Começaram na sexta-feira (30/10) as disputas do Campeonato Brasileiro de Mountain Bike com as provas de e-MTB e XCC para a Elite masculina e feminina. Nas bicicletas elétricas Jhefferson Paiva e Luma Diniz dominaram desde a largada para assegurar o título. Na Elite feminina a junior Giugiu Morgen surpreendeu adversárias experientes, atacou no momento certo da prova e conquistou o título. No masculino, Avancini foi testado pelos adversários, forçou na hora certa e garantiu o título brasileiro de mtb em circuito curto
Com as pistas molhadas pela chuva que começou a cair na Grande São Paulo na noite anterior, começaram nesta sexta-feira (30/10) as disputas dos títulos brasileiros de Mountain Bike.
Logo pela manhã foi disputada a segunda edição do Brasileiro de e-MTB com os competidores percorrendo o mesmo circuito de 4.678 metros que será utilizado para as disputas de cross country olímpico.
Na categoria feminina, a fluminense Luma Diniz, de 27 anos praticante do mountain bike há 5 anos, após ter deixado o motocross e com incentivo de amigos passou a dedicar com mais afinco à modalidade conquistou seu primeiro título brasileiro. “Comecei a treinar de um jeito certo, com treinador, e tenho evoluído bastante, não só na parte técnica e de força, mas também no treino mental também”, destacou Luma.
Apesar de ter liderado toda a corrida desde a primeira volta, Luma passou por alguns apuros ao longo da competição, caiu logo no início da prova e depois na última volta, em um dos trechos técnicos em descida, batizado de Escorpião ela voltou a cair, porém como tinha uma boa vantagem sobre a segunda colocada conseguiu se levantar para retomar as pedaladas rumo à vitória.
“Estou muito feliz com esse título. Tem pouco tempo que pedalo, mas isso nunca foi um empecilho. Mesmo com a pandemia, eu não desanimei. Continuei treinando. Em alto rendimento, demora anos para evoluir a performance, por isso aproveitei para treinar durante esse período de pandemia, especialmente em trilhas técnicas com a e-bike”, contou a nova campeã braisleira e concluiu: “Esse título é muito importante pra mim. É o segundo ano de Campeonato Brasileiro de E-Bike e estou muito feliz de escrever meu nome na história. Após cair na primeira volta, mantive a calma e pensei ‘espera que ainda tem quatro voltas’. E continuei pedalando, só olhando pra frente. Fui até o fim sem olhar pra trás”.
Na prova masculina, o mineiro de Araguari, Jhefferson Paiva de 23 anos, que correu com a bicicleta emprestada e contou com o ‘paitrocínio’ para poder se deslocar até Mairiporã.
Jhefferson que começou a competir aos 10 anos e após ter passado alguns anos sem competir voltou às disputas e em sua primeira prova com uma bicicleta a pedalada assistida já faturou título de campeão brasileiro de e-MTB, superando mountain bikers que estão na ativa há muito mais tempo como Juliano Cocuzzi e Diego Knob
“Na verdade a bike que usei é do meu pai. Eu vi que ia ter o Brasileiro e comecei a treinar lá na Represa de Araguari. E a nossa sorte foi que lá também começou a chover nesses tempos, então deu uma preparada boa. É muito gratificante ser campeão brasileiro. Vim treinando mesmo com a pandemia, para o MTB Festival. Foi a primeira vez competindo de E-Bike, então foi ótimo o resultado” comemorou Jhefferson que destacou as dificuldades encontradas no circuito “Gostei bastante da pista, bem técnica, com descidas muito legais. Sofri mais nas subidas, porque tinha que controlar muito a roda traseira pra não escorregar, inclusive logo na largada. Quem for pedalar no final de semana vai curtir bastante“.
Mairiporã que no ano passado serviu para a estreia do e-MTB no campeonato brasileiro, neste ano recebeu a segunda edição do Campeonato Brasileiro de MTB XCC – short track – disputado em circuito curto, onde a técnica de pilotagem tem que ser muito bem combinada com a explosão no pedais.
As mulheres foram as primeiras a encarar o desafio no circuito de 1.680m com um longo trecho de subida. Com 15 ciclistas na disputa, logo na primeira subida se fez a seleção com um grupo formado por Karen Olimpio, Danilas da Silva, Letícia Cândido, Hercilia de Souza, Paula Gallan Raiza Goulão e a jovem de 17 anos Giugiu Morgen passando a disputar a ponta do grupo.
Na segunda volta, Danilas e Paula já não conseguiam acompanhar o grupo que lá na frente vinha se estudando e medindo forças, porém era claro que Giugiu Morgen, a mais jovem do grupo, mostrava um ritmo de pedaladas mais tranquilo, restava saber se teria fôlego e força para aguentar algum ataque de Raiza ou de Letícia Cândido.
