Pilotos não aprovam obstáculos e se recusam a disputar o Aquece Rio, evento teste para os jogos Rio-2016, provocando um boicote histórico da categoria
Rio 40º – a temperatura aumentou em Deodoro na manhã desta sexta-feira (02/10) quando os pilotos se recusaram a pedalar na pista construída para a prova de BMX Supercross dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A pista da prova masculina tem 399 metros, a do feminino 372.
O motivo do protesto: as rampas e obstáculos construídos pela empresa estadunidense EliteTrax, com projeto assinado por Tom Ritzenthaler foram considerados muito perigosos, entre os problemas apontados pelos competidores está um obstáculo que tecnicamente foi mal construído, ao ultrapassarem o obstáculo os pilotos deveriam sem lançados ao alto e para frente, o gigante chamado Pão de Açúcar só “joga” os pilotos para cima o que compromete a ultrapassagem do obstáculo e com elevado risco de quedas. O obstáculo é tão fora de proporções que escadas foram construídas para chegar ao topo, ou seja se o piloto não tiver velocidade e ficar pelo caminho, deverá subir as escadas carregando a bicicleta. Outro ponto que gerou discórdia foi a reta que será utilizada na prova masculina aonde as rampas tem “recepção” muito inclinada e com obstáculos muito próximos uns dos outros, alguns comentaram que aquilo se parecia com topos de morros encontrados em trilhas aonde não há corte de entrada ou saída para usar como rampa.
O Comitê Rio-2016 informou que a pista foi construída pela mesma empresa que fez as pistas de Pequim’2008 e Londres’2012 e que esta foi homologada pela UCI quando a entidade realizou no mês de agosto a visita de verificação, assim acreditam que tenha condições de receber competições com segurança. Porém os burocratas esqueceram de uma coisa muito importante: durante o evento teste de Londres aconteceram vários tombos, as quedas foram muitas e os organizadores foram obrigados a redesenhar e reconstruir alguns obstáculos. Dizer que a pista foi aprovada e homologada e não escutar os pilotos é no mínimo uma irresponsabilidade, vale lembrar que no evento de apresentação um piloto se acidentou em um desses obstáculos.
Corre na boca dos pilotos que a pista passou por uma verificação previa feita pelo piloto contratado da Elite Trax – Barry Nobles e este sugeriu algumas mudanças nos obstáculos, estas não foram realizadas e agora em meio ao Aquece Rio os problemas foram expostos.
A grande preocupação dos pilotos está em sofrer uma grave lesão a um ano das Olimpíadas, o que seria o fim de todo um período de preparação, isso aconteceu em Londres e não querem que a história se repita. Os pilotos se reuniram com dirigentes da UCI pela manhã e ficou decidido que os treinos da tarde estariam suspensos. O Comitê Rio 2016 se pronunciou informando que a “segurança dos atletas é prioridade” e que o “design da pista aprovado pela federação internacional de ciclismo”. Por outro lado algumas federações já começam a pressionar pois se o evento não for realizado quem cobrirá as despesas , porém nas discussões o mais importante foi o posicionamento quanto à segurança dos pilotos.
Não há posição oficial, mas é provável que o evento aconteça apenas utilizando a pista de 372 metros, desenhada para as provas femininas e com obstáculos mais simples. No final da tarde, alguns pilotos chegaram a colocar suas bicicletas no trecho da primeira reta.
A lituana Vilma Rimsaite que é membro da comissão de pilotos postou nas redes sociais: “Isso vai entrar nos livros…Todos os melhores BMX’ers (ndr.:pilotos) do mundo finalmente estão se unindo para nem ao menos testar a pista olímpica até que algumas alterações sejam feitas. Muito extrema. Perigosa Demais”
Nas redes sociais vários pilotos manifestaram seu descontentamento e a bronca foi além atingindo diretamente a UCI e os rumos que a entidade está dando ao esporte com a novas pistas de Supercross BMX que estão sendo construídas pelo mundo.
Frank Smets questionou: “As pistas que estão sendo construídas agora estão muito por cima e já temos um monte de jovens pilotos que nem se quer se atrevem a andar na categoria junior e elite, isso não é mais BMX, vergonha UCI” e ao final comentou: Por favor, vamos ficar juntos e tentar mudar BMX e transformá-lo novamente em um esporte de verdade, não um circo”.
Segundo informações de alguns pilotos estrangeiros, alguns técnicos pediram para que os competidores mantivessem a posição “histórica” de não entrar na pista para desta maneira provocar as reformas necessárias nos obstáculos. A Elite Trax , construtora da pista, tentará fazer algumas mudanças nos obstáculos durante a noite – com serviços se estendendo até a madrugada – para tentar acalmar os pilotos. Até as 18 horas da 6ª feita. (02/10) tanto a UCI como o Comitê Organizador do Rio’2016 ou o COI haviam se manifestado sobre a realização ou não do evento teste, o Aquece Rio com classificatórias disputadas no sábado e final no domingo.
Só pra deixar claro que a Rio-2016 e a prefeitura do Rio nada tem a ver com o problema, exclusivamente entre os gringos projetistas, a federação internacional e os atletas. Deixando claro, pra que os vira-latas de sempre não apareçam aqui pra ganir que “só podia ser coisa de brasileiro”.
A prefeitura não tem nada, mas o prefeito foi fanfarrão ao chamar os ciclistas, mesmo que em tom de brincadeira de Frouxos na entrevista à Globonews. Mas quem não conhece o esporte precisa entender que as pistas, precisam passar por testes para ver se as rampas após a construção garantem segurança. Agora o problema todo é o porque de o construtor se recusou a fazer as alterações sugeridas por pilotos que testaram a pista antes de todos, e o principal pilotos contratados pela empresa construtora- essa é a questão que comprometeu a parte técnica e desportiva de todo o evento.