O volume de bicicletas produzidas no Polo Industrial de Manaus aumentou 37,8% nos últimos dois anos, o saldo de 2019 em relação ao ano anterior foi de um crescimento de 18,9% . Se as previsões econômicas se confirmarem, para 2020 se projeta um crescimento de 7,3% no volume a ser produzido, nesses números estão apontadas algumas tendências para 2020: cresce a produção de estradeiras e as e-bikes devem ganhar mais fôlego no mercado
A Abraciclo, entidade que reúne os fabricantes de motos e bicicletas sediadas no Polo Industrial de Manaus apresentou na quinta-feira (23/01) os números sobre a produção de bicicletas no ano passado e o saldo foi positivo com o maior volume de bicicletas produzidas em um período de 10 anos, foram 919.924 unidades, um crescimento de 18,9% em relação à produção de 2018. Ao se somar toda a produção nacional o volume salta para os 2,5 milhões de bicicletas, isso sem contar as bicicletas infantis abaixo do aro 20 que são classificadas como brinquedos.
O crescimento, segundo a Abraciclo, tem relação direta com a transformação que a indústria de Manaus passou nos últimos anos com investimentos em tecnologia, maquinário e no desenvolvimento de produtos. Isso provocou uma mudança no posicionamento dos produtos que saem de Manaus com a indústria apontando ao mercado de médio e alto valor agregado, consequentemente o consumidor tem um maior número de opções de modelos e de padrão de qualidade.
O mercado brasileiro ainda é dominado pelos modelos de mountain bike com 47,5 % do total produzido, porém nessa contagem o leque de produtos é muito amplo indo dos modelos mais simples às montagens de quadros de fibra de carbono e componentes mais sofisticados. Por ora pneu de cravos, suspensão e aro 29” estão na conta das bicicletas fora de estrada e que na maioria dos casos são utilizadas para pedalar pelas cidades.
A segunda posição no volume produzido é a das bicicletas urbanas e de lazer, com 36,7%, no total foram 337.849 unidades e para 2020 a estimativa de produção deverá crescer 5,1%. Este nicho deve ser olhado com especial atenção pois vem crescendo e atende o público urbano, o usuário de ciclovias e também todo aquele que aposta em um maior conforto para as suas pedaladas.
As bicicletas infanto-juvenis ocupam a terceira posição nesse ranking da produção com 14,5% do volume. Contrapondo ao que muitos pensam por aí, a bicicleta ainda é um dos presentes mais cobiçados para os mais novos e isso se confirma com as estimativas para este ano com uma projeção de crescimento de 15,6% nesses modelos.
Apesar do crescimento dos eventos promocionais de ciclismo de estrada (granfondos e outras provas de longa distância) e do maior volume de grupos de ciclistas pedalando pelas estradas por todo o país, o volume comercializado pode parecer pequeno, foram produzidas 9.102 bicicletas de pneu fino e aro 700. Para 2020 um sinal de que as estradeiras vem ganhando maior destaque é que esse modelo de bicicleta será uma das tendências de mercado com a produção dando um salto da ordem de 20,9%.
Uma tendência que já é realidade no mercado europeu, onde as e-bikes – bicicletas elétricas a pedalada assistida – vem se tornado a opção quando se trata de mobilidade urbana, parece que começará a ganhar fôlego junto a indústria nacional com a produção saindo das 2.958 unidades e saltando, segundo previsões para 11 mil bicicletas, ao se confirmarem esses números o crescimento será de 271,9%.
Das mais de 919 mil bicicletas produzidas no Polo Industrial de Manaus, mais da metade são destinadas ao maior mercado consumidor do país, a região sudeste que absorveu 521.516 unidades, um crescimento de 21% se comparado ao movimento de 2018. O segundo mercado é o da região sul, com 67.802 unidades e uma variação positiva de 11,3% em relação ao ano anterior. Porém foi na região norte que aconteceu o maior crescimento na distribuição com 69.102 bicicletas ou uma variação de 95,2% ou 33.697 unidades a mais que no ano anterior.
Apenas no nordeste, o terceiro mercado em potencial houve uma pequena queda no volume com uma variação negativa de 1,1% , a região comprou 112.479 unidades no ano passado.
Se os dados da indústria nacional dão claro sinal de evolução e lançam sinais positivos para o ano, muito disso em relação direta com fatores macroeconômicos como um novo fôlego da economia com taxas de juros mais baixos, sinais de queda da inflação e oferta de credito, também forçada pela entrada de bancos digitais, por outro lado importação de bicicletas sofreu com a instabilidade cambial; segundo dados do Comex Stat, ligado ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, a redução foi de -36,3%, caindo de 117.668 bicicletas importadas em 2018 para 74.962 em 2019.
A China foi a origem de 76,3% das bicicletas importadas (57.171 unidades), em segundo lugar aparece Taiwan com 14,4% (10.777 unidades) e em terceiro lugar Portugal com 3,4% (2.518) .Em contrapartida o Brasil exportou 13.438 bicicletas, com um crescimento de 4,3% em relação a 2018. Os maiores compradores do país são os vizinhos Paraguai e Argentina, cada um com 29,9% e 28,8% do volume exportado.
As quatro fábricas instaladas em Manaus – Caloi (Dorel), Huston, Oggi e Sense, que representam 11 marcas de bicicletas detém 40% do mercado nacional, porém estão muito longe do seu potencial máximo de produção e podem multiplicar por três os volumes produzidos no último ano, pois a capacidade instalada, atualmente, é de 2,8 milhões de unidades por ano.