AQUECE RIO – CHUVA ATRAPALHA E BMX NÃO TEM O PROGRAMA COMPLETO

 

Primeiro foram as rampas mal construídas, a pista passou por reforma às pressas e no domingo a chuva impediu a competição de ser realizada em todos seus estágios. As medalhas entregues foram apenas pelas tomadas de tempo feitas pela manhã. Mariana Pajon e Edzsus Treimanis saem do Rio com medalhas

Domingo de chuva no Parque Radical de Deodoro, forçaram o cancelamento Foto Amanda Kestelman

Domingo de chuva no Parque Radical de Deodoro, apesar das reformas feitas em 24 horas a pista não apresentava condições de segurança e o evento principal foi cancelado Foto Amanda Kestelman

Basta colocar um microfone diante de um político para que este solte as rédeas e escancare a sua verdadeira personalidade, o melhor exemplo é o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes  que declarou aos microfones da GloboNews que os pilotos do BMX eram uns “frôxos” por não encararem a pista aonde até ele andou e foi aprovada por delegados, estranhamente o vídeo com essa declaração não foi disponibilizado pelo canal, blindaram o prefeito e na nota do portal G1 o “frouxos” foi trocado por “fraquinhos” e que aquilo foi dito em tom de brincadeira.

O desconhecimento da modalidade parece que é regra para estes burocratas. Pedalar a mais de 50 km/h e saltar sem a certeza de uma aterrisagem limpa e segura é questão de segurança. Apesar de terem contratado uma das melhores empresas construtoras de pistas e da aprovação por parte da UCI, o traçado apresentava vários erros de construção e alguém tem que assumir a responsabilidades pelas falhas, bastava refazer o serviço como aconteceu e pronto,  os competidores não podem pagar com lesões provocadas por erros de construção.

O saldo positivo disso tudo, foi a união dos pilotos que pensaram na segurança de todos e provocaram um movimento de união que repercutiu nas redes sociais por todo o mundo. O que pode parecer um passo para atrás com o cancelamento de um evento,  é mais uma reflexão sobre os rumos que o esporte vem adotando com pistas cada vez mais exigentes e aonde as lesões tem aumentado muito. Ao não ceder às pressões do organizador, a Elite do BMX  a partir do Aquece Rio poderá traçar novos rumos para o esporte e dar um salto á frente.

O letão Edzus Treinamis fez o melhor tempo cronometrado.

O letão Edzus Treinamis fez o melhor tempo cronometrado. Completaram o pódio Amidou Mir e Renato Rezende 

O Aquece Rio, como foi denominado o evento teste, não pôde ser realizado em sua plenitude pois a reforma feita às pressas na pista aonde devem correr os homens, impediu uma melhor compactação do solo e com a chuva tornariam o percurso um provável lamaçal, assim, a prova teste aconteceu apenas no trecho de 372 metros da pista feminina.

Presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê Organizador das Olimpíadas (Co-Rio 2016), Carlos Arthur Nuzman jogou toda a responsabilidade pra cima do delegado da UCI: “ O delegado tem que entender o que sua federação aprovou e não aprovou. Se a Federação aprova, chega aqui e muda… Porque a Federação Internacional aprovou. Isso que eu quero deixar claro. Me surpreendeu muito o delegado técnico ser fraco, não ter segurado e ter dado as determinações do que deveria ser feito. Quem quisesse descia, quem não quiser acho que deve procurar outro esporte. Esse esporte é radical “- criticou Nuzman, dando um sinal claro de que não entende o esporte e que uma coisa é uma pista no papel, e outra, é como ela foi executada e os riscos da má construção ou excesso de radicalidade podem trazer aos competidores.

Diante do caos das declarações de muitos dirigentes que jogavam a culpa na entidade máxima do ciclismo que aprovou a pista, a posição do técnico da seleção brasileira, Guilherme Pussieldi foi muito coerente quanto à reforma realizada de última hora. : -“ O trabalho foi bem feito. Quanto mais segura estiver a pista, melhor o espetáculo. O que a gente quer é que oito atletas larguem e oito terminem”.

