vítima de uma queda que provocou um problema mecânico, Kate Courtney também abandonou.

Os problemas mecânicos tiraram a ucraniana Belamoina da disputa, seu canote de selim retrátil emperrou, foi obrigada a parar para um rápido reparo mas perdeu contato com o grupo que rodava pela disputa da prata e o bronze.

Lavar a corrente e as coroa com água foi um dos recursos usados durante a corrida para retirar o excesso de lama – foto: Michal Cerveny/UCI

Com Pauline Ferrand-Prévot com o outro já garantido em sua corrida solitária. Os momentos de maior emoção foram reservados para disputa pelo pódio. A australiana McConnel que rodava em segundo lugar, passou a ser acossada pela italiana Lechner e pela suíça Sina Frei.

McConnel e Lechner trocaram de posição, quase se enroscaram e a italiana de 35 anos, vice-campeã mundial de ciclocross  em Hoorgerheide’14 dava sinais de cansaço, mas não se rendeu e nos metros finais, colocou sua bicicleta do lado da australiana para superá-la no sprint.

Mexicano José Ulloa – foto: Michal Cerveny/UCI

A prova masculina mostrou a elevada tensão que pairava entre os principais candidatos ao título desde a largada, um sinal disso foi o toque de guidões entre Nino Schurter e Henrique Avancini que os tirou da ponta do grupo no início da corrida, obrigando-os a negociar posições para chegar nos ponteiros.

O holandês Milan Vader, um dos moutain biker’s que optou por bicicleta hard tail (sem amortecedor traseiro) aproveitou para assumir a ponta logo na primeira subida e forçar o ritmo, tentado se distanciar do grupo, foi marcado a uma curta distância pela seleção francesa que rodava junta com Jordan Sarrou,  Titouan Carod e Victor Koretzky.

Avancini na descida que exigia muita habilidade – foto: Michal Cerveny/UCI

Com Vader e Sarrou rodando à frente, atrás a movimentação era intensa com Avancini e o mexicano José Ulloa chegando no grupo dos ponteiros e Schurter rodando um pouco mais atrás.

Ainda na primeira volta Avancini estava na terceira posição tentando encostar na dupla de líderes Vader-Sarrou, mas o ritmo dos dois estava muito acima dos demais. Sarrou assume a liderança da corrida abrindo 12 segundos de vantagem. Avancini é 3º a quase 40 segundos enquanto o cinco vezes campeão mundial consecutivo (ao todo são 8 títulos) , Nino Schurter estava a mais de um minuto dos ponteiros.

No trecho de trilhas em descida, mais complicado, abriu-se a armadilha para o holandês Vader que caiu duas vezes durante a terceira volta e não encontrou mais seu ritmo de pedaladas, tornando-se alvo de Carod, Flueckiger, Avancini e Braidot.

As voltas finais e as longas subidas começaram a se fazer sentir nas pernas de alguns competidores, Avancini era uma dessas vítimas e começou a perder terreno para o grupo, para complicar ainda mais a situação do brasileiro, um furo de pneu longe da área técnica o obrigou a rodar em condições extremas  sendo atacado pelo checo Ondrej Cink e pelo francês Maxime Marotte.

Largada da elite masculina – foto: Michal Cerveny/Uci

Sarrou conquistou a medalha de ouro chegando com uma boa margem de segurança, colocando a França novamente no primeiro lugar do pódio. Posição que não ocupavam desde 2014, em Lillehammer, quando Julien Absalon conquistou sua 5ª vitória.

Na chegada Sarrou comemorou com Absalon que é também seu diretor técnico. “O plano era começar rápido e ser realmente suave com a mecânica”, disse Sarrou. “Fiz o meu ritmo e estava muito focado na minha corrida e não posso acreditar. Sou campeão mundial. Eu estou em um sonho Eu não posso acreditar. Sem palavras”, vibrou o francês de 27 anos que com o título mundial consegue a maior vitória de sua carreira.

Sarrou campeão mundial de MTB XCO – foto: Michal Cerveny/UCI

Henrique Avancini terminou na 10ª posição e se mantém no top10 do Mundial há quatro edições – 4º Cairns’2017, Lenzerheide’2018, 10ºMont-Saint-Anne’2019 – mostrou-se bem combativo durante a prova, é bem verdade que a lama não é um terreno onde os brasileiros conseguem se destacar, além disso Avancini se dá melhor em circuitos de subidas mais curtas, onde é possível atacar, recuperar e atacar novamente, em Leogang os trechos de subida são longos e exaustivos.

 “Acredito que gerenciei bem a corrida com as piores condições possíveis para mim. Após quase ir para o chão na largada escalei o pelotão e me mantive em contato com a briga pelas medalhas até o final da penúltima volta. Furei o pneu muito longe da tech zone, perdi muito tempo e energia. Mesmo sem ser um grande dia, a temporada foi de evolução”, comentou Avancini ao final da prova.

Guilherme Müller terminou na 33ª posição, Edson de Rezende Junior  em 74ª e Juliano Cocuzzi em 84º;

Cocuzzi no início da prova

Luiz Henrique Cocuzzi,  terminou em 36º e comentou seu desempenho em sua página pessoal no Facebook: “Hoje no mundial, larguei da 7ª fila, e não consegui encaixar uma boa largada, o que me exigiu muito esforço para ganhar posições. No fim da prova paguei o preço por me esforçar muito no início, o que me gerou muitas câimbras”.

Pauline Ferrand-Prevot conquistou seu terceiro título mundial de XCO – foto: Michal Cerveny

CAMPEONATO MUNDIAL DE MOUNTAIN BIKE XCO – LEOGANG, ÁUSTRIA

Elite Feminino   – 1 volta de largada + 5 voltas x 3.4 km – distância: 19.15 km – 59 competidoras

1- Pauline Ferrand-Prevot – França – 1h27m33s – vel. média 13.124 km/h

2- Eva Lechner – Itália +3m01s

3- Rebecca McConnell – Austrália +3m01s

4- Sina Frei – Suíça +3m46s

5- Isla Short – Grã Bretanha +4m17s

45- Raiza Goulão – Brasil -2 voltas

49- Letícia Candido –Brail -2 voltas

foto: Michal Cerveny/UCI

Elite Masculina – 1 volta de largada + 6 voltas x 3.4 km – distância: 22.50 km – 90 competidores

1- Jordan Sarrou – França – 1h25m37s – vel. média 15.768 km/h – 90 competidores

2- Mathias Flueckiger – Suíça +45s

3- Titouan Carod – França +55s

4- Luca Braidot – Itália +1m23s

5- Ondrej Cink – Rep. Checa +1m47s

10- Henrique Avancini – Brasil +2m49s

33- Guilherme Müller – Brasil +7m01s

36- Luiz Henrique Coccuzi – Brasil +7m30

74- Edson de Rezende Junior – Brasil -3 voltas

84- Juliano Cocuzzi – Brasil -4 voltas

Pódio sub23 feminina: foto:Michal Cerveny/UCI

Sub23 Feminino   – 1 voltas de largada + 4 voltas x 3.4 km – distância: 15.80 km – 39 competidoras – 25 países

1-Loana Lecomte – França – 1h13m34s – vel. média 12.886 km/h

2- Kata Blanka Vas – Hungria +1m11s

3- Ceylin del Carmen Alvarado – Hungria +2m42s

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