Uma evolução da Pinarello Bolide F HR utilizada por Filippo Ganna para estabelecer o Recorde da Hora em outubro de 2022 no velódromo de Grenchen foi criada para o quarteto italiano que tentará manter a medalha de ouro olímpico na Perseguição por Equipes. A Bolide F HR 3D é impressa em 3D e construída com a liga Scalmalloy, é mais pesada que a versão em carbono que será fornecida às garotas que vão em busca de sua primeira medalha
A Itália quer manter o brilho do ouro de seu quarteto para a prova da perseguição por equipes que será disputada nos Jogos de Paris’2024 e para isso os fornecedores da FCI – Federação Italiana de Ciclismo – estão trabalhando duro e uma das grandes novidades está na bicicleta que os quartetos masculino e feminino utilizarão.
A Pinarello fez uma evolução no quadro utilizando por Filippo Ganna, em outubro de 2022, no velódromo suíço de Grenchen para estabelecer o atual recorde da hora com 56,792 km. A nova versão traz um movimento central ‘alargado’, o Fator Q é mantido igual em todos os tamanhos, e o modelo ficou aproximadamente 200 gramas mais leve.
Serão duas versões, a Bolide F HR 3D com quadro e garfo construído com a a liga metálica Scalmalloy (uma liga formada com escândio, alumínio e magnésio de alta resistência) um material aeroespacial especificamente desenvolvido para sua utilização em impressoras 3D e a Bolide HR C versão em carbono.
Não é de hoje que a Pinarello utiliza a tecnologia de impressão em 3D, em 2015 foi ela em parceria com o Mercury Center que desenvolveu o guidão aerodinâmico utilizado por Bradley Wiggins para o Recorde da Hora. Neste novo trabalho com a Bolide F HR 3D o quadro tem uma estrutura composta apenas por cinco elementos – o triângulo dianteiro composto por três peças além das escoras –chain stay – e tubo do selim.
A escolha da liga Scalmalloy para a Bolide F HR 3D que será usada pelos rapazes foi definida graças possibilidade de a impressão 3D permitir posicionar reforços internos específicos para maximizar a rigidez. Ideal para privilegiar as maiores forças e velocidades produzidas pelos homens. Em contrapartida, o modelo Bolide F HR C, em carbono, utilizado pelas garotas é mais leve, mais manobrável, o que possibilita alcançar velocidades mais elevadas no menor tempo possível.
O modelo em carbono fez sua estreia no mundial de Glasgow com Jonathan Milan, no ano passado; tratava-se de um quadro na cor negra e sem adesivos, que foi utilizado naquela ocasião para possibilitar a homologação junto à UCI para ser utilizada neste ano nos Jogos Olímpicos de Paris.
Um quadro feito com a liga Scalmalloy impresso com a liga 3D leva 3 dias para ser produzido na Inglaterra, depois é enviado para a Itália, onde recebe na Pinarello o acabamento e a pintura.
Os guidões aerodinâmicos também podem ser impressos em 3D e são personalizados, pois cada ciclista da seleção foi escaneado – passando por uma varredura tridimensional que permitiu criar um guidão único e otimizado para reduzir a resistência aerodinâmica.
Com tudo isso a Itália sonha com que Ganna e seus companheiros rodem abaixo dos 3m42s032 – recorde mundial obtido em 4 de agosto de 2021 no velódromo de Izu e que garantiu o ouro olímpico voltem a repetir o feito e uma possível medalha com as garotas, para isso a Pinarello já entregou à FCI – Federação Ciclista Italiana, 12 bicicletas – 6 impressas em 3D em Scalmalloy com adesivos com a marca Pinarello em dourado (afinal eles entram para defender o ouro) e 6 em carbono. E todas estão montadas com as icônicas rodas Campagnolo Ghibli, versão 0.9.
Tecnologia AirStream – inspirada nas Baleias Jubarte
Desenvolvida em colaboração com a Universidade de Adelaide, na Austrália e o parceiro de pesquisa e desenvolvimento aerodinâmico, a norueguesa NablaFlow onde trabalha o engenheiro Luca Oggiano que teve a intuição de se inspirar nos tubérculos, umas saliências encontradas nas nadadeiras das baleias jubarte que possibilitam a mudança de direção na água , para criar esta tecnologia que traz um sistema exclusivo de saliências ou “AeroNodes” (nós aerodinâmicos) no tubo vertical ou tubo do selim e no próprio canote do selim que permitem estabilizar o fluxo de ar produzido pelo ciclista durante a pedalada.
Porém é uma tecnologia que só vai bem no velódromo, não dá para leva-la à estrada. Segundo Fausto Pinarello que coordenou a equipe de técnicos e engenheiros envolvidos no projeto, “na estrada você tem condições diferentes em relação à pista, há muito mais variáveis, como a direção do vento e as diversas posições que o ciclista pode assumir. Além disso, na estrada a leveza também conta, ainda que a aerodinâmica faça sempre a diferença, mesmo ao custo de sacrificar algumas gramas”.
Aerofólio – melhorias aerodinâmicas
O novo quadro foi desenhado para reduzir ao máximo a área frontal, também graças à eliminação da “regra 3:1” (proporção entre altura e largura dos tubos) pela UCI. As pesquisas mostraram que as seções de tubos com forma de aerofólio com uma proporção de tipo de 6:1 ou mesmo 8:1 apresentam desempenho significativamente melhor do que a antiga proporção de 3:1.
Garfos e escoras estreitos
As tendências recentes no design aerodinâmico do quadro mudaram para garfos e escoras largos para tentar reduzir o arrasto geral da bicicleta e do ciclista. No entanto, os resultados obtidos nas pesquisas realizadas por Pinarello neste campo não são conclusivos; portanto, foi adotada uma combinação mais confiável de garfo e escoras estreitas para minimizar o peso do quadro e obter melhores resultados de desempenho.
A geometria otimizada do guidão foi obtida graças a numerosos testes de dinâmica de fluidos computacional (CFD) que visam minimizar a resistência aerodinâmica total do conjunto ciclista+bicicleta.
Este trabalho foi desenvolvido em conjunto com a NablaFlow que realizou inúmeras simulações com seu software AeroCloud rodando completamente na plataforma AWS, uma solução em nuvem utilizada pela FIA e por muitas equipes de F1 para determinar o design mais eficiente.
Sonhar com o ouro tem seu preço – e é alto
E como a regra da UCI manda que as bicicletas utilizadas em competição sejam comercializadas, tanto a versão impressa em 3D como a em carbono estão disponíveis no site da Pinarello nas cores preto titânio e preto carbono . A Bolide F HR 3D – custa 28.750 euros e a Bolide HR C 12.500 esse preço com o guidão aerodinâmico em carbono, se for pensar em uma versão personalizada e feita com a digitalização dos antebraços do ciclista na posição mais aerodinâmica e feita em impressão 3D em titânio pode incluir mais uns 20 mil euros à conta. E acrescente outros 3.418€ para a roda traseira e mais 3.604 para a roda dianteira da Campagnolo.