Nº1 do Mundo, a colombiana Mariana Pajon fez o melhor tempo contra o relógio

Nº1 do Mundo, a colombiana Mariana Pajon fez o melhor tempo contra o relógio

Na manhã os pilotos fizeram a prova contra-relógio individual (Time-trial) aonde os melhores tempos fazem a seleção, para depois a disputa dos melhores em baterias com 8 pilotos. O mau tempo na tarde de domingo impediu a realização das baterias, com isso apenas as tomadas de tempo serviram para a formação do pódio.

O piloto brasileiro melhor posicionado no ranking da UCI, Renato Rezende,  comentou: ” – A gente andou na pista feminina por questão de segurança mesmo. Está boa a pista, mas precisa de mais alguns retoques para as Olimpíadas. Lógico que todos os atletas preferiam correr no masculino. Mas está inviável, perigoso. A primeira curva está escorregando também. Andar sozinho, como um italiano fez, dá para fazer. Mas com oito descendo juntos fica complicado” – comentou.

Representando a UCI estava o delegado  Kevin McCuish  que reforçou o ponto de vista dos pilotos ao reforçar que uma pista só é totalmente aprovada após ter sido testada, um contraponto à posição da organização e à prefeitura da cidade que acreditam que ao contratar a empresa indicada pelo COI e receberem o OK da UCI, a pista já estaria aprovada. Segundo McCuish o evento teve de ser cancelado por causas naturais e fez uma analise do acontecido no final de semana: – Nós temos uma boa luz até cerca de 17h30, depois disso não dá para continuar. Se os pilotos podem ver, eles não podem andar pelo percurso. Optamos por parar. Este foi um evento-teste, no qual vamos realizar testes e mudanças. Realizamos alterações na pistas, tivemos questões a serem tratadas e decidimos voltar neste domingo. Apesar de não termos completado o evento hoje, nós fizemos um bom teste. A pista não pode ser aprovada antes de termos um evento-teste de sucesso. O percurso foi aprovado pela Federação Internacional, mas identificamos algumas questões que deveríamos mudar. Nós tivemos uma variedade de feedbacks e precisamos avaliar todos os elementos para decidir o que fazer”. Sobre o questionamento do presidente do COB, disse que respeita a opinião de Nuzman, mas não concorda, afinal, segundo o representante da UCI é normal que pistas de BMX passem por ajustes após a sua construção.

Segundo Agberto Guimarães, diretor de esportes do Comitê Organizador do Rio 2016, não será realizado um outro evento teste, mas a pista estaria aberta para as seleções para que estas realizem os treinos.

Todos os problemas que antecederam à prova e correr em casa parece que jogou muita pressão sob os pilotos brasileiros, talvez isso explique alguns incidentes. A piloto brasileira Bianca Quinhalha sofreu uma queda nos treinos da manhã de domingo e precisou ser conduzida ao hospital com suspeita de fratura no punho direito. Outro piloto local que se acidentou foi Rogério dos Reis. Nos bastidores do mundinho bmx’er há comentários de que os pilotos da seleção nacional vinham sofrendo pressão para não expressar o descontentamento com a pista e haviam recebido recomendação de evitarem postagens nas redes sociais.

AQUECE RIO

Elite Masculino

1- Edzsus Treimanis/Letônia

2- Amidou Mir/França

3- Renato Rezende/Brasil

Elite Feminino

1- Mariana Pajon/Colômbia

2- Stefany Hernandez/Venezuela

3- Ann Lee Broke Crain/Estados Unidos

3 comentário em AQUECE RIO – CHUVA ATRAPALHA E BMX NÃO TEM O PROGRAMA COMPLETO

  1. igor disse:

    Renato. Rezende e francês.?!?!

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