Evie Richards fez um final de temporada em altíssimo nível, após a conquista do título mundial ela se firmou na Copa do Mundo e conquistou duas vitórias consecutivas. Na etapa final em Snowshoe venceu o XCC e dominou o cross country. Na prova masculina, a tática de estradeiro de rodar escondido e atacar no momento exato da corrida garantiu a Christopher Blevins a vitória diante da sua torcida, encerrando uma seca de 27 anos sem vitórias de um mountain biker estadunidense na Copa do Mundo de XCO. Na Sub23, o brasileiro Alex Malacarne obteve um resultado pessoal inédito com a 10ª posição na Sub23
Como em 2019, Snowshoe sediou o encerramento da temporada da Copa do Mundo de Mountain Bike, desta vez a competição se comparada às etapas europeias estava um pouco esvaziada, sinal de uma temporada desgastante e ainda sob impacto da Covid-19 com muitos competidores optando por não fazer viagens continentais, mas isso não tirou o brilho das disputas, em um novo traçado que recebeu algumas seções mais técnicas e aumentado em 300 metros.
A prova feminina começou sem a presença das francesas Pauline Ferrand-Prevot e da campeã por antecipação Loana Lecomte. Apesar de ter se viajado para os Estados Unidos, Loana optou junto com sua comissão técnica e seu médico, não disputar a prova.
“Tendo sofrido alguns problemas de saúde por várias semanas e após exames médicos, infelizmente não poderei participar da final da copa do mundo neste fim de semana. Não é a falta de vontade, pelo contrário, mas sobretudo a falta de energia. Então tomamos a decisão com minha equipe e o médico, para preservar minha saúde física e mental, me regenerar a 200% para começar de novo e ainda mais determinada para a temporada 2022. Acho que para ser eficiente, para poder competir com as melhores mountain bikers do mundo e acima de tudo para me divertir, é preciso estar 100% . Então não me arrependo nem um pouco dessa decisão! Estarei presente esta semana em Snowshoe para torcer e e me divertir com a minha equipe!”, divulgou em sua conta do Instagram a campeã da Copa do Mundo 2021 e vencedora das etapas de Nove Mesto, Leogang e Les Gets .
CAMPEÃ MUNDIAL NÃO SENTIU O PESO DA CAMISA E VENCE
A campeã mundial Evie Richards entrou no circuito de Snowshoe com a moral elevada após dominar, na sexta-feira a prova de XCC – na pista curta – e mostrar que estava, no final da temporada, em um nível técnico acima das demais competidoras.
Com a largada sendo realizada em uma longa e apertada reta era difícil para as competidoras não evitarem um toque ou até mesmo uma queda; a vítima neste caso foi a canadense Laurie Arsenault que ficou pelo caminho e com isso provocou uma divisão no pelotão, entre as que ficaram para trás estavam Kate Courtney e Laura Sitiger, nomes que sempre aparecem nas principais disputas.
A diferença do que aconteceu ao longo da temporada, Snowshow, não tinha uma volta curta de largada, era apenas uma arrancada de 200 metros e logo depois as competidoras já entravam no circuito principal . A camisa arco-íris de Richards logo apareceu em destaque na frente do pelotão, e comandando um grupo onde estavam Linda Indergand, Jenny Rissveds, Sina Frei , Anne Terpstra.
A austrialiana Rebecca McConnell forçou o ritmo, atacou o grupo e assumiu a ponta na segunda volta, abrindo uma boa vantagem, porém um furo no pneu dianteiro a obrigou a entrar na área técnica, apesar da ação rápida dos mecânicos foi a oportunidade para Evie Richards assumir o controle da prova.
EVIE TEVE O CONTROLE DA PROVA DESDE QUE ASSUMIU A PONTA
A campeã mundial, tomou a dianteira e rodava com muita intensidade, aumentando sua uma vantagem a cada trecho percorrido. A perseguição de Jenny Rissveds, Sina Frei e McConnell que se reintegrou ao grupo não era eficiente e a vantagem da britânica na quarta volta já era superior a 1 minuto.
A australiana McConnell era a única que ainda sinalizava alguma força para tentar encurtar a diferença com Evie, porém a camisa arco-íris estava em mais um dia especial e não cedia terreno. A ação de McConnel lhe assegurou a segunda posição com uma boa vantagem sobre a holandesa Anne Tauber e Sina Frei que lutavam pela terceira posição.
Com uma vantagem superior a 1m30s Evie Richards fez a última volta com muita tranquilidade, assegurando sua segunda vitória seguida na temporada da Copa do Mundo 2021 e também conquistando o vice-campeonato da Copa do Mundo, 240 pontos atrás da campeã Loana Lecomte.
