Antonio Colombo, proprietário do Gruppo Spa, empresa que controla as icônicas marcas italianas de bicicleta, quadros e componentes Cinelli e do fabricante de tubos Columbus, vendeu o controle acionário das marcas para o Asobi Ventures Inc. um fundo de investimentos que tem como titular o gestor de grandes marcas de moda esportiva de luxo Victor Luis. Objetivo, além do fortalecimento das marcas, é colocar a Cinelli no mundo das roupas e acessórios
O mundo dos negócios da bicicleta se mantém em efervescência e o olhar atento de alguns investidores para nichos de mercado que há no setor despertam a oportunidade de bons negócios. Um desses nichos é onde atua o Gruppo Spa com as bicicletas e componentes Cinelli e a fabricante de tubos de aço Columbus – nomes de peso histórico da indústria italiana e com um apelo cult junto a uma boa parcela de consumidores. Nesse movimento de investidores chega ao setor o empresário texano Victor Luis com a Asobi Ventures Inc.
A Asobi Ventures Inc é administrada pela família de Victor Luis e está sediada em Austin, no Texas. Luis liderou o desenvolvimento global de várias marcas de luxo e premium na Ásia, América do Norte e Europa. Ele atuou como CEO e está no conselho de diretores da Tapestry Inc. – anteriormente conhecida como Coach Inc. – de 2014 a 2019, onde liderou a transformação da empresa em uma casa de marcas de luxo modernas (Coach, Kate Spade e Stuart Weitzman) com sede em Nova York.
Victor Luis iniciou sua carreira em 1995 dentro do grupo de marcas de superluxo Louis Vuitton Moet Hennessy Group (LVMH). E é dessa origem onde se especializou em marcas de roupas esportivas e sofisticadas, foi assim que recentemente também fez investimentos na canadense Moose Knuckle, onde assumiu ativamente o cargo de presidente executivo. Luis é também diretor independente da Deckers Outdoor Corp e da Farfetch Ltd.
Com a força da marca, aposta é no sportwear para dobrar o faturamento
O objetivo de Luis é dar nova vida à Cinelli, uma marca já conhecida em todo o mundo, aliando a sua habitual atividade ao desenvolvimento de linhas de sportswear e acessórios. A operação, cujo conteúdo financeiro não é conhecido, será seguida de um posterior aumento de capital para financiar a expansão das novas estratégias da Cinelli com o objetivo de elevar as receitas da empresa italiana dos atuais 8-9 milhões de euros por ano (com uma margem bruta de cerca de um milhão) para até 15-20 milhões já a partir do próximo ano fiscal.
Nem a Cinelli ou a Columbus perderão suas origens, o desenvolvimento e a produção serão mantidos na região de Milão. Além disso Antonio Colombo manteve uma participação societária e será o responsável pelo desenvolvimento do plano estratégico da empresa e no lançamento das bases para o crescimento da empresa. Na parte administrativa, Marcello Segato um experiente gerente e empresário no setor de mobilidade trabalhando há mais de 20 anos em cargos de CEO em empresas maiores e em start-ups e que desde fevereiro de 2020 era consultour do Gruppo Spa assume o cargo de CEO.
Para quem é do mundo da moda, a aquisição e o investimento na Cinelli tem um alvo: o público jovem e seu estilo de vida urbano e esportivo e isso graças ao uso urbano das bicicletas de pinhão fixa. A marca italiana é a maior expressão do mundo das fixas e em alguns países tem um grande apelo junto ao ciclista urbano, assim a ideia é desenvolver a produção de roupas esportivas e de luxo o que levaria a Cinelli ao mundo da moda.
O investidor Victor Luis, destaca a história das marcas e sua importância para os novos negócios: “Minha família e eu levamos muito a sério a responsabilidade de propriedade dessas duas marcas extraordinárias e o papel de liderança que desempenharam no design, tecnologia e cultura do ciclismo e assim nos abrimos a novos mercados, tirando partido das tendências globais favoráveis no ciclismo, bem-estar e às atividades outdoor ”.
