COCUZZI CARIMBA O DESAFIO DOS GIGANTES

Em três dias de competições do Desafio dos Gigantes, em Itaipava, Luiz Henrique Cocuzzi e Raíza Goulão conquistam duas vitórias nas provas de XCO. O paulista fez a revanche, do brasileiro de 2018 quando Avancini venceu em sua casa, e agora deixa Itaipava com 2 vitórias e mais 90 pontos no ranking da UCI. No sábado, no XCC, José Gabriel e Karen Olímpio foram os vencedores

Cocuzzi deixa sua marca em Petrópolis, com duas vitórias no XCO – foto: Alemão Silva

A corrida pelos pontos em busca de uma vaga olímpica, e mostrar para os dirigentes que está em condições de defender o país estão tornando as disputas das provas de mountain bike pelo país muito acirradas. Os três dias de competições do Desafio dos Gigantes, em Itaipava, no Rio de Janeiro, foram um claro sinal disso.

Mesmo distribuindo boa pontuação para o ranking da UCI, a prova não conseguiu atrair uma grande participação estrangeira, marcam presença apenas 5 pilotos, os chilenos Ignácio Gallo e Sebastián Miranda; e os  colombianos Juan Fernando Monroy, Jeronimo Bedoya e Jonathan Botero (5º colocado na Rio’2016).

Cocuzzi e Avancini – foto: Márcio de Miranda/Planeta da Bike

Na sexta-feira (10/03), no cross country olímpico, com pontuação Classe 2  no ranking da UCI , o paulista Luiz Henrique Cocuzzi já havia dado sinais de que estava muito forte, vencendo de forma surpreendente a prova disputada em 7 voltas, no circuito de 4,1 km, ao  superar o favoritismo de Avancini com um forte ataque na última grande subida do circuito, deixando para trás o campeão brasileiro e José Gabriel Marques que vinham rodando na ponta.

Cocuzzi foi estratégico e cirúrgico, após um pequeno erro no início da prova começou a ganhar posições, mas indo gradativamente até chegar nos ponteiros Avancini e José Gabriel Marques; deixou que os dois se atacassem e nos metros finais da última subida atacou para tomar a dianteira e vencer a corrida.

Na prova feminina, a campeã brasileira, Raiza Goulão também não arriscou, e só forçou o ritmo após a metade da prova deixado para trás a mineira Karen Olímpio, firmando-se até o final na liderança, sem ser incomodada por quem vinha atrás.

Já na largada do XCC , José Gabriel buscou a ponta do grupo – foto: Alemão Silva

Short Track

No sábado foi disputado o short track – XCC – prova no circuito curto, de 2 km, sem trechos técnicos mas com muita exigência do físico, com uma longa subida e um trecho de descida rápida, quase em slalom com curvas inclinadas e com boas paredes de apoio que garantiam uma boa velocidade – um circuito onde quem usasse uma hardtail  (bicicleta sem amortecedor traseiro) poderia tirar bom proveito com o menor peso e a possibilidade mais velocidade.

Mas com uma programação tão apertada e fora do tradicional – XCC na sexta, descanso no sábado e XCO no domingo, ou um na sequência do outro no sábado e domingo, o Desafio dos Gigantes, propôs três dias seguidos de competições abrindo e fechando com provas que exigem resistência e no meio delas uma prova de explosão – como é o short track.

José Gabriel, vence no circuito curto – foto: Alemão Silva

Com uma programação assim, para muitos era preciso avaliar se valia a pena correr o XCC, depois de disputar um cross country de 28,7 km  e chegar sem pernas para a grande prova – e com  maior pontuação – no domingo.  Cocuzzi e Raiza foram daqueles que optaram por se preservar.

Na disputa masculina, José Gabriel Marques mostrou a mesma vitalidade da prova do dia anterior, e foi para o duelo com Avancini, tomou a dianteira e rodou à frente para conquistar a primeira posição e a vitória na prova.

Os homens da Caloi – Avancini-Galinski – trocaram de posições na abertura da última volta com o baiano Galinski rodando em segundo, a 34segundos de Zé Gabriel, enquanto Avancini dava sinais de que ao perder o duelo pela ponta, começava a preservar o físico, mas na chegada precisou apertar as pedaladas não ser ultrapassado por  Alex Malacarne que tentou atacar o campeão brasileiro

“Meu primeiro dia foi muito construtivo. Eu vi que dava para fazer bem mais e hoje tentei ser bem mais agressivo e percebi que o Avancini sentiu um pouco também. No final, tive um problema com o pneu, mas não podia parar. Foi sensacional. Era uma vitória que faltava no meu currículo”, comentou  o vencedor do XCC – José Gabriel.

Karen Olímpio – foto: Alemão Silva

Na prova feminia, Aline Simões arrancou na frente do grupo, sendo seguida muito de perto por Karen Olímpio, e um pouco mais atrás um grupo de perseguidoras. Ao final da longa subida, Karen assumiu a ponta, mantendo-se na liderança até o final.