FUROS DE PNEU ATRAPALHARAM FAVORITOS
Se no dia anterior a final do Downhill foi marcada por tombos e furos a prova de Cross Country masculina também reservou várias surpresas. Logo na primeira volta, Mathias Flueckiger, vestindo a camisa de líder da Copa do Mundo sofreu com um furo em um trecho longe da área de boxes indo para o bloco intermediário.
Mantendo a tradição, Henrique Avancini mais uma vez atacou desde a largada buscando sempre a ponta do grupo, onde estavam Christopher Blevins, Victor Koretzky, Jordan Sarrou e Filippo Colombo.
O tcheco Ondrej Cink queria um lugar de destaque no pódio e por várias vezes atacou o grupo, até que conseguiu abrir uma pequena vantagem sobre uma longa fila com mais de 10 competidores.
A ação de Cink foi neutralizada por Victor Koretzky que atacou na subida, levando em sua roda a Nino Schurter, o forte ritmo selecionou o grupo, ficando apenas Avancini, Sarrou, Cink e Blevins que rapidamente encostaram no suíço e no francês.
Koretztky foi a segunda vitima dos furos de pneu, pouco antes da abertura da terceira volta, o francês foi obrigado a se arrastar pelo circuito até chegar a área técnica. O furo do francês foi a oportunidade para mais um ataque de Nino Schurter.
Avancini que vinha buscando sempre o comando do grupo, neutralizou vários ataques do suíço e isso também serviu para trazer ao grupo ao alemão Luca Schwazbauer e a Vlad Dascalu, o romeno que ao longo da temporada mostrou grande evolução.
BLEVINS FEZ PRATICAMENTE TODA A PROVA ‘ESCONDIDO’ NA RODA DE ADVERSÁRIOS
Nino Schurter queria a vitória, em sua corrida pessoal para empatar o recorde de 33 vitórias do francês Julien Abasalon em etapas da Copa do Mundo, para isso atacou na reta logo na abertura da 5ª volta com uma forte aceleração que só foi acompanhada por Avancini, Braidot e o estadunidense Blevins que rodava desde o início ‘pendurado’ na roda de seus adversários.
Se no grupo da frente havia tensão, atrás Victor Koretzky vinha recuperando posições (chegou a fazer uma das voltas mais rápidas ) e aos poucos conseguia se posicionar no top 10. Na frente Cink que ia e voltava do fundo à frente do grupo dos ponteiros atacou na sexta volta.
Há que diga que o ataque de Cink deixou e lado o jogo limpo, não é usual atacar na área de abastecimento, mas a ação do tcheco mais uma vez não teve consistência e logo foi contra-atacado por Schurter, a tensão aumentava no grupo.
Avancini perde a aderência da roda dianteira e é obrigado a colocar a mão na terra evitando uma queda mais forte, apesar do susto não perde contato com o grupo que se manteve até a abertura da última volta, quando o italiano Braidot pôs a cara na frente do grupo.
A última volta, foi também quando o fator sorte, ou falta de , marcou a disputa mais uma vez. Avancini furava o pneu dianteiro quando perseguia a Dascalu, Blevins e Schurter. Pouco depois no último trecho em meio ao bosque, foi a vez de Schurter perder ritmo com um pneu furado, foi a oportunidade de Blevins para atacar e finalmente sair da roda de Dascalu para atacar o rock Garden .
ÚLTIMA VITÓRIA DOS ESTADOS UNIDOS NO XCO ERA DE 1994
O estadunidense que vinha de disputar as oito etapas do Tour da Grã Bretanha, e até então parecia que se mantinha rodando dentro do pelotão, aproveitou o momento e atacou com muita vitalidade, uma ação que Dascalu não conseguiu acompanhar.
Blevins cruzou em primeiro, para depois de 27 anos recolocar os Estados Unidos na primeira posição do pódio em uma etapa da Copa do Mundo. A última vitória havia acontecido em 1994 com Tinker Juarez.
Dascalu foi o segundo, Cink , na disputa pelo terceiro lugar, superou Shurter que não conseguia manter o ritmo com o pneu furado. Luca Braidot foi o 5º . Henrique Avancini, cruzou a linha de chegada no aro, na 15ª posição e sem o pneu dianteiro, isso só foi possível graças à suspensão Lefty de sua bicicleta que não tem braço direito e possibilita a remoção do pneu. Atrás do brasileiro chegou o suíço Mathias Flueckiger que ficou com o título geral da Copa do Mundo.