Além de empresário do setor das bicicletas Antonio Colombo é um homem do mundo das artes, patrocinando artistas sendo próximo a grandes figuras do rock e com uma badalada galeria de arte contemporânea em Milão, comentou a negociação: “É difícil e desafiador entregar 100 anos de legado e de muita satisfação Fiz isso quando reconheci em Victor Luis o perfeito entendimento da minha visão de fundir o ciclismo com arte, design, cultura, tecnologia e competição, combinada com uma capacidade gerencial e organizacional indiscutível e comprovada. ‘I have seen the future and the future is now’ (ndr.: eu vi o future e o future é agora) e estou feliz de estar nesta espaçonave a duas rodas para explorar as Galáxias do Novo Ciclismo, ainda na esteira do ‘Grance Ciclismo’ traçado por mei pai Angelo Luigi e pelo gênio do grande campeão, empreendedor visionário e fundador da primeira associação de ciclistas profissionais, Cino Cinelli”.
Voltando no tempo, as raízes do Gruppo remotam a 1919 quando Antonio Luigi Colombo iniciou a produção de tubos de aço de precisão para a construção de bicicletas. A qualidade de seus tubos o levaram a fornecer para a indústria aeronáutica e também para a indústria de móveis que apostavam no design moderno, entre eles do premiado arquiteto e designer formado na Escola de Bauhaus Marcel Breuer, além disso entre o pós guerra e nos anos 50 os tubos da AL Colombo foram utilizados na construção dos chassis dos carros de corrida da Maserati e Ferrari, pilotados pelos vitoriosos Fangio, Ascari e Villoresi.
Em 1977, Antonio Colombo, filho do fundador, cria a ColumbusTubing, uma empresa totalmente voltada às novas tecnologias de desenvolvimento para a indústria da bicicleta, em uma época que o aço e os artesão italianos faziam a diferença na construção de quadros. A ligação com o fornecimento de tubos especiais para a construção de quadros, sempre foi muito forte, com campeões como Coppi, Anquetil, Merckx, Moser, Roger Rivière, LeMond, Roche e tantos outros se beneficiando das tubulações desenvolvidas para o alto desempenho.
Correndo em paralelo à história da indústria de tubos, em 1947 a Cinelli era fundada pelo ex-ciclista profissional Cino Cinelli (vecendor do Giro da Lombardia’1938, Il Piemonte’1940, Tre Valli Varesine’1940 e a Milano San Remo’1943) que passou a desenvolver guidões e avanços de guidão, além de quadros de bicicleta com tubulação especial, foi ele o primeiro a produzir um pedal de encaixe rápido – o M71 e também é dele a criação do mítico quadro Supercorsa, objeto de desejo de muitos ciclistas da época, um ícone que ainda se encontra em produção.
Em 1979, Antonio Colombo assume a Cinelli que sempre se destacou por inovação. Um dos modelos históricos da marca é a Laser nas versões estrada e pista, lançada em 1981 e consagrada nos velódromos do mundo. Nesse mesmo ano, Colombo pensando em uma nova imagem encomendou o novo logotipo da Cinelli a Italo Lupi, um jovem arquiteto que ao longo dos anos projetaria logos importantes, como os da Prada, Fiorucci e as Olimpíadas de Invenro de Torino. Com isso a logomarca da Cinelli foi uma das primeiras a se distanciar completamente da tradição heráldica, tornando-se uma dasmais imitada da internet no ciclismo moderno.
Quadros de aço como sonho de consumo da cultura fixie: nicho de mercado urbano
Foi a Cinelli que lançou a tendência de bicicletas de crono com uma roda menor (26″) na dianteira, privilegiando a aerodinâmica. Também foi primeira marca a produzir a uma mountain bike europeia, a Rampichino. Ainda no final da década de 1970 quando o BMX – começava a ganhar espaço no mundo, foi a primeira marca a ter o quadro mais leve do mercad, o CMX .
Mais recentemente, marca voltou a ficar em evidência quando as bicicletas de pinhão fixo se tornaram uma tendência em grandes cidades dos Estados Unidos e da Europa, e aí Colombo aliou toda a história da marca com sua paixão pela arte – uma fusão de design e performance ligada a comportamento que atualmente a potencializam para o mercado urbano e a entrada da Asobi Ventures pode abrir um novo caminho, onde a moda e a bicicleta rodam juntas e nisso fortalecendo um lema adotado pela empresa já faz alguns anos: In Bike We Trust! (Nós Confiamos na Bicicleta!)