A longa subida serviu para romper com o grupo e espalhar as competidoras pelo circuito, abrindo grandes lacunas entre as competidoras.

“Meu ano passado não foi nada fácil, mas dei a volta por cima. Estou batalhando firme para chegar às Olimpíadas. Eu busquei apenas fazer a minha prova, seguir no ritmo que eu gosto. Eu estava muito motivada e agora estou muito feliz”, declarou Karen. 

Debaixo de chuva a Elite entrou na pista – foto: Alemão Silva

Segunda vitória de Cocuzzi no XCO – com gosto de revanche

As fortes chuvas que caíram na tarde de domingo que deixaram o circuito muito pesado e escorregadio, levaram os comissários da UCI e da CBC a decidirem por encurtar a prova de Classe C1 no ranking, assim foi retirada uma volta das provas da Elite Masculina e Feminina.

A prova começou com Avancini e José Gabriel buscando a ponta e impondo ritmo, sendo perseguidos por Gustavo Xavier, Ulan Galinski, Henrique Cocuzzi e Alex Malacarne. Mas o terreno escorregadio não dava margem a ousadia e todos no início, apesar do ritmo forte mostravam prudência.

José Gabriel liderou praticamente toda a corrida – foto: Alemão Silva

José Gabriel que havia vencido no circuito curto no dia anterior, dava sinais de força e atacou o grupo, conseguindo abrir uma vantagem que chegou a 27 segundos sobre Galinski, Avancini e Gustavo Xavier e Malacarne perseguindo os três, tentando recuperar terreno, mas era muito cedo para qualquer definição. Destacando que Gustavo e Malacarne ainda correm na categoria sub23.

Malacarne reconectou com o grupo na quarta volta. Na ponta rodavam Zé Gabriel, Ulan Galinski, sempre procurando dar combate, Avancini e Zé Gabriel – um pouco mais distante rodava Cocuzzi, fazendo praticamente o mesmo roteiro da sexta-feira, quando aos poucos foi chegando nos ponteiros.

Gustavo Xavier, Cocuzzi perseguem o grupo de ponteiros – foto: Alemão Silva

Zé Gabriel abriu a quinta volta, mas a vantagem para os perseguidores, Galinski e Avancini caindo para 12 segundos.  Na longa subida a dupla da Caloi forçava o ritmo, tentando enconstar no líder, Malacarne tentava persegui-los quando Cocuzzi encostou no grupo. Ao final da volta, após o trecho de descida, o líder enfrentou problemas com o barro acumulado nas rodas e no sistema de freios, travando a roda e com isso reduzindo o ritmo, sendo obrigado a jogar água na bicicleta para tirar a roda.

Na última volta, Zé Gabriel passou na liderança, com 11 segundos de vantagem, porém essa diferença cairia pouco a pouco, até que no meio da primeira longa subida, Cocuzzi resolveu apertar o ritmo, sendo acompanhado por Avancini, e chegando na roda de Zé Gabriel.

Avancini na perseguição ao líder , enfrenta o lamaçal da descida – foto: Felipe Almeida

Cocuzzi, no ponteiro e manteve o ritmo forte, assumindo a ponta, sendo perseguido por Avancini e a prova se transformou em um duelo, apesar de Zé Gabriel ter reconectado, ele já acusava o cansaço. Na de subida que levava para a último e mais inclinado trecho de subida do circuito, Avancini tomou a ponta. 

O paulista esperou para contra-atacar; deixou para arrancar nos metros finais da subida quando subiu no pedais para abrir mais de 30 metros para Avancini e entrar no trecho da longa descida em ‘esses’ à frente, nesse trecho os dois jogaram tudo e correram o risco de cair no piso escorregadio. Cocuzzi se manteve à frente para conseguir sua segunda vitória na casa de Avancini, o que para muitos foi uma revanche do Campeonato Brasileiro de 2018, quando Avancini, venceu no circuito de Parelheiros, na casa de Cocuzzi.

Pouco mais atrás Malcarne e Zé Gabriel cruzaram a linha disputando a 3ª posição, em 5º chegou Galinski. O paranaense Malacarne além do 3º lugar, foi também o melhor sub23 do dia.

Cobertos pela lama – Cocuzzi à frente de Avancini – foto: Alemão Silva

“Foi muito dura, com muitas subidas, e acredito que a estratégia tenha sido fundamental porque eu sabia que no final da prova, faltaria perna para todo mundo. Eu tentei segurar um pouco, abriram bastante e depois fui tirando (a desvantagem) aos poucos”, comentou o vencedor.

”E saio feliz por sair deste fim de semana com 100% de aproveitamento. São pontos fundamentais, marquei 90 pontos, o máximo que eu competi. Agora é um passo de cada vez, para conseguir novas vitórias”, finalizou Luiz Cocuzzi. 