Blevins que a menos de um mês conquistou o título de campeão Mundial de XCC, recolocou os Estados Unidos, pais do mountain bike, em destaque novamente no cross country com uma inesperada vitória. “Essa vitória significa absolutamente tudo. Eu estaria mentindo se dissesse que esperava algo próximo a isso ou mesmo que sonhasse com isso. Há muita magia no esporte… Estou muito emocionado. Eu queria (a vitória) , mas não acheva que seria este ano. É muito maior do que eu”, vibrou o vencedor.
MALACARNE É 10º NA ETAPA DA COPA DO MUNDO NA SUB23
Na categoria Sub23, disputada horas antes da Elite, o chileno Martin Vidaurre, atual campeão da categoria conquistou sua segunda vitória consecutiva na Copa do Mundo , assegurando o título da Copa do Mundo com apenas 10 pontos de vantagem sobre o italiano Simone Avondetto.
O brasileiro Alex Malacarne ficou na 10ª colocação, um resultado inédito em sua carreira. Atualmente correndo pela Trinity Racing MTB, mesma equipe de Blevins, vencedor na Elite, Malacarne chegou a ocupar a 8ª posição mas na disputa final acabou sendo superado na linha de chegada pelo suíço Luca Schaetti e pelo canadense Gunnar Holmgren.
MERCEDES BENZ COPA DO MUNDO DE MTB XCO – Cross Country
6ªEtapa – Snowshoe – Estados Unidos – 19/9/2021
Elite Feminina – 37 competidoras de 15 países – percurso 200m + 6 voltas x3.9km – distância total:23.60 km – volta mais rápida: Evie Richards – 12m13s – vel. média 19.14 km/h
1- Evie Richards – Trek Factory Racing XC – Grã Bretanha – 1h14m53s
2- Rebecca McConnel – Primaflor Mondraker XSauce – Austrália +1m31s
3- Anne Tauber – CST PostNL Bafang MTB Racing Team – Holanda +1m54s
4- Sina Frei – Specialized Racing – Suíça +2m10s
5- Anne Terpstra – Ghost Factory Racing – Holanda +2m31s
Elite Masculina – 49 competidores de 18 países – percurso 1volta x3.5km + 6 voltas x4.1km – distância total: 27.50 km – volta mais rápida: Christopher Blevins – 10m19s – vel. média 22.67 km/h
1- Christopher Blevins – Trinity Racing MTB – Estados Unidos – 1h15m14s – velocidade média: 21.929 km/h
2- Vlad Dascalu – Trek Pirelli – Romênia +9s
3- Ondrej Cink – Kross Orlen Cycling Team – República Tcheca +20s
4- Nino Schurter – Scott Sram MTB Racing Team – Suíça +34s
5- Luca Braidot – Santa Cruz FSA MTN Pro Team – Itália +39s
15- Henrique Avancini – Cannondale Factory Racing – Brasil +2m31s
Copa do Mundo – Classificação final após 6 etapas (Albstadt, Nove Mesto, Leogang, Les Gets, Lenzerheide, Snowshoe)
Elite Feminina
1- Loana Lecomte – França – 1550 pontos
2- Evie Richards – Grã Bretanha – 1310
3- Jenny Rissveds – Suécia – 1275
4- Rebecca McConnell – Austrália – 1215
5- Sina Frei – Suíça – 1110
Elite Masculina
1- Mathias Flueckiger – Suíça – 1573 pontos
2- Victor Koretzky – França – 1310
3- Ondrej Cink – Rep. Tcheca – 1309
4- Nino Schurter – Suíça – 1182
5- Jordan Sarrou – França – 1085
12- Henrique Avancini – 691
63- Luiz Henrique Cocuzzi – 63
92- Ulan Galinski – 26
104- Guilherme Muller – 16
SUB23 Masculino – 200m + 6 voltas x 3.9km distância total: 23.60km
Volta mais Rápida – Martin Vidaurre – 10m40s – vel. média 21.91 km
1- Martin Vidaurre – Lexware Mountain Bike Team – Chile 1h05m56s – vel. Media 23.60 km
2- Simone Avondetto – Trek-Pirelli – Itália +11s
3- Joel Roth – Bike Team Solothurn – Suíça +33s
4- Mathis Azzaro – Absolute Absalon BMC – França +47s
5- David List – Alemanha +53s
10- Alex Malacarne – Trinity Racing MTB – Brasil +1m48s
Classificação final após 6 etapas – SUB23
1- Martin Vidaurre – Chile – 320 poontos
2- Simone Avondetto – Itália – 310
3- Joel Roth – Suíça – 290
26 – Alex Malacarne – Brasil – 25