Frio, tempo instável e duelos intensos marcaram a abertura da Copa do Mundo de MTB XCO em Nové Mesto. Na prova feminina um confronto de gerações entre a campeoníssima Pauline Ferrand-Prévot e a jovem Puck Pieterse. Na prova masculina Joshua Dubau fez frente a Tom Pidcock que caiu, se levantou e mostrou que é o mais forte neste início de temporada. Brasileiros sofreram com a aclimatação e isso atrapalhou o desempenho
Um duelo de gerações com duas todo terreno se enfrentando na primeira prova de cross country olímpico da Copa do Mundo 2023 de XCO- De um lado a experiência de Pauline Ferrand-Prévot, do outro a juventude e a força de Puck Pieterse – campeã mundial de ciclocross sub23 e neste ano vice-campeã e com o título de vice-campeã mundial sub23 de mtb xco em 2022, além do 5º lugar na Strade Bianche deste ano, assim foi a prova de Nové Mesto.
Tudo isso temperado com a falta de sorte da britânica Evie Richards que chegou a liderar a prova, mostrando muita força, mas um furo de pneu e uma queda de corrente a tiraram do confronto com a francesa e a a neerlandesa.
A prova começou com Puck Pieterse, Evie Richards e Jolanda Neff aceleraram o ritmo da competição logo na largada. Porém o trabalho de tentar fazer a seleção, logo de cara foi da estadunidense Haley Batten que conseguiu esticar o grupo e abrir algumas bicicletas de vantagem sobre Frei e Richards.
Após a volta de largada, no circuito um pouco menor com 2,6 km, foi a vez da britânica impor seu ritmo e iniciar uma fuga, aos poucos ela foi ampliando sua vantagem até chegar aos 14 segundos ao final da primeira volta no circuito principal – de 3,85 km.
Puck Pieterse tomou o comando de um grupo de seis ciclistas, e tentou ir à caça de Richards, comandando a Sina Frei, Haley Batten, Pauline Ferrand-Prévot, Rebecca Henderson e Marina Berta.
Á frente Richards continuava seu trabalho solitário, e Puck forçando o ritmo conseguiu se desvencilhar do grupo para ir em busca, sozinha, da líder que tinha uma vantagem de 15 segundos.
A ação de Pieterse foi neutralizada pela francesa Pauline que se posicionou em sua roda, mas logo entraram em acordo para ir à caça da britânica. A falta de sorte baixou forte sobre Richards, primeiro foi um furo que a obrigou a parar na área de assistência técnica para trocar a roda traseira, ao sair mais um problema: sua corrente caiu e assim toda a vantagem conquistada se desfez, foi ultrapassada indo para a 7ª posição e perdendo cerca de 29 segundos para as ponteiras.
Pieterse à frente com Ferrand-Prévot em sua roda e mais atrás a francesa Loana Lecomte tentando reduzir a vantagem, sendo seguida à distância pela australiana Rebecca Henderson. E essa foi a constante nas voltas 5 e 6, mas Pauline Ferrand-Prévot resolveu testar a jovem Pieterse com um ataque na penúltima volta, chegou a abrir 7 segundos sobre a neerlandesa, e aparentando que estava no comando da prova.
Já na última volta, Pieterse voltou a forçar o ritmo até se colocar novamente na roda da campeã do mundo, e pouco depois no trecho mais duro de subida atacou para abrir uma pequena vantagem, assumir a primeira posição e vencer com uma pequena, mas tranquila vantagem. Lecomte ficou com o 3º lugar e Evie Richards conseguiu se recuperar e terminar em 4°.
Em uma prova marcada pelo frio, as brasileiras sofreram com a adaptação e isso se refletiu no desempenho. Raiza Goulão ficou em 61º. Karen Olímpio terminou a 1 volta das líderes e Hercília Najara a 2 voltas.
Pidcock em final de semana perfeito
O britânico Thomas Pidcock já havia sinalizado que estava muito bem quando na sexta-feira (12/05) venceu a prova no circuito curto – XCC – ao atacar no momento exato e se impor ao largar em uma prova que até poucas horas antes do início não sabia se iria disputá-la. No domingo, debaixo de uma chuva fina precisou trabalhar mais, e mostrar que está por cima – ao menos nesta primeira prova dos demais adversários.
Caiu quando liderava, se levantou e foi testado pelo francês Joshua Dubau que o enfrentou até a última volta, onde prevaleceu a força para vencer e terminar o final de semana como líder da Copa do Mundo com a máxima pontuação possível – 330 pontos (80 do XCC e 250 do XCO) e com 111 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, Dubau.