Mergulho na lama, para comemorar a vitória – foto: Márcio de Miranda /Planeta da Bike

Raiza fez 2 provas estratégicas e lutou contra a lama

Na prova feminina, Raiza Goulão seguiu o roteiro da sexta-feira, quando venceu o XCO. Deixou que suas adversárias colocassem o ritmo, não se expôs a riscos no percurso, abordando com prudência trechos mais enlameados.

O trabalho ficou para Karen Olimpio, que tomou a ponta, sendo seguida por Raiza e pela jovem Sabrina Oliveira. Esse foi o cenário, até a última volta, quando Raiza tomou a frente, impôs seu ritmo e se destacou, fazendo todo o trecho de subida à frente, e tendo a lama como maior adversário no trecho de descida onde muitos ciclistas caíram ou sofreram para manter um traçado seguro.

Karen Olímpio à frente do pelotão – foto: divulgação

Raiza confirmou sua segunda vitória e garantiu 90 pontos para o ranking, no final de semana. Karen Olimpio foi a segunda colocada e atrás delas um grupo de sub23, lideradas por Sassá Oliveira, seguida por Giugiu Morgen e Luiza Cocuzzi, irmá do vencedor da elite masculina.

Raiza Goulão, enfrenta o lamaçal – foto: Alemão Silva

“A pista simplesmente se transformou e virou inimiga da minha bike no final de cada descida.
Mas a diversão para o público foi garantida”, comentou a vencedora.

“A minha estratégia era sentir bem a pista e não as concorrentes, isso por conta da chuva. Fazia tempo que eu não corria assim. Queria ver como a minha bike iria se comportar também. Mas, logo de início eu e a Karen nos destacamos. Mas na última volta, mesmo com minha bike um pouco travada, consegui passá-la. No sábado, eu correria, mas tive um problema no calcanhar e resolvi me poupar”, analisou a Raiza Goulão.

foto: Márcio de Miranda /Planeta da Bike

Desafio dos Gigantes Internacional

Villa Itaipava Resort & Conventions, Petrópolis/RJ10 a 12/03/2023

XCO UCI Classe 2 –

Elite Masculina – 7 voltas – Circuito de 4,1 km – 28.70 km

1- Luiz Henrique Cocuzzi – Sense Factory Racing – 1h18m11s

2- Ulan Galinski – Caloi-Henrique Avancini Racing – 1h18m19s

3- Henrique Avancini – Caloi-Henrique Avancini Racing – 1h18m29s

Elite Feminina – 6 voltas – 24.60 km

1- Raiza Goulão – Squadra Oggi – 1h22m41s04

2- Karen Olímpio – Audax Racing – 1h25m05s

3- Letícia Cândido – Houston Bike – 1h31m18s

foto: Alemão Silva

XCC -Short Track – UCI Classe 3

20 min + 1 volta – circuito de 2 km

Elite Masculina

1- José Gabriel Marques – Squadra Oggi  – 26m29s87

2- Ulan Galinski – Caloi-Henrique Avancini Racing – 27m07s56

3- Henrique Avancini – Caloi-Henrique Avancini Racing – 27m30s29

Elite Feminina

1- Karen Olímpio – Audax Racing – 27m30s18

2- Letícia Cândido – Houston Bike – 27m5949 

3- Hercília Najara – TSW Sram – 28m39s39

Karen, Raiza e a jovem Sassá foto: Márcio de Miranda /Planeta da Bike

XCO UCI Classe 1 –

Elite Masculina – 6 voltas – Circuito de 4,1 km – 24,60 km

1- Luiz Henrique Cocuzzi – Sense Factory Racing – 1h11m42s

2- Luiz Henrique Cocuzzi – Sense Factory Racing – 1h11m45s

3- Alex Malacarne – Trinity Racing – 1h11m53s

4- José Gabriel Marques – Squadra Oggi – 1h11m53s

5- Ulan Galinski – Caloi-Henrique Avancini Racing – 1h12m45s

Elite Feminina – 4 voltas – Circuito de 4,1 km – 16, 40 km

1- Raiza Goulão – Squadra Oggi – 1h00m46s

2- Karen Olímpio – Audax Racing – 1h01min06s

3- Sabrina Oliveira ‘Sassá’ – Caloi-Henrique Avancini Racing – 1h01min26s

4- Giuliana ‘Giugiu’ Morgen –  Sense Factory Racing – 1h01min54s

5- Luiza Cocuzzi – Lar – 1h04min38s,

1 comentário em COCUZZI CARIMBA O DESAFIO DOS GIGANTES

  1. Tarike Yasuhiko Hoshino disse:

    Foi um show dos principais nomes do esporte nacional! Avancini não ganhou mas fez muito pelo ciclismo, com tantos atletas novos com potencial para elevar o Brasil a um nível muito mais homogêneo internacionalmente no MTB! Valeu Avança, parabéns a todos os atletas!

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