O trio passou a se distanciar e já rodava solto à frente quando na quinta volta Giugiu resolveu testar suas adversárias, com um ataque seco e uma aceleração constante abrindo uma vantagem de 13 segundos para Letícia Cândido que disputava o segundo lugar com Raiza Goulão.
Na última volta, Giugiu Morgen manteve o ritmo e cruzou a linha de chegada para conquistar o título na categoria Elite, mesmo sendo ciclista da categoria junior. Na disputa pela medalha de prata, Raiza Goulão contra-atacou nos metros finais para superar Letícia Cândido.
“Sabia quem poderia vir comigo e durante a prova eu analisei onde elas apertavam o ritmo e onde perdiam algum tempo para mim. Eu ataquei na hora certa. Testei antes de atacar e na hora que eu vi que sobrou um pouco, fui e acelerei. Eu treinei para essa modalidade, tendo usado como aprendizado a última competição que tive contra elas no short track há alguns meses e desta vez deu certo. A felicidade é enorme. Espero crescer cada vez mais e colocar, no futuro, nosso mountain bike brasileiro aos olhos do mundo, assim como o Avancini fez“, declarou Giugiu Morgen.
Na prova masculina Avancini entrou com todo o favoritismo na disputa, porém mesmo com toda a superioridade um grupo de adversários soube testá-lo e dificultar suas ações.
José Gabriel de Almeida, Gustavo Xavier Edson Rezende, Ulan Galinsky e Guilherme Müller mais de uma vez se posicionaram lado a lado, rodaram à frente medindo forças com o atual número 1 do ranking da UCI.
Na terceira volta começava a seleção e o grupo ponteiro se reduzia a um trio formado por Avancini, José Gabriel e Gustavo Xavier. Na volta seguinte Avancini forçou o ritmo e conseguiu abrir uma vantagem de 10 segundos que se manteve até o final, apesar de José Gabriel de Almeida ter forçado o ritmo e ter saído à caça de Avancini, mas com essa movimentação conseguiu assegurar a segunda posição e abrir uma vantagem de 30 segundos para o terceiro colocado, Gustavo Xavier.
“Foi uma disputa bastante intensa. O circuito mostrava que seria uma prova dura e física. Mas, com a lama, ficou bastante complicado. Havia bastante água até antes da primeira subida. No finalzinho da subida, a lama escurecia o que dificultava a tração da bike. Se você gastasse mais onde estava bom para pedalar, depois faltava”, analisou Avancini.
Ainda sobre a disputa de posições, Avancini comentou: “O Gustavo e o Zé estavam bem e no meio da prova fiz uma ataque mais forte, porque eu não queria arriscar. O trecho final era fácil de cometer erros e percebi que o corte de 80% não foi o suficiente, então previ que teríamos retardatários na frente. Para não ficar agarrado atrás de ninguém eu precisava de uma vantagem. Nos metros finais, a pista não favorecia para sprint por ter várias curvas antes no asfalto, então tentei conseguir a vitória o mais cedo possível”.
Com mais um título brasileiro em mãos – o 16º da sua carreira com esse no short circuit – são 14 no XCO, 1 no XCM (Maratona) e XCC – Avancini destacou o seu momento profissional e a importância de manter o foco em toda prova disputada: “Sei que nem título nem ranking mundial entram na pista. Se chegar aqui e não entregar resultado, a galera esquece muito rápido. Sei o quanto é importante encarar as provas com seriedade e também como é difícil manter-se em alerta e motivado após uma grande conquista ,que trabalhei por ela tanto tempo. Neste momento, preciso dar uma descarga, parar um pouco e curtir ser o número 1 do ranking mundial. Estou muito feliz em chegar nesta marca e sei que é muito importante para mim. Feliz de conquistar tudo o que conquistei neste ano”.
CAMPEONATO BRASILEIRO DE MOUNTAIN BIKE
Instituto Mairiporã – Mairiporã/SP
e-Mountain Bike – circuito de 4.788 metros
Feminino
1-Luma Diniz – 4funBikeCenter- 58min05seg916
2-Isabella Ribeiro – 1h01min00seg038
3-Stefanye Lindolfo – 1h02min33seg057
Masculino
1-Jhefferson Paiva – 51min39seg005
2-Juliano Cocuzzi – Lar Cocuzzi – 52min36seg933
3-Diego Knob – Sense Factory Racing – 52min55seg033
XCC – Short Circuit – circuito curto de 1.680 metros
Elite Feminina 20 minutos+2 voltas = 6 voltas
15 competidoras
1-Giuliana Morgen – 31min12seg
2-Raiza Goulão – 31min35seg
3-Letícia Cândido – 31min38seg
Elite Masculina – 20m minutos + 2 voltas = 7 voltas
1-Henrique Avancini – Cannondale Factory Racing – 30m12s
2-José Gabriel Marques – Corinthians Audax Bike Team 30m26s
3-Gustavo Xavier – Specialized Racing BR – 30m55s
4- Guilherme Müller – Cannondale Brasil Racing – 31m27s
5- Ulan Bastos – Caloi Team – 31m28s