Desde a primeira etapa da Vuelta del Provenir 2023, o chileno e campeão mundial sub23 de MTB em 2021 e bicampeão da Copa do Mundo mostrou que não estava apenas para ‘passear’ no pelotão, sempre buscou andar no grupo da ponta e ser protagonista, não cedeu terreno e na última etapa entrou na fuga que o colocou no mais alto do pódio, em sua estreia em uma volta ciclística
Não foi a primeira vez que Martín Viudaurre, bicampeão da Copa do Mundo’2021/22 e campeão mundial’2021 sub23 de mountain bike XCO trocou os pneus grossos pelos fininhos, porém em sua estreia em uma volta ciclística ele simplesmente mostrou-se um todo terreno, que não teme a disputa, que soube aproveitar a oportunidade de uma fuga para comandá-la e conquistar a Vuelta del Porvenir (Volta do Futuro – um contrassenso, afinal é corrida por ciclistas da elite, mas esse é um outro debate) categoria UCI 2.2 disputada na província de San Luis, na Argentina.
O garoto de 22 anos, que no próximo dia 18/2 completará 23 anos, sensação do mountain bike latino-americano, contratado para correr nesta temporada pela Specialized Factory Racing, iniciou seu trabalho de preparação em busca da medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos que serão disputados neste ano entre os meses de outubro e novembro, em sua Santiago e a classificação para os Jogos de Paris’2024.
Em competições de ciclismo de estrada sua experiência é pequena, foram apenas 2 provas, uma nos Jogos Olímpicos da Juventude, disputados em Buenos Aires em 2018 e uma contrarrelógio em 2021.
De 12 a 19 de janeiro Vidaurre encarou com dois amigos uma travessia , ou como ele chamou: um pedal de fundo de 1000 km pelas estradas do sul do Chile, depois foi para a África do Sul para fazer o training camp com seus colegas da nova equipe de mountain bike; voltou para a América do Sul e cruzou a fronteira para a vizinha Argentina para conquistar sua primeira vitória no ciclismo.
“É a segunda corrida da minha vida, a primeira volta que fiz. Dizem que quem nada sabe, nada teme, , então sem saber muito enfiei o é, dei tudo,, procurei os espaços e tentei analisar tudo da melhor forma. Tenho 22 anos, corro de mountain bike há 15 anos e no final correr te dá essa capacidade de adaptação e foi o que fiz. Aprendi com os meus companheiros durante toda a semana, fui muito cuidadoso, tentando ajudá-los”, declarou o vencedor da Vuelta del Porvernir.
O chileno soube se colocar muito bem no pelotão, e, ao longo das 5 etapas sempre esteve bem posicionado. Na primeira etapa venceu dois prêmios de montanha, assumindo a liderança dessa classificação e chegou com o mesmo tempo do vencedor; , o mesmo aconteceu na segunda etapa, a mais longa da competição com um sobe e desce de 176,7 km e chegada em sprint, aonde se firmou como líder de montanha, e apesar da 20ª colocação com o mesmo tempo do vencedor Sergio Fredes, ficou na 10ª posição na classificação geral, a 11 segundos do líder Fredes.
Na terceira etapa, a contrarrelógio individual de 12,7 km vencida por Juan Pablo Dotti, fez o 8º tempo, perdendo apenas 45s para o vencedor, mas subindo para a 8ª posição na CG. Na 4ª etapa de 148,8 km, a mais dura com a chegada ao alto do Mirador Potrero La Punta foi terceiro, atrás dos argentinos Dotti e Fredes saltando para a 4ª posição na CG a distantes 53s.
Na quinta e última etapa a virada de mesa do chileno que se meteu em uma fuga de 15 ciclistas ainda na primeira volta no circuito de 30,4 km e rapidamente passou a uma vantagem de 1m45segundos – e ali se definiria o campeão da volta – sobre o pelotão que acreditava que os escapados não resistiriam ao calor e ao esforço e aonde estavam lutando pela liderança Fredes da KTM e Dotti da SEP-San Juan. Na segunda volta a diferença havia aumentado para 2minutos 23s e o desespero tomou conta do pelotão, com Fredes já perdendo virtualmente a camisa de líder e buscando colocar seus homens para puxar, porém lá na frente o chileno Vidaurre e o panamenho Franklin Archibold comandavam a fuga mantendo o ritmo do grupo ponteiro elevado.
A fuga havia vingado, mas apenas 11 ciclistas estavam escapados, o esforço para alcança-la não deu resultado, e o chileno e o panamenho decidiram no mano a mano o sprint final. Vidaurre que ainda tinha forças, arrancou a 100 metros da linha de chegada para garantir a classificação geral e a camisa de líder de montanha em seu primeiro grande desafio no ciclismo de estrada.
A seleção chilena tinha mais para comemorar com a vitória da classificação geral sub23 com Héctor Quintana, a classificação dos Sprint Intermediários/Metas Volantes com José Luis Rodríguez e a classificação geral por equipes.
A equipe brasileira Swift Carbon Pro Cycling teve seu melhor resultado na segunda etapa com o 7º lugar de Kácio Freitas e o 8º de Lauro Chaman que entraram na disputa pelo sprint final. Na classificação por equipes, a Swift ficou com o 12º lugar.
Vuelta del Porvenir – San Luís – Argentina 1 a 5/02/2023
Classificação Geral após 5 etapas – 608,6 km
1- Martín Vidaurre – Chile – Sel. Chile – 13h33m44s
2- Franklin Archibold – Panamá – Panamá es cultura y valores +2s
3- Cesar Paredes – Colômbia – SEP San Juan +39s
4- Sergio Fredes – Argentina – KTM +1m06s
5- Juan Pablo Dotti – Argentina – SEP San Juan +1m08s
17- Caio Godoy – Brasil – Swift Carbon Pro Cycling +3m44s
39- Lauro Chaman – Brasil – Swift Carbon Pro Cycling +11m21s
45- Rafael Braga – Brasil – Swift Carbon Pro Cycling +12m31s
54- Magno Prado Nazaret – Brasil – Swift Carbon Pro Cycling +14m29s
69- Kacio Freitas – Brasil – Swift Carbon Pro Cycling +32m57s
Classificação Geral por Equipes
1- Seleção Chile – 40h45m37s
2- SEP – San Juan +2m40s
3- Chimbas te Quiero +9m22s
12- Swift Carbon Pro Cycling Brasil +19m43s