Com o piso molhado – mas com solo bem compactado e bastante escorregadio, a prova começou com o alemão Schwarzbauer acelerando – sendo acompanhado pelo neozelandês Sam Gaze, pelo suíço Schurter e pelo britânico Pidcock e um grupo que tentava encontrar espaço para rodar na frente.
A exemplo do que já havia feito na sexta-feira, no XCC, Shwarzbauer mais uma vez testou o pelotão, atacou e conseguiu abrir uma pequena vantagem ao final da start loop – volta de largada.
No grupo de perseguidores, Sam Gaze comete um erro e acaba trancando parte do grupo, Schurter e Dubau conseguiram sair sem problemas e partiram à caça de Schwarzbauer, neutralizando o alemão com os três passando a rodar juntos, com uma vantagem de 10 segundos sobre onde estavam Pidcock, Mathias Flückiger, Sam Gaze e Jordan Sarrou.
Em pouco tempo, estavam rodando todos juntos novamente, mas havia muita tensão e Pidcock testou seus adversários em mais de uma ocasião, e em meio ao trecho em subida e cheio de raízes, só Schwarzbauer e Dubau tiveram força para acompanha-lo.
O alemão no meio da terceira volta já começou a sentir o esforço por ter elevado o ritmo no começo da prova, com isso Dubau e Pidcock corriam com tranquilidade à frente, mas iniciando um duelo que continuaria por mais 5 voltas.
Atrás, o suíço Nino Schurter comandava o grupo perseguidor, mas sem conseguir encurtar a diferença, tendo em sua roda a Schwazbauer e um pouco mais atrás a Sarrou e Flückiger. Na frente Pidcock testava o francês Dubau, abria uma pequena vantagem, mas era neutralizado.
Em um trecho em meio a raízes a roda dianteira de Pidcock escorrega. O britânico vai ao chão, a sorte esteve ao seu lado, sem nenhum arranhão ou problema em sua bicicleta, mas cedendo mais de 10 segundos para o francês que ficou sozinho na ponta a pouco mais de duas voltas para o final.
Dubau tentava se isolar, Pidcock ainda sentindo as dores – ou o susto – da queda não conseguia encontrar seu ritmo, precisou de mais uma volta para se recuperar, encostar no francês e iniciar sua arrancada em busca da vitória
O confronto Dubau-Pidcock foi uma sessão de ataques e contra-ataques, com o francês forçando e sendo neutralizado, isso até a última volta, quando Pidcock faz seu derradeiro ataque, toma a ponta e se coloca a 5 segundos para fechar com a vitória. Dubau em uma jornada fantástica termina em 2ª. Schurter vence o sprint pelo 3º lugar superando a Jordan Sarrou.
A exemplo do que aconteceu com as garotas, os brasileiros – e outros latino-americanos como o chileno Vidaurre (24º) o mexicano Ulloa, campeão pan-americano em Congonhas (não completou), também sentiram o frio e a intensidade da prova. Avancini terminou em 43º a 5m50s; José Gabriel e Ulan Galinski a 2 voltas dos líderes e Cocuzzi não completou.
COPA DO MUNDO DE MTB – Nové Mesto / República Tcheca
XCO Cross Country Olímpico
Elite Feminina – 93 competidoras de 28 países – 2,6 km volta de largada + 7×3,85 = 25,70 km
Volta mais rápida: Haley Batten – 8m13s
1- Puck Pieterse – Alpecin-Deceunick – Holanda – 1h23m01 – vel. média 18.571 km/h
2- Pauline Ferrand-Prévot – Ineos Grenadiers – França +5s
3- Loana Lecomte – Canyon CLLCTV – França +11s
4- Evie Richards – Trek Factory Racing XC – Grã Bretanha +16s
5- Alessandra Keller – Thömus Maxon –Suíça +38s
61- Raiza Goulão – Brasil +10m56
68- Karen Olímpio – Brasil -1 volta
85- Hercília Najara – Brasil -2 voltas
Elite Masculina – 125 competidores de 36 países – 2,6 km volta de largada + 8×3,85 = 29,55 km
Volta mais rápida – Luca Schwarzbauer – 7m15s
1- Thomas Pidcock – Ineos Grenadiers – Grã Bretanha – 1h22m46 – vel. média 21.419 km/h
2- Joshua Dubau – Rockrider Ford Racing Team – França +5s
3- Nino Schurter – Scott-Sram MTB Racing Team – Suíça +23s
4- Jordan Sarrou – Team BMC – França +23s
5- Thomas Griot – Canyon CLLCTV – França +48s
43 – Henrique Avancini – Caloi-Henrique Avancini Racing – Brasil +5m50s
91- José Gabriel – Brasil -2voltas
94- Ulan Galinski – Caloi-Henrique Avancini Racing – Brasil -2voltas
Luiz Henrique Cocuzzi – Sense Factory Racing – DNF – não completou